O DIA A DIA DE UM MONGE BENEDITINO : ESPIRITUALIDADE E CRISTIANISMO

O dia a dia dos monges beneditinos

Silêncio e disciplina preenchem a vida dos monges de São Bento. Dentro dos claustros do mosteiro, eles dividem seu tempo entre trabalho e oração. Confira, a seguir, o que esse estilo de vida marcado pela humildade e pela sobriedade tem a ensinar.


Seguindo a tradição beneditina, a Comunidade do Mosteiro paulista de São Bento vive de acordo com a Regra de São Bento, cujo lema é “ora et labora et legere” (“ore, trabalhe e leia”) desde a Idade Média. Essa máxima vem de encontro com uma aspiração fundamental da vida monástica: total entrega a Deus por meio da contemplação e da oração.
 

Carreira monástica

Quando o candidato entra no mosteiro, torna-se postulante: participa da vida corrente do noviciado e da disciplina comum de todos os monges. Nesse período, que se estende por até seis meses, ele conhece mais de perto o ritmo de vida ao qual terá de se adaptar.
Passada essa fase, pode ser admitido ao noviciado – tempo especial de aprendizado, em que tem a oportunidade de conhecer melhor a vida cristã e a tradição a que está se vinculando. É um período muito intenso de formação, que dura dois anos e inclui estudos acadêmicos, como teologia e filosofia.
Terminado o noviciado, o Irmão – como passa a ser chamado pelos membros da comunidade – deve fazer os votos monásticos por três anos: conversão dos costumes, obediência e estabilidade no mosteiro. O primeiro voto diz respeito à vida monástica em geral; o segundo, à obediência aos superiores e aos outros Irmãos; já o terceiro propõe dedicação exclusiva do monge a seu mosteiro de origem.
Ao término desses três anos, o Irmão pode deixar o mosteiro sem qualquer vínculo. Ou pode decidir professar novamente os votos, dessa vez em caráter perpétuo. Optando por permanecer nos claustros do mosteiro, ele estará permanentemente vinculado à vida monástica e à comunidade que o acolheu.
 

A disciplina

São Bento não pretendia formular uma regra monástica que primasse simplesmente pelo rigor da observância dos monges. Antes de tudo, ele pregava uma vida de sobriedade e humildade, cujo objetivo é chegar ao cume das virtudes e da contemplação.
Na comunidade monástica, os elementos mais notórios da rígida disciplina são os momentos em que os monges se reúnem ao longo do dia para oração, nos horários de refeições, quando estão em silêncio em lugares específicos e após as chamadas Completas, a última hora canônica do dia, momento em que todos rezam em conjunto. O que mais impressiona, no entanto, é a clausura. “A vida nos claustros convida a pessoa a enfrentar  suas dificuldades, buscando o crescimento espiritual. Se há necessidade, saímos, mas não é uma escolha que depende da vontade de cada um. Se podemos ficar no mosteiro, melhor”, explica o monge d. João Evangelista.
 

O trabalho

De acordo com estudiosos, um dos desejos de São Bento era que o monge encontrasse no mosteiro seu sustento, de tal maneira que se evitasse a saída habitual dos claustros monásticos. “O recolhimento facilita a busca pelo crescimento espiritual e nos aproxima de Deus”, diz d. João, que prossegue: “Aqui no mosteiro  trabalhamos com educação, atividades administrativas, atendimento às pessoas, alguns projetos assistenciais etc. Os monges têm uma gama muito variada de trabalhos. Ocupações não faltam”.
 

A hierarquia

O regimento interno de um mosteiro beneditino é muito simples. Pode-se resumi-lo à organização de uma vida em comunidade sob uma Regra e um Abade. O abade faz as vezes do pai espiritual e superior na comunidade. O  atual abade do Mosteiro de São Bento de São Paulo é D. Luiz Cesar de Proença. Cumprir com o encargo que recebeu é um grande desafio: servir aos temperamentos de muitos, moderar entre o afeto de um pai e o rigor de um mestre e, sobretudo, procurar antes ser amado do que temido.
Duas outras funções importantes na comunidade são a do prior, D. José Rodrigues Leandro da Costa, e a do subprior, D. Cláudio da Silva Correa. Os demais monges seguem a ordem monástica conforme a data em que ingressam no mosteiro. Em todos os casos, São Bento lhes prescreve a obediência mútua, em que os mais novos respeitam os mais velhos e os mais velhos amam os mais novos. Nesse espírito, os monges devem primar pela solicitude total e irrestrita, de modo que não façam nada que julguem melhor apenas para si, mas sim para o bem comum.
 

Teste vocacional

Antes de um candidato ingressar no mosteiro, ele passa por um processo de acompanhamento vocacional, que tem por objetivo checar sua vocação religiosa e, especificamente, monástica. “É preciso ter bastante segurança de que há vocação e de que o candidato está preparado para seguir o espírito e o ritmo de vida do mosteiro”, ressalta o monge.
A interiorização, por exemplo, não é algo que faz parte da vida cotidiana de algumas pessoas, mesmo cristãs, e para muitas pode ser um exercício penoso demais. Por isso, o espírito do vocacionado deve estar muito pronto para vencer  essa tendência à dissipação. “Os monges entram em um mosteiro e têm de ficar nele para o resto da vida. Por isso, a decisão deve ser bem firme e consistente”, finaliza D. João.

