O ANTES E O DEPOIS DE REGIÕES DEVASTADAS PELAS INUNDAÇÕES NO RIO GRANDE DO SUL-BRASIL

 

Inundação em Charqueadas, no Rio Grande do Sul

CRÉDITO,PLANET LABS

Legenda da foto,Chuvas intensas afetam mais de um milhão de pessoas no Rio Grande do Sul
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  • O antes e depois de regiões devastadas pelas inundações no Rio Grande do Sul

  • André Biernath, Camilla Costa e Caroline Souza
  • Role,Da BBC News Brasil em Londres e da equipe de Jornalismo Visual da BBC

Um mar de lama e grandes inundações: esse é o cenário que pode ser visto do alto após as chuvas intensas que caíram sobre o Rio Grande do Sul.

De acordo com a último boletim divulgado pelo governo do Estado na noite de terça-feira (7/5), a catástrofe provocou ao menos 95 mortes, deixou 159 mil desalojados e afetou 401 dos 497 municípios gaúchos.

Imagens de satélites mostram como alguns dos principais rios gaúchos transbordaram e saíram das calhas onde seguem seu curso natural.

Em Canoas, cidade que fica na região metropolitana de Porto Alegre e tem quase 350 mil habitantes, as ruas de diversos bairros foram "engolidas" pelas águas.

A primeira imagem (à esquerda) foi capturada por satélites no dia 20 de abril, antes das chuvas começarem. A segunda (à direita) é de 6 de maio.

Essa visualização da Grande Porto Alegre permite ver a extensão da enchente por um outro prisma.

Nela, a vegetação é ressaltada em tons de verde. Áreas urbanas são representadas pelas cores branca, cinza ou roxa. E as regiões de alagamento estão em azul escuro e preto.

É possível ver como boa parte da região foi tomada pelas águas:

Um cenário parecido pode ser observado em Charqueadas, cidade de 41 mil habitantes que fica a oeste de Porto Alegre.

O município é banhado pelo rio Jacuí, que posteriormente desagua no lago Guaíba.

As fotografias mostram o mar de lama que tomou conta dos bairros.

As imagens de satélite começaram a ficar mais nítidas a partir de segunda-feira (6/5).

Antes disso, a forte presença de nuvens em muitas regiões do Rio Grande do Sul impossibilitava captar fotografias aéreas que permitiam entender a dimensão do estrago.

A seguir, é possível ver a cidade de Cruzeiro do Sul, que fica às margens do Taquari, um rio que mais para frente desemboca no Jacuí.

A cidade é a que tem mais mortes registradas no Estado, oito, segundo boletim divulgado às 18h de terça-feira (07).

O município faz fronteira com Lajeado e tem cerca de 12 mil habitantes.

As fotografias captadas por satélite permitem estimar a extensão das enchentes e como o rio "invadiu" as áreas com casas e prédios.

O que explica as chuvas no RS?

Meteorologistas ouvidos pela reportagem da BBC News Brasil explicam que as chuvas intensas registradas no Rio Grande do Sul nos últimos dias são consequência de uma combinação de três fatores principais:

  • Um cavado (corrente intensa de vento) em atuação na região proporcionando a formação de tempo bastante instável;
  • Um corredor de umidade vindo da Amazônia, que potencializou a intensidade de precipitação;
  • Uma onda de calor na região central do país.

"Essa massa de ar quente sobre a área central do país bloqueou a frente fria que está na região Sul, impedindo-a de avançar e se espalhar para outras localidades. A junção desses fatores faz com que essa instabilidade fique sobre o Estado, causando chuvas intensas e continuas", explica Dayse Moraes, meteorologista do Inmet.

Infográfico sobre chuvas no RS

Aliado a isso, o período entre o final de abril e o início de maio de 2024 ainda tem influência do fenômeno El Niño, que é responsável por aquecer as águas do oceano Pacífico, contribuindo para que áreas de instabilidade fiquem sobre o Estado.

Essa combinação de diversos fatores de uma única vez é considerada rara pelos especialistas.

As chuvas catastróficas do Sul têm relação direta com a onda de calor registrada na região Centro-Oeste e Sudeste, onde as temperaturas estão cerca de 5°C acima da média neste outono.

"Com a intensificação das mudanças climáticas globais, os eventos climáticos extremos serão mais frequentes e intercorrentes", acrescenta Rafael de Ávila Rodrigues, professor e climatologista do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Catalão (UFCAT).

Fonte:https://www.bbc.com/portuguese/articles/ck5kp34nr1do

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