Sanga " Mente de Iniciante".

Ao inclinar-se em reverência, não há Buda, não há você. O que acontece é uma  reverência plena, issoé tudo. Isto é nirvana. Ao transmitir esta prática a Maha  Kashya-pa, o Buda simplesmente apanhou uma flor, com um sorriso. Apenas Maha  Kashyapa entendeu o que ele quis dizer com isso – ninguém mais compreendeu. Não  sabemos se esse evento éhistórico ou não, mas ele tem um significado. É uma  demonstração do caminho da nossa tradição. Uma atividade que abarcatudo é a  verdadeira atividade, e o segredo desta atividade foi transmitido desde o Buda  até nós. Esta é a prática do Zen e não um punhado de ensinamentos dados pelo  Buda, ou algumas regras de vida estabelecidas por ele. Os ensinamentos ou as  regras devem mudar de acordo com o lugar e com as pessoas que os observam, mas o  segredo desta prática não pode ser mudado. É sempre verdadeiro.P ortanto, para  nós não há outra forma de viver neste mundo. Tenho isso como certo, e é fácil de  aceitar, de entender e depraticar. Se você comparar o tipo de vida baseado nesta  prática com o que está acontecendo no mundo, ou na sociedade humana, descobrirá  quão valiosa é a verdade que o Buda nos legou. É muito simples, e a prática é  simples também. Mas, ainda assim, não devemos desconsiderá-la; seu grande valor  tem que ser descoberto. Em geral, quando algo é muito simples, dizemos: “Ah,eu  sei disso! É muito simples. Qualquer um sabe”. Mas se não descobrimos seu valor,  nada significa. É o mesmo que não saber. Quanto mais você entende a sociedade  contemporânea, maisvocê percebe como é verdadeiro e necessário este  ensinamento.Em lugar de ficar apenas criticando sua cultura, você deve devotar  sua mente e corpo à prática deste caminho simples. Então, a sociedade e a  cultura se desenvolverão a partir de você. Talvez o fato de serem críticos seja  válido para aqueles demasiado apegados à sua cultura . Sua atitude crítica  indica que estão voltando à verdade simples deixada pelo Buda. Nosso  procedimento, entretanto, é apenas concentrar-nos numa prática simples e básica,  num entendimento simples e básico da vida. Nossas atividades não devem deixar  rastros. Não devemos nos apegar a idéias fantasiosas ou a coisas bonitas. Não  devemos ir em busca de algo bom. A verdade está sempre à mão, ao seu  alcance.
O que chamamos de “apego” são simplesmente esses rastrosdo nosso pensamento e  atividade.A fim de não deixar rastros ao fazer alguma coisa, você temde fazê-la  com todo o seu corpo e a sua mente; deve estar concentrado naquilo que está  fazendo. Faça inteiramente, como umaboa fogueira, e não como uma fogueira que  apenas faz fumaça.Você deve consumir-se por completo. Se não arder  completamente, rastros de você mesmo serão deixados naquilo que fizer.Ficarão  resíduos que não se consumiram. Atividade Zen é aquela que se consome  inteiramente sem deixar nada além de cinzas.Esse é o objetivo de nossa prática.  É isso o que Dogen quis dizercom: “Cinzas não voltam a ser lenha”. Cinzas são  cinzas. Cinzas devem ser cinzas. Lenha, lenha. Quando ocorre este tipo  deatividade, uma só atividade abarca tudo.Portanto, nossa prática não é uma  questão de uma ou duashoras, um dia ou um ano. Se você pratica zazen com todo o  seu corpo e a sua mente, mesmo por um momento apenas, isso é zazen.
Momento após momento você tem que dedicar-se à sua prática. Não deve ficar resíduo algum depois de ter feito algo. Mas isto não quer dizer que se deva esquecer tudo a esse respeito. Se você entender este ponto, todo pensamento dualista etodos os problemas da vida se dissiparão. Quando você pratica Zen você se torna um com o Zen. Não há você e não há zazen.
Momento após momento você tem que dedicar-se à sua prática. Não deve ficar resíduo algum depois de ter feito algo. Mas isto não quer dizer que se deva esquecer tudo a esse respeito. Se você entender este ponto, todo pensamento dualista etodos os problemas da vida se dissiparão. Quando você pratica Zen você se torna um com o Zen. Não há você e não há zazen.