O dia a dia dos monges

Assim se divide o dia na comunidade monástica de São Bento, em São Paulo.
05h00 – Hora de acordar
05h30 – Ofício de Laudes
06h15 – Meditação
07h00 – Santa Missa
11h45 – Ofício da Hora Meridiana
12h00 – Almoço
17h25 – Ofício de Vésperas
18h00 – Jantar e, em seguida, um momento de confraternização entre eles
19h00 – Ofício de Vigílias e, em seguida, o de Completas; logo após, o silêncio monástico, que deve ser respeitado até o término da Missa do dia seguinte.

Ordem de São Bento

A Ordem de São Bento ou Ordem Beneditina (em Latim: Ordo Sancti Benedicti, sigla O.S.B.) é uma ordem religiosa católica de clausura monástica que se baseia na observância dos preceitos destinados a regular a convivência comunitária. É considerada como a iniciadora do chamado movimento monacal.

História
A Regula Benedicti foi composta em 529 para a abadia de Monte Cassino, na Itália, por São Bento de Núrsia (480-543), irmão gémeo de Santa Escolástica. Ela preceituava a pobreza, a castidade, a obediência, a oração e o trabalho, bem como a obrigação de hospedar peregrinos e viajantes em seus mosteiros, dar assistência aos pobres e promover o ensino. Por este último motivo, ao lado dos seus mosteiros, havia sempre uma escola, razão pela qual ainda, a ordem tornou-se em um dos centros culturais da idade Média, com as suas bibliotecas reunindo o que restara das obras e ensinamentos da Antiguidade. xD
Embora a fundação da ordem seja anterior a ele, considera-se que terá verdadeiramente tomado impulso a partir da reunião de vários mosteiros que professavam a regra por ele escrita, isso muito após a sua morte. Mais tarde, os monges dessa ordem passaram a ser conhecidos como "beneditinos". Hoje em dia, a ordem está espalhada por todo o mundo, com mosteiros masculinos e femininos (de monges e monjas de clausura).
Seguindo o seu exemplo e inspiração, diversos fundadores de ordens religiosas têm baseado as normas e regras de seus mosteiros na regra deixada por Bento, cujo princípio fundamental é Ora et labora, o que quer dizer "Reza e trabalha."
Os mosteiros beneditinos são sempre dirigidos por um superior que, dependendo da categoria do mosteiro, pode chamar-se prior ou abade. Ele é escolhido pelo restante dos monges. O ritmo de vida beneditino tem como eixo principal o Ofício Divino, também chamado de Liturgia das Horas, que se reza sete vezes ao dia, tal como São Bento havia ordenado. Junto com a intensa vida de piedade e oração, em cada mosteiro se trabalha arduamente em diversas atividades manuais, agrícolas etc. para o sustento e o autoabastecimento da comunidade monástica.

A Ordem em Portugal

Mosteiro de São Bento de Singeverga

  • Nome - Beneditinos – O.S.B.
  • Nome oficial - Ordem de São Bento (Ordem Beneditina)
  • Nome em Portugal - Ordem de São Bento (Ordem Beneditina) / Província Portuguesa da Ordem Beneditina
  • Entrada em Portugal - Século X
  • Carisma e missão - Vida monástico-cenobítica
  • Superior Maior - Dom Luís Bernardo Sacadura Botte Aranha (Dom Abade).
  • Eleição - 18/Ago/1995; bênção abacial: 15/Out/1995; reeleito em Agosto de 2003.
  • Duração do Mandato - 8 anos
  • Endereço - Mosteiro de São Bento de Singeverga, Roriz (Santo Tirso)
  • Página Web - http://www.mosteirodesingeverga.com

Mosteiro de Santa Escolástica

Neste mosteiro reside a comunidade feminina (das monjas de clausura) da Ordem Beneditina em Portugal.

Comunidades Diocesanas

Papas que pertenceram à Ordem

PapaInícioTérminoPeríodo de Pontificado
São Gregório I, o Grande3 de Setembro de 59012 de Março de 60414 anos 6 meses e 9 dias
São Bonifácio IV25 de Agosto de 6085 de Maio de 6157 anos 9 meses e 10 dias
Papa Adeodato II11 de Abril de 67217 de Junho de 6764 anos 2 meses e 6 dias
Papa João IXJaneiro de 898Janeiro de 900aprox. 2 anos
Papa Leão VII3 de Janeiro de 93613 de Julho de 9393 anos 6 meses e 10 dias
Papa Silvestre II2 de Abril de 99912 de Maio de 10034 anos 1 mês e 10 dias
Papa Estêvão X2 de Agosto de 105729 de Março de 10587 meses e 27 dias
São Gregório VII22 de Abril de 107325 de Maio de 108613 anos 1 mês e 3 dias
Beato Vitor III24 de Abril de 108616 de Setembro de 10871 ano 4 meses e 23 dias
Papa Gelásio II10 de Março de 111829 de Janeiro de 111910 meses e 19 dias
Papa Gregório VIII21 de Outubro de 118717 de Dezembro de 11871 mês 26 dias
Papa Nicolau III25 de Novembro de 127722 de Agosto de 12802 anos 9 meses e 28 dias
São Celestino V5 de Julho de 129410 de Dezembro de 12945 meses e 5 dias
Papa Clemente VI7 de Maio de 13426 de Dezembro de 135210 anos 6 meses e 30dias
Beato Urbano V28 de Dezembro de 136219 de Setembro de 13707 anos 8 meses e 22 dias
Papa Pio VII14 de Março de 180020 de Agosto de 182323 anos 5 meses e 6 dias

