O ESCÂNDALO DO CASO EPSTEIN DE ABUSO SEXUAL DE MENORES: ENTENDA AS ACUSAÇÕES DE ENVOLVIMENTO DE TRUMP E OUTROS POLÍTICOS, ARTISTAS POP E CEREBRIDADES
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Caso Epstein:
Entenda como Trump prova do próprio veneno em briga inédita com sua base
Descrente de resultado de investigação
que desmente teorias de conspiração sobre milionário acusado de tráfico sexual
e abuso de adolescentes, militantes se voltam contra presidente dos EUA em
fratura que enfraquece extrema direita
Por
—
São Paulo
15/07/2025 10h44 Atualizado há 4
meses
Demorou até mais do que o esperado, mas, tal qual um bumerangue em altíssima velocidade, as teorias da conspiração da extrema direita americana sobre o empresário, milionário, pedófilo e amigo de Donald Trump, Jeffrey Epstein, voltaram-se contra a Casa Branca. E com o potencial de fazer um estrago inédito no apoio ao republicano do movimento Faça os EUA Grandes Novamente (Maga, na sigla em inglês).
Epstein se suicidou na cadeia em 2019, quando seu patrimônio valia US$ 560 milhões, de acordo com documentos fornecidos à época por seus próprios advogados. Acusado de abusar de meninas adolescentes e comandar uma rede internacional de tráfico sexual, ele dava festas disputadas por figurões e era considerado, até ser preso, um dos indivíduos mais influentes nos dois lados do Atlântico Norte. Desde então, tornou-se símbolo do que o Maga classifica como males de uma elite desconectada do cidadão comum, corrupta, criminosa, devassa e protegida pelo “Estado profundo”. Este, na cartilha de grupos-seita como o QAnon, controlaria o governo dos EUA.
Entre as teorias da conspiração marteladas pelo Maga, destaca-se a de que Epstein teria sido assassinado, entre outros motivos, por ter em seu poder uma lista com clientes poderosos de sua rede criminosa. Em tal lista apareciam nomes da realeza europeia, estrelas pop e bilionários que financiavam a sigla de Barack Obama e Joe Biden. Em comícios da campanha presidencial do ano passado acompanhados pelo GLOBO, Trump repetia que iria “finalmente revelar o conteúdo dos arquivos de Epstein”. O povo iria saber “a verdade”. A base respondia aos berros, em êxtase.
Mais interessados na lenda do que nas mudanças drásticas já conduzidas por Trump 2.0 no governo e na sociedade do país, os militantes do Maga aguardaram pelas respostas contidas nos arquivos do caso Epstein como se fossem as revelações de Fátima. E elas certamente viriam com o retorno de seu líder ao poder, desta vez, ao contrário do primeiro mandato, liberto das amarras da defunta ala country club do Partido Republicano, tão viciada nas tetas do governo quanto os democratas. Curiosamente, embora tenha congregado com Epstein e também sido denunciado por mulheres por abuso, o presidente surfou como ninguém na onda das fake news sobre a lista secreta. Prova agora do próprio veneno.
'Teorias nunca foram verdadeiras'
Semana passada, o FBI e o Departamento da Justiça anunciaram o fim das investigações sobre o caso. O memorando concluiu que não havia uma “lista de clientes”, nem “evidências críveis” de que Epstein tenha “chantageado pessoas influentes como parte de suas ações”. Também cravou que ele cometeu suicídio. O diretor do FBI, Kash Patel, conspirador de primeira ordem, afirmou, resignado, após a ameaça de deixar o governo:
— As teorias nunca foram verdadeiras.
Só não se calculou a descrença da base enraivecida. Não só seguem acreditando na fake news incentivada por Trump para retornar ao poder como veem seu presidente cada vez mais enredado naquilo que mais abominam — o establishment.
A divulgação dos arquivos sobre Epstein foi uma promessa feita a nós — lamentou a ativista de extrema direita Laura Loomer ao site Politico.
Ela, que se apresenta como “influenciadora Maga” e tinha, até esta semana, entrada aberta na Casa Branca, seguiu:
— A base está insatisfeita, e essa questão não vai simplesmente desaparecer.
Não vai mesmo. Trump respondeu, de forma atipicamente tímida, com uma publicação em sua rede social no fim de semana. Nela, defende a apuração de seu governo, frisa que “estamos no mesmo time” e pede “calma” aos “meus amigos e amigas” do Maga. O uso dos pronomes possessivos sugere um teste de lealdade. Aposta perigosa para enfrentar a teoria da conspiração que se voltou contra os conspiradores e se tornou a maior fratura interna até agora no eleitorado nacionalista cristão de direita, crucial para o trumpismo seguir vitorioso nas urnas. E de modo muito mais profundo do que as chiadeiras internas dos isolacionistas por conta do bombardeio no Irã e o envio, ainda que indireto, de armas à Ucrânia. Nesta terça, o presidente disse que qualquer informação “crível” sobre o caso deve ser publicada.
Também se tentou culpar os democratas, com Trump questionando, sem nem piscar os olhos, o fato de o governo Biden ter deixado para ele a tarefa de finalizar o inquérito de Epstein que acabou não dando em nada. O líder do Partido Democrata na Câmara dos Deputados, Hakeem Jeffries, passou rapidamente a batata quente para o outro lado: “Se de fato não há nada, acabe com isso da forma mais simples, divulgando todo o relatório sobre Epstein. Ou há algo que a Casa Branca não queira revelar?”
O político da mesma Nova York de Trump e Epstein leu bem o que diferencia este episódio: a percepção da base trumpista, de forma inédita, de cooptação de seu presidente por Washington. O governo deles pode tudo, menos lhes provar errado — como assim o dogma Epstein é história da carochinha?
Diversos nomes de destaque no movimento, de deputados mais radicalizados e próximos da base — de olho nas eleições de meio de mandato no ano que vem, quando seus cargos estarão em jogo — a personalidades como o ex-jornalista Tucker Carlson e o guru da extrema direita Steve Bannon (que vê em Epstein a “chave” para abrir segredos da burocracia americana), pedem mais investigações. Nesta terça, o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, disse em entrevista a um podcast de direita que o Departamento de Justiça “deveria divulgar tudo e deixar as pessoas decidirem por si próprias”.
Fogo no parquinho da direita
No fim do ano passado, um dos maiores conhecedores das entranhas do Partido Republicano, o sociólogo e historiador Geoffrey Kabaservice, quando perguntado pelo GLOBO se o sucessor natural do atual presidente no comando da direita seria o vice, J.D. Vance, ponderou que a própria natureza do Maga o impedia de cravar a opção mais lógica. O movimento, naquele momento cavalgado por Trump, bebe, frisou, dos horrores ao establishment e do desejo de limar da cena política figuras percebidas como guardiães do “Estado profundo”. Poderia “em algum momento” buscar figura ainda mais extremista, fora dos corredores de Washington.
O bilionário Elon Musk, alijado do poder e irritado com a lei orçamentária e tributária de Trump — que desafia, segundo ele, a ideia do Estado menor — observa o novo cenário com atenção enquanto busca reunir a insatisfação contra tudo o que está aí em seu recém-criado Partido América.
Não foi acaso ele ter insinuado, em seu primeiro bate-boca público com o presidente, ao deixar o governo, e agora novamente, que Trump não torna público os detalhes da investigação feita pelo FBI sobre Epstein, por razões pessoais e ainda ocultas.
— Por que não os libera, como prometido? — desafiou.
Há fogo no parquinho da direita americana. E a carência de bombeiros, essa sim, é fato.
Fonte:https://oglobo.globo.com/blogs/trump-20/coluna/2025/07/caso-epstein-entenda-como-trump-prova-do-proprio-veneno-em-briga-inedita-com-propria-base.ghtml
Com imagens de
rivais políticos e estrelas pop, governo Trump divulga parte dos documentos do
caso Epstein
Departamento de Justiça diz que
divulgação completa, exigida por lei, levará mais algumas semanas; Casa Branca
vive expectativa por possíveis menções ao presidente
Por O Globo e agências internacionais — Washington
19/12/2025 18h17 Atualizado há 3 dias
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A primeira leva de documentos foi disponibilizada em uma página no portal do Departamento de Justiça chamada de "Biblioteca Epstein" — ao ser acessada pelo GLOBO, foi necessário esperar alguns instantes devido ao alto volume de buscas. O material inclui depoimentos, fotos, e-mails, transcrições de audiências, registros telefônicos e matérias na imprensa, e fazia parte de investigações estaduais e federais, incluindo a que levou à prisão de Epstein na década passada.
"Este site contém materiais que atendem aos requisitos da Lei de Transparência dos Arquivos Epstein. Este site será atualizado caso documentos adicionais sejam identificados para divulgação", diz um texto na página inicial, que alerta para a presença de "descrições de agressão sexual".
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Alguns itens já foram divulgados anteriormente, como vídeos do centro de detenção de Nova York onde Epstein foi encontrado morto, enquanto outros jogam luz sobre a vida privada do financista: há, por exemplo, imagens feitas do palco em um show do Rolling Stones, de Epstein ao lado de Michael Jackson, morto em 2009, e de seus convidados e amigos dormindo em aviões e sofás.
O ex-presidente Bill Clinton aparece em diversas fotos, mas o Departamento de Justiça não forneceu contexto para as imagens— em uma delas, o democrata está sem camisa em uma banheira de hidromassagem, ao lado de uma pessoa cujo rosto foi apagado antes da divulgação. Em outra está nadando com Ghislaine Maxwell, ex-namorada e parceira de negócios de Epstein, e condenada a mais de 20 anos de prisão por exploração e abuso de menores. Há uma foto que o mostra sentado à mesa com Epstein e o vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger.