 A maioria das pessoas tem idéias duplas ou triplas numa mesma atividade. Existe  um dito: “Caçar dois passarinhos com uma pedra só”.* Isso é o que habitualmente  as pessoas tentam fazer. Porque querem caçar pássaros demais, acham difícil  concentrar-se em uma só atividade e podem não caçar pássaro algum! Essa maneira  de pensar sempre deixa sombras na atividade dessas pessoas. Na realidade, a  sombra não é o próprio pensamento. Claro que muitas vezes é necessário pensar,  ou preparar-nos antes de agir. Mas o pensamento correto não deixa sombras.  Pensamento que deixa rastros provém de uma mente confusa e relativa. Mente  relativa é a que se estabelece a si mesma em relação a outras coisas,  autolimitando-se. É essa mente pequena que cria idéias de ganho e deixa  rastros.Se você deixar rastros de seu pensamento em sua atividade, ficará  apegado aos rastros. Você poderá dizer, por exemplo, “isto é o que fiz”. Mas de  fato não é assim. Rememorando o feito, é possível que você diga “eu fiz isto e  aquilo desse jeito”, porém oque você diz não corresponde ao que realmente  aconteceu. Ao pensar dessa maneira, você está limitando a experiência real do  que fez. Portanto, se você se apega à idéia do que fez, você está implicado em  idéias egoístas. Freqüentemente achamos bom o que fizemos, mas de fato pode não  ter sido assim. Quando envelhecemos, em geral ficamos orgulhosos daquilo que  fizemos. As pessoas acham graça quando ouvem alguém falando com orgulho de algo  que fez porque sabem que a memória dessa pessoa está sendo tendenciosa. Sabem  que o que a pessoa está dizendo não é exatamente o que ela fez. Além do mais, se  uma pessoa se orgulha do que fez, o orgulho vai criar-lhe problemas. Repetindo  suas lembranças dessa forma, sua personalidade irá se distorcendo mais e mais,  até se tornar uma criatura desagradável e teimosa. Este é um exemplo de como o  pensamento deixa rastros. Nós não devemos esquecer o que fizemos, desde que a  lembrança esteja livre de rastros adicionais. Deixar rastros não é o mesmo que  lembrar alguma coisa. É necessário lembrar o que fizemos, mas não devemos  apegar-nos ao que fizemos em nenhum sentido especial. 
“Sem Deixar Rastros” [TRECHO de "Mente Zen, Mente de  Principiante"]
Por Shunryu Suzuki
“Ao fazer alguma coisa você deve se consumir completamente, como uma boa fogueira, sem deixar rastro de si próprio.”
Quando praticamos zazen (meditação), nossa mente está calma e livre de complicações. Porém, normalmente está muito ocupada e emaranhada, e é difícil concentrar-se naquilo que se está fazendo. Isso acontece porque antes de agir pensamos e esse pensar deixa rastros. Nossa atividade fica ofuscada pela sombra de uma idéia preconcebida. O pensar não só deixa rastros ou sombras, também nos dá muitas outras noções sobre diferentes atividades e coisas. Esses rastros e idéias tornam nossa mente muito complicada. Quando fazemos uma coisa com a mente clara e livre de complicações, não temos idéias ou sombras, e nossa atividade é vigorosa e direta. Mas quando fazemos algo com uma mente complicada, isto é, envolvida com outras coisas ou pessoas, nossa atividade se torna muito complexa. (...)
Por Shunryu Suzuki
“Ao fazer alguma coisa você deve se consumir completamente, como uma boa fogueira, sem deixar rastro de si próprio.”
Quando praticamos zazen (meditação), nossa mente está calma e livre de complicações. Porém, normalmente está muito ocupada e emaranhada, e é difícil concentrar-se naquilo que se está fazendo. Isso acontece porque antes de agir pensamos e esse pensar deixa rastros. Nossa atividade fica ofuscada pela sombra de uma idéia preconcebida. O pensar não só deixa rastros ou sombras, também nos dá muitas outras noções sobre diferentes atividades e coisas. Esses rastros e idéias tornam nossa mente muito complicada. Quando fazemos uma coisa com a mente clara e livre de complicações, não temos idéias ou sombras, e nossa atividade é vigorosa e direta. Mas quando fazemos algo com uma mente complicada, isto é, envolvida com outras coisas ou pessoas, nossa atividade se torna muito complexa. (...)
Fonte:http://mentedeiniciante.blogspot.com.br/

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