O QUE É DISTORÇÃO DE IMAGEM E TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL? RELATO DA CANTORA SANDY E OUTRAS ARTISTAS REACENDE O DEBATE SOBRE ISSO
Relato de Sandy sobre pressão estética reacende
debate; o que é distorção de imagem e transtorno dismórfico corporal
Daiana Garbin, autora do livro ‘Fazendo as Pazes com o Corpo’, e
especialistas em saúde alertam sobre prejuízos dos padrões de beleza
Por Clarice Muniz, Especial para o gshow —
Rio de Janeiro
28/11/2023 10h40 Atualizado há 10 horas
'Sociedade adoeceu em busca de beleza, magreza e rostos harmonizados'
O tema veio à tona durante relatos reveladores de Sandy na estreia do programa Angélica: 50 & Tanto, disponível no Globoplay. Durante conversa com a apresentadora, a cantora admite desconforto em aparecer sem maquiagem e a dificuldade de se olhar de cara limpa até mesmo em casa: “Não me sinto à vontade para que as pessoas me vejam nua e crua. Eu não ando sem maquiagem. Em casa, depende. Eu não me acho bonita e não me sinto confortável.
A pressão estética é uma forma de pressão social que faz com que pessoas, independentemente de sexo, classe social, idade ou gênero, se adequem a um certo tipo de padrão de beleza a qualquer custo. E esse é um problema que, ao longo dos anos, afeta jovens e mulheres, principalmente, provocando danos à saúde mental e à autoestima.
O público foi pego de surpresa com o desabafo da artista. Afinal, como é possível Sandy não se achar bonita? Esse assunto levanta um importante debate sobre os danos que a pressão estética causa em tantas mulheres, e não é de hoje. Desde a forma feroz como afeta a saúde mental, gerando prejuízos na vida dessas pessoas com relação à própria imagem e autoaceitação, até o risco do desenvolvimento de problemas mais sérios, como distorção de imagem e transtorno dismórfico corporal.
Essa pressão, muitas vezes, leva as pessoas a buscarem caminhos e soluções para se encaixarem no que é considerado padrão de beleza: dietas restritivas, tratamentos e procedimentos estéticos mais ou menos invasivos, remédios e suplementos milagrosos para atingir o “corpo ideal” e cirurgias.
Especialistas no assunto conversam com o gshow sobre o tema e explicam quais são os perigos da pressão estética e de que forma é preciso lutar contra esse fenômeno para fazer as pazes com a autoestima.
A pressão estética é uma forma de pressão social que faz com que pessoas, independentemente de sexo, classe social, idade ou gênero, se adequem a um certo tipo de padrão de beleza a qualquer custo. E esse é um problema que, ao longo dos anos, afeta jovens e mulheres, principalmente, provocando danos à saúde mental e à autoestima.
O público foi pego de surpresa com o desabafo da artista. Afinal, como é possível Sandy não se achar bonita? Esse assunto levanta um importante debate sobre os danos que a pressão estética causa em tantas mulheres, e não é de hoje. Desde a forma feroz como afeta a saúde mental, gerando prejuízos na vida dessas pessoas com relação à própria imagem e autoaceitação, até o risco do desenvolvimento de problemas mais sérios, como distorção de imagem e transtorno dismórfico corporal.
Essa pressão, muitas vezes, leva as pessoas a buscarem caminhos e soluções para se encaixarem no que é considerado padrão de beleza: dietas restritivas, tratamentos e procedimentos estéticos mais ou menos invasivos, remédios e suplementos milagrosos para atingir o “corpo ideal” e cirurgias.
Especialistas no assunto conversam com o gshow sobre o tema e explicam quais são os perigos da pressão estética e de que forma é preciso lutar contra esse fenômeno para fazer as pazes com a autoestima.
'Sociedade adoeceu em busca de beleza, magreza e rostos harmonizados'
Um dos fatos que tem preocupado especialistas é o número crescente de jovens que vem adoecendo, mas tendo ainda muitas mulheres - e homens - dentro desse contexto. A procura incessante por cirurgias para corrigir o que são consideradas imperfeições por essas pessoas, ou ainda para se obter os mesmos resultados de personalidades que exibem seus corpos já operados após cirurgias estéticas bem-sucedidas nas redes sociais, leva a uma corrida sem fim para os consultórios de cirurgiões plásticos.
