MINDFULNESS ORIGEM E ATUALIDADE - O LEGADO DE JON KABAT-ZINN

  

O LEGADO DE JON KABAT-ZINN | MINDFULNESS

MINDFULNESS ORIGEM E ATUALIDADE

O “boom” do Mindfulness já aconteceu há algum tempo nos EUA e, especialmente em alguns países da Europa. Muito se fala sobre o tema, seja no mundo corporativo, acadêmico ou mesmo no ponto de ônibus – pessoas leigas preocupadas ou necessitadas em melhorar seu bem estar psicológico.

Isso, em grande parte, acontece por um motivo bem específico: o número de pesquisas científicas e de comprovações sobre os benefícios da prática de Mindfulness simplesmente multiplicaram nos últimos anos!

O sucesso tem sido tão absoluto, que a Revista Time considera uma “Mindful Revolution” e não é para menos, já que sua metodologia pode ser aplicada em empresas, escolas e, olha só, até mesmo no Parlamento Britânico – onde as mudanças têm sido ainda mais fantásticas!

Como deu para perceber um pouquinho, neste artigo que inaugura meu canal aqui na Academia do Psicólogo, vamos fazer uma viagem pelo mundo, para saber um pouquinho como anda o desenvolvimento do aclamado tema mundo afora.

 

A Origem e os Programas

 

Mindfulness está longe de ser algo recente, pelo contrário, sua origem encontra-se nos cânones budistas datados de, pelo menos, 2.500 anos. Sob o nome de SATI, na língua pali (uma prima do sânscrito), foi traduzido como Mindfulness onde encontra sua melhor tradução (e ainda há controvérsias).

A discussão sobre a tradução correta de sati é mundial e mesmo nos cânones budistas a coisa é meio confusa, pois a palavra muda um pouco seu sentido de acordo com o contexto em que é inserida.

No seio budista, mindfulness (ou sati) configura um passo fundamental para a libertação do sofrimento humano, razão da existência do budismo. Ao alcançar a iluminação, o então Buda retorna pregando um caminho de 8 passos para conseguir tal façanha, sendo o cultivo de um tipo de consciência específico (de atenção plena), o sétimo passo. Muitas práticas se desenvolveram no budismo para este fim.

Em meados dos anos 70, Jon Kabat-Zinn, então professor emérito da Universidade de Massachusetts, resolveu tirar o conceito da atenção plena de dentro do budismo e trazê-lo para dentro das universidades.

Foi aperfeiçoando até ter retirado todo e qualquer aspecto religioso da prática e assim fundamentou o primeiro programa baseado em Mindfulness (MBSR), para redução de estresse, atendendo casos clínicos onde a medicina já não mais podia contribuir. O marco se deu no ano de 1979, com a fundação da Clínica de Estresse dentro do renomado MIT, por Jon Kabat-Zinn, onde o carro chefe dos tratamentos empregados era Mindfulness.

Os primeiros estudos científicos vieram do MBSR, desde o ano de 1979, onde Mindfulness mostrou-se eficiente não só na redução e um melhor gerenciamento de estresse, mas também na melhora da qualidade de vida de pacientes com dor crônica.

Estes estudos preliminares abriram portas para milhares de outros mais.

Especialmente o programa MBSR foi um marco para a importância hoje concedida, não só da prática de meditações para cultivo da atenção plena, mas também o desenvolvimento das habilidades de mindfulness, para a psicologia contemporânea.

Alguns autores (Chiesa e Malinowski, 2011) consideram que somente após a existência do MBSR passou-se a considerar a possibilidade de Intervenções Baseadas em Mindfulness (conhecidas sob a sigla MIB) e que hoje fundamentam práticas, estratégias e abordagens altamente eficazes e responsivas, direcionadas para os mais diferentes males.

