RONRONAR DOS GATOS REVELA MAIS SOBRE SUA PERSONALIDADE DO QUE MIADOS: SAIBA MAIS SOBRE COMO OS GATOS SE COMUNICAM
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Ronronar dos gatos revela mais sobre sua
personalidade do que miados
Estudo mostra que o som contínuo e
grave funciona como uma assinatura vocal individual, enquanto os miados variam
conforme o contexto e a convivência com humanos
Por
20/12/2025 09h18 Atualizado há um dia
“As pessoas prestam mais atenção aos miados porque os gatos usam essas vocalizações principalmente para se comunicar conosco”, explica Danilo Russo, o primeiro autor do estudo, em comunicado. “Mas, ao examinarmos a estrutura acústica de perto, descobrimos que o ronronar uniforme e rítmico era a melhor pista para identificar gatos individualmente.”
A pesquisa mostra que, enquanto o miado varia conforme o contexto e a intenção do gato, o ronronar se mantém estável e funciona como uma espécie de assinatura vocal. “Cada gato em nosso estudo tinha seu próprio ronronar característico”, diz Anja Schild, a coautora da pesquisa.
A equipe analisou características acústicas de miados e ronrons e concluiu que o ato de ronronar é mais eficaz para diferenciar um gato de outro. O resultado reforça a influência da domesticação na comunicação felina e ajuda a explicar por que os gatos desenvolveram miados tão flexíveis para interagir com humanos.
Comunicação moldada pela convivência com humanos
Os gatos começaram a ser domesticados há cerca de 10 mil anos no Oriente Médio. Diferentemente de outros animais domesticados, eles mantiveram grande parte de seus comportamentos naturais, mas adaptaram sua comunicação vocal à convivência com pessoas.
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Entre gatos, o miado é relativamente raro e costuma aparecer em situações específicas, como disputas territoriais, atração de parceiros ou em filhotes. Já na relação com humanos, o som ganhou destaque. Ao longo do processo de domesticação, os gatos passaram a variar duração, frequência e entonação dos miados para chamar atenção, pedir comida ou expressar desconforto.
O ronronar segue um caminho distinto. Trata-se de um som de baixa frequência, associado a interações sociais e estados de calma. Ele também pode surgir em situações de estresse ou dor, possivelmente como forma de autorregulação. Do ponto de vista acústico, é mais constante e menos influenciado pelo contexto emocional imediato.
Como o estudo foi feito
Os pesquisadores gravaram vocalizações de 27 gatos domésticos entre 2020 e 2021. Os miados foram registrados quando os animais buscavam comida ou atenção humana; os ronrons, durante momentos de contato físico, como carícias.
Em seguida, a equipe aplicou métodos usados no reconhecimento automático da fala humana para testar se um sistema computacional conseguiria identificar cada gato apenas pelo som. Tanto miados quanto ronrons puderam ser reconhecidos individualmente, mas o desempenho foi significativamente melhor com os ronrons.
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“Os miados chamam mais a atenção porque são usados principalmente na comunicação com humanos”, afirmou Danilo Russo, ecólogo da Universidade de Nápoles Federico II e autor principal do estudo. “Mas, quando analisamos a estrutura acústica em detalhe, o ronronar constante se mostrou mais eficiente para identificar indivíduos.”
Diferenças entre gatos domésticos e selvagens
A pesquisa também comparou miados de gatos domésticos com vocalizações de cinco espécies selvagens, incluindo o gato-bravo-africano, o gato-bravo-europeu, o gato-da-selva, o guepardo e o puma. Os dados vieram do arquivo de sons do Museu de História Natural de Berlim.
A análise mostrou que os miados dos gatos domésticos apresentam uma variabilidade muito maior do que os dos felinos selvagens. Para os pesquisadores, isso indica que a domesticação favoreceu gatos capazes de ajustar seus miados às respostas humanas.
Segundo a equipe, o ronronar tende a refletir características físicas do trato vocal, formando um perfil acústico individual relativamente estável. Já o miado funciona como uma ferramenta flexível, usada para provocar reações específicas.
“Viver com pessoas que diferem muito em rotinas, expectativas e reações provavelmente favoreceu os gatos que conseguem adaptar seus miados de forma flexível. Nossos resultados apoiam a ideia de que os miados evoluíram para uma ferramenta altamente adaptável para negociar a vida em um mundo dominado por humanos”, disse Mirjam Knörnschild, autora sênior e ecóloga comportamental do Museu de História Natural de Berlim, à revista Discover Magazine.