Esse foi um dos motivos que impulsionou a jornalista, escritora e palestrante Daiana Garbin a relançar o seu canal de vídeos no início de novembro. Preocupada com os rumos que essa corrida por um corpo ideal tem tomado, ela decidiu reabrir esse espaço para levantar debates.
“Vemos meninas de 20 anos fazendo botox e isso é uma loucura! Uma menina dessa idade não precisa de botox. Estamos numa sociedade que adoeceu em busca de beleza, magreza e rostos perfeitos e harmonizados”, alerta a autora do livro “Fazendo as Pazes com o Corpo”, lançado em 2017.
Mãe de uma menina de 3 anos, Lua, fruto do seu casamento com Tiago Leifert, a jornalista se preocupa com o papel das redes sociais na formação da identidade de crianças e jovens. “As redes sociais que vivem da imagem fazem com que a gente precise se olhar cada vez mais. E se nós, mulheres feitas, sofremos com isso, imagina as nossas crianças e adolescentes que estão construindo a própria autoimagem?”.
E de que forma a distorção de imagem e o transtorno dismórfico corporal podem entrar nesse contexto? Veja o que dizem a fisioterapeuta Bianca Thurm, pós-doutorada pela Faculdade de Medicina da USP do Instituto de Psiquiatria e colaboradora dos Laboratórios de Percepção Corporal e Movimento da USJT, e a psicóloga Vanessa Tomasini, especialista em Transtornos Alimentares e Terapia Comportamental Dialética (DBT), voluntária no Ambulatório GEAHTA e Enfermaria de Comportamento Alimentar.
Corpo ideal: o ponto de partida para fortalecer a pressão estética
Definir o que é a pressão estética antes de esclarecer o que é a distorção de imagem e o transtorno dismórfico corporal é o ponto de partida da psicóloga Vanessa Tomasini. "A pressão estética é a ideia de que existe um único tipo de corpo, e que hoje em dia seria um corpo magro, esguio, branco, de cabelos loiros, olhos claros, bem eurocentrado. Esse é o ideal de beleza”, aponta a especialista.
A partir daí, conforme ela coloca, passamos a sofrer uma pressão estética de que “todo o corpo que se diferencia desse tipo ideal precisa ser, de alguma forma, moldado e receber intervenções para que fique o máximo possível próximo desse padrão de beleza atual".
Segundo a psicóloga, o transtorno dismórfico corporal é um transtorno mental que se caracteriza por afetar a percepção do paciente sobre a própria imagem corporal: "Faz com que ele tenha preocupações irracionais sobre defeitos em alguma parte do seu corpo, como um nariz torto, olhos desalinhados, imperfeições na pele. Essa percepção pode ser totalmente falsa e imaginária ou pode estar baseada em alterações muito sutis da aparência, mas vão resultar numa reação exagerada do paciente."
Esse comportamento é mais frequente entre pessoas do sexo feminino e, no geral, inicia-se na adolescência, aponta Vanessa Tomasini. "Isso não quer dizer que não afete homens, porque também o transtorno é multifatorial. Frente à pressão estética, pacientes podem desenvolver o quadro mais precocemente ou de uma forma mais severa", explica.
Distorção da imagem corporal e transtorno dismórfico corporal: entenda a diferença Não é tão óbvio quanto a expressão sugere. A fisioterapeuta Bianca Thurm explica que são casos diferentes e aponta as diferenças. “Na distorção da imagem corporal, a pessoa acredita e realmente enxerga o corpo dela do tamanho diferente do que ela tem na realidade. Ela pode se enxergar num tamanho maior ou menor do que é ou se enxergar de uma forma desproporcional”, esclarece a especialista.
Uma das características é quando uma pessoa busca muitas dietas restritivas, muitos exercícios e muitas cirurgias plásticas para chegar ao corpo desejado: “E que nunca chega, porque o cérebro conta que você tem um outro corpo. A proporção distorcida do reconhecimento do próprio corpo leva a pessoa a ter comportamentos para tentar resolver essa imagem distorcida”, aponta Bianca Thurm.
O caso do Transtorno Dismórfico Corporal tem um cunho no campo emocional e psicológico: “A pessoa vê defeitos em partes do corpo bem localizados, pode ser nariz, orelha, uma pinta. Tem a ver com questões de beleza. ‘Eu não sou bonita porque o meu nariz é torto’ e, na verdade, o nariz não é torto.”
Um caso está mais voltado para o campo do julgamento da beleza e da estética, e o outro é o entendimento do corpo inteiro deformado: “Mas a distorção também pode ser sobre uma parte do corpo, só que tem a ver com proporção. Como achar a coxa grossa, por exemplo, e buscar uma lipo para afinar.”
