ORGASMO FEMININO: EXPERTS DÃO DICAS PARA VOCÊ CHEGAR LÁ

  

Cena do filme Amor e Outras Drogas (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour
Cena do filme Amor e Outras Drogas (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour

Orgasmo feminino: experts dão dicas para você chegar lá

Vamos falar sobre prazer?

Por Manuela Almeida

22/03/2017 08h33  Atualizado há 4 anos

 

Na luta pela igualdade de gênero, a mulher deveria ter o direito de falar abertamente sobre orgasmo femininoContudo, existem diferentes fatores que aumentam a dificuldade da mulher de atingir o orgasmo: "Estilo de criação repressora, traumas psicológicos (casos de abuso/estupro), falta de autoconhecimento, fobia e estresse diário”, cita a ginecologista Dra. Andréia S. Cestari Siewerdt, da clínica Clip, em Curitiba.

Os efeitos de uma sociedade machista


Ao longo da história, o sexo tornou-se uma poderosa prática de dominação do homem pela mulher na sociedade. “Determinou a divisão sexual de trabalho [o homem é visto como provedor e pode assumir cargos corporativos, enquanto à mulher cabe o papel de cuidar dos filhos e cumprir deveres domésticos], o formato do que é o casal e o casamento e o principal meio de violência contra a mulher para a afirmação dos homens”, explica o psicólogo clínico e professor da Faculdade Santa Marcelina, Breno Rosostolato.

"Hoje, ainda existe o medo do julgamento do homem, que inviabiliza a entrega às sensações e o prazer é cerceado", acrescentou. Dessa forma, o bloqueio do orgasmo feminino tem um fator psicológico, já que a chegada ao clímax é mental.

Com a revolução sexual e a pílula, mulheres passaram a reivindicar o prazer também. “Só que, infelizmente, desconstruir uma mentalidade de séculos é um ‘troço’ demorado. Inclusive para nós jovens e independentes em pleno ano de 2019!”, diz Nathalia Ziemkiewicz, jornalista pós-graduada em educação sexual e idealizadora do blog Pimentaria.

Conheça o seu corpo por inteiro



De acordo com uma pesquisa da organização americana Planned Parenthood, uma em cada três mulheres não chega ao orgasmo. Das que conseguem atingir o clímax, 20% sente o prazer através da penetração, enquanto as demais por meio do estímulo do clitóris. Como melhorar as estatísticas? O primeiro passo é resolver a questão da falta de autoconhecimento da anatomia feminina.

“Não tenha vergonha de si. Aprender a se tocar e se estimular deveria ser a regra entre as pessoas”, explica o psicólogo. Isso ajuda a identificar o que gostamos ou não. Para eles, é fácil: os órgãos sexuais masculinos facilitam o pleno contato, enquanto a anatomia feminina é voltada para dentro. Então, invista um tempo em você (e no seu prazer) - uma dica é xeretar em blogs de sexo.

“Os homens olham, pegam, coçam, manipulam o pênis com a maior naturalidade do mundo, já mulheres crescem com o bloqueio de não poderem se tocar. Elas não conhecem cada parte da vagina e não se tocam pra saber onde e como podem sentir prazer”, diz a jornalista. Nathalia também lembra que não há nada de errado na masturbação. Ninguém vai ficar sabendo, é um momento e direito do seu corpo, um exercício da sua sexualidade. Além disso, "o prazer solitário costuma ser mais intenso porque estamos focadas somente em nossas sensações, explica.

Quebra de paradigma


Mulheres deveriam se abrir mais para ler contos eróticos e descobrir as fantasias e práticas que as deixam ‘no ponto’. “Homens pensam em sexo porque alimentam seu imaginário erótico, trocam sacanagem em grupos de WhatsApp e assistem a filmes de pornô o tempo todo. Esses estímulos se transformam em tesão, que acaba sendo ‘aliviado’ com a masturbação”, observa Nathalia.

Lembrando que é importante conversar com o seu parceiro sobre os desejos sexuais que gostaria de viver. "Relacionamento bom tem muito sexo oral feminino: fala-se sobre sexo antes, durante e depois do ato sexual", reforçou. Em suma, intimidade é se sentir à vontade pra falar -- ou mostrar, com gestos mesmo, se você não sentir à vontade para o papo -- abertamente sobre os prazeres e barreiras sexuais, tanto femininos quanto masculinos, como ejaculação precoce.