Fonte:https://revistagalileu.globo.com/ciencia/biologia/noticia/2025/12/ronronar-dos-gatos-revela-mais-sobre-sua-personalidade-do-que-miados.ghtml
DNA derruba teoria antiga e mostra como gatos se
espalharam pela Europa
Novo estudo genético revela que gatos domésticos
chegaram ao continente há cerca de 2 mil anos, trazidos pelo comércio marítimo
romano, e redefine o entendimento sobre a domesticação dos felinos.
Por Reuters
29/11/2025 04h01 Atualizado há 3
semanas
DNA
mostra como, onde e quando gatos foram domesticados — Foto: Adobe Stock
Sejam
eles siameses, persas, maine coons ou um gato doméstico de pelo curto, há
centenas de milhões de gatos vivendo com pessoas em todo o mundo. Mas, apesar
de sua popularidade como animais de estimação, a história da domesticação dos
gatos continua difícil de ser decifrada pelos cientistas.
Um novo estudo do genoma fornece informações
sobre o assunto, ao determinar o momento de um marco importante na domesticação
dos felinos -- a introdução de gatos domésticos vindos do norte da África
na Europa.
Pesquisadores descobriram que os gatos domésticos chegaram à Europa há cerca de 2.000 anos, no
início do período imperial romano, provavelmente graças ao comércio marítimo.
Alguns desses
pioneiros peludos podem ter sido levados por marinheiros para caçar ratos em
navios que cruzavam o Mediterrâneo transportando
grãos dos férteis campos do Egito para os portos que serviam Roma e outras
cidades do extenso Império Romano.
As descobertas contradizem a ideia de longa data de
que a domesticação teria ocorrido em tempos pré-históricos, talvez de 6.000 a
7.000 anos atrás, quando agricultores do antigo Oriente Próximo e do Oriente
Médio se mudaram para a Europa, trazendo gatos com eles.
"Mostramos
que os primeiros genomas de gatos domésticos na Europa foram encontrados a
partir do período imperial romano", começando no primeiro século d.C.,
disse o paleogeneticista Claudio Ottoni, da Universidade de Roma Tor Vergata,
principal autor do estudo publicado nesta quinta-feira (27) na revista Science.
O estudo utilizou dados genéticos de restos de
felinos de 97 sítios arqueológicos da Europa e do Oriente Próximo, assim como
de gatos atuais. Os pesquisadores analisaram 225 ossos de gatos -- domésticos e
selvagens -- de cerca de 10.000 anos atrás até o século 19 d.C., e geraram 70
genomas de felinos antigos.
Eles descobriram que os restos de gatos de locais pré-históricos na Europa pertenciam a
gatos selvagens, e não aos primeiros gatos domésticos.
Os cães foram o primeiro animal domesticado
pelas pessoas, descendendo de uma antiga população de lobos separada dos lobos
modernos. O gato doméstico veio depois, descendente do gato selvagem africano.
"A introdução do gato doméstico na Europa é
importante porque marca um momento significativo em seu relacionamento de longo
prazo com os seres humanos. Os gatos não são apenas mais
uma espécie chegando em um novo continente. Eles são um animal que se integrou
profundamente às sociedades humanas, às economias e até mesmo aos sistemas de
crenças", disse o paleogeneticista e coautor do estudo Marco De
Martino, da Universidade de Roma Tor Vergata.
Os dados do genoma identificaram duas
introduções de gatos na Europa vindos do norte da África. Há cerca de 2.200
anos, as pessoas trouxeram gatos selvagens do noroeste da África para a ilha da
Sardenha, cuja população atual de gatos selvagens descende desses migrantes.
Mas esses não eram gatos domésticos. Foi uma
dispersão separada do norte da África, cerca de dois séculos depois, que formou
a base genética do gato doméstico moderno na Europa.
As descobertas do estudo sugerem que não houve uma
única região central de domesticação de gatos, mas que várias regiões e
culturas no norte da África tiveram um papel importante, de acordo com a
zooarqueóloga e coautora do estudo, Bea De Cupere, do Instituto Real Belga de
Ciências Naturais.