Reformas da ordem Beneditina

Durante o transcurso da sua história, a ordem Beneditina sofreu numerosas reformas, devido à eventual decadência da disciplina no interior dos mosteiros. A primeira reforma importante foi levada a cabo por São Juan De Perez Lloma no século X; essa reforma, chamada cluniacense (nome proveniente de Cluny, lugar da França onde se fundou o primeiro mosteiro desta reforma), chegou a tomar um grande impulso a tal ponto que, durante grande parte da idade Média, praticamente todos os mosteiros beneditinos estavam sob o domínio de Cluny.
Os cluniacenses adquiriram grande poder econômico e político e os abades mais importantes chegaram a fazer parte das cortes imperiais e papais. Vários pontífices romanos foram beneditinos provenientes dos mosteiros cluniacenses (Alexandre II, 1061-73; S. Gregório VII, 1073-85; beato Vitor III, 1086-87; beato Urbano II, 1088-99; Pascoal II, 1099-1118; Gelásio II, 1118-19; et cétera).
Tanto poder adquirido levou à decadência da reforma cluniacense, que encontrou uma importante contraparte na reforma cisterciense, palavra proveniente de Cister, na França, onde se fundou o primeiro mosteiro dessa reforma. São Roberto de Molesmes, Santo Estevão Harding e São Roberto de Chaise-Dieu foram os fundadores da Abadia de Cister em 1098. Buscavam afastar-se do estilo cluniacense, que caíra na indisciplina e no relaxamento da vida monástica. O principal objetivo dos fundadores de Cister foi impor a prática estrita da regra de São Bento e o regresso à vida contemplativa.
O principal impulsionador dessa reforma foi São Bernardo de Claraval (1090-1153), que foi discípulo dos fundadores de Cister, tendo ingressado ali por volta de 1108. Foi-lhe encarregada a fundação da abadia de Claraval, da qual foi abade durante uns 38 anos, até sua morte. Bernardo de Claraval converteu-se no principal conselheiro dos papas e vários dos seus monges chegaram igualmente a ocupar a sede pontifícia. Bernardo predicou, também, a Segunda Cruzada. Ao falecer, levava fundados 68 mosteiros da sua ordem.
A reforma cisterciense subsiste até hoje como ordem beneditina independente, dividida igualmente em dois ramos: a Ordem Cisterciense da Comum Observância (O. Cist.) e a Ordem Cisterciense da Estrita Observância (O.C.S.O.), também conhecidos como Trapistas. Estes monges são chamados também "beneditinos brancos", devido à cor do seu hábito religioso, em contraste com os demais monges da Ordem de São Bento, chamados de "beneditinos negros".
Durante a idade Média, surgiram outras reformas importantes da ordem Beneditina. A de São Romualdo (†1027), que deu começo à Reforma Camaldulense. Essa reforma subsiste até hoje em dois ramos: a primeira faz parte da confederação Beneditina (beneditinos negros); a segunda é independente, mas rege-se igualmente pela regra de São Bento. Outra reforma importante foi a empreendida por São Juan Gualberto (†1073), que fundou os beneditinos de Valle Umbrosa, pelo lugar na Itália em que se construiu o primeiro mosteiro desta reforma; é igualmente, hoje em dia, uma congregação da confederação Beneditina. A reforma de S. Silvestre (1177-1267), fundou os beneditinos de Montefano, que subsiste também hoje como congregação associada à confederação Beneditina. A reforma do Beato Bernardo Tolomei (1272-1348) deu origem aos beneditinos de Monte Oliveto, hoje também parte integrante da confederação Beneditina.
Após agitados períodos da história, como a Reforma na Alemanha e nos Países Baixos; a expulsão ou execução de religiosos católicos pelo Rei Henrique VIII na Inglaterra; o período revolucionário na França e a decadência da disciplina nos mosteiros, ocorreu uma redução drástica da população de monges. Depois da Revolução Francesa, foi Dom Prosper Guéranger quem fez renascer a ordem beneditina em Solesmes a partir de 1833, na França.

Hábito

Na idade Média, os monges beneditinos usavam camisa de lã e escapulário. O hábito religioso ou vestidura superior é preto, pelo qual foram chamados de "monges negros", em oposição aos cistercienses, que usam túnica e escapulário branco e que são, por isso, denominados "monges brancos".

Ver também

Ligações externas

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_Sao_Bento

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