PESQUISA NO REINO UNIDO APONTA QUE TER UM PET, ANIMAL DE ESIMAÇÃO PODE SER TÃO BOM PARA A SUA FELICIDADE QUANTO SE CASAR OU GANHAR UMA BOLADA EXTRA.
Donos de cães demonstraram aumento de até 2,9 pontos em uma
escala de 1 a 7 de satisfação com a vida. — Foto: Pixabay
Ter um pet 'vale' tanto quanto receber R$ 500 mil
extras por ano ou se casar, aponta estudo britânico
Pesquisa no Reino Unido aponta que um animal de
estimação pode ser tão bom para a sua felicidade quanto se casar ou ganhar uma
bolada extra.
Por Redação
g1
06/05/2025 14h30 Atualizado há 7
meses
Um estudo publicado na revista científica
"Social Indicators Research" aponta que ter um animal de estimação
pode ter um impacto direto e significativo na satisfação com a vida —
a ponto de esse efeito ser comparável a receber cerca de R$ 530 mil (£70
mil) por ano em "bem-estar emocional".
Para chegar ao valor, os doutores em economia
Michael Gmeiner (London School of Economics) e Adelina Gschwandtner (University
of Kent) utilizaram um modelo
matemático já conhecido que permite estipular um valor
para fatos sociais (entenda mais abaixo
e veja outros exemplos).
Os pesquisadores apontam
que o impacto de conviver com um pet
é tão forte quanto o de ver amigos e familiares frequentemente — e mais
relevante que promoções no trabalho ou aumento de renda.
Estudo que vai
além das associações
Além da tentativa de estabelecer um valor, a
novidade do estudo publicado em março está em isolar a causalidade,
e não apenas observar correlações.
Ou seja: os pesquisadores
não quiseram saber se pessoas felizes têm pets, mas se ter um pet realmente
torna alguém mais feliz.
Para isso, a principal estratégia do estudo foi
selecionar pessoas que cuidam
da casa de vizinhos enquanto eles viajam — o que
inclui, com frequência, cuidar de seus pets. Isso foi usado como um “gatilho
externo” para avaliar se essa exposição a animais de estimação levava as
pessoas a adotarem seus próprios animais.
Os cientistas usaram dados do "Innovation
Panel", parte de uma pesquisa longitudinal feita no Reino Unido com mais
de 2,6 mil participantes. A pesquisa incluiu questões sobre personalidade (como
extroversão, neuroticismo, consciência), relações familiares, saúde mental e
física, situação financeira e, claro, presença de animais de estimação.
Donos de gatos tiveram aumento estimado em
3,7 pontos em uma escala de 1 a 7 de satisfação com a vida. — Foto: Divulgação
Sem correções estatísticas, os donos de pets
pareciam até levemente menos satisfeitos com a vida — o que reforça o risco de
interpretações erradas baseadas apenas em correlação.
Com a correção, o cenário muda:
- Donos de cães demonstraram
aumento de até 2,9 pontos em uma escala de 1 a 7 de satisfação com a vida.
- Donos de gatos também
tiveram aumento, estimado em 3,7 pontos, embora com maior margem de erro.
Em termos financeiros, o “valor subjetivo” de ter
um cão ou um gato é o equivalente a receber até £70 mil por ano, o que equivale
a mais de R$ 500 mil na cotação atual.
⚠️ Importante
- O valor monetário não representa um dado real,
mas uma estimativa do quanto as pessoas valorizam emocionalmente a
presença de um animal de estimação.
- Os
resultados valem especialmente para pessoas que já se mostram inclinadas a
gostar de pets — como aquelas que cuidam dos bichos de vizinhos.
🧮 Como
os pesquisadores estimaram o “valor” de um pet?
Para estimar quanto vale, em termos emocionais, ter
um animal de estimação, os pesquisadores usaram uma técnica conhecida como
“abordagem da satisfação com a vida” (life
satisfaction approach), bastante comum na economia do bem-estar.
Essa abordagem parte de uma lógica simples: se
sabemos o quanto diferentes fatores impactam a satisfação com a vida (medida
por pesquisas com perguntas como “quão satisfeito você está com sua vida?” em
uma escala de 1 a 7), e sabemos também o quanto a renda afeta essa mesma
satisfação, é possível estimar quanto dinheiro seria necessário para gerar o
mesmo impacto emocional que um determinado evento — como ter um pet, casar-se
ou sofrer com barulho de aviões.
O estudo cita exemplos clássicos já publicados por
outros economistas:
- Casar-se, por exemplo, tem um efeito positivo
que equivale a um aumento de cerca de £70 mil por
ano (cerca de R$ 500 mil) no
bem-estar subjetivo (Clark &
Oswald, 2002).
- Separar-se gera uma perda emocional estimada
em –£170 mil por
ano (cerca de R$ 1,3 milhão).
- O
método também já foi usado para estimar os prejuízos emocionais de
problemas como ruídos de aviões (Van Praag & Baarsma, 2005) ou o medo
de crimes (Moore & Shepherd, 2006).
No caso deste estudo, os autores aplicaram a
técnica para calcular o “valor implícito” de ter um cachorro ou gato, cruzando
dados sobre renda, satisfação com a vida e presença de pets.
Pets como
substitutos afetivos?
Um ponto curioso: o impacto positivo dos pets foi
maior entre pessoas não casadas. O estudo sugere que animais podem funcionar
como uma espécie de substituto afetivo em algumas situações — o que não
significa que pets sejam apenas uma “muleta emocional”, mas sim que oferecem
vínculos significativos.
Cães x gatos:
personalidades diferentes
A pesquisa também confirmou achados de estudos
anteriores:
- Donos de cães tendem a ser mais extrovertidos
e sociáveis.
- Donos
de gatos são, em média, mais abertos e conscienciosos — mas também mais
neuróticos.
“Esses perfis podem influenciar tanto a escolha do
animal quanto o modo como cada pessoa se relaciona com ele”, explicam os
autores.
Qual o impacto
do estudo?
Segundo os autores, os achados podem embasar
políticas públicas de saúde mental, por exemplo incentivando adoções
responsáveis como ferramenta complementar de bem-estar. “Se pets têm um valor
tão alto para o bem-estar quanto relações sociais humanas, eles devem ser
considerados nas estratégias de promoção da saúde mental”, concluem.
Fonte: https://g1.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2025/05/06/quanto-vale-ter-um-pet-valor-estudo-surpreende.ghtml
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