"A época das ondas genéticas de introdução do
norte da África coincide com os períodos em que o comércio pelo Mediterrâneo se
intensificou fortemente. Os gatos provavelmente viajaram como eficientes
caçadores de ratos em navios de grãos, mas possivelmente também como animais
valiosos com significado religioso e simbólico", disse De Cupere.
Os gatos eram importantes no antigo Egito, cujo
panteão incluía divindades felinas e cuja realeza mantinha gatos de estimação,
às vezes mumificando-os para enterrá-los em caixões elaborados.
O antigo Exército romano, com postos avançados
espalhados pela Europa, e sua comitiva desempenharam um papel fundamental na
dispersão dos gatos domésticos por todo o continente, atestam os restos mortais
de felinos descobertos nos locais dos acampamentos militares romanos.
O gato doméstico mais antigo da Europa identificado
no estudo -- geneticamente semelhante aos gatos domésticos atuais -- data de 50
a.C. a 80 d.C., da cidade austríaca de Mautern, local de um forte romano ao
longo do rio Danúbio.
O estudo, no entanto, não revela o momento e o
local da domesticação inicial dos felinos.
"A domesticação de gatos é
complexa", disse Ottoni, "e o que podemos dizer agora é o momento da
introdução de gatos domésticos na Europa vindos do norte da África. Não podemos
dizer muito sobre o que aconteceu antes e onde."
Fonte: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2025/11/29/dna-derruba-teoria-antiga-e-mostra-como-gatos-se-espalharam-pela-europa.ghtml
Gatos miam mais
para homens ou mulheres? Estudo revela a preferência dos felinos
Estudo publicado na revista científica
Ethology revela que a aproximação pode ser mais barulhenta se você for um homem
Ama gatos? A aproximação de um felino pode ser mais barulhenta e
comunicativa se você for um homem, mostra um novo estudo. De acordo com os
pesquisadores, os gatos miam com maior intensidade para tutores do sexo
masculino em comparação com tutoras.
Uma das hipóteses para esse fenômeno é que o fato dos homens se
comunicarem com menos alarde com os animais de estimação, o que, como
consequência, força os gatos a intensificarem sua atenção nos tutores
masculinos para serem notados.
Os resultados foram descobertos por uma equipe da Universidade de
Ankara, na Turquia, que analisou 31 pares de gatos e tutores. Para o estudo, os
humanos utilizaram uma câmera presa ao peito para filmar os primeiros minutos
de interação com os felinos após o tutor voltar para casa. O estudo foi
publicado na revista científica Ethology.
oi observado que os gatos emitiram 4,3 miados nos primeiros 100 segundos
ao cumprimentar homens, em comparação com apenas 1,8 miados ao cumprimentar
mulheres.
Anteriormente, pesquisas mostraram que as mulheres costumam empregar uma
voz aguda, semelhante como se fala com um bebê, ao se comunicar com seus gatos.
"Portanto, é possível que os cuidadores machos precisem de
vocalizações mais explícitas para perceber e responder às necessidades de seus
gatos", explicaram os pesquisadores.
Além disso, eles também testaram as motivações para os gatos se
esfregarem em seus donos. Segundo a equipe, a alimentação não era o principal
fator para isso e sim uma espécie de saudação pelo retorno.
Fonte: https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2025/12/06/gatos-miam-mais-para-homens-ou-mulheres-estudo-revela-a-preferencia-dos-felinos.ghtml
Estudo indica que gatos podem distinguir seus
tutores pelo olfato
Animais passam mais tempo cheirando quando expostos
a odores desconhecidos. Pesquisa identificou que gatos repetem cães e cavalos e
usam a narina direita para novos cheiros.
Por Deutsche Welle
07/06/2025 04h01 Atualizado há 6
meses
Gatos
mais extrovertidos procuram primeiro cheiros conhecidos. — Foto: Freepik
Um novo
estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Agricultura de Tóquio, no
Japão, identificou que gatos domésticos
são capazes de distinguir humanos conhecidos, como seus tutores, de
desconhecidos apenas através do cheiro.
Pesquisas anteriores já indicavam que os gatos usam
seu olfato para identificar outros animais da mesma espécie. Filhotes
desmamados cheiram gatas desconhecidas por mais tempo do que cheiram suas mães,
por exemplo. No entanto, não se sabia com certeza se essa mesma função se
aplicava à identificação de humanos.