Nas últimas semanas, Trump acusou Clinton e outros democratas de envolvimento com o esquema de abuso de menores promovido por Epstein, mas o nome do ex-presidente jamais apareceu nos processos contra o financista. A amizade de Clinton com Epstein e Maxwell jamais foi segredo, mas ambos cortaram relações no começo do século. Apesar das alegações de Trump, membros de seu governo, como a chefe de Gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, além de Todd Blanche, número dois do Departamento de Justiça, disseram que as acusações não passam de rumores infundados.
“A Casa Branca não escondeu esses arquivos por meses para depois divulgá-los na sexta-feira à noite para proteger Bill Clinton. Trata-se de se protegerem do que está por vir, ou do que tentarão esconder para sempre”, escreveu um porta-voz de Clinton, Angel Ureña, em comunicado. “Eles podem divulgar quantas fotos granuladas de mais de 20 anos quiserem, mas isso não tem nada a ver com Bill Clinton.”
Os "Arquivos Epstein" trazem uma denúncia feita em 1996 contra o financista por Maria Farmer, uma ex-funcionária, sobre o suposto interesse do financista em pornografia infantil: na época, ela acusou Epstein de roubar fotos e negativos de um ensaio artístico com suas duas irmãs, de 16 e 12 anos, e de exigir que tirasse fotos de adolescentes em roupas de banho. Epstein, contou Farmer, ameaçou queimar sua casa caso contasse às autoridades. Maria e uma de suas irmãs, Annie, foram abusadas por Epstein e Maxwell.
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A
denúncia não avançou, e pessoas próximas a Epstein diziam que Farmer era apenas
uma mentirosa em busca de fama. Após a divulgação do documento, se disse
"vingada".
— Esperei 30 anos. Não
consigo acreditar. Não podem mais me chamar de mentirosa — disse ao New York
Times, sem economizar críticas ao FBI, a polícia federal americana. —Eles
deveriam ter vergonha. Eles prejudicaram todas essas meninas. Essa parte me
devasta.
Críticas no Congresso
Pouco antes da divulgação, Todd Blanche disse à rede Fox News que
apenas parte dos documentos seriam divulgados nesta sexta-feira. Segundo ele, é
necessário um tempo adicional para proteger as vítimas citadas e eliminar
informações que possam prejudicar outras investigações em curso. A explicação
não concenceu a oposição democrata no Congresso, que promete medidas legais
para garantir que todos os documentos sejam divulgados.
“Simplesmente divulgar uma
montanha de páginas censuradas viola o espírito da transparência e a letra da
lei”, disse o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, em comunicado. “Por
exemplo, todas as 119 páginas de um documento foram completamente censuradas.
Precisamos de respostas sobre o porquê.”
Em carta ao Congresso,
Blanche descreveu o processo para suprimir alguns dos detalhes dos documentos,
e indicou que 1,2 mil nomes de vítimas e pessoas relacionadas (família, amigos
etc) foram suprimidos pelo Departamento de Justiça. A revisão, segundo ele,
deve levar mais duas semanas.
Juízes e advogados ligados ao
processo alertam que ninguém deve esperar grandes novidades. A Casa Branca, por
sua vez, disse que a divulgação era uma prova da transparência do governo.
"Ao divulgar milhares de
páginas de documentos, cooperar com a intimação solicitada pelo Comitê de
Supervisão da Câmara e com o recente pedido do presidente Trump por novas
investigações sobre os amigos democratas de Epstein, o governo Trump fez mais
pelas vítimas do que os democratas jamais fizeram”, declarou Abigail Jackson,
porta-voz da Casa Branca, em comunicado.
Apesar de Jeffrey Epstein ter morrido há mais de
seis anos, enquanto aguardava julgamento em uma cela em Nova York, o financista
se tornou uma das maiores pedras no sapato do segundo mandato de Donald Trump…e
em boa parte por culpa do republicano.
Ao longo de décadas, Epstein circulou nos mais
altos círculos do poder político e econômico dos EUA, e era o anfitrião de
festas conhecidas em suas propriedades nos EUA e Caribe. Mas além da
proximidade com a elite americana, o financista mantinha uma rede de tráfico
humano e abuso de menores de idade. As denúncias foram abafadas de maneira
recorrente, e também envolviam Ghislaine Maxwell.
O processo contra Epstein também está na raiz de
vários movimentos conspiratórios nos EUA, que acreditam na existência de uma
suposta lista de clientes do milionário, que teria os nomes de alguns de seus
rivais do Partido Democrata, como Clinton e o ex-presidente Barack Obama,
além de empresários e políticos estrangeiros. Entre os documentos divulgados
nesta sexta-feira está um livro de telefones com os nomes de figuras conhecidas
e influentes do noticiário, mas que condizem com a extensa rede de contatos ao
longo de décadas, e que não foi considerado pelos investigadores como uma
evidência de que seriam "clientes" de sua rede de absusos.
A história foi replicada por Trump em sua campanha
recente à Casa Branca, no ano passado, e ele prometeu divulgar a tal lista se
fosse eleito. De volta à Presidência, ele dobrou a aposta, e a secretária de
Justiça, Pam Bondi, chegou a dizer que o documento estava sobre sua mesa,
prestes a ser divulgado. Meses depois, Bondi e o diretor do FBI, Kash Patel,
reconheceram que a lista não existia.
A explicação não foi suficiente para boa parte da
base trumpista, que também apostou nas teses conspiratórias. Deputados e
senadores republicanos exigiram a liberação de todos os documentos do caso, e
ameaçaram algumas votações importantes. Os democratas aproveitaram e se
juntaram ao coro, na esperança de colher dividendos eleitorais no ano que vem,
quando a Câmara e parte do Senado serão renovados.
Ao mesmo tempo em que alguns documentos começaram a
ser divulgados, revelando uma incômoda
proximidade entre Trump e Epstein (o presidente garante que
ambos romperam laços há mais de 20 anos), o governo foi obrigado a ceder e
concordar com a liberação de todos os arquivos em poder do Departamento de
Justiça, através de uma lei aprovada no
Congresso e sancionada por Trump.
O prazo de 30 dias vencia nesta sexta-feira, e a
capital americana vivia um misto de expectativa e medo, especialmente por parte
dos governistas: funcionários da Casa Branca repetiam a jornalistas acreditar
que não houvesse nada comprovando algum ato criminoso de Trump. À primeira
vista, são poucas as menções ao nome do presidente na nova leva de documentos.
— Não há qualquer tentativa de omitir nada por
causa do nome de Donald Trump, ou de qualquer outra pessoa, o nome de Bill
Clinton, o nome de Reid Hoffman (empresário). Não há qualquer tentativa de
omitir ou deixar de omitir algo por causa disso —disse Blanche à ABC News.
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/12/19/perto-do-fim-do-prazo-governo-trump-divulga-parte-dos-documentos-do-caso-contra-jeffrey-epstein.ghtml
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Democratas
publicam fotos de Epstein com Trump, Clinton e Woody Allen
Trump disse aos jornalistas do Salão
Oval nesta sexta-feira que não tinham visto as fotos e declarou que sua
publicação "não é grande coisa"
Por
AFP
—
Washington, Estados Unidos
13/12/2025 00h14 Atualizado há 4 dias
Os legisladores democratas publicaram, nesta sexta-feira (12), uma nova série de fotos propriedade do criminoso sexual condenado Jeffrey Epstein, que incluía imagens do ex-presidente Bill Clinton e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Outras figuras de destaque que aparecem nas fotos são o ex-secretário de Trump Steve Bannon; o ex-secretário do Tesouro de Clinton, Larry Summers; o diretor de cinema Woody Allen e o ex-expríncipe britânico agora conhecido como Andrew Mountbatten-Windsor. Além disso, também aparecem Bill Gates, da Microsoft, e Richard Branson, do Grupo Virgin.
A relação de Epstein com as pessoas que aparecem nas fotos já era conhecida e as imagens, sem datas, não parecem mostrar nenhuma conduta ilegal.
"Imagens inquietantes"
No entanto, os democratas do Comitê de Supervisão da Câmara de Representantes afirmaram que "estas imagens inquietantes plantam ainda mais perguntas sobre Epstein e suas relações com alguns dos homens mais poderosos do mundo".
Trump disse aos jornalistas do Salão Oval nesta sexta-feira que não tinham visto as fotos e declarou que sua publicação "não é grande coisa".
— Todo o mundo conheceu este homem, ele estava por todas as partes em Palm Beach — disse Trump, referindo-se à comunidade da Flórida onde se encontra seu resort Mar-a-Lago.
— Há centenas e centenas de pessoas que têm fotos com ele. Assim, não é grande coisa (...) Não sei nada a respeito — acrescentou Trump.
Mais cedo, a Casa Blanca acusou os democratas de publicar fotos "selecionadas" de propriedade de Epstein "para tentar criar uma narrativa falsa".
— O engajamento democrata contra o presidente Trump foi desmentido repetidamente — disse Abigail Jackson, porta-voz da Casa Blanca.
Entre as fotos publicadas nos próximos dias também há imagens de jogos sexuais e um romance "preservativo Trump", com a imagem de seu rosto e a frase "Sou ENORME".
Trump, Clinton e Epstein
Há três fotos de Trump entre as 19 publicadas nos últimos dias. Em uma delas, aparece junto a seis mulheres que levam o que parecem ser colares tradicionais havaianos ao redor do pescoço. Seus rostos foram pixelados.
