ENTENDA A RELAÇÃO ENTRE OBESIDADE E GORDURA NO FÍGADO: CONHEÇA OS HÁBITOS QUE PODEM PREVENIR E REVERTER A GORDURA HEPÁTICA, QUE JÁ AFETA 30% DOS ADULTOS
O ultrassom é um dos exames realizados para identificar a gordura no fígado (Imagem: Kostiantyn Voitenko | Shutterstock)
Entenda a
relação entre obesidade e gordura no fígado
Endocrinologista aponta que a
esteatose hepática é uma doença silenciosa e ressalta a importância de
investigá-la
25 de novembro de
2025 | 15:39
A gordura no fígado,
conhecida como esteatose hepática, tem se tornado uma condição cada vez mais
comum entre pessoas com sobrepeso ou obesidade. Segundo o endocrinologista e
nutrólogo Dr. Vagner Chiapetti, isso não acontece por acaso: a alteração metabólica
causada pelo excesso de gordura corporal cria o ambiente ideal para que o
fígado comece a acumular gordura.
“A obesidade,
especialmente quando há acúmulo de gordura abdominal, aumenta muito o risco de
desenvolver esteatose. O organismo passa a lidar com inflamação crônica,
resistência à insulina e aumento do triglicérides e colesterol, mudanças que
sobrecarregam diretamente o fígado”, explica o médico.
Embora seja mais comum em pessoas com obesidade ou
gordura visceral, o médico lembra que a doença não se restringe apenas ao
excesso de peso. “Também existe gordura hepática em pacientes magros. A
genética, o sedentarismo, a alimentação inadequada e alterações metabólicas
podem levar ao problema mesmo em quem não tem sobrepeso”, complementa.
Perigos da gordura no fígado
A progressão da doença segue etapas claras e
totalmente evitáveis quando tratadas a tempo. “A esteatose começa apenas como
acúmulo de gordura, mas pode evoluir
para inflamação, fibrose e até cirrose se o processo não for
interrompido. Identificar cedo é a chave para impedir essa evolução”, explica o
Dr. Vagner Chiapetti.
Gordura no fígado é uma doença
silenciosa
Uma das principais dificuldades é que a gordura no
fígado praticamente não apresenta sinais iniciais. “A pessoa continua sua
rotina normalmente porque não sente dor ou incômodo. O fígado é
silencioso, e isso faz com que muitos casos só sejam descobertos quando o
paciente realiza um ultrassom por outro motivo”, observa o endocrinologista.
O Dr. Vagner Chiapetti reforça que essa descoberta
tardia pode ser perigosa para a saúde. “Quando o paciente começa a sentir
cansaço extremo, perda de disposição ou desconforto abdominal, isso pode
indicar que o fígado já está inflamado. Por isso, o diagnóstico precoce faz
tanta diferença: conseguimos intervir antes que ocorram danos”, afirma.
Diagnóstico da condição
Segundo o Dr. Vagner Chiapetti, o diagnóstico da
gordura no fígado é simples e acessível. “Um ultrassom e exames laboratoriais
já nos dão um panorama preciso. São exames rápidos, não invasivos e essenciais,
especialmente para quem vive com obesidade, resistência à insulina ou gordura
visceral”, diz.
Tratamento para gordura no fígado
A boa notícia é que, quando identificada no início,
a condição costuma ser totalmente reversível. “Mudanças estruturadas na
alimentação, prática regular de atividade física, o tratamento da
obesidade e do sobrepeso e medicações específicas fazem o
fígado responder muito bem. O emagrecimento orientado é uma das estratégias
mais eficientes para reduzir a gordura hepática”, afirma o médico.
Por isso, o Dr. Vagner Chiapetti reforça a
importância da investigação preventiva. “Mesmo sem sintomas, pessoas com
obesidade devem incluir a avaliação do fígado nos exames de rotina. Prevenir é
muito mais eficaz do que tratar complicações futuras”, conclui.
Por Daiane Bombarda
Fonte: https://www.otempo.com.br/saude-e-bem-estar/2025/11/25/entenda-a-relacao-entre-obesidade-e-gordura-no-figado
Fígado sobrecarregado: hábitos podem prevenir e reverter a gordura
hepática, que já afeta 30% dos adultos
Acúmulo de gordura no fígado é cada vez mais comum
em adultos, inclusive magros com alterações metabólicas. Saiba como detectar
precocemente a doença e quais atitudes ajudam a mudar o quadro.