Para investigar isso, a equipe utilizou 30 gatos
domésticos, que foram expostos a tubos plásticos contendo hastes de algodão que
haviam sido esfregadas nas axilas, atrás das orelhas e entre os dedos dos pés
dos donos. O processo foi repetido com amostras de humanos desconhecidos para
os gatos, além de uma amostra neutra, ou placebo, usada como medida de controle
para verificar o teste.
O estudo, publicado na revista PLOS One, indica que
os felinos passam mais tempo cheirando o odor de um estranho do que o de seu
dono.
Lateralização
no uso das narinas
Os pesquisadores também constataram que,
inicialmente, os gatos cheiravam mais os odores desconhecidos com a narina
direita, mas mudavam para a esquerda à medida que se familiarizavam com o
cheiro.
O fenômeno já foi identificado anteriormente em
outros animais, como cães, aves e cavalos, que usam a narina direita quando
expostos a odores novos.
Os estudos sugerem que, com isso, os animais ativam
o lado direito do cérebro para processar informações novas.
"Os gatos podem ter usado suas narinas
direitas com mais frequência durante a exploração olfativa inicial por causa da
experiência de um possível alarme e medo de novos odores", diz a pesquisa.
Personalidade e
marcação
A equipe também pediu aos donos dos gatos que
preenchessem um questionário online para avaliar a personalidade de seus
animais e o relacionamento que tinham com eles.
Os gatos machos com personalidades mais ansiosas
tendiam a cheirar cada tubo repetidamente, enquanto os mais sociáveis faziam
isso com mais calma.
A personalidade não interferiu no tempo investido
por cada gato em cada odor, mas sim na ordem.
O grupo que cheirou o tubo placebo primeiro
apresentou uma pontuação mais alta de neuroticismo – a tendência a experimentar
emoções negativas – do que o grupo que cheirou o odor conhecido primeiro.
Em contrapartida, o grupo que cheirou primeiro o
odor conhecido apresentou pontos de extroversão mais altos do que o grupo que
cheirou primeiro o placebo.
Além disso, os gatos que buscaram primeiro os
odores conhecidos ou desconhecidos apresentaram pontuações mais altas de
agradabilidade do que aqueles que cheiraram primeiro o tubo vazio
Os pesquisadores ainda identificaram o
comportamento característico de marcação, quando o gato se esfrega em uma
pessoa ou objeto, principalmente quando o animal entrava em contato com o odor
do dono.
"Esses resultados sugerem que o
comportamento de marcação acompanhado pela exploração olfativa consiste em uma
série de comportamentos habituais, enquanto esfregar os donos pode ser uma
forma de demonstrar afeto."
Fonte: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2025/06/07/estudo-indica-que-gatos-podem-distinguir-seus-tutores-pelo-olfato.ghtml
Brincadeira ou estresse? Humanos têm dificuldade em
ler comportamento dos gatos, diz estudo
Veja quais são os principais sinais que os gatos
dão nas interações com humanos e aprenda a interpretá-los.
Por The Conversation Brasil
15/11/2025 04h02 Atualizado há um mês
Embora muitas vezes sejam
erroneamente considerados misteriosos
ou difíceis de entender, os gatos são, na verdade, excelentes
comunicadores. De fato, em colônias de gatos que vivem em
liberdade, as brigas físicas são reduzidas ao mínimo por meio do uso
inteligente de posturas corporais, troca de odores e vocalizações.
Os gatos também adaptaram sua comunicação para os
humanos. Por exemplo, gatos adultos geralmente não miam uns para os outros. Mas
quando estão perto de pessoas, os gatos miam muito, sugerindo que adaptaram
essa vocalização para se comunicarem com os humanos.
E não é apenas o miado. Os gatos têm um amplo
repertório vocal para transmitir diferentes significados, mesmo para pessoas
específicas. Gatos e humanos que têm um vínculo forte muitas vezes desenvolvem
seus próprios repertórios de comunicação, semelhantes a um dialeto único.
Os gatos também conseguem entender a comunicação
humana. Estudos mostram que os gatos conhecem seus próprios nomes e os nomes de
seus companheiros e podem reconhecer as emoções humanas, chegando até a mudar
seu próprio comportamento em resposta a elas.