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Além disso, vemos Trump conversando com uma mulher loira e Epstein no fundo. Na terceira, Trump aparece sentado ao lado de uma mulher loira cujo rostro foi ocultado.
O ex-presidente Clinton aparece numa foto com Epstein e Ghislaine Maxwell, a cúmplice que cumpriu uma condenação de 20 anos de prisão por tráfico sexual de menores e outros delitos. Também há outras pessoas não identificadas.
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Epstein, um investidor de sucesso, era amigo de pessoas ricas e poderosas, a quem convidava com frequência para sua luxuosa casa no Caribe.
Em 2008, ele foi condenado por crimes sexuais, incluindo solicitação de prostituição para um menor.
Cumpriu cerca de um ano de prisão em condições incomumente brandas. Depois, evitou acusações mais graves até 2019, quando foi detido e acusado de tráfico sexual de menores
Ele morreu sob custódia em prisão preventiva em Nova York no mesmo ano. Sua morte foi declarada como suicídio.
O Congresso ordenou ao Departamento de Justiça que publique, antes de 19 de dezembro, seus arquivos sobre a extensa investigação de Epstein.
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/12/13/democratas-publicam-fotos-de-epstein-com-trump-clinton-e-woody-allen.ghtml
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Festas, modelos
e silêncio: Como a obsessão por poder, dinheiro e mulheres aproximou Trump e
Epstein
Presidente tentou minimizar amizade,
mas documentos e entrevistas revelam relação intensa e complicada. Perseguir
mulheres era um jogo de ego e domínio, e corpos femininos eram moeda de troca
Por
Julie Tate
e
Nicholas Confessore
, Em The New
York Times — Nova York
19/12/2025 00h01 Atualizado há 4 dias
O financista Jeffrey Epstein tinha talento para fazer amigos poderosos, alguns dos quais passaram a ser citadas nas investigações sobre seus crimes. Durante meses, o presidente dos EUA, Donald Trump, trabalhou furiosamente para se livrar da acusação de que eles teriam sido próximos, descartando as perguntas sobre sua relação com Epstein como uma “farsa democrata” e implorando a seus apoiadores que ignorassem completamente o assunto. Uma análise da história deles feita pelo New York Times não encontrou nenhuma evidência que implicasse Trump no abuso e tráfico de menores por Epstein. Mas a relação entre os dois homens era muito mais próxima e complexa do que o republicano admite agora. A partir do final da década de 1980, eles criaram um vínculo tão intenso que deixava os que os conheciam com a impressão de que eram os melhores amigos um do outro, de acordo com o jornal.
Para esclarecer a amizade entre os dois, o New York Times entrevistou mais de 30 ex-funcionários de Epstein, vítimas de seus abusos e outras pessoas que cruzaram o caminho dos dois homens ao longo dos anos. O jornal também obteve novos documentos que esclarecem o relacionamento entre eles e vasculhou documentos judiciais e outros registros públicos.
Quando se conheceram, Epstein era então um financista pouco conhecido que cultivava o mistério em torno do alcance e da origem de sua fortuna conquistada com seu próprio esforço. Trump, seis anos mais velho, era um herdeiro do setor imobiliário que adorava publicidade e exagerava seus sucessos. Nenhum dos dois bebia ou usava drogas. Eles perseguiam mulheres em um jogo de ego e domínio. Os corpos femininos eram moeda de troca.
Por quase um quarto de século, Trump e seus representantes ofereceram relatos variados e muitas vezes contraditórios sobre sua relação com Epstein, que era esporadicamente capturada por fotógrafos de sociedade e em clipes de notícias antes de se desentenderem em meados dos anos 2000. Analisada de perto desde que Epstein morreu em uma cela de prisão em Manhattan durante o primeiro mandato de Trump, a amizade deles — e as perguntas sobre o que o presidente sabia dos abusos de Epstein — agora ameaça consumir seu segundo mandato.
A controvérsia abalou o controle férreo de Trump sobre sua base como nenhuma outra. Apoiadores leais exigiram saber por que o governo não agiu mais rapidamente para descobrir os segredos restantes do criminoso sexual condenado. Em novembro, após resistir a meses de pressão para divulgar mais documentos relacionados a Epstein mantidos pelo governo federal — e enfrentar uma revolta quase inédita entre os legisladores republicanos — Trump mudou de ideia, assinando uma lei que exige a divulgação desses documentos a partir desta semana.
Ao longo de quase duas décadas, enquanto Trump conquistava os circuitos festivos de Nova York e da Flórida, Epstein era talvez seu companheiro mais confiável. Durante os anos 90 e início dos anos 2000, eles frequentavam a mansão de Epstein em Manhattan e o Plaza Hotel de Trump, pelo menos um dos cassinos de Trump em Atlantic City e as casas de ambos em Palm Beach. Eles visitavam os escritórios um do outro e conversavam frequentemente por telefone, de acordo com outros ex-funcionários de Epstein e mulheres que passavam tempo em suas casas.
Com outros homens, Epstein poderia discutir abrigos fiscais, assuntos internacionais ou neurociência. Com Trump, ele falava sobre sexo.
— Acho que era apenas caça ao troféu — disse Stacey Williams, que ganhou fama como estrela das edições de maiô da Sports Illustrated durante os anos 90, em entrevista ao New York Times.
Em publicações nas redes sociais e entrevistas com veículos de comunicação nos últimos anos, Williams descreveu como Trump a apalpou em 1993 na Trump Tower enquanto Epstein — com quem ela namorava na época — assistia.
— Acho que Jeffrey gostava de ter essa modelo da Sports Illustrated que tinha esse nome e que Trump estava me perseguindo — disse ela.
Trump negou essa versão.
Muitas das fontes ouvidas pela reportagem pediram para compartilhar suas histórias anonimamente, temendo por sua segurança nas mãos dos apoiadores de Trump, um presidente que empregou o poder do governo federal para perseguir e punir seus oponentes políticos. Algumas vítimas de Epstein já receberam ameaças de morte por exigirem um relato completo das investigações, segundo com uma declaração divulgada por mais de duas dezenas delas no mês passado.
Ao longo dos anos, Epstein ou sua parceira, Ghislaine Maxwell, apresentaram pelo menos seis mulheres que os acusaram de aliciamento ou abuso a Trump, de acordo com entrevistas, depoimentos judiciais e outros registros. Uma delas era menor de idade na época. Nenhuma delas acusou o próprio Trump de comportamento inadequado.
Uma das mulheres, que nunca havia falado publicamente sobre a experiência, disse ao New York Times que Epstein a coagiu a participar de quatro festas na casa dele. Trump participou de todas as quatro, disse ela. Em duas delas, Epstein a instruiu a fazer sexo com outros convidados homens.
Em um e-mail divulgado pelo Congresso em novembro, Epstein se gabou de ter “dado” a Trump uma mulher de 20 anos com quem Epstein namorou na década de 1990. Durante um voo juntos no início da década de 1990, Trump deu em cima de outra funcionária de Epstein que viajava com eles, dizendo que poderia ter quem quisesse, de acordo com outra colaboradora do financista que soube do incidente. E outro funcionário de Epstein daquela época lembrou que Trump ocasionalmente enviava cartões de modelos para Epstein examinar, como se fossem um cardápio.
Epstein, que afirmava precisar de três orgasmos por dia, explorou ou abusou de centenas de mulheres e meninas antes de morrer no que foi considerado um suicídio. Trump não é acusado de abusar sexualmente de menores. Mas, ao longo de sua amizade com Epstein e além, ele deixou um rastro de supostos abusos e agressões, muitos dos quais começaram a vir à tona publicamente durante sua bem-sucedida campanha presidencial de 2016.
Quase 20 mulheres acusaram publicamente Trump de apalpá-las, beijá-las à força ou agredi-las sexualmente — comportamento que ele uma vez se gabou de poder fazer impunemente por causa de sua celebridade, mas que mais tarde negou ter praticado. Em 2023, a escritora E. Jean Carroll ganhou um julgamento civil de US$ 5 milhões contra Trump por abuso sexual e difamação.
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Em resposta a uma lista detalhada de perguntas do New York Times, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, emitiu a seguinte declaração:
“Esta notícia falsa, que não vale o papel em que está impressa, é apenas mais uma repetição obsoleta de alegações falsas de décadas atrás contra o presidente Trump. A verdade permanecerá a mesma, não importa quantas vezes o New York Times tente mudá-la. O presidente Trump não fez nada de errado e expulsou Jeffrey Epstein de Mar-a-Lago por ser um cretino.”
Não está claro quais novas informações poderão surgir sob a nova lei aprovada pelo Congresso. A lei permite que o governo Trump retenha registros que identifiquem vítimas, incluindo imagens de abuso sexual infantil ou documentos que sejam de outra forma confidenciais. Seus nomeados também podem reter registros que possam comprometer uma investigação federal em andamento — como uma nova investigação ordenada por Trump sobre democratas associados a Epstein. Em uma declaração no final de novembro, um grupo de acusadores de Epstein escreveu: “Além de ocultar os nomes das vítimas, queremos que todos os arquivos sejam divulgados”.
Trump negou ter conhecimento do abuso de meninas menores de idade por Epstein. Mas em uma série de e-mails divulgados em novembro, Epstein sugeriu o contrário. Em uma mensagem de 2019 ao jornalista Michael Wolff, ele escreveu sobre Trump: “é claro que ele sabia sobre as meninas, pois pediu a Ghislaine para parar”. O contexto completo da observação de Epstein não está claro.