O que muda no comportamento de pessoas com distorção de imagem e transtorno dismórfico corporal
A fisioterapeuta afirma que muitas vezes a pessoa tende a esconder o “defeito” que ela acredita ter dos outros para que não percebam. Já no caso da distorção da imagem, ela pode recorrer a muitas dietas, lipos, exercícios, procedimentos estéticos, vai tomar diuréticos e laxantes, tudo com o intuito de mudar o tamanho e a forma do corpo.
Vanessa Tomasini explica que os pacientes costumam colocar um hiperfoco e uma hipervalorização nessas características ou nesses locais que são tidos como defeitos de partes do seu corpo. “Às vezes eles acham que têm uma imperfeição na pele e passam a usar o cabelo comprido para esconder o rosto. Ou podem fazer muitos procedimentos estéticos. Esses pacientes podem ter um prejuízo, um impacto também familiar.”
Muitas vezes a família percebe o sofrimento dessa pessoa na busca por uma melhora desse ponto que ela vê como um defeito e acaba minimizando ao dizer que não tem nada de errado. Mas a psicóloga alerta: “Isso, na verdade, faz com que o paciente se sinta altamente invalidado, porque aquilo é um enorme sofrimento para ele. Isso gera um prejuízo na relação familiar, social e profissional.”
Em outros exemplos, ela afirma que pacientes, em casos mais severos, deixam de trabalhar ou se limitam a fazer apenas home office “para não ter que sair ao mundo com ‘esse defeito’, com ‘esse corpo’”. “Essas pessoas, conforme a severidade do quadro e o não tratamento, vão se tornando cada vez mais reclusas e cada vez mais escravas desse defeito, tentando fazer de tudo para conseguir mudar o corpo ou aquilo que é tido como um déficit para ela”, explica.
Relação dolorosa com o corpo e a dificuldade de fazer as pazes
A luta de Daiana Garbin para fazer as pazes com o próprio corpo, após muitos anos de distúrbio alimentar por achar que não se adequava ao seu corpo, a tornou uma importante porta-voz sobre o tema. A jornalista usa todas as suas vivências, experiências e dores para disseminar os perigos da pressão estética e a necessidade de se buscar uma relação mais amigável com a comida e com o corpo.
“As pessoas demoram muito para perceber que estão machucando o próprio corpo, vão adoecendo emocionalmente. A preocupação estética se tornou uma doença, existe um sofrimento calado que é o constante ódio voltado contra si e contra o próprio corpo”, alerta a escritora.
E ela cita tipos de armadilhas comuns, como o caso de revestir esse ódio com preocupações estéticas e de considerações sobre a saúde confundidas com cuidados. “Isso pode esconder um profundo sofrimento. É a dor de se sentir sem valor, de que há algo de errado com você, é uma dor profunda e silenciosa. Muitas vezes acabamos achando que o remédio para essa dor é ter a ‘aparência perfeita’.”
E nada do que é feito costuma adiantar, segundo Daiana. “A beleza nunca será suficiente se a pessoa continuar sentindo que não tem valor. Você pode emagrecer muitos quilos, transformar seu corpo e seu rosto com cirurgias e procedimentos estéticos e, mesmo assim, continuar tendo uma imagem corporal insuportável para você”, afirma.
Especialistas de saúde e estética podem ser aliados para encaminhar pacientes para tratamentos
Profissionais como psicólogos e psiquiatras são os especialistas que acompanham esses pacientes durante o tratamento após o diagnóstico de algum tipo de distorção de imagem corporal ou transtorno dismórfico corporal. Mas, normalmente, profissionais como nutricionistas, dermatologistas, endocrinologistas, dentistas e cirurgiões plásticos costumam ser os primeiros a ter contato com esses pacientes.
“No consultório, nos deparamos algumas vezes com pacientes com uma expectativa de resultados além daqueles possíveis de serem alcançados com uma cirurgia plástica ou procedimento estético. Cabe ao cirurgião plástico o bom senso para explicar ao paciente os limites dos resultados e, caso não haja um alinhamento com o desejo do paciente, contraindicar o procedimento”, explica Luís Maatz, cirurgião plástico pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Segundo o médico, o cirurgião plástico pode ter um papel importante na percepção de alguns sinais incomuns nesses pacientes: “Os casos de desejo de resultados impossíveis, desalinhados com a realidade devem ser identificados pelo profissional e, se necessário, ele deve encaminhar o paciente para apoio psicológico ou psiquiátrico.”