Apesar de tudo isso, os humanos ainda rotineiramente
interpretam mal os gatos. Nosso novo estudo, publicado
na Frontiers in
Ethology, mostra o quão pouco as pessoas entendem os sinais
que os gatos dão.
O que fizemos
Pedimos a 368 participantes australianos que
assistissem a vídeos de interações lúdicas entre humanos e gatos. Mas nem todos
os vídeos mostravam “brincadeiras” para o gato. Apenas metade dos gatos estava
brincando, enquanto a outra metade mostrava sinais de que não queria brincar ou
se sentia estressada com a interação.
Após cada vídeo, os participantes foram
questionados se achavam que a interação era, em geral, positiva ou negativa
para o gato, com base apenas no comportamento do gato. Em seguida, foram
questionados sobre como eles interagiriam com o gato no vídeo que acabaram de
assistir.
O que nosso
estudo descobriu?
Os resultados mostraram que os participantes
tiveram dificuldade em reconhecer sinais negativos que indicavam desconforto ou
estresse nos gatos.
Nos vídeos de gatos que não estavam brincando e
mostravam sinais negativos sutis (como tensão repentina no corpo ou evitar o
contato físico), os participantes reconheceram os sinais negativos apenas na
mesma proporção que o acaso (48,7%).
Mesmo quando os participantes assistiram a vídeos
de gatos mostrando sinais negativos evidentes, como sibilar, morder ou tentar
fugir, eles ainda assim categorizaram esses sinais incorretamente como
positivos em 25% das vezes.
Reconhecer quando um gato está estressado é apenas
o primeiro passo. Também precisamos saber como responder a esses sinais.
Mesmo quando os participantes reconheceram com
sucesso os sinais negativos, muitas vezes optaram por interagir com o gato de
maneiras que causariam mais estresse e aumentariam o risco de ferimentos em si
mesmos, como acariciar, esfregar a barriga e brincar com as mãos.
O estresse não
é saudável
O estresse pode ter consequências graves. Gatos que
sofrem estresse regular ou prolongado (incluindo interações indesejadas, como
as dos vídeos negativos) correm maior risco de problemas de saúde, como
inflamação da bexiga.
Eles também são mais propensos a desenvolver
comportamentos que as pessoas consideram problemáticos, como aumento da
agressividade ou urinar fora da bandeja sanitária. Por sua vez, esses
comportamentos aumentam o risco de o gato ser eutanasiado ou realocado.
O estresse do gato também é ruim para os humanos.
Se uma pessoa não prestar atenção aos sinais de alerta precoces, o gato pode
morder ou arranhar, depositando bactérias e microrganismos profundamente na
pele. Uma infecção rápida ocorre em 30% a 50% das mordidas de gatos. Se não for
tratada prontamente, pode levar a complicações graves, incluindo sepse,
problemas crônicos de saúde e até mesmo a morte. Mordidas e arranhões de gatos
também podem transmitir doenças zoonóticas, como a Doença da Arranhadura do Gato
(DAG).
Como brincar
com gatos de forma segura
Fique atento aos sinais de alerta precoce de que um
gato não está se divertindo e pare se notar algum. Quando os sinais ficam
óbvios, os gatos já estão sentindo desconforto.
Os sinais de alerta precoce incluem virar-se,
esquivar-se ou bloquear tentativas de toque, recuar, tensão corporal, orelhas
para trás ou para o lado, lamber os lábios/nariz e bater com a cauda, dar
patadas ou encolher-se.
Toque
Evite áreas sensíveis, como a barriga, as patas ou
a base da cauda. Os gatos preferem ser tocados na cabeça e no pescoço.
Evite usar as mãos para brincar. Isso ensina aos
gatos que as mãos são brinquedos e aumenta o risco de ferimentos acidentais. Em
vez disso, use brinquedos que mantenham seu rosto e suas mãos afastados, como
um brinquedo com cabo longo.
Cauda
Os movimentos da cauda nem sempre são um sinal
negativo – eles apenas significam que o gato está emocionalmente estimulado, o
que pode ser devido ao estresse ou à excitação. Os gatos também usam a cauda
para se equilibrar. Portanto, é melhor considerar a cauda em combinação com
todo o corpo e o contexto.