Um dos programas mais conhecidos dentro da Psicologia é o MBCT, a Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness, formatado por Zingel Segal, Mark Williams e John Teasdale, baseado e inspirado no programa de Jon Kabat-Zinn, mas com um objetivo específico: a prevenção de recaídas na depressão, considerado um dos maiores problemas da doença.

O estudo foi publicado no renomado jornal médico The Lancet, que afirmou que Mindfulness pode ser tão eficaz como a medicação antidepressiva para evitar recaídas na depressão.

Abaixo, segue a tabela publicada no estudo em questão, sendo a linha azul correspondente aos pacientes que fizeram o tratamento apenas farmacológico e a linha vermelha representa os pacientes que apenas praticaram mindfulness. Apesar de você ver aí uma diferença, ela não é tão representativa ao ponto de se considerar clinicamente atestada como superior, mas já é bastante animador, não acha?

Diante desta e de tantas outras evidências, o Nice (National Institute for Health and Care Excellence, uma instituição não governamental inglesa, uma referência europeia) passou a recomendar Mindfulness como intervenção de tratamento para adultos acometidos com depressão recorrente.

Diante desta e de tantas outras evidências, o Nice (National Institute for Health and Care Excellence, uma instituição não governamental inglesa, uma referência europeia) passou a recomendar Mindfulness como intervenção de tratamento para adultos acometidos com depressão recorrente.

Existem muitos outros programas que foram sendo desenvolvidos posteriormente. Há uma prática específica em todos os programas baseados em mindfulness, conhecido como “alimentação consciente” e que consiste em empregar algumas habilidades mindful enquanto nos alimentamos.

Desta prática, surgiram dois programas: o Mindful Eating e o MB-Eat, ambos com 8 semanas e 100% focados em melhorar a relação da pessoa com a alimentação, sendo bastante úteis em alguns casos de distúrbios alimentares, especialmente a TCAP (transtorno de compulsão alimentar periódica).

Das evidências positivas de Mindfulness, surge um novo campo de estudo: o impacto do desenvolvimento da compaixão, elemento que passou a fazer parte de mindfulness um tempo depois da formatação do MBSR. Hoje também há programas baseados na compaixão, mas quero deixar este assunto para desenvolvermos bem em um próximo artigo (saiba que ele pode ser divisor de águas para nós, psicólogos).

A Psicologia e o Psicólogo

 

Diante de alguns estudos, como estes que brevemente mencionei, como não brilhar nossos olhos? Como não se entusiasmar com a possibilidade de remissão de sintoma em casos de depressão recorrente com apenas 8 semanas de intervenção?

Sim, nós podemos tornar nosso trabalho muito efetivo através de mindfulness.

Tenho, agora, algumas coisas para te falar – coisas boas e coisas não tão legais assim.

Pois bem, quero começar te falando sobre as coisas não tão legais: qualquer pessoa, com qualquer formação, pode fazer um curso de formação em Mindfulness e sair por aí trabalhando com os protocolos para diminuição do estresse, para evitar recaídas na depressão ou mesmo para tratar a compulsão alimentar, através dos programas mencionados – este último, inclusive, já é uma realidade no Brasil, onde, basicamente, as nutricionistas têm se destacado na área.

Péssimo, não? Pra que estudar, por baixo, 5 anos para ser psicólogo, então?

Aí que está: estes programas, apesar de terem uma profundidade razoável, não tem cunho interventivo ou de tratamento, mas sim, um teor mais educativo.

E a hipótese que eu levanto aqui com você é: se em termos de “psicoeducação” a metodologia é tão eficiente, se for de teor interventivo, então…?! A grande questão, amigo psicólogo, é que logo teremos uma enxurrada de profissionais das mais diversas áreas atuando com Mindfulness – e a hora da gente se posicionar no mercado de trabalho é agora!

E não pense que a utilização de mindfulness na psicologia é algo novo, ou apenas pertecente aos terapeutas cognitivo-comportamentais. Uma série de terapias contextuais se desenvolveram utilizando mindfulness de alguma forma: a terapia de aceitação e compromisso e a terapia dialética comportamental são excelentes exemplos.

