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Por que nunca
esquecemos as músicas da nossa adolescência? A ciência revela o motivo
Um estudo com participantes de 84
países revela que as melodias mais marcantes de nossas vidas tendem a surgir
por volta dos 17 anos
Por El Tiempo
23/11/2025 08h57 Atualizado há 3 dias
Uma equipe da Universidade de Jyväskylä, na Finlândia, analisou como a música molda as histórias emocionais das pessoas. De acordo com o estudo, publicado na revista Memory, a maioria das nossas memórias musicais mais profundas tem origem na adolescência e no início da vida adulta, uma fase em que o cérebro é particularmente sensível às emoções e às experiências sociais.
Os pesquisadores entrevistaram quase 2 mil pessoas entre 16 e 65 anos em 84 países. Cada participante foi solicitado a citar uma música pessoalmente significativa, e os cientistas calcularam a idade em que a música foi lançada. A média de idade encontrada foi de aproximadamente 17 anos.
Os autores descrevem esse fenômeno como a “lacuna de reminiscência”: uma tendência humana de lembrar com particular clareza as experiências ocorridas entre os 10 e os 30 anos de idade, quando a identidade e os laços mais duradouros se consolidam.
A análise revelou nuances baseadas no gênero. Em média, os homens associam suas memórias musicais mais intensas a canções lançadas quando tinham cerca de 16 anos, enquanto para as mulheres, esse momento ocorre por volta dos 19 ou 20 anos.
Os pesquisadores interpretam isso como reflexo de diferentes maneiras de construir a identidade musical: os homens associam a música à independência e ao pertencimento a um grupo, enquanto as mulheres a relacionam mais a laços emocionais e experiências.
Com o tempo, as trajetórias musicais também divergem. Os homens tendem a conservar suas canções favoritas da juventude, enquanto as mulheres incorporam novas canções ao seu repertório emocional. No entanto, os cientistas esclarecem que isso não implica maior nostalgia em um grupo do que no outro, mas sim um uso diferente da música como um espelho emocional.
Longe de se limitar à juventude, a conexão musical pode se fortalecer em fases posteriores da vida. O estudo descobriu que adultos mais velhos também formam laços intensos com canções recentes, um fenômeno que os autores chamam de "recência musical".
Essas novas melodias podem evocar emoções tão poderosas quanto as da primeira infância, abrindo novas possibilidades para terapias baseadas em música, especialmente em tratamentos de memória e envelhecimento.
Outra descoberta relevante é o "efeito cascata": jovens que sentem uma profunda conexão emocional com canções lançadas décadas antes de seu nascimento.
Segundo o estudo, isso ocorre devido à exposição à música transmitida pelos pais ou pelo ambiente familiar e à disponibilidade de repertórios antigos em plataformas de streaming. Dessa forma, a música se torna uma ponte emocional entre gerações.
Os autores concluem que cada pessoa carrega dentro de si uma “biografia sonora” composta pelas músicas que acompanharam seus momentos-chave. Ouvir uma melodia do passado não apenas evoca memórias, mas também reativa as sensações originais daquele momento, graças à ativação de regiões cerebrais como o hipocampo e a amígdala.
Ouvir música faz bem à saúde?
Diversos estudos científicos demonstraram que a música ativa múltiplas regiões cerebrais relacionadas ao pensamento, à emoção, ao movimento e à memória. Essa estimulação simultânea desencadeia a liberação de neurotransmissores e hormônios que fortalecem os laços sociais, evocam memórias e geram respostas emocionais.
Além disso, a prática musical pode modificar a estrutura cerebral: observou-se que algumas áreas são maiores em músicos, especialmente naqueles que iniciaram seus estudos musicais ainda jovens.
O Centro Clínico dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA afirma em seu site que há evidências científicas que sugerem que as chamadas “intervenções baseadas na música” podem ser benéficas em diferentes fases da vida, da infância à velhice.
Essas intervenções visam melhorar a saúde mental ou física por meio da exposição ou da prática musical. No entanto, especialistas enfatizam que grande parte da pesquisa ainda é preliminar: muitos resultados provêm de observações em pequenos grupos ou estudos de caso. Portanto, pesquisas mais amplas e rigorosas são necessárias para confirmar os efeitos terapêuticos da música em condições específicas.
Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2025/11/23/por-que-nunca-esquecemos-as-musicas-da-nossa-adolescencia-a-ciencia-revela-o-motivo.ghtml
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