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Da mente ao coração: como ansiedade e depressão
aumentam o risco cardiovascular
Neuroimagem e biomarcadores revelam
uma cadeia biológica que conecta estresse emocional a infartos e AVCs
Por
Renata Turbiani
19/12/2025 10h20 Atualizado há 2 dias
Pessoas com depressão e ansiedade apresentam maior risco de doenças cardiovasculares, de acordo com um estudo do sistema de saúde Mass General Brigham (MGB), afiliado à Universidade de Harvard, dos Estados Unidos. Ao que tudo indica, esse aumento do risco é impulsionado pela atividade cerebral relacionada ao estresse, pela desregulação do sistema nervoso e pela inflamação crônica.
A equipe de pesquisa analisou dados de 85.551 participantes do Biobanco Mass General Brigham, sendo que 14.934 apresentavam depressão e ansiedade, 15.819 tinham depressão ou ansiedade e 54.798 não apresentavam nenhuma das duas condições.
Os participantes foram acompanhados por cerca de 3,4 anos. Neste período, 3.078 sofreram eventos cardiovasculares adversos graves, como infarto, insuficiência cardíaca ou acidente vascular cerebral.
“Em consonância com relatórios anteriores, descobrimos que tanto a depressão quanto a ansiedade estavam associadas a um risco maior de ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral”, disse o autor sênior Ahmed Tawakol, diretor de Cardiologia Nuclear do Mass General Brigham Heart and Vascular Institute e professor associado de medicina da Harvard Medical School (HMS), em comunicado.
Ele continuou: “Notavelmente, pessoas diagnosticadas com depressão e ansiedade apresentaram um risco aproximadamente 32% maior em comparação com aquelas diagnosticadas com apenas uma das condições. É importante ressaltar que essas associações permaneceram fortes mesmo após considerar diferenças em comportamentos de estilo de vida, fatores socioeconômicos e fatores de risco tradicionais, como tabagismo, diabetes e hipertensão”.
Os pesquisadores também analisaram dados de neuroimagem e biomarcadores de atividade do sistema nervoso e inflamação em um subconjunto dos participantes. A descoberta foi que os diagnosticados com depressão ou ansiedade apresentavam maior atividade na amígdala (região do cérebro associada ao estresse), menor variabilidade da frequência cardíaca (sinal de um sistema nervoso hiperativo) e níveis sanguíneos mais elevados de PCR (proteína ligada à inflamação).
“Juntas, essas mudanças parecem formar uma cadeia biológica que liga o estresse emocional ao risco cardiovascular”, salientou o primeiro autor Shady Abohashem, chefe de Ensaios Clínicos de Imagem Cardíaca PET/CT, pesquisador do Centro de Imagem Cardiovascular do MGH e instrutor de radiologia na HMS.
Segundo ele, quando os circuitos de estresse do cérebro estão hiperativos, eles podem ativar cronicamente o sistema de “luta” ou “fuga” do corpo, levando ao aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e da inflamação crônica.
“Com o tempo, essas alterações podem danificar os vasos sanguíneos e acelerar doenças cardíacas. Isso reforça a ideia de que proteger a saúde do coração não se resume apenas à dieta ou ao exercício, mas também à saúde emocional”, complementou.
Os pesquisadores salientaram que o estudo foi baseado em dados observacionais e, portanto, outros são necessários para determinar se a depressão e a ansiedade causam doenças cardiovasculares ou se estão simplesmente associadas. Eles, agora, estão analisando se intervenções como terapias de redução do estresse, medicamentos anti-inflamatórios ou mudanças no estilo de vida podem ajudar a normalizar esses marcadores cerebrais e imunológicos e, consequentemente, diminuir o risco cardíaco.
Fonte:https://epocanegocios.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2025/12/da-mente-ao-coracao-como-ansiedade-e-depressao-aumentam-o-risco-cardiovascular.ghtml
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