Mas também ouvimos falar sobre outros dois movimentos, as terapias baseadas em mindfulness, que engloba a utilização dos modelos já existentes e também de outros protocolos de atuação de cunho interventivo (para ser utilizado dentro da clínica) e também sobre um movimento que se chama ‘mindfulness psychology’, que presume a adaptação de mindfulness em diferentes abordagens – na psicanálise, na gestalt-terapia, e por aí vai.

É, sem dúvidas, o mercado é muito promissor!

E para trazer isso para o exercício profissional, como que faz?

 

Muita gente entra em contato comigo para fazer o programa de 8 semanas – este mesmo, de cunho vivêncial – e sai aplicando o programa por aí. Então vale a dica: NÃO FUNCIONA ASSIM! Não queime sua cara fazendo experiências absurdas com seus clientes, o tiro pode sair pela culatra!

Primeiro, o programa de 8 semanas tem cunho vivencial, é pra gente aprender e praticar!

Existe, nas Terapias Baseadas em Mindfulness, uma modulação de neurônios espelho, o que implica dizer que suas intervenções não serão eficientes caso você não pratique mindfulness. Então, o primeiro passo para trabalhar com mindfulness é a prática pessoal. Com isso você já estará trabalhando com mindfulness, através de um tipo de terapia específica, a Terapia Orientada em Mindfulness (onde não falamos a respeito nem da prática, nem das habilidades correspondentes, apenas praticamos).

Já costuma ser surpreendente!

Segundo, para trabalhar com as Intervenções Baseadas em Mindfulness você precisa entender como funciona a operacionalização de mindfulness, como a prática atua, para saber o que é mais eficiente em cada caso. Somente assim poderá realmente fazer um trabalho responsável, eficiente e responsivo.

Mas nada impede que você comece, desde já, treinando algumas habilidades mindful em consultório ou em seu trabalho (graças à Academia do Psicólogo). E é exatamente para isso que vou deixar uma prática hoje. Comece treinando-a com uma pessoa qualquer, fora do consultório (se esta for sua atuação) ou do seu trabalho.

É normal que, enquanto alguém nos fala algo, nós, psicólogos, estejamos construindo um quebra cabeça com as informações dadas, buscando em nossos “bancos de dados” conteúdos que se assemelham ou se associam ao tema, para poder, assim, dar uma resposta ou uma devolutiva mais adequada.

O exercício que quero te passar é que simplesmente deixe isso de lado e dedique-se a escutar a pessoa com o seu corpo todo, não só com os ouvidos. Fazemos isso percebendo nossa presença física, tomando consciência do nosso corpo e da nossa respiração no momento presente, enquanto nos dedicamos, exclusivamente à escuta consciente.

Este é apenas um exercício para cultivarmos habilidades de terapeuta através de mindfulness.

E se você se interessa pelo tema e quer saber um pouco mais sobre o impacto de mindfulness pelo mundo, me acompanha neste vídeo!

Gostou do artigo? Compartilhe comigo suas impressões!

Referências Bibliográficas:

Kuyken, W. (2015), Effectiveness and cost-effectiveness of mindfulness-based cognitive therapy compared with maintenance antidepressant treatment in the prevention of depressive relapse or recurrence (prevent): a randomised controlled trial. The Lancet : volume 386, N. 9988, p. 63-73, July 2015.

Chiesi, A., & Malinowski, P. (2011). Mindfulness-based approaches: are they all the same? Journal of Clinical Psychology, 67 (4), 404-424.

AUTOR

SHEILA DRUMOND

sheiladrumondpsicologa@gmail.com

Sheila Drumond é psicóloga clínica, fez suas formações em mindfulness e psicologia positiva em Buenos Aires, fundou no Paraná um Centro de referência em mindfulness, onde desenvolve programas, estudos, pesquisas e formação especialmente para psicólogos.