Em um depoimento de 2010, perguntaram a Epstein se ele já havia se socializado com Trump com meninas menores de 18 anos. Como fez mais de três dezenas de vezes durante o depoimento, Epstein invocou seu direito constitucional de não responder.
— Embora eu gostasse de responder a essa pergunta, pelo menos hoje, vou ter que invocar meus direitos da Quinta, Sexta e Décima Quarta Emendas, senhor — respondeu ele.
Conversas sobre sexo e horário de expediente
Às vezes, o telefone tocava no escritório de Trump na Trump Tower. O interlocutor — “o misterioso Jeffrey”, como Trump o descreveu em um livro de conselhos de negócios de 2004 — nunca dizia seu sobrenome, nem precisava, escreveu o magnata republicano. Algumas vezes por semana, o telefone tocava no escritório de Epstein no Villard Houses, na Madison Avenue. Trump estava na linha. Em uma ocasião, lembrou uma assistente de Epstein de meados da década de 1990, Trump se recusou a dar qualquer nome.
A porta-voz da Casa Branca se recusou a dizer se o livro de Trump se referia a um Jeffrey diferente. Mas os dois conversavam pelo menos três vezes por semana durante meados da década de 1990, de acordo com uma segunda assistente de Epstein daquele período.
A primeira assistente, que frequentemente trabalhava até tarde, lembrou que, às vezes, quando o escritório esvaziava, Epstein verificava se ela estava em sua mesa e colocava Trump no viva-voz. O atual presidente, disse ela, parecia gostar de entreter Epstein com histórias de suas aventuras sexuais. E Epstein parecia se divertir com o quanto isso a deixava desconfortável ao ouvir.
Ela se lembrou de uma ligação em meados da década de 1990 em que os dois homens discutiram a quantidade de pelos pubianos que uma determinada mulher tinha e se havia o suficiente para Epstein usar como fio dental. Em outra ligação, Trump contou a Epstein sobre ter feito sexo com outra mulher em uma mesa de sinuca, disse a ex-assistente.
Uma mulher conhecida nos registros do tribunal como Jane Doe, que Epstein traficou em meados da década de 1990, desde o início de sua adolescência, testemunhou no julgamento criminal de Maxwell em 2021 que Epstein costumava colocar amigos famosos no viva-voz na frente de outras pessoas.
As ligações com Trump continuaram nos últimos anos da amizade dos dois, de acordo com um terceiro ex-funcionário, que trabalhou para Epstein intermitentemente durante a maior parte dos anos 2000 e também se lembrou de ele colocar Trump no viva-voz. Eles conversavam sobre concursos de beleza ou desfiles de moda ou sobre as mulheres de quais países estavam em voga no mundo da moda. Às vezes, disse o funcionário, Trump falava por tanto tempo que Epstein — cuja capacidade de concentração era notoriamente curta — saía da sala enquanto seu amigo ainda estava falando.
Maria Farmer, uma artista que disse ter sido abusada sexualmente por Maxwell e Epstein em meados da década de 1990, disse ao New York Times em 2019 que Epstein uma vez a chamou para se encontrar com Trump no escritório da Villard Houses. Trump a olhou com malícia, disse ela, antes que Epstein o informasse que “ela não é para você”.
Neste verão, um porta-voz de Trump negou que o presidente tivesse alguma vez entrado no escritório de Epstein. A primeira ex-assistente, porém, lembrou-se de o Sr. Trump se ter encontrado lá brevemente com Epstein pelo menos várias vezes em meados da década de 1990. O seu relato foi corroborado por Mark Epstein, irmão do financista, que confessou que ele lhe tinha contado que Trump o visitava frequentemente.
— Ele estava no escritório o tempo todo naquela época — disse Mark Epstein em entrevista ao New York Times.
Anotações diárias manuscritas feitas pela primeira ex-assistente e analisadas pelo jornal sugerem que Trump era uma presença regular na vida de Epstein. As anotações, que abrangem vários meses no final de 1994, não foram divulgadas anteriormente.
Algumas páginas contêm instruções para ligar para Trump ou retornar sua ligação. Uma nota lembrava ao assistente para ligar para o escritório de Trump para saber se ele “voaria para a Flórida amanhã”. Outra registrava que um pacote chegaria com um convite para um evento em Mar-a-Lago.
Em uma página, há instruções sobre convites para uma festa que aconteceria em breve. Trump seria convidado, mas somente se sua ex-esposa Ivana, com quem Maxwell era amiga, recusasse.
A relação entre eles era repleta de inveja e desdém. Epstein parecia ter uma opinião negativa sobre a perspicácia empresarial do amigo, de acordo com ex-funcionários e outras pessoas que o conheciam. Em uma ocasião por volta de 2001, disse o terceiro ex-funcionário, Epstein ficou irritado depois que Trump ligou para ele. Mais tarde, ele disse ao funcionário que Trump estava sem dinheiro e queria uma carona no avião de Epstein.
Durante os primeiros anos de sua amizade, Trump estava correndo para um acerto de contas sobre os bilhões de dólares que havia emprestado para montar seu império em dificuldades, incluindo cassinos, hotéis, uma companhia aérea e um iate. De acordo com ex-funcionários de Epstein, Trump parecia atraído pela riqueza e pela rede de negócios do financista.
Não está claro se Epstein — que aparentemente se especializou em oferecer planejamento tributário e patrimonial para clientes ricos — ajudou Trump a lidar com seus problemas financeiros. Mas em seu livro de memórias de 2020 sobre a representação das vítimas de Epstein, “Relentless Pursuit” (Perseguição implacável), o advogado da Flórida Bradley J. Edwards escreveu que o Sr. Epstein havia afirmado a algumas jovens que havia tirado seu amigo da falência.
Mesmo rejeitando os negócios de Trump, Epstein — que podia ser socialmente desajeitado nas festas de outras pessoas — parecia admirar a confiança ousada do amigo e seu acesso aos círculos mais elevados da vida noturna e das celebridades. Ele frequentemente mencionava sua amizade com o Sr. Trump, de acordo com várias acusadoras, dizendo a uma delas que tinha um quarto reservado em Mar-a-Lago. Mesmo depois de se desentenderem, Epstein manteve uma foto emoldurada de si mesmo com Trump e sua futura terceira esposa, Melania, em uma cristaleira na sala de jantar de sua casa no Upper East Side.
O circuito das festas
Alguns anos após o início da amizade de Trump com Epstein, Ivana Trump pediu o divórcio. O caso de Trump com Marla Maples, uma ex-participante de concursos de beleza, estava passando por altos e baixos. Em 1992, ele convidou a NBC para ir a Mar-a-Lago gravar um vídeo para um programa sobre sua vida após o divórcio no talk show “A Closer Look”.
“Eu adoro mulheres bonitas, adoro sair com mulheres bonitas e adoro mulheres em geral”, disse ele na filmagem.
As câmeras capturaram ele e Epstein na propriedade de Palm Beach, cercados por cheerleaders do Miami Dolphins e do Buffalo Bills. No vídeo, Trump agarra uma mulher sorridente por trás e dá um tapinha em suas nádegas; em outro clipe, ele parece apontar para mulheres na pista de dança, e Epstein se dobra de tanto rir de algo que seu amigo sussurrou.
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Em janeiro de 1993, Trump organizou outra festa em
Mar-a-Lago, desta vez para lançar um concurso de beleza que estava levando para
Atlantic City com dois parceiros de negócios, George Houraney e Jill Harth.
Cerca de duas dúzias de candidatas em potencial foram levadas de avião para se
encontrar com Trump. O único outro convidado da festa, disse Houraney ao New
York Times em 2019, era Epstein.
Durante o jantar daquela noite, alegou Harth em um
processo judicial de 1997, Trump a apalpou debaixo da mesa, depois a encurralou
em um quarto normalmente usado por sua filha Ivanka e “a beijou à força,
acariciou e impediu” que ela saísse.
Mais tarde, nas primeiras horas da madrugada, ela
alegou no processo que Trump também entrou furtivamente em um quarto usado por
uma concorrente de 22 anos. Subindo em sua cama sem ser convidado, ele também a
apalpou, de acordo com o processo.
Trump negou as alegações de Harth, que se recusou a
comentar. A parceria no concurso de beleza acabou fracassando, levando Houraney
a processar Trump separadamente em 1995 por quebra de contrato. Harth disse que
retirou sua ação judicial por assédio como condição para resolver a disputa
contratual. Ela passou a namorar brevemente Trump.
De acordo com financista, ele e Trump também
festejaram na casa dele. Em uma troca de e-mails em 2015 com Landon Thomas Jr.,
então repórter do New York Times, ele contou um momento em que o Trump estava
tão concentrado nas jovens que nadavam em sua piscina que esbarrou em uma porta
de vidro. Epstein também se referiu à concorrente de 22 anos daquela noite em
1993, indicando que ela tinha fotos de “Donald e garotas de biquíni na minha
cozinha” e fornecendo o endereço de e-mail dela.
Os e-mails, entre aqueles divulgados pelo Congresso
no mês passado, surgiram quando Trump liderava as pesquisas para a indicação
presidencial republicana. Thomas, que já havia apresentado a Epstein um perfil
simpático, disse que estava sendo abordado por pessoas que achavam que ele
tinha “informações interessantes sobre você e Trump”.
Antes da reunião privada, ela também foi abordada
por Epstein.
