CELULITE: CREMES, PROCEDIMENTOS MÉDICOS E DIETA QUE DE FATO FUNCIONAM, SEGUNDO ESPECIALISTAS

  Celulite. Foto: Reprodução/Freepik

Celulite: cremes, procedimentos médicos e dieta que de fato funcionam, segundo especialistas

O problema que acomete 90% das mulheres pode ser minimizado de diversas formas

Por Giulia Vidale — São Paulo

08/12/2022 04h30  Atualizado há um ano

A celulite afeta nove em cada dez mulheres. Prova disso é que celebridades com todos os tipos de corpos – e acesso a todos os tipos de tratamentos – já assumiram ou tiveram seus furinhos expostos em fotos on-line. Alguns exemplos são as cantoras Anitta e Demi Lovato, a famosa modelo plus-size Ashley Graham e a atriz Paolla Oliveira. Mas dá para contar nos dedos aquelas que não se importam com as oscilações que aparecem sobretudo nas coxas e no bumbum.


— Não raro, a mídia mostra fotos de atrizes, muitas delas magras, com celulite aparente, como se fosse um absurdo. Na realidade, raridade é uma mulher não ter celulite — diz o dermatologista Adilson da Costa, professor associado do departamento de dermatologia da Universidade Emory, nos Estados Unidos, e colunista do GLOBO.

Sua prevalência em mulheres não é uma coincidência. A disfunção estética é mediada pelos hormônios, particularmente os estrógenos. O dermatologista Abdo Salomão, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da American Academy of Dermatology (AAD), explica que as mulheres têm receptores para esses hormônios no glúteo, posterior de coxa e abdômen. Daí a “preferências” das imperfeições por esses locais.

— Homens acima do peso também podem ter celulite, mas a incidência é baixíssima e a magnitude da condição é menor — explica Salomão.

Embora seja visível na pele, a causa da celulite, nome popular para uma condição chamada lipodistrofia ginoide, está muito embaixo dela. Seu aparecimento está associado ao acúmulo de gordura sob a pele. O enrijecimento das fibras que conectam a epiderme e a derme a uma camada mais profunda de músculos e a retenção de líquido também contribuem para o desconfortável aspecto de casca de laranja.

A celulite não é uma doença, mas ela pode aparecer em diferentes graus e o IV, que é o mais grave, é caracterizado por dor no local. No grau I, as ondulações e furinhos aparecem apenas quando a pele é comprimida. No grau II, essas imperfeições são percebidas sem a necessidade de qualquer compressão. O grau III é marcado por nódulos claramente perceptíveis e no grau 4, além dos nódulos, há inchaço, dor, comprometimento da circulação sanguínea de retorno e pele com aspecto de acolchoado.

Além do sexo – ser mulher é o principal fator “de risco” para celulite -, outros fatores que contribuem para o aparecimento da condição são: hereditariedade, má alimentação, sedentarismo, uso de pílula anticoncepcional e tensão emocional. Por isso mesmo, curar a celulite ou impedir completamente seu aparecimento não são uma opção. A boa notícia é que é possível tratá-las.

— Não tem como acabar com a celulite porque é um processo progressivo. Mas é possível amenizá-la com tratamentos e mudança no estilo de vida — pontua a médica Cláudia Merlo, especialista em Cosmetologia pelo Instituto BWS.

Procedimentos em consultório

Os tratamentos que envolvem o uso de tecnologias mais modernas são os que tem melhores resultados, em especial para graus mais avançados do problema. Uma enzima injetável, comercializada sob o nome QWO, nos Estados Unidos, é a grande novidade. A técnica, que ainda não chegou no Brasil, consiste em injeções de uma substância (chamada colagenase), que destrói as fibroses que compõem a celulite. O composto faz isso dissolvendo as fibras em vez de cortá-las. O resultado é a redução de até dois estágios de gravidade (do grau IV para o II).

Aparelhos que emitem radiação infravermelha, radiofrequência, ondas de choque ou ondas acústicas e ultrassom focado apresentam melhora imediata, mas, em geral, não oferecem efeitos de médio e longo prazo. Eles atuam aquecendo as camadas profundas da derme, reorganizando ou aumentando a formação de colágeno, o que confere um aspecto mais firme à pele. Entretanto, com o passar do tempo, o organismo se reorganiza e os furinhos voltam. A boa notícia é que é possível repeti-los periodicamente. São mais indicados para graus II e III.