Fonte: http://academiadopsicologo.com.br/portal/mindfulness-origem-e-atualidade/

O LEGADO DE JON KABAT-ZINN | MINDFULNESS PARA QUALIDADE DE VIDA E REDUÇÃO DO ESTRESSE

 

Jon Kabat-Zinn é um professor emérito de Medicina e fundador da Clínica de Redução do Estresse e do Centro de Atenção Plena em Medicina, Saúde e Sociedade da Universidade de Massachusetts. Sua contribuição para a popularização da prática da atenção plena (mindfulness) é um legado importante para a área da saúde mental e para a promo

A atenção plena é uma prática que consiste em prestar atenção intencionalmente no momento presente, sem julgamentos. Ela é baseada na meditação budista e tem sido aplicada em diversas áreas, desde a saúde mental até a administração de empresas. O programa MBSR (Mindfulness-Based Stress Reduction), criado por Jon Kabat-Zinn, é uma terapia de grupo que ensina as pessoas a lidar com o estresse e a dor crônica por meio da atenção plena.

O MBSR foi desenvolvido por Jon Kabat-Zinn em 1979, quando ele percebeu que muitos de seus pacientes estavam sofrendo de estresse crônico e doenças relacionadas. Ele criou um programa de oito semanas que ensina técnicas de meditação e mindfulness para ajudar as pessoas a lidar com o estresse, a ansiedade e a dor crônica. O programa inclui práticas formais de meditação, como a meditação sentada e caminhada, bem como práticas informais, como a atenção plena durante atividades cotidianas, como comer e tomar banho.

O MBSR tem sido aplicado em várias áreas, incluindo hospitais, escolas, prisões e empresas. Ele tem sido utilizado para tratar uma variedade de condições, incluindo ansiedade, depressão, dor crônica, hipertensão, síndrome do intestino irritável, distúrbios do sono e transtorno de estresse pós-traumático.

A contribuição de Jon Kabat-Zinn para a popularização da atenção plena não se limita ao MBSR. Ele também é autor de vários livros, incluindo “Wherever You Go, There You Are” e “Full Catastrophe Living”, que ajudaram a popularizar a prática da atenção plena e torná-la acessível ao público em geral. Seus livros fornecem informações e exercícios simples para que as pessoas possam praticar mindfulness em suas vidas diárias.

Além disso, Jon Kabat-Zinn contribuiu para a pesquisa científica sobre os benefícios da atenção plena. Sua pesquisa ajudou a demonstrar que a atenção plena pode ajudar a reduzir o estresse, a ansiedade, a depressão, a dor crônica e a hipertensão. Ele também conduziu estudos que demonstraram que a prática da atenção plena pode melhorar a imunidade, aumentar a capacidade de concentração e melhorar a qualidade do sono.

Em resumo, o legado de Jon Kabat-Zinn é a popularização da prática da atenção plena e sua aplicação em diversos contextos para melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas. Ele criou o programa MBSR e contribuiu para a pesquisa científica sobre os benefícios da atenção plena. Seus livros ajudaram a tornar a prática da atenção plena

Jon Kabat-Zinn  

 

Data de nascimento:

 

05 de Junho de 1944

Nasceu em:

 

