Meta trabalhou
para capitalizar com vulnerabilidades de adolescentes, mostram documentos
Documentos acessados pelo Wall Street
Journal indicam que empresa sabia que as redes tinham efeito negativo para a
saúde mental de jovens. Companhia nega que tenha criado ferramentas para tornar
seus produtos mais viciantes
Por
O
Globo com agências internacionais
—
São Paulo
26/11/2023 14h05 Atualizado há 2 dias
Os relatórios constavam como parte do material probatório de uma ação conjunta de 41 estados americanos contra a gigante de tecnologia. O grupo de unidades federativas acusa a big tech de explorar ferramentas nas redes sociais que eram prejudiciais à saúde mental e física de jovens, além de intencionalmente viciantes.
Nos documentos, cujo conteúdo foi publicado pelo WSJ neste domingo, constam detalhes de uma apresentação interna da Meta, de 2020, que mostra que a empresa projetou seus produtos levando em consideração características de adolescentes, como o de serem "predispostos a impulsos, pressão dos colegas e comportamentos arriscados potencialmente prejudiciais".
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“Os adolescentes são insaciáveis quando se trata de ‘sentir-se bem’ com os efeitos da dopamina”, mostra a apresentação da Meta. “E cada vez que um de nossos usuários adolescentes encontra algo inesperado, seus cérebros fornecem uma dose de dopamina", segue a companhia.
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De acordo com o Wall Street Journal, a empresa descreve o produto em questão como eficiente em fornecer os tipos de estímulos que desencadeiam a dopamina, neurotransmissor que traz sensação de prazer. Os relatórios mostram que funcionários da Meta ligados ao tema demonstraram preocupações sobre os efeitos, especialmente do Instagram, na saúde de jovens.
“Não são os ‘reguladores’ ou os ‘críticos’ que acham que o Instagram não é saudável para os jovens adolescentes – são todos, desde investigadores e especialistas acadêmicos até aos pais”, escreveu Karina Newton, chefe de política do Instagram, num e-mail de maio de 2021 citado pelos procuradores-gerais, que movem o processo contra a empresa.
Os documentos foram inicialmente mantidos sob sigilo na ação, movida no final de outubro. O material também inclui alegações de que o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, instruiu os subordinados a priorizar o aumento do uso de suas plataformas, em detrimento do bem-estar dos usuários, apesar dos alertas. O executivo teria sido avisado, por exemplo, dos efeitos negativos do excesso de notificações.
A Meta alega que não projetou seus produtos para serem viciantes para os adolescentes. “A denúncia descaracteriza nosso trabalho usando citações seletivas e documentos escolhidos a dedo”, disse Stephanie Otway, porta-voz da empresa, ao WSJ.
Uso por menores de 13 anos
Os documentos judiciais também mostram que a Meta supostamente fez vista grossa sobre o uso do Facebook e do Instagram por pré-adolescentes.
Os estados alegam que a Meta tem, há tempos, ciência de que suas redes sociais têm proteções fracas contra o uso por crianças menores de 13 anos, que deveriam ser vetadas. Nos EUA, os algoritmos da empresa estimam que a Meta tenha até quatro milhões de usuários pré-adolescentes.
A denúncia alega que, em vez de tentar reprimir o uso por essa faixa etária, a Meta criou gráficos “ostentando a penetração do Instagram em grupos demográficos de 11 e 12 anos”. Alguns executivos sêniores, de acordo com o documento, chegaram a levantar a possibilidade de que a repressão ao uso por menores poderia prejudicar os negócios da empresa.
Num e-mail de 2019, a chefe de segurança global da Meta, Antigone Davis, pediu a Nick Clegg, presidente de assuntos globais da empresa, que esclarecesse se o objetivo de identificar utilizadores com menos de 13 anos era removê-los ou "se estamos à espera para testar o impacto no crescimento antes de se comprometer com qualquer coisa", citam os relatórios.
Fonte:https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2023/11/26/meta-trabalhou-para-capitalizar-com-vulnerabilidades-de-adolescentes-mostram-documentos.ghtml
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