Foto de 15 de agosto de 2025 - Putin e Trump durante cúpula
no Alasca — Foto: REUTERS/Kevin Lamarque
Rússia acusa EUA de 'pirataria' por bloqueio à
Venezuela
Moscou afirma
que as ações norte-americanas no Caribe representam banditismo internacional,
pede desescalada e declara apoio ao governo de Nicolás Maduro.
Por Redação
g1 — São Paulo
25/12/2025 10h14 Atualizado há 9 horas
A Rússia acusou
os Estados Unidos nesta quinta-feira (25) de promover “pirataria” e “banditismo” no
Mar do Caribe ao bloquear a Venezuela, informou a agência de notícias Reuters.
Em comunicado, o
Ministério das Relações Exteriores russo afirmou que as ações norte-americanas
representam uma retomada de práticas de anarquia na região e alertou para o
risco de agravamento da crise.
A porta-voz da
chancelaria, Maria Zakharova, declarou que o bloqueio equivale ao “roubo de propriedade alheia” e defendeu a
necessidade de desescalada.
Segundo
ela, Moscou espera
que o “pragmatismo e a racionalidade” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contribuam para a busca de soluções
aceitáveis para todas as partes, em conformidade com o direito internacional.
Zakharova também
reiterou o apoio da Rússia aos esforços do governo de Nicolás Maduro para
preservar a soberania, os interesses nacionais e garantir um desenvolvimento
estável e seguro da Venezuela.
“Hoje,
testemunhamos uma completa anarquia no Mar do Caribe, onde o roubo de
propriedade alheia — ou seja, a pirataria e o banditismo, há muito esquecidos —
estão sendo revividos. Defendemos consistentemente a desescalada e esperamos
que o pragmatismo e a racionalidade do presidente dos EUA, Donald Trump,
permitam encontrar soluções mutuamente aceitáveis para as partes, dentro das
normas jurídicas internacionais. Confirmamos ainda nosso apoio aos esforços do
governo de Nicolás Maduro para proteger a soberania e os interesses nacionais,
bem como para manter um desenvolvimento estável e seguro do país”, disse a
porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
EUA ainda
tentam apreender terceiro petroleiro
O navio
petroleiro ligado à Venezuela que foi cercado pela Guarda Costeira no último domingo (21) ainda
não foi apreendido pelo governo norte-americano.
Nesta
quarta-feira (24), a agência de notícias Reuters informou que a Guarda Costeira dos EUA ainda
aguardava a chegada de forças adicionais para abordar e apreender o navio Bella
1.
Além disso, a
agência Bloomberg, citando uma fonte próxima à operação, informou que o Bella 1
não estava carregado de petróleo e navegou de volta ao oceano Atlântico.
O petroleiro não
deve retornar à Venezuela. Segundo a Bloomberg, o petroleiro sancionado foi
abordado inicialmente próximo a Barbados, no mar do Caribe.
Devido às más
condições do tempo, foi orientado a seguir para águas mais calmas para ser
apreendido. Um oficial dos EUA disse que "a Guarda Costeira não desistiu
de apreender o petroleiro e que existe uma ordem judicial de apreensão para
ele".
Um funcionário
dos EUA, falando sob condição de anonimato à Reuters, disse que os agentes da
Guarda Costeira no porta-aviões Gerald Ford eram de uma Equipe de Resposta de
Segurança Marítima e que, naquele momento, estavam longe demais do Bella 1
para realizar uma operação de abordagem.
A perseguição ao
Bella 1 mostra o "descompasso entre o desejo do governo Trump de apreender
petroleiros sancionados nas proximidades da Venezuela e os recursos limitados
da agência que conduz principalmente as operações, a Guarda Costeira", diz
a Reuters.
Nas últimas
semanas, a Guarda Costeira apreendeu dois petroleiros perto da Venezuela,
aumentando a pressão do governo Trump sobre Nicolás Maduro.
Na quarta-feira
(24), a Reuters também informou que a Casa Branca ordenou que as forças
militares dos EUA se concentrem quase exclusivamente em deixar a Venezuela em
estado de "quarentena".
A autoridade,
falando sob condição de anonimato, disse que a ordem da Casa Branca foi para
que as forças dos EUA se concentrassem quase exclusivamente “na quarentena do
petróleo venezuelano por pelo menos os próximos dois meses”
Por
que os navios estão sendo apreendidos?
A Venezuela
concentra a maior reserva comprovada de petróleo do planeta, com capacidade de
aproximadamente 303 bilhões de barris — ou 17% do volume conhecido —, segundo a
Energy Information Administration (EIA), órgão oficial de estatísticas
energéticas dos EUA.
🔎 Na prática, o potencial é enorme, mas segue
subaproveitado devido à infraestrutura precária e às sanções internacionais que
limitam operações e acesso a capital.
Esse volume
coloca o país à frente de gigantes como Arábia Saudita (267 bilhões) e Irã (209
bilhões), com ampla margem. Grande parte do petróleo venezuelano, porém, é
extra-pesado, o que exige tecnologia sofisticada e investimentos elevados para
extração.
Há um claro
interesse dos EUA. Segundo a EIA, o petróleo pesado da Venezuela
"é bem adequado às refinarias norte-americanas, especialmente às
localizadas ao longo da Costa do Golfo".
Nesse contexto, o
republicano atinge dois objetivos simultaneamente: ao buscar favorecer a economia
dos EUA, também pressiona a produção e as exportações de petróleo da Venezuela
— setor central para a economia do país e para a sustentação do governo de
Nicolás Maduro.
Os efeitos
iniciais já começaram a aparecer na última semana. Reportagem da Bloomberg News indicou que Caracas enfrenta falta de
capacidade para armazenar petróleo, em meio a medidas de
Washington para impedir que embarcações atraquem ou deixem portos venezuelanos.
Desde que os
Estados Unidos impuseram sanções ao setor de energia da Venezuela, em 2019,
comerciantes e refinarias que compram petróleo venezuelano passaram a recorrer
a uma “frota fantasma” de navios-tanque, que ocultam sua localização, e a
embarcações sancionadas por transportar petróleo do Irã ou da Rússia.
A China é a
maior compradora do petróleo bruto venezuelano, que responde por cerca de 4% de
suas importações. Em dezembro, os embarques devem alcançar uma média de mais de
600 mil barris por dia, segundo analistas consultados pela Reuters.
Por enquanto, o mercado de
petróleo está bem abastecido, e há milhões de barris em navios-tanque ao largo
da costa da China aguardando para serem descarregados.
Se o embargo
permanecer em vigor por algum tempo, a perda de quase um milhão de barris por
dia na oferta de petróleo bruto tende a pressionar os preços do petróleo para
cima.
O ataque a
petroleiros ocorre enquanto Trump ordenou ao Departamento de Defesa que
realizasse uma série de ataques contra embarcações no Caribe e no Oceano
Pacífico que sua administração alega estarem contrabandeando fentanil e outras
drogas ilegais para os Estados Unidos e além.
Pelo menos 104
pessoas foram mortas em 28 ataques conhecidos desde o início de setembro.
A chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, disse em uma entrevista à Vanity Fair que Trump "quer continuar explodindo barcos até Maduro gritar 'tio'."
Veja quais foram os navios interceptados. — Foto: Arte/g1 - Bruna Azevedo
Fonte:https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/12/25/russia-acusa-eua-de-pirataria-por-bloqueio-a-venezuela.ghtml
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