Procedimentos que apresentam respostas melhores e duradouras são: radiofrequência invasiva, ácido polilático e subcisão. A radiofrequência invasiva atua na camada mais profunda da pele, ela aquece a gordura, ao mesmo tempo que drena a linfa e contrai os septos, o que confere uma melhora duradoura. Já o ácido poliático é um bioestimulador de colágeno que atenua os furinhos e estica a pele, melhorando o aspecto casca de laranja.

Por fim, a subcisão é considerada o tratamento que apresenta resultados mais duradouros. Entretanto, sua indicação é focada em casos mais graves, em que a depressão já é visível. Com a ajuda de uma agulha específica, o médico faz movimentos pendulares que rompem os septos e melhoram a retração cutânea.

— Não é um procedimento para qualquer grau de celulite e deve ser indicado mediante uma avaliação dermatológica coerente — alerta Costa.

Cremes

É unânime entre os especialistas, produtos tópicos atuam na aparência da pele e podem até amenizar a aparência da celulite momentaneamente, mas eles não chegam nem perto de atuar na causa do problema e ter um efeito duradouro.

— Produtos tópicos, na sua imensa maioria, abordam a epiderme, melhorando sua aparência estética, mas não agindo nos fatores etiopatogênicos hipodérmicos da celulite — explica Costa.

A maioria dos cremes anticelulite tem uma base termogênica. Ou seja, eles esquentam o local em que são aplicados. Isso aumenta a tensão superficial da pele e máscara temporariamente a celulite. Por isso, eles podem ser uma boa pedida para pessoas com celulite grau I e II, em que há depressões mais superficiais e em pouca quantidade. Aliar sua aplicação a uma massagem potencializa os efeitos do produto, em especial se a área afetada for manipulada de baixo para cima, em direção às virilhas, como na drenagem linfática.

Alimentação

A celulite é causada pelo acúmulo de gordura, por isso, uma dieta balanceada pode tanto prevenir quanto melhorar o aspecto da condição pela redução da gordura localizada. Salomão explica que todo alimento que aumenta a glicemia de forma abrupta, como doces, pão feito com farinha branca e outros carboidratos refinados, cerveja (aqui, a culpada é a cevada) e refrigerante (devido ao excesso de açúcar), pioram a celulite e a gordura localizada.

— Quando aumenta muito a insulina, o organismo aumenta os depósitos de lipídio — diz o dermatologista.

Não é preciso se abster desses alimentos, mas o ideal é evitá-los e no dia a dia, preferir uma alimentação saudável, dando preferência a carboidratos complexos, legumes e carne branca. Beber uma grande quantidade de água ajuda a melhorar a circulação e reduzir a retenção de líquidos. Diminuir a ingestão de sódio também ajuda a evitar a retenção hídrica.

Atividade física

Os exercícios são um importante aliado na redução da celulite. Além de reduzir a gordura corporal e diminuir as medidas, o que pode atenuar o problema, eles ajudam a melhorar a circulação e fortalecer os membros inferiores.

— Todo esporte aeróbico melhora a celulite porque fluidifica a linfa e facilita a drenagem linfática — diz Salomão.

Como exercício aeróbico vale qualquer coisa que eleve a frequência cardíaca, como natação, caminhada rápida, corrida, dança, entre outros. Já a musculação colabora no processo de firmeza e também ajuda a atenuar as ondulações. conforme a musculatura aumenta, a celulite é atenuada.

Massagem

A má circulação linfática do tecido gorduroso está diretamente associada à celulite. Justamente por isso, a drenagem linfática, tipo de massagem que aumenta o volume e a velocidade de transporte da linfa (excesso de fluidos dos tecidos e dos órgãos), é uma das armas contra as ondulações. Entretanto, a solução não é definitiva.

— A melhora na circulação linfática esvazia a linfa e melhora o aspecto, mas depois, isso enche novamente e é preciso repeti-la — diz Salomão.


Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/medicina/noticia/2022/12/celulite-cremes-procedimentos-medicos-e-dieta-que-de-fato-funcionam-segundo-especialistas.ghtml

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