Por Silvana
Reis, g1
20/11/2025 04h02 Atualizado há 2
semana
O fígado é a central de processamento do
metabolismo corporal. Quando há ganho de peso, resistência à insulina e
inflamação, o órgão acumula gordura e, em parte das pessoas, evolui para
inflamação e cicatrização (fibrose). Médicos ouvidos pelo g1 explicam
como prevenir e tratar doenças no fígado.
Além do excesso de calorias líquidas (açúcar e
álcool), os ultraprocessados, o sedentarismo e o sono ruim contribuem para
a esteatose (gordura)
hepática metabólica (MASLD), doença assintomática que hoje atinge cerca de 30%
dos adultos e cresce junto com a obesidade e diabetes.
Médicos chamam a condição de “doença
cardiometabólica do fígado”, que caminha junto com o diabetes, pressão alta e
risco cardiovascular. A
esteatose é comum em indivíduos com obesidade, mas também pode ocorrer em
indivíduos magros com alterações metabólicas, como nos casos de
diabetes.
Cuidar do fígado significa cuidar do conjunto dos
hábitos: alimentação, movimento, sono e álcool, alerta a endocrinologista e
professora da UNIFESP Carolina Janovsky.
Fígado
cansado: hábitos simples ajudam a prevenir e reverter a gordura hepática —
Foto: Adobe Stock
O “combo” que mais pesa para o fígado é: açúcar e
bebidas adoçadas, ultraprocessados, álcool (mesmo moderado, quando somado à
obesidade) e sedentarismo. Remédios comuns raramente causam danos hepáticos,
mas o uso incorreto deles é arriscado.
O hepatologista e diretor da Sociedade Brasileira
de Hepatologia (SBH) Juliano Machado Oliveira destaca que a grande preocupação
é com o abuso de bebidas alcoólicas nos pacientes que já têm a esteatose.
Confira as explicações de Janovsky para cada fator
de risco e entenda melhor:
🧁 Açúcar e bebidas adoçadas: reduzir
o açúcar livre por 8 semanas diminui a gordura no fígado e as enzimas
hepáticas.
🍣 Ultraprocessados: estudos
em grandes coortes associam maior consumo a maior risco de esteatose e doença
hepática grave (evidência ainda, majoritariamente, observacional).
🥃 Álcool: em
pessoas com MASLD, o álcool potencializa o dano. Mesmo uma quantidade que
muitas pessoas consideram social pode ser suficiente para potencializar o dano
hepático quando o fígado já está sobrecarregado por causas metabólicas. Para o
risco de cirrose, o limite para pessoas normais (sem gordura hepática) é de:
- 👩🦰 Mulheres: de 2 a
4 doses por dia (equivalente a 1 a 2 taças de vinho ou 2 latas de
cerveja).
- 👨🏻🦱 Homens: de
3 a 5 doses por dia.
Sedentarismo: o
exercício físico reduz a gordura do fígado mesmo sem perda de peso. Um período
de 12 semanas já mostra resultados.
💊 Remédios: a
maioria é segura quando bem indicada. O risco maior é o uso indevido. O
omeprazol e antidepressivos podem causar dano idiossincrático raro. Mas tudo
depende de dose, tempo e suscetibilidade. “Não se automedique. Use a menor dose
eficaz, evite associar fármacos com a mesma substância e alinhe‑se com seu
médico”, alerta Janovsky.
- Paracetamol: é
seguro nas doses corretas, mas a overdose é causa comum de hepatite aguda.
Em adultos saudáveis, é permitido até 3–4 g/dia; doses maiores (ex.:
>7,5–12 g em 24h) são tóxicas. Em quem tem consumo crônico de álcool ou
doença hepática, são necessários limites menores, com orientação médica.
- Omeprazol (e outros IBPs):
elevações leves e transitórias de enzimas podem ocorrer; hepatite
clinicamente evidente é incomum e costuma resolver-se ao suspender.
- Antidepressivos: a
maioria dos ISRS tem risco baixo; há moléculas com risco maior (como
agomelatina e tricíclicos). Recomenda-se monitorar os sintomas e eos
xames, durante o uso.
Oliveira reforça que o estilo de vida moderno,
especialmente associado ao padrão alimentar e ao sedentarismo, é responsável
pelo aumento das disfunções metabólicas marcadas pela obesidade, pressão alta,
diabetes, alterações de colesterol e de triglicérides:
“Estes distúrbios metabólicos causam lesão em
diversos órgãos. A soma de agressores pode levar à progressão mais rápida para
as fases mais graves da doença hepática, como a cirrose”, destaca.