Mudanças nos movimentos da cauda também podem dar
pistas importantes sobre o humor do gato. Geralmente, quanto maior o movimento,
mais intensa é a emoção. Portanto, se os movimentos começarem a ficar maiores
ou mais rápidos durante a brincadeira, ou se a cauda passar de relaxada para
agitada quando você a tocar, isso pode ser um sinal para se afastar.
Orelhas
As orelhas dos gatos são como antenas que giram e
se ajustam para localizar sons, mas também podem nos dar uma pista sobre como
eles estão se sentindo. Se as orelhas se moverem por um momento e depois
voltarem a uma posição relaxada, isso geralmente significa que eles estão
ouvindo o mundo ao seu redor. Se as orelhas permanecerem achatadas e para trás,
isso é um sinal de angústia.
Vocalizações
Trinados e chilros sugerem um gato brincalhão,
enquanto sibilos, rosnados e miados indicam estresse. Ronronar pode parecer
positivo, mas pode indicar que o gato está estressado e tentando se acalmar.
Deixe-os em paz
Quando os sinais de alerta não funcionam, os gatos
podem mostrar sinais evidentes, como sibilos, rosnados, tremores, esconder-se
e, por fim, morder ou arranhar.
Se você notar sinais de alerta, dê bastante espaço
ao gato. Quando estão estressados, os gatos não gostam de ser tocados ou de ter
pessoas muito próximas. Se o gato voltar e reiniciar o contato, é um bom sinal
de que está confortável, mas fique atento ao retorno dos sinais de alerta.
Se você prestar atenção ao comportamento do seu
gato e lhe der espaço quando ele precisar, com um pouco de prática você poderá
se tornar “fluente em gato”.
Julia Henning não presta
consultoria, trabalha, possui ações ou recebe financiamento de qualquer empresa
ou organização que poderia se beneficiar com a publicação deste artigo e não
revelou nenhum vínculo relevante além de seu cargo acadêmico.
Fonte: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2025/11/15/brincadeira-ou-estresse-humanos-tem-dificuldade-em-ler-comportamento-dos-gatos-diz-estudo.ghtml
Por que os gatos miam mais para os humanos do que uns para os outros
Originalmente solitários, os gatos se domesticaram ao conviver com os humanos, e nesse processo uma das adaptações mais visíveis foi a modificação de suas vocalizações. Em outras palavras: eles miam para provocar nossa sensibilidade e nos fazer alimentá-los. — Foto: Freepik
Grace Carroll, professora de Comportamento e
Bem-Estar Animal na Escola de Psicologia na Queen's University Belfast, discute
neste artigo o comportamento dos gatos com humanos.
Por Grace Carroll*
06/07/2024 04h01 Atualizado há um ano
Essa é uma história que remonta a milhares de anos.
Originalmente, os
gatos eram criaturas solitárias. Isso significa
que eles preferiam viver e
caçar sozinhos, e não em grupos. A maior parte de seu
comportamento social era restrita às interações entre mãe e filhote. Fora desse
relacionamento, os gatos raramente miam uns para os outros.
Entretanto, quando os
gatos começaram a conviver com humanos, essas vocalizações adquiriram novos
significados. De muitas maneiras, quando um gato mia para nós, é como se ele
nos visse como seus cuidadores, assim como suas mães felinas.
Provavelmente, os gatos foram os primeiros a
encontrar humanos há aproximadamente 10.000 anos, quando as pessoas começaram a
estabelecer assentamentos permanentes. Esses assentamentos atraíram roedores,
que, por sua vez, atraíram gatos em busca de presas.
Os gatos menos temerosos e mais adaptáveis
prosperaram, beneficiando-se de um suprimento consistente de alimentos. Com o
tempo, esses gatos desenvolveram
laços mais estreitos com os humanos.
Ao contrário dos cães, que foram criados por
humanos para obter características específicas, os gatos essencialmente se
domesticaram. Aqueles que conseguiam tolerar e se comunicar com os humanos
tinham uma vantagem de sobrevivência, levando a uma população bem adaptada para
viver ao lado das pessoas.
Para entender esse processo, podemos analisar os
experimentos russos com raposas de criação. A partir da década de 1950, o
cientista soviético Dmitry Belyaev e sua equipe criaram raposas prateadas de
forma seletiva, acasalando aquelas que eram menos medrosas e agressivas com os
seres humanos.
