POR QUE O ChatGPT, O Midjourney e o Dall-E SÃO UMA NOVA ERA NA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL?

 Imagens criadas pela ferramenta MidJourney do ex-presidente dos EUA Donald Trump sendo preso e do papa Francisco vestindo uma jaqueta estilosa se tornaram virais nas redes sociais

Por que o ChatGPT, o Midjourney e o Dall-E são uma nova era na inteligência artificial?

IA generativa cria modelos de linguagem, aptidão inerente à condição humana. Se antes robôs analisavam textos e faziam reconhecimento facial, agora escrevem conteúdos novos e geram imagens originais

Por Luciana Rodrigues

31/03/2023 10h24  Atualizado há um ano

A Itália determinou nesta sexta-feira o bloqueio temporário do ChatGPT. Um grupo de acadêmicos e executivos do setor de TI, como Elon Musk, divulgou esta semana uma carta pública, que já tem 1.800 assinaturas, pedindo uma pausa no desenvolvimento das novas gerações de inteligência artificial (IA). E, na quinta-feira, a plataforma Midjourney suspendeu seus testes gratuitos após imagens falsas com o Papa e com ex-presidente Donald Trump viralizarem nas redes.


Mas, afinal, por que o ChatGPT, o Midjourney, o DALL-E e outras ferramentas do tipo são tão diferentes de tudo o que já vimos antes em inteligência artificial?


Essas plataformas, que se popularizaram este ano, adotam a inteligência artificial (IA) generativa. Ou seja, é uma IA que cria de forma autônoma um modelo de linguagem, seja um texto, uma imagem ou um código de programação.

A aptidão para criar uma linguagem é inerente à condição humana – e por isso seu desenvolvimento suscita tantos temores entre líderes globais.

Até então, a inteligência artificial amparada em aprendizado de máquinas era mais restrita e, por isso mesmo, chamada por especialistas de “analítica”, em vez de “generativa”. E, o mais crucial para a rápida adesão pelos usuários às novas plataformas de IA: elas têm interface intuitiva e natural, ou seja, de fácil uso e muitas vezes indistinguível nas respostas em relação ao que seria feito por um humano.

Entenda, abaixo, por que a nova era da IA é tão diferente de todos os avanços anteriores em inteligência artificial:

Quais foram as inovações?

Relatório do banco americano Goldman Sachs listou as três características fundamentais que distinguem a inteligência artificial dessa nova geração em relação às ferramentas anteriores de aprendizagem de máquinas. São elas:

  • A fagulha da criação: As novas ferramentas de IA, como ChatGPT (texto), DALL-E (imagens) e GitHub Copilot (codificação), são capazes de gerar conteúdos e enredos novos a partir de extratos de conteúdos previamente disponíveis. Esses conteúdos são indistinguíveis de algo criado pelo ser humano. Ferramentas anteriores de IA apenas descreviam ou interpretavam informações já existentes, não criavam conteúdo novo.
  • Interface responsiva e natural: A abordagem dessas ferramentas com o usuário é de tanto de compreender seus pedidos, mesmo quando estes são feitos de maneira complexa, como de responder com textos, imagens, áudios e vídeos naturais e contextuais, sem apresentações robóticas.
  • Generalizada e não só específica: As respostas e os casos em que as ferramentas podem ser aplicadas são abrangentes, ou seja, não se restringem a situações específicas, como acontecia na IA até então. Isso permite mais interação com outras inovações.

Como funciona na prática?

A complexidade e precisão de tarefas executadas pelas novas ferramentas de IA não têm paralelo com o que era feito até então. Veja as principais diferenças entre as plataformas atuais e os programas que usavam a IA que existia até então.

Textos

  • Aprendizado de máquinas (IA analítica): classifica e analisa
  • IA generativa: responde a questões textuais complexas com linguagem e estrutura gramatical natural, indistinguível da humana

Imagens

  • Aprendizado de máquinas (IA analítica): faz reconhecimento facial e de imagens
  • IA generativa: cria imagens originais, gráficos e vídeos baseados nos comandos dos usuários

Dados

  • Aprendizado de máquinas (IA analítica): realiza previsões e inferências estatísticas.
  • IA generativa: gera códigos de programação e explica como eles podem ser usados em outras aplicações.

E por que todo mundo está usando?

A interface natural das novas ferramentas de inteligência artificial é crucial para entender como elas poderão ser rapidamente adotadas na vida cotidiana, destacam analistas do Golmdan Sachs.

Para quem tem mais de 40 anos, a melhor analogia possível é com o advento da interface gráfica do Windows mudou a forma como as pessoas comuns usam os computadores em relação aos sistemas operacionais anteriores, como o MS-DOS. E, ainda, permitiu o desenvolvimento de novos programas, como o Office, que levaram ao uso em massa dos computadores pessoais.

  • Salto em usuários: A interface intuitiva facilita a rápida adoção dessas novas ferramentas de IA. O ChatGPT, por exemplo, alcançou 1 milhão de usuários em apenas cinco dias desde que foi lançado ao público, a marca mais impressionante que qualquer outro produto ou serviço já obteve antes na história.
  • Salto tecnológico: Um crescimento exponencial na capacidade de computação das máquinas existentes hoje permite um rápido avanço na complexidade e na precisão das tarefas executadas pelas novas ferramentas de IA. Por exemplo, a última versão do ChatGPT, o GPT-4, foi lançado em março, cerca de um ano depois do GPT-3.

E quanto dinheiro está sendo investido?

Grandes empresas do mundo inteiro e fundos de investimento têm feito anúncios de somas bilionárias para desenvolver ou usar aplicações de inteligência artificial. O banco Goldman Sachs levantou as cifras:

  • Nos EUA e no mundo: Os investimentos americanos somaram US$ 53 bilhões e o total global chegou a US$ 94 bilhões em 2021 (último dado disponível). Ambos os valores equivalem a mais de cinco vezes o que foi investido nos cinco anos anteriores.
  • Previsão: Se esse montante crescer num ritmo mais modesto daqui para frente – na simulação do Goldman Sachs, ao ritmo observado durante o boom de investimentos em softwares nos anos 1990 – o total investido em IA vai representar 1% do PIB americano em 2030.

Fonte:https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2023/03/por-que-o-chatgpt-o-midjourney-e-o-dall-e-sao-uma-nova-era-na-inteligencia-artificial.ghtml

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