Mudanças climáticas podem fazer metano sair das
profundezas dos oceanos
Liberação do gás de efeito estufa congelado das profundezas oceânicas
pode agravar ainda mais o aquecimento global, segundo estudo feito ao largo da
costa da Mauritânia
Por Redação Galileu
10/12/2023 06h56 Atualizado há 12 horas
O metano congelado, conhecido como hidrato de metano ou "gelo que pega fogo", é vulnerável ao derretimento gerado pelas alterações climáticas, segundo mostra um novo estudo publicado no último dia 6 na revista Nature Geoscience.
Este potente gás de efeito estufa é liberado e se desloca das partes mais profundas da plataforma continental até a borda da prateleira submarina. No processo, atinge não só os oceanos, mas também a atmosfera, agravando ainda mais o aquecimento global.
Uma equipe internacional de pesquisadores liderada pela Universidade de Newcastle, na Inglaterra, usou técnicas avançadas de imagem sísmica 3D para examinar a porção do hidrato de metano solta pelo aquecimento ao largo da costa da Mauritânia, no noroeste da África.
O grupo identificou na região metano dissociado que migrou mais de 40 quilômetros e foi liberado por um campo de depressões subaquáticas, conhecidas como "pockmarks", durante períodos quentes.
O achado, segundo o autor principal, Richard Davies, pró-reitor de Globalização e Sustentabilidade da Universidade de Newcastle, ocorreu durante o lockdown da Covid-19. Neste período de reclusão, ele reviu imagens das camadas abaixo do leito do mar ao largo da Mauritânia e achou 23 "pockmarks". "Nosso trabalho mostra que eles se formaram porque o metano liberado do hidrato, das partes mais profundas da plataforma continental, foi expelido para o oceano", afirma o cientista.
Os pesquisadores pensavam anteriormente que o hidrato de metano não era vulnerável ao aquecimento climático. "Até agora, os esforços de pesquisa se concentraram nas partes mais rasas da zona de estabilidade do hidrato, porque pensávamos que apenas essa porção é sensível a variações climáticas", conta o coautor Christian Berndt, Chefe da Unidade de Pesquisa de Geodinâmica Marinha (GEOMAR) em Kiel, Alemanha.
A nova pesquisa é uma das poucas a investigar a liberação de metano a partir da base da zona de estabilidade do hidrato, que está mais profunda sob a água. Os resultados mostraram que o gás liberado percorreu uma distância significativa em direção à terra.
"Os novos dados mostram claramente que volumes muito maiores de metano podem ser liberados dos hidratos marinhos", diz Berndt. "Realmente precisamos chegar ao fundo disso para entender melhor o papel dos hidratos no sistema climático."
Os pesquisadores esperam continuar sua busca por evidências de liberação de metano e tentar prever as áreas mais afetadas à medida que aquecemos o planeta. Eles também estão planejando uma expedição científica para perfurar os "pockmarks" e ver se podem conectá-los a eventos passados de aquecimento climático.
Fonte:https://umsoplaneta.globo.com/clima/noticia/2023/12/10/mudancas-climaticas-podem-fazer-metano-sair-das-profundezas-dos-oceanos.ghtml
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