Com o passar das gerações, essas raposas se
tornaram mais dóceis e amigáveis, desenvolvendo características físicas
semelhantes às dos cães domesticados, como orelhas flexíveis e caudas
encaracoladas.
Suas vocalizações também mudaram, passando de
“tosses” e “bufadas” agressivas para “cacarejos” e “ofegadas” mais amigáveis,
que lembram o riso humano.
Esses experimentos demonstraram que a criação seletiva para a domesticação poderia levar a uma série de
mudanças comportamentais e físicas nos animais, alcançando em poucas
décadas o que normalmente levaria milhares de anos.
Embora menos óbvias do que as diferenças entre os
cães e o lobo ancestral, os gatos também mudaram desde seus dias como gatos
selvagens africanos. Eles agora têm cérebros menores e mais cores variadas de
pelagem, características comuns entre muitas espécies domésticas.
Homem interagindo com um gato. — Foto: Freepik
Adaptações vocais dos gatos
Assim como as raposas prateadas, os gatos adaptaram suas vocalizações,
embora por um período de tempo muito mais longo. Os bebês humanos são
altruístas ao nascer, o que significa que são totalmente dependentes de seus
pais. Essa dependência nos tornou particularmente sintonizados com os pedidos
de socorro - ignorá-los custaria caro para a sobrevivência humana.
Os gatos alteraram suas vocalizações para
aproveitar essa sensibilidade. Um estudo de 2009 realizado pela pesquisadora de
comportamento animal Karen McComb e sua equipe apresenta evidências dessa
adaptação. Os participantes do estudo ouviram dois tipos de ronronar.
Um tipo foi gravado quando os gatos estavam
procurando comida (ronronar de solicitação) e outro gravado quando não estavam
(ronronar de não solicitação). Tanto os proprietários quanto os não
proprietários de gatos classificaram os ronrons de solicitação como mais
urgentes e menos agradáveis.
Uma análise acústica revelou um componente de tom
agudo nesses ronronados de solicitação, semelhante a um grito. Esse grito
oculto se baseia em nossa sensibilidade inata a sons de socorro, o que torna
quase impossível ignorá-lo.
Mas não foram apenas os gatos que adaptaram suas
vocalizações: nós também. Quando falamos com bebês, usamos um tom maternal,
mais conhecido como “baby talk”, caracterizado por um tom mais alto, tons
exagerados e linguagem simplificada. Essa forma de fala ajuda a envolver os
bebês, desempenhando um papel em seu desenvolvimento da linguagem.
Estendemos esse estilo de comunicação às nossas
interações com animais de estimação. Pesquisas recentes sugerem que os gatos
respondem a essa forma de comunicação.
Um estudo de 2022 realizado pela pesquisadora de
comportamento animal Charlotte de Mouzon e colegas constatou que os gatos
podiam distinguir entre a fala dirigida a eles e a fala dirigida a humanos
adultos. Esse padrão de discriminação era particularmente forte quando a fala
vinha dos donos dos gatos.
Nossa adoção da fala dirigida ao animal de
estimação reforça um vínculo que espelha as interações entre mãe e gato.
As mudanças nas vocalizações não são observadas
apenas nas relações entre gatos e humanos. Em comparação com o lobo ancestral,
os cães expandiram seu comportamento de latir para se comunicar de forma mais
eficaz com os seres humanos e, assim como acontece com os gatos, usamos a fala
dirigida ao animal de estimação ao interagir com os cães.
Com o passar do tempo, os gatos evoluíram para usar
sinais vocais que ressoam com nossos instintos de carinho. Juntamente com nosso
uso da fala dirigida ao animal de estimação, essa comunicação bidirecional
destaca o relacionamento único que desenvolvemos com nossos amigos felinos.
Parece que os gatos podem ser os vencedores desse
relacionamento, adaptando-se para solicitar cuidados e atenção de nossa parte.
Ainda assim, muitos donos de gatos não gostariam que fosse de outra forma.
*Grace Carroll é
professora de Comportamento e Bem-Estar Animal na Escola de Psicologia na
Queen's University Belfast.
**Esta matéria foi
publicada originalmente no site do The Conversation Brasil.
Fonte: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2024/07/06/por-que-os-gatos-miam-mais-para-os-humanos-do-que-uns-para-os-outros.ghtml
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