O presidente russo, Vladimir Putin, fala à imprensa em Moscou, na Rússia, em 2 de dezembro de 2025. — Foto: Sergei Ilnitsky/ Reuters
'Se a Europa quiser guerra, estamos prontos', diz
Putin
Presidente russo recusou contraproposta da Europa
ao plano de paz elaborado por Trump, visto por líderes europeus como favorável
à Rússia. Putin falou durante encontro com enviado do governo dos EUA para a
guerra na Ucrânia, que foi a Moscou entregar plano retificado.
Por Redação
g1
02/12/2025 12h12 Atualizado há uma
semana
O
presidente russo, Vladimir Putin, recusou nesta
terça-feira (2) os pontos propostos pela Ucrânia e por líderes europeus no plano de
paz feito pelo governo de Donald Trump. Putin acusou ainda a Europa de não
querer a paz e disse estar pronto para a
guerra com os vizinhos europeus:
"Se
a Europa quiser lutar uma guerra, nós estamos prontos agora", declarou o
presidente russo.
👉 O plano original, elaborado
pelos EUA, tinha 28 pontos que, segundo Kiev e a União Europeia, eram extremamente favoráveis às exigências de Moscou —
como, por exemplo, a cessão de um quinto do território ucraniano
à Rússia, a garantia de que a Ucrânia não entrará na Otan, além do encolhimento do Exército de Kiev dos atuais
900 mil efetivos para 600 mil.
Ele
disse que as exigências dos europeus no
plano são "totalmente inaceitáveis" para Moscou. Putin não especificou a quais pontos se referia. Mas,
segundo a imprensa norte-americana, líderes europeus retificaram pontos como o
que previa o encolhimento do Exército ucraniano —a contraproposta europeia propunha a redução de
efetivo para 800 mil soldados. Os aliados de Zelensky também consideram
inaceitável a cessão de territórios à Rússia.
A fala do líder russo ocorre em um momento que as
tensões com a Europa estão no ápice. Após incidentes com drones e
com o prolongamento da guerra da Ucrânia, países da União Europeia estão
investindo cada vez mais no preparo militar para um eventual conflito com a
Rússia. O comandante militar da Otan
afirmou nesta semana que a aliança considera fazer "ataques
preventivos" contra a Rússia para repudiar a guerra
híbrida dos russos na Europa —a declaração enfureceu o Kremlin.
Putin fez a declaração durante encontro com o
enviado especial do governo dos Estados Unidos, Steve Witkoff, que foi a Moscou
para uma nova tentativa de destravar as negociações de paz na Ucrânia. Witikoff
entregou ao mandatário russo o plano de paz de Donald Trump, e reformulado
a pedido da Ucrânia e de líderes europeus.
Após o fim do encontro de Witkoff com
representantes do Kremlin, que durou horas, o governo russo disse que não houve
avanço em relação às negociações de paz envolvendo a Ucrânia.
O presidente russo afirmou estar pronto para
negociar a paz, mas também disse que, se a Ucrânia se recusar a um acordo, as
forças russas avançarão ainda mais e tomarão mais território ucraniano. O
próprio Putin comemorou na segunda (1º) a captura de uma cidade-chave na
Ucrânia, algo que Kiev nega (leia
mais abaixo).
Os líderes
europeus apresentaram então sua contraproposta,
que não foi divulgada publicamente.
A invasão russa em fevereiro de 2022 envolveu
dezenas de milhares de soldados. O conflito eclodiu no leste da Ucrânia em
2014, após a queda de um presidente pró-Rússia na Revolução Maidan e a anexação
da Crimeia pela Rússia.
As forças russas
controlam mais de 19% da Ucrânia, ou 115.600 quilômetros quadrados, um aumento
de um ponto percentual em relação a dois anos atrás, e avançaram em 2025 no ritmo mais rápido desde 2022, de acordo com
mapas pró-ucranianos. Kiev afirma que os ganhos vieram acompanhados de pesadas
perdas russas.
Em paralelo às negociações, a Rússia vem avançando
na linha de frente da guerra. Na segunda-feira (1°), afirmou
na segunda-feira (1) que capturou a cidade de Pokrovsk, no leste da Ucrânia, após cerca de um
ano de batalhas na região.