“Sou Jeffrey. Sou o melhor amigo do Don”, ela
lembrou ele ter dito. Ela ficou confusa no início, disse a Sra. Keul, porque
ele não parecia ter nenhuma ligação com o concurso. Ela não entendia por que
ele tinha sido autorizado a participar do almoço com a imprensa. “Ele disse: ‘O
Don gosta muito de você’ e que eles estavam organizando festas em Mar-a-Lago e
que adorariam que eu participasse”, disse a Keul. Ele cuidaria dela, de seus
voos, de seu hotel. “Você só precisa fazer as malas e vir para a festa em Mar-a-Lago”,
ela se lembra dele dizendo.
Quando Keul hesitou, Epstein tentou outras táticas
— falando sobre a fortuna que mantinha em bancos suíços e, em seguida, sobre
amigos famosos com quem ele poderia marcar encontros.
— Epstein sabia exatamente o que estava fazendo —
disse ela. — Ele tinha um método de caça. Era uma rotina.
A primeira das ex-assistentes de Epstein
entrevistadas pelo New York Times disse que, em dezenas de ocasiões em meados
da década de 1990, o financista a instruiu a ligar para uma vencedora de um
concurso de beleza em algum lugar do mundo e convidá-la para visitá-lo na
Flórida. Sua oferta permanente, disse a assistente, era uma viagem com todas as
despesas pagas e US$ 5 mil em dinheiro para fazer compras na Worth Avenue, o
famoso destino de compras de Palm Beach.
Em dezembro de 1993, pouco depois do concurso,
Trump se casou com Maples no Plaza. Fotos mostram Epstein presente. Mas as
festas continuaram.
'Vista-se de forma sexy'
No início dos anos 2000, os convidados se reuniam
na biblioteca ou na sala de jantar da mansão do Sr. Epstein no Upper East Side,
enquanto o anfitrião recebia a todos. As mulheres eram lindas e numerosas. Os
homens eram mais velhos e poucos. Ocasionalmente, uma das mulheres se dirigia
aos quartos. Um dos homens logo a seguia.
Uma mulher, então modelo e estudante universitária de 20 e poucos anos que morava em Manhattan, disse que participou de quatro festas na mansão. Ela não consegue se lembrar dos nomes da maioria dos homens que conheceu nas reuniões, nem mesmo daqueles que Epstein a instruiu a “cuidar” em duas delas. Recrutada por Maxwell e depois abusada por Epstein, ela enterrou sua vergonha e guardou seus segredos por anos. Mas a presença de Trump se destacava, disse ela ao New York Times. Ele era um nome conhecido, alguém de quem Epstein costumava se gabar para as mulheres ao seu redor, mas com quem também parecia competir.
— Era como uma competição para ver quem tinha mais mulheres — lembrou ela. Ela pediu anonimato para descrever suas experiências em detalhes, dizendo que temia pela segurança de sua família depois que Trump disse que alguns de seus críticos poderiam ser executados por sedição.
Para as pessoas do ramo da moda, homens como Trump e Epstein eram uma parte familiar do cenário: homens ricos que usavam seu dinheiro, influência e conexões pessoais na moda para conhecer as jovens que trabalhavam na indústria.
— Dois dias por semana, você estava em um jantar de modelos em um restaurante — disse Heather Braden, modelo e cineasta. — E havia esses homens que não conhecíamos.
Braden, que agora mora em Utah, disse que frequentemente via Trump e Epstein nas mesmas festas ou jantares durante os anos 1990 em Nova York e no sul da Flórida, incluindo em Mar-a-Lago, que Trump transformou em um clube para membros em 1995.
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Cada um deles cultivou relacionamentos que, por sua vez, os colocaram em proximidade com jovens mulheres do setor. Epstein explorou sua relação próxima com Les Wexner, proprietário da Victoria's Secret, às vezes dizendo às mulheres que poderia conseguir reuniões ou agendamentos para elas. Fotógrafos e equipes de filmagem capturaram Epstein e Trump juntos em eventos da Victoria's Secret em 1997 e 1999.
Trump fez amizade com o fundador da Hawaiian Tropic, Ron Rice, que disse ao The Boston Globe que enviaria modelos e participantes de concursos de beleza para festas em Mar-a-Lago a pedido de Trump, e com John Casablancas, fundador da Elite Model Management, cujo concurso Look of the Year Trump patrocinou e ajudou a julgar no início dos anos 1990.
Para as reuniões em Mar-a-Lago, grupos de modelos às vezes eram trazidos de ônibus de Miami, muitas vezes com a ajuda do amigo de Trump, Jason Binn, cofundador da revista social Ocean Drive. Binn não retornou as ligações e e-mails solicitando comentários.
Tina Davis, que foi modelo da Ford em meados da década de 1990, disse em uma entrevista que seu agente da Ford a instruiu a se vestir bem e participar de uma festa em Mar-a-Lago no final de 1994. Com apenas 14 anos e recém-chegada a Miami, ela foi instruída a “se vestir de forma sexy”, de acordo com sua mãe, Sandra Coleman, que a acompanhou à Flórida. Oito ou nove outras modelos foram junto no ônibus. “Todas as meninas eram muito jovens”, lembrou Coleman em uma entrevista. “Algumas delas poderiam estar usando sutiãs de treinamento.”
Quando chegaram a Mar-a-Lago, disse Coleman, sua filha recebeu imediatamente uma taça de champanhe. Ela recusou, mas os garçons continuaram oferecendo mais. Cada vez que um dos homens de meia-idade na festa se aproximava de sua filha, Coleman se aproximava e se apresentava como mãe da Sra. Davis.
Durante uma ida ao banheiro, elas encontraram a nova esposa de Trump, que haviam conhecido anteriormente. Maples segurou suas mãos, lembrou Coleman, e olhou nos seus olhos. “Faça o que fizer, não a deixe perto de nenhum desses homens, especialmente do meu marido”, disse ela a Coleman. “Proteja-a.”
Maples negou ter feito o comentário.
— Eu sempre protegeria as jovens de todas as formas que pudesse, mas tenho certeza de que não disse isso especificamente sobre o pai da minha filha — pontuou.
Epstein era um convidado frequente nas festas do Mar-a-Lago. Uma mulher que disse que ele a traficou no final dos anos 1990 e início dos anos 2000 lembrou-se de ter participado de pelo menos meia dúzia dessas festas, começando quando tinha 17 anos e trabalhava como modelo durante a temporada de moda de inverno na Flórida. Epstein também apareceu em várias delas. Ele sempre parecia saber sobre os eventos que aconteciam em Mar-a-Lago, disse ela, mesmo quando não participava, e sempre demonstrava curiosidade sobre suas experiências.
Convites para festas em Mar-a-Lago, residência de Donald Trump na Flórida, circularam nos anos 1990 entre jovens modelos por meio de intermediários ligados à revista Ocean Drive e ao empresário George Binn. Segundo uma mulher ouvida pelo New York Times, os eventos tinham open bar, não havia checagem de idade e Trump estaria “sempre em cima” das convidadas. Ela forneceu ao jornal uma foto sua, ao lado de uma amiga, com Trump em Mar-a-Lago, mas disse não se lembrar se ainda tinha 17 anos na época. A mulher nunca havia falado publicamente sobre o episódio e pediu anonimato por temer retaliações do ex-presidente ou de seus apoiadores.
Naquele período, Trump e Jeffrey Epstein também mantinham relações com a agência de modelos Next, então em ascensão, e com sua cofundadora, Faith Kates. Ex-modelos e ex-funcionários relataram a presença frequente de Epstein em reuniões e eventos ligados à agência, inclusive após sua prisão na Flórida por solicitação de menores. Trump, por sua vez, comparecia a festas da Next em Nova York, e a agência por vezes enviava modelos para eventos em Mar-a-Lago. A modelo neozelandesa Zoë Brock afirmou que foi pressionada a ir a uma dessas festas em 1998 e que, ao chegar, ela e outras mulheres receberam pulseiras listradas, enquanto os convidados homens — em sua maioria de smoking — não usavam identificação. Segundo Brock, as modelos foram alinhadas para conhecer Trump, e ela passou mal após beber uma taça de champanhe, suspeitando que a bebida tivesse sido adulterada.
Outras modelos relataram encontros nos quais Epstein e Trump disputavam atenção. Maria Farmer Williams contou que conheceu Epstein em um jantar em 1992 e reencontrou-o meses depois em uma festa organizada por Trump no Plaza Hotel, onde o então magnata também teria tentado se aproximar dela. No ano seguinte, durante uma visita a Trump Tower acompanhada de Epstein, Williams afirmou ter sido apalpada por Trump na sala de espera, enquanto Epstein fingia não perceber. Mais tarde, segundo ela, Epstein a repreendeu violentamente, o que a levou a crer que a situação fazia parte de um jogo de humilhação. Um representante de Trump já classificou essas acusações como “inequivocamente falsas”.
Faith Kates deixou a Next em novembro, após a divulgação de e-mails pelo Congresso indicando que ela e Epstein mantiveram proximidade por anos depois do acordo judicial de 2008. A agência afirmou, em nota, que nunca teve relação comercial com Epstein ou Trump, e Kates negou qualquer intenção imprópria ao levar clientes a festas ou jantares. Ainda assim, relatos apontam que a rede de contatos entre empresários poderosos e jovens modelos criava ambientes de vulnerabilidade, nos quais a promessa de ascensão profissional era usada como moeda de troca.