The United States

Jon Kabat-Zinn, Ph.D., é fundador Diretor Executivo do Centro de Atenção Plena em Medicina, Saúde e Sociedade da Universidade de Massachusetts Medical School. Ele também é o diretor fundador do renomado Redução Clínica de Estresse e Professor de Medicina emérito da Universidade de Massachusetts Medical School. Ele ensina mindfulness e redução do estresse Mindfulness-Based (MBSR) em vários locais ao redor do mundo. Ele recebeu seu Ph.D. em biologia molecular do MIT em 1971 no laboratório do Nobel Laureate, Salvador Luria. É o autor de numerosos artigos científicos sobre as aplicações clínicas de mindfulness em medicina e cuidados de saúde, e de uma série de livros para o público leigo e é também co-autor, com sua esposa Myla, das Bênçãos cotidianas (Hyperion, 1997). Em geral, seus livros foram traduzidos para mais de 30 languages. Seus principais interesses de pesquisa se concentraram em mente interações / corpo para a cura, aplicações clínicas de treinamento de meditação mindfulness, os efeitos da MBSR no cérebro, no sistema imunológico e no emocional saudável expressão enquanto sob tensão; na cura (taxas de compensação da pele) em pessoas com psoríase; em doentes submetidos a transplante de medula óssea; com presidiários e funcionários; em ambientes multiculturais; e sobre o stress em vários ambientes corporativos e ambientes de trabalho.

Sobre o autor (2021)

Jon Kabat-Zinn, Ph.D., é cientista, escritor e professor de meditação. É Professor Emérito de medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts, onde fundou o Programa de Redução de Estresse Baseado em Mindfulness – MBSR, a Clínica de Redução de Estresse e o Centro de Mindfulness em Medicina, Assistência Médica e Sociedade. Além deste livro, é também o autor de Wherever You Go, There You Are: Mindfulness Meditation in Everyday Life (Hyperion, 1994, 2005), Nossos filhos, nossos mestres (em coautoria com Myla Kabat-Zinn; Objetiva, 1998) e Coming to Our Senses: Healing Ourselves and the World Through Mindfulness (Hyperion, 2005). É coautor (com Williams, Teasdale e Segal) de The Mindful Way Through Depression: Freeing Yourself from Chronic Unhappiness (Guilford, 2007). Autor de Arriving at Your Own Door: 108 Lessons in Mindfulness (Hyperion, 2007); Letting Everything Become Your Teacher (Random House, 2009). Editor de The Mind's Own Physician: A Scientific Dialogue with the Dalai Lama on the Healing Power of Meditation (com Richard Davidson, New Harbinger, 2011). Autor de Mindfulness for Beginners: Reclaiming the Present Moment and Your Life (Sounds True, 2012). Coeditor de Mindfulness: Diverse Perspectives on its Meaning Origins, and Applications (com Mark Williams, Routledge, 2013). Seus livros já foram publicados em mais de 35 idiomas. Em 1971 doutorou-se pelo MIT em biologia molecular, no laboratório de Laureate Salvador Luria, ganhador do Prêmio Nobel. Dedica sua carreira de pesquisador às interações da mente e do corpo para a obtenção da cura, e às aplicações clínicas do treinamento de meditação mindfulness para pessoas com dores crônicas ou transtornos ligados ao estresse. Seu trabalho tem contribuído para o aumento da divulgação do mindfulness nos meios e instituições mais convencionais, como a medicina, psicologia, assistência médica, escolas, empresas, prisões e esportes profissionais. Hospitais e centros médicos em todo o mundo agora oferecem programas clínicos baseados no treinamento em mindfulness e MBSR. Ele é membro fundador do Fetzer Institute e membro do Society of Behavioral Medicine. Recebeu o prêmio Art, Science, and Soul of Healing Award, do Institute for Health and Healing, California Pacific Medical Center de San Francisco (1998); o segundo Annual Trailblazer Award, por seu "trabalho pioneiro no campo da medicina integrada", do Scripps Center for Integrative Medicine de La Jolla, Califórnia (2001); o Distinguished Friend Award, da Association for Behavioral and Cognitive Therapies (2005); o prêmio Inaugural Pioneer in Integrative Medicine Award, do Bravewell Philanthropic Collaborative for Integrative Medicine (2007); o prêmio Mind and Brain de 2008, do Center for Cognitive Science, da Universidade de Torino, Itália; e o Pioneer in Western Socially Engaged Buddhism Award em 2010, da Zen Peacemakers Association. Ele é fundador do Consortium of Academic Health Centers for Integrative Medicine (CAHCIM), além de ser membro do conselho do Mind and Life Institute, grupo que organiza debates entre o Dalai Lama e os cientistas do Ocidente, a fim de promover uma compreensão mais aprofundada das diferentes maneiras de conhecer e investigar a natureza da mente, emoções e realidade. Ele e sua esposa, Myla Kabat-Zinn, estão engajados no apoio a iniciativas para promover mindfulness na educação primária e secundária, além de estimular relações parentais mais conscientes.