A informação foi divulgada por Dmitry Peskov,
porta-voz de Moscou, a jornalistas russos.
Segundo Peskov, o presidente Vladimir Putin foi
informado da tomada da cidade próxima a Donetsk. O Ministério da Defesa russo
publicou imagens que, segundo afirmou a pasta, mostram soldados russos
hasteando a bandeira na praça do centro de Pokrovsk. (Veja na imagem acima)
A Ucrânia não
confirmou que Pokrovsk foi capturada, e soldados ucranianos presentes no local
afirmaram à agência de notícias Reuters que ainda controlam o norte da cidade. O
7º Corpo de Reação Rápida de tropas de assalto afirmou à agência ter conduzido
ações ofensivas no sul da cidade, onde as tropas russas dominam atualmente.
"O chefe do Estado Maior, Valeri
Guerásimov, informou a Vladimir Putin sobre a libertação das cidades de
Krasnoarmeysk (nome russo de Pokrovsk) e Vovchansk”, informou o Kremlin no
Telegram. Vestido com uniforme militar e, Putin apareceu em vídeo comemorando a
conquista, que chamou de "importante" para o futuro do conflito, em
fala aos principais oficiais do Exército.
A reivindicação da Rússia aumenta a pressão sobre
a Ucrânia em meio às negociações de um plano de cessar-fogo que vem sendo
pressionado pelos Estados Unidos. O enviado especial do governo Trump, Steve
Witkoff, se reuniu nesta terça-feira (2) em Moscou com o presidente russo,
Vladimir Putin. Entenda mais abaixo a
importância de Pokrovsk para o conflito.
Soldado
russo segura bandeira da Rússia em praça em Pokrovsk, cidade-chave da Ucrânia,
em vídeo publicado em 1º de dezembro de 2025. — Foto: Ministério da Defesa
russo via Reuters
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que
esteve em Paris na segunda e visita à Irlanda nesta terça-feira, confirmou que
os confrontos nos arredores de Pokrovsk e Kharkiv seguem intensos.
O Exército Russo também informou ter invadido a
cidade de Vovchansk, vizinha de Kharkiv e no Noroeste ucraniano, mas, segundo a
agência de notícias "DPA", as alegações não puderam ser confirmadas.
A batalha por Pokrovsk se estende há meses. Em
setembro, centenas de soldados russos conseguiram se infiltrar na região.
Por que
Pokrovsk é importante?
Batalhas
no entorno de Pokrovsk já duram cerca de um ano. — Foto: Anatolii
Stepanov/REUTERS via DW
Pokrovsk, que fica próximo a Donetsk, tem uma localização estratégica por
estar no cruzamento de várias rodovias e ferrovias que
levam às últimas posições das tropas ucranianas no Leste.
A captura da cidade inviabilizaria o
abastecimento das tropas ucranianas em outros pontos do front oriental e também
abriria para a Rússia a possibilidade de um avanço para o oeste, onde as
defesas ucranianas estão mais dispersas, e para o norte, onde estão as cidades
de Kramatorsk e Sloviansk.
Se isso ocorrer, o Exército ucraniano correria
risco de ser cercado pelas tropas russas.
Caso a Ucrânia de fato perca Pokrovsk, a cidade se
tornaria, segundo especialistas militares, a base central das tropas russas na
região, semelhante ao que já foi para a Ucrânia. Os russos avançariam então
para uma área com prédios altos e densamente povoada, onde milhares de soldados
poderiam ser acomodados.
Enquanto isso, os militares ucranianos, incluindo
pilotos de drones, unidades de guerra eletrônica e unidades de reconhecimento,
teriam que recuar para áreas florestais.
Já Vovchansk, na região de Kharkiv, vem sendo
destruída pelos conflitos desde maio de 2024. O ministro da Defesa da Rússia,
Andrei Belousov, chamou a captura dessa cidade de "um passo importante em
direção à vitória".
Uma análise de dados feita pela agência de notícias
AFP a partir de dados do Instituto para o Estudo de Guerra (ISW), nos Estados
Unidos, indica que as tropas russas fizeram, no mês passado, o maior avanço na
Ucrânia desde novembro de 2024.
Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/12/02/se-europa-quiser-guerra-estamos-prontos-diz-putin.ghtml
Comentários
Postar um comentário