Uma outra mulher, que disse ter participado de quatro festas na mansão de Epstein no início dos anos 2000, relatou ter conhecido Ghislaine Maxwell na Semana de Moda de Nova York, em 2000. Maxwell teria se apresentado como mentora e prometido ajuda para alcançar contratos importantes, como a Victoria’s Secret. Segundo o relato, abusos ocorreram já nos primeiros encontros, e Epstein a teria coagido a continuar frequentando as festas ao afirmar que havia câmeras gravando tudo. Ela afirmou ter encontrado Trump em uma dessas ocasiões, sem comportamento inadequado, e mostrou ao New York Times um caderno de endereços da época com o nome e telefones do empresário. A mulher foi ouvida pelo FBI em 2020, recebeu indenizações de fundos ligados às vítimas de Epstein e disse esperar que documentos oficiais sobre seu depoimento sejam tornados públicos.
Uma das mulheres citadas nos relatos sobre o círculo de Jeffrey Epstein entrou posteriormente com pedido para integrar uma ação judicial na Flórida movida por mais de 30 mulheres — em sua maioria sob pseudônimos — que acusam o FBI de ter falhado em investigar adequadamente denúncias de crimes sexuais e tráfico de menores atribuídos a Epstein desde 1996. Advogados do governo pediram o arquivamento do processo. Segundo Jennifer Plotkin, advogada das autoras, as autoridades federais tinham conhecimento dos abusos cometidos por Epstein contra meninas e mulheres jovens e, ao não agirem, permitiram que centenas de vítimas fossem exploradas ao longo de duas décadas.
Ghislaine Maxwell, apontada como principal cúmplice de Epstein, cumpre pena federal de 20 anos por conspirar no tráfico sexual de menores. Em julho do ano passado, o então vice-procurador-geral dos EUA, Todd Blanche, foi à Flórida para entrevistá-la. Maxwell reconheceu que Epstein e Donald Trump mantinham uma relação social, mas afirmou nunca ter presenciado comportamento impróprio do ex-presidente. Uma semana depois da entrevista, ela foi transferida para um presídio de segurança mínima. Seus advogados agora tentam anular a condenação.
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No início dos anos 2000, Epstein — já extremamente rico e bem relacionado — passou a buscar maior visibilidade pública. Em 2002, organizou uma viagem humanitária à África com o ex-presidente Bill Clinton e celebridades, cujos detalhes logo vazaram para a imprensa. Pouco depois, a revista New York publicou o primeiro grande perfil sobre ele, trazendo como principal citação uma frase de Trump: “Ele é muito divertido de se estar junto. Dizem até que gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são bem jovens”. Com o avanço das denúncias, porém, versões dadas por Trump e por seus representantes sobre a relação entre os dois começaram a mudar, atribuindo o rompimento a supostos comportamentos inadequados de Epstein em Mar-a-Lago, embora datas e motivos nunca tenham ficado claros.
Documentos, depoimentos e registros públicos indicam que Trump teve contato social, em diferentes momentos, com mulheres que posteriormente acusaram Epstein e Maxwell de abuso ou aliciamento. Um dos casos citados em processos judiciais envolve uma vítima identificada como Jane Doe, que afirmou ter sido levada por Epstein a Mar-a-Lago em 1994, quando tinha cerca de 14 anos. Segundo a ação, Epstein teria apresentado a menina a Trump com um comentário sugestivo, recebido com risos. O processo terminou em acordo com o espólio de Epstein. Em depoimento posterior, a mesma mulher disse ter participado de concursos ligados ao universo de Trump.
Ao longo dos anos 2010, à medida que Trump avançava na política, seus assessores passaram a negar de forma cada vez mais enfática qualquer vínculo com Epstein, descrevendo-o como apenas mais um frequentador de Mar-a-Lago. Relatos de ex-aliados, porém, contradizem essa versão, incluindo o de Jack O’Donnell, ex-executivo de um cassino de Trump, que afirmou ter visto os dois juntos acompanhados de mulheres muito jovens em 1989. Apesar do afastamento público, e do tom crítico adotado por Epstein em mensagens privadas nos anos seguintes, ele continuou obcecado pelo antigo amigo, chegando a afirmar, em entrevista gravada em 2017, que havia sido o “amigo mais próximo” de Trump por uma década e insinuando, em e-mails, que poderia prejudicá-lo politicamente — sem jamais explicar como.
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/12/19/festas-modelos-e-silencio-como-a-obsessao-por-poder-dinheiro-e-mulheres-aproximou-trump-e-epstein.ghtml
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Democratas
divulgam imagens da casa de Epstein em ilha no Caribe onde teriam ocorrido
crimes sexuais; veja
Material faz parte de pressão para que
Departamento de Justiça publique arquivos sobre o caso; fotos mostram cômodos
simples e áreas usadas pelo bilionário
Por
Michael Gold
, Em The New
York Times
03/12/2025 15h25 Atualizado há uma
semana
Os democratas da Câmara dos Representantes divulgaram nesta quarta-feira um conjunto de fotografias e vídeos da residência do bilionário Jeffrey Epstein na ilha particular de Little St. James, no Caribe, onde suas acusadoras afirmam que ele explorava sexualmente meninas menores de idade. O material faz parte do esforço do partido para ampliar a pressão sobre o Departamento de Justiça, que foi recentemente obrigado por lei a tornar públicos os arquivos da investigação sobre o caso.
Epstein era dono de duas ilhas privadas nas Ilhas Virgens dos Estados Unidos, ambas próximas a St. Thomas. Little St. James foi sua principal residência durante quase duas décadas e centro das acusações de que, ali, ele teria abusado de adolescentes. Ele também era acusado de transportar dezenas de meninas entre suas casas em Nova York e Palm Beach, na Flórida.
As dez fotos e quatro vídeos tornados públicos foram feitos em 2020, um ano após a morte de Epstein na prisão, enquanto ele aguardava julgamento por acusações federais de tráfico sexual. As imagens foram entregues à Comissão de Supervisão por autoridades das Ilhas Virgens e selecionadas pelos democratas a partir de um conjunto maior de documentos.
Democratas divulgam imagens da casa de Epstein em ilha no Caribe
Chamando o material de “perturbador”, o deputado Robert Garcia, da Califórnia, líder democrata na comissão, afirmou que a divulgação é parte do compromisso de garantir “transparência pública” e de ajudar a reconstruir a dimensão dos “crimes horríveis” cometidos por Epstein. Ele afirmou ainda que o grupo recebeu registros financeiros do bilionário provenientes do J.P. Morgan e do Deutsche Bank, que devem ser divulgados nos próximos dias.
As imagens mostram quartos com decoração simples, áreas externas e registros em vídeo que percorrem o interior da casa. Um dos cômodos exibidos parece ter sido transformado em consultório odontológico: as paredes estão cobertas por máscaras de rostos masculinos, e há uma cadeira e equipamentos típicos. A última namorada de Epstein, Karyna Shuliak, era dentista e dividia um consultório em St. Thomas com uma empresa ligada ao bilionário.
Outra foto mostra um espaço usado como biblioteca, com poltronas e um quadro-negro no qual várias palavras foram rabiscadas. Parte delas foi ocultada pelos democratas, mas termos como “verdade”, “música”, “engano” e “poder” aparecem ao lado de anotações como “intelectual” e “político”.
A divulgação ocorre duas semanas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionar uma lei que determina que o Departamento de Justiça publique todos os seus arquivos sobre Epstein no prazo de 30 dias — embora o texto inclua exceções que permitem manter confidenciais documentos ligados a investigações em andamento.
O material agora revelado deriva de uma investigação paralela da Comissão de Supervisão, presidida pelos republicanos, que passou a examinar o caso após os democratas exigirem uma intimação. Em setembro, essa apuração levou à divulgação de um desenho de conotação sexual e de uma anotação que parecia ter a assinatura de Trump, parte de um livro produzido para celebrar os 50 anos de Epstein. O presidente nega ter feito o desenho.
No mês passado, os democratas também divulgaram três trocas de e-mails fornecidas pelo espólio de Epstein que sugeriam que o bilionário acreditava que Trump tinha mais conhecimento sobre seus abusos do que admite publicamente.
Após a morte de Epstein, em 2019, a procuradoria-geral das Ilhas Virgens processou seu espólio, acusando-o de levar meninas de apenas 11 anos para Little St. James e manter um banco de dados para monitorar a disponibilidade e os deslocamentos das vítimas. Em acordo judicial, o espólio concordou em pagar pelo menos US$ 105 milhões ao território e repassar parte do valor arrecadado com a venda das ilhas. Elas foram vendidas em 2023 por US$ 60 milhões a um investidor que planeja construir ali um resort de 25 quartos.
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/12/03/democratas-divulgam-imagens-da-casa-de-epstein-em-ilha-no-caribe-onde-teriam-ocorrido-crimes-sexuais-veja.ghtml
Acusado de abuso de
menores, Epstein afirmou que Trump 'sabia das meninas' em e-mails divulgados
pelo Congresso dos EUA
Em mensagens, Epstein disse que Trump
passou 'várias horas' com uma das vítimas de seu esquema de abuso e tráfico
humano; republicanos liberam mais 20 mil páginas de documentos
Por O Globo e agências internacionais — Washington
12/11/2025 10h57 Atualizado há um mês
Acusado de liderar uma rede de tráfico humano e de abuso de menores, o milionário Jeffrey Epstein sugeriu em e-mails privados que o então empresário e hoje presidente dos EUA, Donald Trump, tinha conhecimento sobre os crimes que eram cometidos em suas propriedades, e afirmou em uma das mensagens que o republicano "sabia das meninas". Epstein morreu na prisão em 2019, enquanto aguardava julgamento em Nova York, mas o caso ainda movimenta a política americana, de uma maneira que Trump parece não ter meios de controlar totalmente. A Casa Branca disse que a divulgação é uma tentativa de difamar o presidente, e seus aliados tentaram "diluir" as revelações com a divulgação de 20 mil páginas de documentos sobre o caso, na maior parte sem grande relevância.