Esteatose hepática metabólica
é assintomática, mas pode ser identificada cedo
Assim como o início das placas de colesterol nas
artérias do coração, a esteatose hepática metabólica também não causa sintomas.
Mas a vantagem é que exames de imagem detectam com grande facilidade a doença
do fígado, em uma fase em que o indivíduo ainda não sente nada.
Com isso, é possível cuidar do problema antes que a doença
leve a uma maior gravidade em órgãos vitais, evitando
sua progressão. Mas o
ganho não é só para o fígado!
“O tratamento com dieta, atividade física e
medicamentos para controle metabólico é importante para prevenir a progressão
de doenças em outros órgãos também, como o coração, rins e cérebro”, acrescenta
Oliveira.
Prevenção e tratamento
Janovsky destaca orientações práticas para quem
visa prevenir doenças no fígado, como a esteatose hepática metabólica (MASLD) e
também para quem já tem esse diagnóstico:
- Coma comida
de verdade: mais feijão, verduras, frutas, ovos e peixes
- Corte bebidas açucaradas
- Modere e evite álcool
- Durma de 7 a 8 horas por
noite
- Pratique exercício
físico por um período de 150 a 300 minutos por
semana.
- Em caso de obesidade e
(ou) diabetes, peça ao seu médico a avaliação do FIB-4 (um marcador de
risco). Em caso de alto risco, o médico pode solicitar a elastografia
(exame de imagem parecido com uma ultrassonografia que mede a elasticidade
do fígado).
➡️
Para quem já tem o diagnóstico de MASLD, essas recomendações devem ser adotadas
junto com a medicação.
Gordura no fígado: é possível
reverter só com hábitos?
Em muitos casos, é possível reverter o quadro de
gordura no fígado com mudança de hábitos. Mas tudo depende da tendência de cada
um. Alguns, mesmo com muito sacrifício, podem precisar da ajuda de medicamentos
para controlar a doença metabólica. E esses tratamentos são para toda a vida,
evitando que a doença progrida no fígado e nos outros órgãos, explica Oliveira.
- Peso: a
perda de 7 a 10% do peso costuma levar à redução da gordura, melhora da
inflamação e pode regredir a fibrose. A perda igual ou maior que 10% levou
a maiores taxas de resolução de MASH e regressão de fibrose em estudo com
biópsia.
- Dieta: cortar
o açúcar livre por 8 semanas reduz a gordura hepática e ALT.
- Exercício físico: há
melhora independente do peso e 12 semanas já mostram resposta na gordura
hepática.
- Medicamentos: para
casos com fibrose moderada a avançada, surgiram terapias específicas, como
o resmetirom, aprovado pela FDA em março de 2024.
Limpar ou “desintoxicar” o
fígado funciona?
Os médicos explicam que não existe mágica. O fígado
já é um órgão que detoxifica. Dietas chamadas de detox, chás e cápsulas não
limpam o fígado e algumas ervas e suplementos podem machucá‑lo (como o extrato
de chá verde, garcínia e kava).
“Revisões mostram pouca ou nenhuma evidência de
benefício das dietas detox. Ao contrário, crescem os casos de lesão hepática
por suplementos (HDS). Desintoxicar é comer comida de verdade, dormir bem e
evitar excessos. Não há sucos milagrosos.
Se for usar algo natural, converse antes com seu
médico”, orienta Janovsky.
A saúde no Brasil
O Brasil vive hoje uma epidemia de excesso de peso
- dados de 2023 apontam que 61,4% dos adultos têm sobrepeso e (ou) obesidade.
Oliveira defende a necessidade urgente de promoção
de bons hábitos: “Não basta divulgar o que é certo ou errado, mas facilitar o
acesso às coisas que fazem bem. Como investir na produção e distribuição a
baixo custo de alimentos naturais e frescos, oferecer dieta saudável nas
escolas e proibir nestes locais o uso de alimentos prejudiciais”, afirma.
Janovsky acrescenta que o SUS oferece linhas de
cuidado para obesidade e pode usar ferramentas simples e baratas para
classificar risco na atenção primária, reservando a elastografia aos casos
indicados. O desafio é escala e organização, segundo ela.
“Com rastreamento dirigido e cuidado
multiprofissional da obesidade, o SUS pode reduzir a cirrose e o câncer de
fígado ligados à MASLD”, afirma Janovsky.
Fonte: https://g1.globo.com/saude/noticia/2025/11/20/figado-sobrecarregado-habitos-podem-prevenir-e-reverter-a-gordura-hepatica-que-ja-afeta-30percent-dos-adultos.ghtml
Comentários
Postar um comentário