Como agroflorestas podem ajudar a mitigar as
mudanças climáticas
Sistemas agroflorestais se destacam
por seu alto potencial de sequestro de carbono, além de sua contribuição direta
para segurança alimentar, equidade e biodiversidade
Edenise Garcia*
02/10/2023 14h37 Atualizado há um mês
Num momento em que os esforços empreendidos para a mitigação das mudanças climáticas são considerados insuficientes para conter o aumento da temperatura global, a busca por alternativas efetivas e atrativas em larga escala se torna cada vez mais urgente.
Entre essas alternativas, as agroflorestas – definidas como a incorporação e manutenção de árvores em sistemas agrícolas – se destacam por seu alto potencial de sequestro de carbono, além de sua contribuição direta para segurança alimentar, equidade e biodiversidade, entre outros impactos positivos.
Estudo publicado na revista Nature Climate Change no último dia 28 de setembro, que contou com a participação de cientistas de vários países, inclusive do Brasil, indicou que os sistemas agroflorestais constituem potencialmente a maior contribuição do setor agrícola para o clima.
Entre as Soluções baseadas na Natureza (SbN), o potencial de mitigação climática de agroflorestas é comparável ao de estratégias reconhecidas, como o reflorestamento. As agroflorestas mundiais podem estocar até 310 milhões de toneladas de carbono por ano, suficiente para compensar a emissão anual de gás carbônico gerada por aproximadamente 250 milhões de veículos a gasolina de porte médio.
O estudo aponta lacunas para uma maior compreensão sobre a relevância climática desses sistemas. Esse conhecimento é fundamental não apenas para refinar as estimativas do potencial de mitigação das mudanças climáticas, como também para avaliar a distribuição atual e as oportunidades de expansão dos sistemas agroflorestais.
A quantidade de carbono estocado em sistemas individuais apresenta uma grande variabilidade de um para outro, uma vez que as agroflorestas são muito heterogêneas em termos de escolha e densidade de espécies, condições do solo e bioclimáticas, tipo de manejo, etc.
Existem também dificuldades para o mapeamento em larga escala, pois os sistemas agroflorestais são geralmente plantados em pequenas áreas, o que dificulta sua detecção com o uso de sensoriamento remoto baseado comumente em imagens de satélite de média resolução. As diferentes estimativas da área global ocupada por agroflorestas hoje variam bastante, de 400 milhões a 1,6 bilhão de hectares.
Em regiões tropicais úmidas, nas imagens de satélite as agroflorestas maduras, com vários tipos de espécies arbóreas e com copas fechadas, se confundem facilmente com florestas naturais. Por um lado, isso resulta numa subestimação da real abrangência desses sistemas e do carbono neles estocado. Por outro, reforça a importância ecológica das agroflorestas.
Fonte:https://revistagalileu.globo.com/colunistas/tnc-brasil/coluna/2023/10/como-agroflorestas-podem-ajudar-a-mitigar-as-mudancas-climaticas.ghtml
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