SOBRECARGA MENTAL: COMO A NEUROCIÊNCIA EXPLICA O ESGOTAMENTO DIÁRIO QUE AFETA PRINCIPALMENTE MULHERES
O cérebro precisa lidar com estímulos externos, como sons, imagens e interações sociais, mas também administra demandas internas, como pensamentos e emoções. O acúmulo dessas tarefas invisíveis, que vão desde a organização da rotina familiar até o apoio emocional a amigos e colegas, sobrecarrega o sistema nervoso. “A carga mental não vem apenas das atividades que realizamos, mas do esforço de planejar e gerenciar múltiplas responsabilidades ao mesmo tempo”, diz Thaís.
O impacto dessa sobrecarga vai além do cansaço cognitivo. “O estresse constante altera a produção de hormônios como dopamina e serotonina, que regulam nosso humor. Isso pode levar a quadros de ansiedade, depressão e até dificuldades de comunicação e empatia”, alerta a neurocientista. Muitas vezes, a carga mental passa despercebida, pois envolve processos subjetivos e intangíveis. No entanto, as estatísticas mostram que as mulheres são as mais afetadas. De acordo com o IBGE, elas dedicam, em média, 10 horas a mais por semana do que os homens a tarefas domésticas e ao cuidado com outras pessoas. O relatório Esgotadas, da ONG Think Olga, aponta que 45% das brasileiras já receberam diagnóstico de ansiedade, depressão ou relataram sintomas de estresse e fadiga. Além disso, um estudo da FIA Employee Experience revelou que as mulheres têm 73% mais chances de desenvolver Burnout.
Diante desse cenário, Thaís Gameiro sugere três estratégias para reduzir a sobrecarga mental e evitar que ela se torne um problema crônico. O primeiro passo é estabelecer limites claros, aprendendo a dizer “não” para demandas excessivas. “Antes de assumir mais uma tarefa, pergunte-se o que será deixado de lado para encaixá-la na rotina. É fundamental reconhecer os próprios limites e evitar assumir compromissos apenas para agradar os outros.”
A segunda recomendação é tornar a carga mental mais visível e administrável. “Fazer uma lista das responsabilidades diárias ajuda a visualizar melhor as tarefas e definir prioridades. Agrupar as atividades em categorias, como trabalho, família e saúde, permite identificar quais precisam de mais atenção e quais podem ser delegadas.”
Por fim, Thaís reforça a importância de dividir as responsabilidades. “A sobrecarga mental não está só na execução das tarefas, mas no planejamento invisível que acontece antes. Delegar funções, compartilhar decisões e pedir ajuda são formas essenciais de aliviar esse peso.”
No ambiente de trabalho, líderes também devem estar atentos aos sinais de sobrecarga mental entre suas equipes. “Ter empatia e abrir espaço para conversas sinceras permite entender como os colaboradores estão lidando com suas demandas e buscar soluções para redistribuir melhor as responsabilidades”, finaliza Thaís.
Fonte:https://oglobo.globo.com/ela/noticia/2025/03/09/sobrecarga-mental-como-a-neurociencia-explica-o-esgotamento-diario-que-afeta-principalmente-mulheres.ghtml
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