 

Biblioteca Mindfulness 1: A história do programa Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR)

 

Eduardo Negri de Farias

 

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24 de setembro de 2019

Abrir Leitor imersivo

KABAT-ZINN, Jon. Some Reflections on the Origins of MBSR, Skilfull means, and the trouble with mapsContemporary Buddhism. vol. 12, n. 1. p. 281-306. 2011.

Neste texto, Jon Kabat-Zinn, já com quase quatro décadas de experiência em meditação, discorre sobre seus primeiros contatos com este assunto, bem como o percurso para a estruturação do Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR) e suas implicações dentro da medicina tradicional.

Iniciou suas práticas meditativas nos idos dos anos 60, enquanto era estudante do curso de Biologia no MIT, quando iniciou sua reflexão sobre qual seria seu papel como habitante deste planeta. Ao iniciar sua carreira docente em sua área de formação, começa também a dar aulas de meditação e de Yoga e aprofundar seus conhecimentos em Dharma (ensinamentos de Buda).

Em 1979, três anos após ter iniciado a trabalhar na Escola de Medicina da Universidade de Massachussets, durante um retiro Vipassana, teve uma “visão” sobre os desdobramentos de uma adoção científica da meditação, e isto se tornou sua missão Cármica: levar a meditação e a Yoga para dentro da saúde pública como um complemento aos tratamentos médicos. Após apresentar a ideia sobre um programa complementar de autocuidado, baseado em meditação e Yoga, para pacientes a médicos do hospital, e esta ser bem recebida, surge o Programa de Redução de Estresse e Relaxamento já no formato de oito semanas de duração. Passados alguns anos tratando pacientes que já não respondiam aos tratamentos convencionais, este programa foi renomeado para Clínica de Redução de Estresse e incorporado como um serviço clínico do Departamento de Medicina, deixando de estar à margem do sistema de saúde principal. A meditação foi divulgada à classe médica em termos de auto regulação da atenção (terminologia já estabelecida a época), tornando-se como uma ponte entre os conceitos Dharma e a ciência médica. Vários trabalhos científicos foram realizados, utilizando-se da nomenclatura de treinamento em Meditação de Atenção Plena, os quais abordaram as diversas origens da meditação (Theravada, Mahayana, Vedanta, Correntes Chinesas e Coreanas), até que em meados de 1990, todo este trabalho passou-se a ser referenciado como MBSR, sendo que a palavra Mindfulness passou a também ser usada como sinônimo de todo este trabalho.

A Atenção Plena (Mindfulness) pode ser entendida como a orientação na observação da experiência vivida no momento presente sem qualquer julgamento. O autor não se apresenta simpático a produzir uma definição terminativa sobre Mindfulness, já que uma definição fechada pode limitar a compreensão mais profunda do Dharma e de toda a sua significação.

O autor reflete se o MBSR não limitou a abrangência total do Dharma a um conjunto de técnicas. Chega ao entendimento que não houve limitação, seja pela ampliação da consciência gerada pela Atenção Plena, seja pelos princípios hipocráticos adotados na profissão médica. A estes ainda se somam o Voto de Bodhisattva, o qual impulsiona o servir ao próximo, antes de servir a si próprio. Isso tudo impõe uma responsabilidade ética para aqueles que se predispõem a trabalhar com as Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBM), cabendo aos instrutores destas intervenções assumirem a responsabilidade de garantir a integridade, qualidade e padrões do MBSR.