As mensagens foram divulgadas nesta quarta-feira por deputados democratas da Comissão de Supervisão da Câmara, e selecionadas entre milhares de documentos ligados ao caso — segundo eles, as mensagens, trocadas por Epstein com pessoas como Ghislaine Maxwell, sua sócia e condenada a 20 anos de prisão, e o autor Michael Wolff, mostram que a relação entre o milionário e Trump era bem mais complexa do que alega o presidente, que nega qualquer relação com os malfeitos de Epstein.
Em uma das mensagens, de abril 2011, Epstein escreve a Maxwell: “Quero que você perceba que aquele cachorro que não latiu é o Trump”, citando o nome de uma das mulheres apontadas como vítima do esquema e dizendo que ela “passou horas na minha casa com ele [Trump], e ele nunca foi mencionado uma vez sequer”, uma referência às investigações das quais já era alvo. Maxwell responde, pouco depois, que "estava pensando sobre isso".
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Em outro e-mail, de 2015, o autor Michael Wolff escreve a Epstein sobre um debate entre pré-candidatos republicanos à Presidência, promovido pela rede CNN, e diz ter informações de que os mediadores perguntariam a Trump sobre sua relação com o milionário. Epstein então lhe pergunta se seria possível "elaborar uma resposta" a ser usada por Trump.
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“Acho que você deveria deixá-lo se enforcar sozinho. Se ele disser que não esteve no avião nem foi à casa, isso lhe renderá pontos em relações públicas e moeda política. Você pode enforcá-lo de uma forma que potencialmente lhe traga um benefício, ou, se realmente parecer que ele pode vencer, você pode salvá-lo, gerando uma dívida", escreveu Wolff. "Claro, é possível que, quando questionado, ele diga que Jeffrey é um cara ótimo, que foi injustiçado e que é vítima do politicamente correto, algo que deverá ser proibido em um governo Trump.”
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O tema não foi abordado no debate, e Trump venceu a eleição no ano seguinte.
Em mensagem de 2019, também a Michael Wolff, Epstein mencionou as declarações de Trump de que o teria obrigado a renunciar como membro do clube de Mar-a-Lago, a propriedade do presidente na Flórida. Em entrevista recente, de julho, Trump afirmou que entrou em conflito com Epstein porque, segundo ele, Maxwell "roubou" suas funcionárias — uma delas seria Virginia Giuffre, uma das vítimas do esquema de abuso e tráfico humano e que morreu em abril. Na época, ela tinha 16 anos.
“Trump disse que me pediu para renunciar, nunca fui membro. É claro que ele sabia sobre as meninas, já que pediu para Ghislaine parar”, escreveu Epstein.
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Em publicação em sua rede social, o Truth Social, Trump declarou que a divulgação dos e-mails foi uma tentativa dos democratas de "desviar a atenção do quão desastrosos foram com a paralisação do governo e tantos outros assuntos", se referindo ao shutdown federal, e que "só um republicano muito ruim, ou estúpido, cairia nessa armadilha"
A Casa Branca, por sua vez, afirmou que “os democratas vazaram seletivamente e-mails para a mídia liberal a fim de criar uma narrativa falsa para difamar o presidente Trump", e que a vítima citada na mensagem de 2011 é Virginia Giuffre.
"[Ela] repetidamente afirmou que o presidente Trump não estava envolvido em nenhuma irregularidade e que ‘foi extremamente amigável’ com ela em suas poucas interações. O fato é que o presidente Trump expulsou Jeffrey Epstein de seu clube décadas atrás por assediar suas funcionárias, incluindo Giuffre", escreveu, em comunicado, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. "Essas histórias não passam de tentativas de má-fé para desviar a atenção das conquistas históricas do presidente Trump, e qualquer americano com bom senso percebe essa farsa e essa clara manobra para impedir a reabertura do governo.”
No começo da tarde, os republicanos, que controlam a comissão, liberaram cerca de 20 mil páginas de documentos do caso, em uma aparente tentativa de diluir as palavras de Epstein. Em meio a conversas sem contexto, páginas de livros, links de matérias e informações soltas, algumas se destacaram, e sempre em tom negativo sobre Trump. Em 2015, a ex-conselheira da Casa Branca Kathy Ruemmler lhe afirmou, em e-mail, que "Trump é a prova viva do ditado que diz que é melhor ter sorte do que ser inteligente". Em 2018, em troca de e-mails com o ex-secretário do Tesouro e reitor da Universidade Harvard, Lawrence Summers, Epstein disse que o republicano "beirava a insanidade".
Outras mensagens revelaram que Wolff tentou, durante a eleição de 2016, convencer Epstein a se voltar contra o republicano. Em março, pouco antes do lançamento de um livro que expunha todo o esquema de abusos e tráfico humano, o autor disse que Epstein precisava se antecipar aos estragos que a publicação lhe causaria. E Trump, na época sem o poder que acumula hoje, era o alvo perfeito.
"Você precisa de uma narrativa contrária imediata ao livro. Acredito que Trump oferece uma oportunidade ideal. É uma chance de fazer com que a história gire em torno de algo diferente de você, ao mesmo tempo em que permite que você construa a sua própria narrativa. Além disso, tornar-se uma voz anti-Trump lhe dá uma certa proteção política, que você definitivamente não tem agora”, escreveu Wolff.
Meses depois, em setembro, sugeriu que Epstein concedesse uma entrevista que poderia lhe render "muita simpatia e ajudar a acabar com ele (Trump)". Epstein não concordou.
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Amizade controversa
Membro do jet-set global do final do século passado e início dos anos 2000, Jeffrey Epstein tinha amizades nos mais elevados escalões do mundo empresarial e político, e recebeu em suas propriedades algumas das pessoas mais poderosas do planeta, incluindo Donald Trump, com quem cultivou uma amizade desde a década de 1990. No aniversário de 50 anos de Epstein, Trump enviou uma carta com um desenho que se assemelha ao corpo de uma mulher e uma mensagem que sugeria segredos compartilhados entre ambos. A amizade ficou estremecida a partir de 2004, pouco antes das primeiras investigações serem lançadas contra o milionário.
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Trump sempre negou ter qualquer envolvimento com Epstein, e tampouco com o esquema que acobertou o abuso de menores de idade nas propriedades do milionário na Flórida, Novo México e em duas ilhas no Caribe: uma delas, Little St. James, ficou conhecida como "A Ilha da Pedofilia". Contudo, a história de Epstein e sua proximidade com a elite política e econômica dos EUA e Reino Unido, incluindo membros da família real, serviu como combustível para um número incontável de teorias da conspiração, especialmente entre os que hoje se autodenominam trumpistas.
Durante a campanha que o levou de volta à Presidência, no ano passado, o republicano prometeu liberar todos os documentos do caso, e em fevereiro, semanas após sua posse, a secretária de Justiça, Pam Bondi, sugeriu que a suposta lista de clientes de Epstein — propagandeada por Trump na campanha — estava em sua mesa prestes a ser divulgada. Contudo, integrantes do governo reconheceram que a tal lista não existia.
A explicação não convenceu os conspiracionistas e boa parte da base republicana no Congresso. Um projeto-chave para a Casa Branca, apelidado de "Grande e Bonito", por pouco não foi derrotado no plenário diante da pressão de deputados da base pela liberação de novos documentos. Os democratas usaram o movimento para atacar o governo e tentar sanar as próprias feridas da derrota de 2024. Entre os eleitores, 63% desaprovam a maneira como Trump conduziu o caso, de acordo com pesquisa de agosto da Universidade Quinnipiac.
“Esses e-mails e correspondências recentes levantam questões gritantes sobre o que mais a Casa Branca está escondendo e sobre a natureza da relação entre Epstein e o presidente”, disse o deputado Robert Garcia, da Califórnia, principal democrata na Comissão de Supervisão, em um comunicado divulgado nesta quarta-feira. "Quanto mais Donald Trump tenta encobrir os arquivos de Epstein, mais descobrimos."
A data para a divulgação parece ter sido escolhida a dedo. Na tarde desta quarta, os deputados começam a votar o projeto, aprovado pelo Senado, para encerrar a paralisação do governo o federal, o shutdown, após 42 dias, e a sombra de Epstein se fará presente mais uma vez no plenário.
Antes da votação, deverá ser empossada mais uma deputada democrata, Adelita Grijalva, reduzindo a apenas cinco assentos a maioria republicana, que assinará uma petição para forçar um voto sobre a liberação de todos os documentos do caso — hoje, a medida precisa de exatamente uma assinatura para ir a plenário. Caso o presidente da Casa, Mike Johnson, não consiga convencer alguns de seus colegas a retirarem o apoio à ideia, ela deverá ser votada até o início de dezembro.
—Tenho certeza de que a votação na Câmara será bem-sucedida. Alguns republicanos que não assinaram a petição me disseram que votarão a favor da medida quando a votação for convocada. Suspeito que haverá muitos mais — afirmou o deputado republicano Thomas Massie, um dos autores da iniciativa, ao portal Politico. — Chego a me perguntar se o presidente da Câmara, Johnson, aconselhará os membros politicamente vulneráveis a votarem a favor.