A fisioterapeuta Bianca Thurm acrescenta, no entanto, que esse tipo de iniciativa do especialista exige um olhar muito apurado sobre esses casos. “É muito difícil, porque depende muito do profissional e da experiência dele. Vai do olhar dele, de entender a queixa e como a pessoa está lidando com aquilo, de perceber até onde ela está chegando”, explica.
Existem os especialistas que ainda orientam o paciente a buscarem um profissional especializado, mas perceber o problema no começo é que pode ser mais difícil. “Às vezes é difícil de identificar porque a pessoa acredita tanto naquilo, que ela vive aquilo de verdade, ela sente”, pondera Bianca Thurm.
Mas a especialista também alerta que nem todo desejo de emagrecimento, por exemplo, é um tipo de distorção de imagem: “Uma pessoa que está um pouco acima do peso pode querer emagrecer, mas, às vezes, esse processo vai além do emagrecer saudável. Tem comportamentos, pensamentos, atitudes que mostram que existe um adoecimento psíquico por trás disso, e é difícil de achar quem percebe logo numa conversa. O profissional tem que conhecer um pouco sobre os casos para ter uma escuta mais refinada.”
‘A busca pela beleza perfeita pode ser um pedido de socorro’, afirma Daiana Garbin
Daiana opina sobre o papel dos profissionais de saúde que trabalham com estética e cita a importância desse olhar apurado: “De perceber quando essa pessoa tem uma preocupação estética que de fato está trazendo bem-estar para ela e quando essa preocupação se tornou uma obsessão e ela não sabe parar, já não consegue sentir o próprio corpo da forma que ele é, não consegue se ver e nunca está satisfeita.”
Segundo a jornalista, nessa jornada de busca por vários cirurgiões, essa pessoa precisa ser encaminhada para um psiquiatra ou um psicólogo para entender com mais clareza o que está buscando naquela forma ‘perfeita’.
“Às vezes, a busca pela beleza perfeita é um pedido de socorro para uma dor que essa pessoa não sabe nomear. Então, os profissionais de saúde têm um papel fundamental, ou deveriam ter, para conseguir perceber quando essa pessoa está precisando de uma ajuda”, afirma Daiana Garbin.
Segundo o cirurgião plástico Luís Maatz, essa busca por um “corpo perfeito” já acompanha o ser humano ao longo dos séculos, mas alerta sobre os efeitos das redes sociais. “Nos últimos anos, as redes sociais têm contribuído sobremaneira para uma idealização de beleza inatingível, uma vez que vários recursos visuais, como os editores de imagem como filtros e Photoshop, fazem com que as imagens postadas na internet pareçam perfeitas”, aponta o especialista.
“Dessa maneira, o imaginário das pessoas fica absolutamente distorcido e gera a busca por uma perfeição corporal impossível de ser alcançada”, acrescenta ele, que aconselha os pacientes a buscarem cirurgiões plásticos renomados e com experiência reconhecida antes de qualquer procedimento.
“Após a consulta, realizar todos os exames necessários antes de se submeter a qualquer cirurgia plástica. Essas cirurgias, incluindo a lipoaspiração, são consideradas de baixo risco, desde que realizadas por cirurgiões plásticos experientes, em ambiente hospitalar adequado e nos pacientes com boas condições de saúde. O risco de complicações fatais, nessas condições, são muito menores.”
Como as redes sociais e filtros de imagem contribuem para as ciladas estéticas
Para Vanessa Tomasini, é preciso persistência para lutar contra os padrões da pressão estética, mas também ressaltar que os corpos das redes sociais não são reais. “A gente precisa mostrar cada vez mais o quanto os corpos são diferentes, nenhum corpo é igual ao outro. E todo o movimento de TikTok, filtros, Instagram com fotos e também com imagens que são tratadas vai levando a uma exposição maior de corpos “perfeitos”, isso vai também modificando a percepção das pessoas sobre o que é um corpo real”, afirma.
Já a fisioterapeuta reforça que a distorção da imagem corporal tem uma fonte muito grande de informações baseadas na comparação com o outro, do que é belo e do que está exposto agora na mídia.
“E muito do TikTok. Quando a pessoa olha para o próprio corpo, ela visualiza que não é igual ao corpo que está exposto fazendo sucesso. Parece que é o corpo que faz sucesso e ela também quer ter sucesso. Então, para isso, ela precisa ter um corpo igual. Desta forma é muito fácil de entrar na distorção de imagem”, explica Bianca Thurm.