E lembre-se: a mulher lida com o sexo de forma diferente do homem. “Enquanto eles têm um sistema quase que mecânico e objetivo -- excitação, ereção, ejaculação e orgasmo -- o ciclo do desejo da mulher não é sistemático e pragmático dessa forma”, diz Breno. O desejo feminino depende de fatores para além da penetração, e assim, podem chegar ao orgasmo de inúmeras maneiras.

Dois caminhos para atingir o orgasmo



O clitóris concentra cerca de oito mil terminações nervosas com o único objetivo de oferecer prazer. Entretanto, o orgasmo clitoriano é diferente do vaginal. O primeiro é mais facilmente atingido, de acordo com a ginecologista. “O clitóris é um ponto específico, externo, de fácil acesso, com gatilho para a sensação de prazer. Como ele é fortemente inervado (mais que o pênis), isto o torna muito sensível”, explica Dra. Andréia.

Já no orgasmo vaginal, como o estímulo deve ser interno, em um ponto por vezes desconhecido e de mais difícil acesso. Por isso, muitas mulheres têm dificuldades em experimentá-lo.

“Para atingir o orgasmo clitoriano é necessário manipulação, fricção e contato contínuo ou vibratório com a região do corpo, enquanto o vaginal precisa de, em média, 8 a 20 min de penetração com movimentos ativos -- são necessários estímulos contínuos em pontos diferentes dentro da vagina. Por fim, não se pode esquecer que as preliminares são fundamentais, enfatiza a médica.

Quando o orgasmo é atingido, a sensação envolve praticamente todos os órgãos sexuais femininos. O clitóris, a vagina, o útero, os pequenos e os grandes lábios geralmente ficam excitados e a percepção acaba ficando imprecisa, dificultando a classificação de um orgasmo como vaginal ou clitoriano, resume Dra. Andréia.

Violência contra a mulher e como lidar com o trauma psicólogico

Traumas psicológicos relacionados a atos de violência contra a mulher também são fatores que prejudicam o orgasmo feminino. Afinal, a mulher passa por um árduo processo de superação, pois a violência sofrida deixa marcas profundas, e em muitos casos, irreversíveis, reconhece o psicólogo. Para superar um caso de estupro ou abuso sexual é importante não sofrer em silêncio. “Traumas devem ser falados e não guardados para si”, diz Breno.

Estupro marital ainda é um crime comum. Uma em cada três mulheres no mundo é vítima de violência conjugal, de acordo com um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicada na revista médica The Lancet, em 2014. Além disso, os números do Mapa da Violência contra mulheres de 2015, publicada no ano passado, diz que 67% dos atos de violência contra a mulher que terminam em assassinatos são cometidos por parentes, companheiros e ex-companheiros. E quase um terço dos homicídios acontece dentro da casa da vítima.


“No primeiro sinal de violência na relação, não se omita e não releve. Saia desse relacionamento abusivo imediatamente, pois, a tendência é que estas violências aumentem. Denuncie e tenha coragem de enfrentar o problema”, reforça o psicólogo. “Não sinta vergonha do que aconteceu muito menos se culpe por isso. O agressor é quem deveria se sentir envergonhado pelo que fez”, completa.

Fale abertamente sobre sexo!

Reforçando, não viva suas angústias sozinha. Converse com amigos, familiares e pessoas confiáveis sobre as questões sexuais que te afligem, quaisquer que sejam, no dia a dia de um relacionamento. “Fale de sexo com as amigas mais íntimas quando houver uma brecha, de um jeito despretensioso. Do tipo: ‘odeio fingir orgasmo, sabe? Mas às vezes é tenso, o que vocês fazem quando não tá rolando?’. Você vai perceber que não está sozinha nessa, não é um ET, a única mulher do mundo que tem essa dificuldade”, conclui Nathalia


Fonte:https://glamour.globo.com/lifestyle/amor-sexo/noticia/2017/03/orgasmo-feminino-entenda-por-que-ainda-e-visto-como-tabu-e-saiba-como-atingir-o-climax-com-dicas-de-expert.ghtml

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