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/11/12/acusado-de-abuso-de-menores-epstein-afirmou-que-trump-sabia-das-meninas-em-e-mails-divulgados-pelo-congresso-dos-eua.ghtml
Ricos e famosos, Bill Clinton exposto: o que há nos arquivos de Epstein divulgados pelo governo Trump
Governo dos EUA divulgou documentos nesta sexta-feira (19), após aprovação de lei. Bilionário foi condenado por abusar de menores e operar uma rede de exploração sexual nos anos 2000.
Por Redação g1
O governo dos Estados Unidos divulgou
na sexta-feira (19) novos arquivos da investigação
sobre Jeffrey Epstein. O material reúne fotos do bilionário com
diversas celebridades, cita o Brasil e traz centenas de páginas com trechos
censurados.
Epstein, que mantinha relações próximas com
políticos e pessoas famosas, foi condenado por abusar de menores e por comandar
uma rede de exploração sexual.
A liberação dos documentos ocorre após o Congresso dos
Estados Unidos aprovar, em novembro, um projeto de lei que obrigou o governo a
tornar públicas as informações da investigação. A proposta foi sancionada pelo
presidente Donald Trump, e mais de 300 mil páginas passaram a ser divulgadas.
Entre os arquivos tornados públicos nesta
sexta-feira estão fotos de Epstein ao lado de celebridades como Michael
Jackson, Mick Jagger e o ex-presidente Bill Clinton. Não há informações
sobre quando ou em que contexto as imagens foram feitas.
Encontros com o
ex-presidente Bill Clinton
Ex-presidente
dos EUA Bill Clinton ao lado de Jeffrey Epstein. — Foto: Reuters
Várias fotografias divulgadas mostram que Jeffrey
Epstein teve encontros com o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton.
Segundo o The New York Times, em uma das imagens,
Clinton aparece em uma banheira de hidromassagem ao lado de uma pessoa com o
rosto borrado. Em outra, o ex-presidente está em um avião ao lado de uma
mulher, também com o rosto borrado, usando camisola.
Já em outro registro, Clinton aparece abraçado com
Epstein durante um jantar sofisticado, de acordo com informações do Wall Street
Journal. O contexto desses encontros ainda é incerto.
Ainda segundo o jornal, um porta-voz de Clinton
afirmou que o ex-presidente rompeu relações com Epstein muito antes de os
crimes virem à tona. "Eles podem divulgar quantas fotos de mais de 20 anos
quiserem, mas isso não é sobre Bill Clinton", disse o porta-voz Angel
Ureña na rede social X.
Clinton em uma banheira de
hidromassagem ao lado de uma pessoa com o rosto borrado. — Foto: Reuters
Novas fotografias do caso
Jeffrey Epstein — Foto: Reuters
Celebridades
Muitas fotografias também revelam encontros de
Epstein com artistas, como Michael Jackson e Mick Jagger. Um dos registros
mostra Jackson usando óculos escuros, posando ao lado de Epstein.
Em outra imagem, ele aparece em um jantar com Bill
Clinton e Mick Jagger (veja
na imagem abaixo).
Fotos
mostram Epstein ao lado de Michael Jackson e jantar com Bill Clinton e Mick
Jagger — Foto: Departamento de Justiça dos EUA
Segundo a BBC, várias fotos também incluem o ator
Chris Tucker. Em outro registro, Michael Jackson aparece novamente ao lado de
Bill Clinton e da cantora Diana Ross. Eles surgem posando juntos em um espaço
pequeno, e vários outros rostos foram borrados, ainda de acordo com a emissora
britânica.
Mais uma vez, não está claro onde ou quando as
fotos foram tiradas, nem em que contexto.
Menção ao Brasil
O g1 também
encontrou duas menções ao Brasil. Em uma delas, Epstein recebeu um recado em
janeiro de 2005 pedindo que ligasse para o novo telefone de uma mulher, com o
assunto “Brasil”. O campo que identifica quem fez o pedido está censurado.
Em outro arquivo da investigação, há uma anotação
manuscrita indicando que uma mulher teria sido fotografada sem saber da
existência da imagem. A pessoa, cujo nome foi censurado, teria ido ao Brasil
aos 18 anos e retornado aos Estados Unidos dois anos depois.
Arquivos
de Epstein tem menções ao Brasil — Foto: Departamento de Justiça dos EUA
Mais documentos devem ser divulgados
Mais cedo, o
vice-procurador-geral Todd Blanche disse à Fox News que o governo divulgará
centenas de milhares de documentos, mas não todo o conjunto de arquivos
relacionados a Epstein .
"Prevejo
que divulgaremos mais documentos nas próximas semanas, então hoje algumas
centenas de milhares e, nas próximas semanas, espero que mais algumas centenas
de milhares", disse Blanche.
O
Departamento de Justiça já havia informado que não divulgaria todos os arquivos
na íntegra, já que parte do material pode conter investigações ordenadas por
Trump sobre figuras democratas associadas a Epstein.
A identidade
de todas as vítimas de tráfico sexual cujos nomes constem nos documentos também
será protegida.
A lei
permite que o Departamento de Justiça oculte informações pessoais das vítimas
ou dados de investigações ainda em curso. Por outro lado, proíbe censuras com
base em “constrangimento, dano à reputação ou sensibilidade política”.
Epstein foi
acusado de abusar de mais de 250 meninas menores de idade. O caso voltou a
ganhar destaque neste ano com o vai e vem do presidente Donald Trump sobre a
liberação dos arquivos.
- Ainda em novembro, o
Congresso dos EUA publicou mensagens que sugerem que Trump tinha
conhecimento da conduta de Epstein.
- Em um
e-mail de 2018, o bilionário escreveu que o atual presidente “passou
horas” em sua casa com uma das vítimas.
- Epstein
e Trump foram amigos entre a década de 1990 e o início dos anos 2000.
- O bilionário foi preso
em julho de 2019 e, segundo as autoridades, tirou a própria vida um mês
depois, dentro da cela.
Pressão política
O
presidente dos EUA, Donald Trump, durante evento na Casa Branca em 6 de
novembro de 2025 — Foto: REUTERS/Jonathan Ernst
Durante a
campanha de 2024, Trump prometeu várias vezes que, se voltasse à Casa Branca,
tornaria públicos arquivos secretos sobre o caso. Em uma entrevista, ele chegou
a dizer ser “muito estranho” que a lista de clientes de Epstein nunca tivesse
sido divulgada.
Em fevereiro
deste ano, o governo liberou uma série de arquivos sobre o caso. A
procuradora-geral de Trump, Pam Bondi, chegou a afirmar que uma lista de
clientes estava "em sua mesa para ser revisada".
- Depois,
no entanto, o Departamento de Justiça disse não ter encontrado provas da
existência dessa relação.
- A
declaração frustrou apoiadores de Trump, muitos dos quais espalham teorias
da conspiração sobre o caso — algumas impulsionadas pelo próprio
presidente.
- Desde então, ele passou
a minimizar o tema e chegou a chamar de “idiota” quem ainda se importava
com o assunto.
A postura de Trump aumentou a pressão
política da oposição e até de membros do próprio partido do presidente para que
todos os documentos fossem divulgados.
Nos últimos meses, Trump passou a
chamar o movimento de “farsa” criada pela oposição
para desviar a atenção de temas como o orçamento federal.
- A Casa Branca e lideranças republicanas tentaram evitar que o
projeto atingisse o número mínimo de assinaturas necessário para ser
pautado na Câmara, mas não conseguiram.
- O texto alcançou o mínimo exigido em 12 de novembro, com apoio
inclusive de deputados republicanos.
Três dias depois, Trump mudou de posição e passou a defender a
aprovação da proposta, dizendo que os republicanos “não tinham
nada a esconder”.
Jeffrey Epstein, preso por crimes sexuais,
em fotografia tirada pela Divisão criminal de justiça de Nova York — Foto: New
York State Division of Criminal Justice Services/Handout/File Photo via REUTERS
No dia 12 de novembro, o Congresso dos EUA divulgou mais de 20 mil páginas de
arquivos sobre a investigação de Jeffrey Epstein. Boa parte dos documentos
contém e-mails que o bilionário trocou com parentes e amigos.
Em uma das mensagens, de janeiro de 2019, Epstein
escreveu que Trump “sabia sobre as garotas”. No mesmo texto, aparecem o nome de
uma vítima — que foi censurado — e uma menção a Mar-a-Lago, o resort do
presidente na Flórida.
Em outro e-mail, de 2011, Epstein escreveu a
Ghislaine Maxwell, sua parceira e confidente, sobre Trump.
“Quero que você perceba que o cachorro que
não latiu é Trump”, afirmou. Em seguida, acrescentou que uma das vítimas
“passou horas na minha casa com ele… e ele nunca foi mencionado uma única vez”.
Outro arquivo mostra Epstein refletindo sobre como
deveria responder a perguntas da imprensa sobre sua relação com Trump, que à
época começava a ganhar destaque como figura política nacional.
Para deputados democratas, as mensagens levantaram
novas dúvidas sobre a relação entre o presidente e o bilionário. Já o jornal
The New York Times afirmou que Trump pode ter mais conhecimento da conduta de
Epstein do que admitiu publicamente.
Trump, por sua vez, disse que a polêmica envolvendo
os e-mails é uma “armadilha” criada pela oposição. A porta-voz da Casa Branca,
Karoline Leavitt, afirmou que os arquivos mostram que o presidente “não fez nada de errado”.
Fonte:https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/12/20/ricos-e-famosos-bill-clinton-exposto-o-que-ha-nos-arquivos-de-epstein-divulgados-pelo-governo-trump.ghtml
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