“Ela sempre vai identificar que o corpo dela está pior, nunca melhor. Ela pensa que o corpo é feio, o cabelo não é igual, o quadril não tem o mesmo tamanho, a coxa encosta… Então vai alimentar o cérebro com informações irreais sobre o corpo dela. O cérebro não tem o discernimento do certo e do errado, ele absorve a informação e cria uma imagem que representa aquilo como algo grande. E vai se instalando como representação.”
Como fazer as pazes com o corpo antes que a busca pelo ‘corpo perfeito’ fique doentia
A procura da terapia é um ponto crucial para o entendimento e tratamento de questões relacionadas à insatisfação com o corpo. Vanessa Tomasini aconselha a busca de um profissional especializado em questões ligadas tanto à distorção da imagem corporal, quanto ao transtorno dismórfico corporal e transtorno alimentar.
“Porque pode ter um viés importante de junção e para que se tenha também uma ideia do que incomoda nesse corpo. É o corpo que incomoda ou a ideia de um corpo ideal que eu estou buscando?”, explica a especialista.
E acrescenta que antes de procurar qualquer tipo de procedimento cirúrgico ou estético, é importante lembrar que quando se fala sobre autoaceitação e autoestima, muitas vezes esse pode ser um discurso que também aprisiona as pessoas, como “você tem que amar o seu corpo”.
“E tudo bem se você estiver insatisfeito ou tiver insatisfações com o seu corpo, isso não te impede de tratar desse corpo com respeito. A gente precisa trazer um olhar mais neutro para o corpo, entendendo que ele é instrumento para viver, que me permite andar, pular, abraçar, beijar, e tirando do corpo esse lugar de ornamento.”
A especialista afirma que fazer as pazes com o corpo é uma caminhada muitas vezes longa, não acontece da noite para o dia. “Precisa realmente de cuidado, de atenção, de treino, de ensinar o nosso olhar, inclusive, do quanto nós somos críticos com os outros corpos que são diferentes do nosso, porque foi o que a gente aprendeu. É uma caminhada árdua, porém, possível. É importante dar esses passos.”
Nem tudo é distorção de imagem corpora
As especialistas alertam que existe uma diferença entre a insatisfação que leva muitas pessoas a um adoecimento psíquico e a insatisfação que leva outras pessoas a criarem alguns recursos para ficarem mais felizes com a aparência.
“Seja a mudança na dieta ou no estilo de vida para se manter mais saudável. E está ok. Você pode ser insatisfeita e buscar essa solução. Mas quando o grau de insatisfação aumenta e a intensidade da preocupação ganha um hiperfoco no resultado, aí sim temos um adoecimento psíquico”, alerta Bianca Thurm.
“Senão tudo vai virar distorção de imagem. As mulheres, no geral, tendem a ter uma distorção da percepção e do tamanho do corpo, já é natural, a gente já nasceu lutando”, lembra a especialista ao citar que o corpo da mulher sempre foi alvo de pressão estética: “E não necessariamente tem um cunho que leva você para um adoecimento psíquico.”
‘A pessoa sente vergonha de ser quem é e não percebe’
Daiana Garbin ressalta que esse debate não diz respeito somente à vaidade ou estética. “O adoecimento em busca de beleza revela uma insatisfação com o próprio eu, ou seja, a pessoa sente vergonha de ser quem é e não percebe”, aponta.
E acrescenta que essa pessoa passa a viver como se não habitasse o próprio corpo: “O corpo passa a ser visto como um objeto, enfeite, uma foto, a tela do celular, um molde. Adoecemos quando reduzimos o nosso corpo à condição de objeto, de imagem.”
Para a escritora, esse é um caminho perigoso para desencadear transtornos alimentares e de imagem, assim como ansiedade e depressão. “Nossas meninas estão adoecendo cada vez mais cedo e precisamos urgente tratar isso com seriedade. A relação com a imagem corporal diz respeito a muitas demandas internas que não percebemos. A urgência em sentir-se cada vez mais bonita pode estar escondendo um pedido de socorro”, alerta.
Fonte:https://gshow.globo.com/moda-e-beleza/noticia/distorcao-de-imagem-e-transtorno-dismorfico-corporal-como-a-pressao-estetica-pode-afetar-a-vida-e-a-saude-mental-das-pessoas.ghtml
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