A esta mesma reflexão, o autor adiciona sua preocupação referente ao treinamento fora do entorno não budista e a utilização de modelos mentais ou mapas para o ensino da Atenção Plena. Entendendo o lado positivo do uso de mapas como sendo verdadeiros guias e orientadores, ressalva, porém, que estes podem limitar a experimentação da Atenção Plena, cerceando sua amplitude, ao trazer limites e fronteiras às experiências individuais (o experimentar sem um julgamento ou delimitador). O não enquadramento da experiência, dentro de um paradigma conceitual ou de origem (linhagem), permite um entendimento maior da natureza autônoma da mente, bem como o reconhecimento de que os pensamentos e as sensações que os acompanham possuem uma atuação limitada sobre a pessoa. Recomenda, ainda o autor, aos instrutores que utilizem a essência dos conceitos (Dharma), sem necessariamente utilizar enquadramentos sobre os mesmos (inclusive as linhagens), utilizando um método aberto de ensino, denominado de “método sem método”. A experiência individual deve prevalecer a um modelo pré-formatado, qualquer que seja sua origem.

Entende o autor que a capacitação de um instrutor MBSR passa pela prática diária da meditação e por participar em retiros longos, o que denomina ser a prática de toda uma vida. Este também vê como imprescindível a experiência individual, a vivência nos conceitos universais do Dharma, os quais somente podem ser conhecidos de dentro para fora. Esta experiência individual calibra o instrutor a não levar aos aprendizes uma demanda acima daquela vivenciada pelo mesmo.

Em seu livro Viver a Catástrofe Total, Jon Kabbat-Zin descreve como a essência Budista da intervenção MBSR foi aplicada a pacientes que enfrentavam o estresse, a dor e a enfermidade, sempre gerenciando seu conflito interior de não negar origens budista, ao mesmo tempo que caracteriza o MBSR como sendo de embasamento científico, logo aplicável ao sistema de saúde principal. Permeou em suas preocupações quais seriam os entendimentos sobre o Mindfulness, dado que a meditação sempre esteve ligada a um ambiente religioso.

Passados mais de trinta anos, o alinhamento do Dharma com a medicina convencional é materializado por um crescente número de estudos científicos - os quais analisam os efeitos da meditação -, e pelas várias IBMs surgidas a partir do MBSR para as mais diversas aplicações (Terapia Cognitiva, Prevenção de Recaída ao uso de Drogas, Criação de Filhos, Consciência Alimentar, Cuidado de Idosos, entre outros).

Explica o autor ter criado o MBSR primeiramente para aliviar o sofrimento humano, incentivar a compaixão e aumentar o conhecimento sobre a conexão corpo e mente, dentro de um contexto não religioso. Cabendo também uma interpretação de que sua motivação estava centrada na divulgação dos ensinamentos contidos no Dharma, sendo que motivos mencionados são de fato os resultados da experimentação e vivência destes ensinamentos. Analisar de uma direção ou de outra, parece não descaracterizar os efeitos benéficos da MBSR sobre a qualidade de vida, tanto do ponto de vista psicológico, social, médico, quanto do científico.

Define o autor que o MBSR é mais do que uma prática, é um modo de ser.

 

O artigo original pode ser encontrado no site da Universidade do Estado da Pensilvânia pelo endereço http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/summary?doi=10.1.1.456.4201.

Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/hist%C3%B3ria-do-programa-mindfulness-based-stress-mbsr-negri-de-farias/

mindfulness: o que é e como ajuda na saúde mental

Mindfulness é um estado de atenção plena que pode ajudar quem a pratica a lidar melhor com suas emoções e, possivelmente, aprimorar sua saúde mental.

Hoje, o volume de tarefas e obrigações que carregamos nos ombros é tão grande que, às vezes, acabamos vivendo no piloto automático. Por consequência, prejudicamos nossa saúde mental. Você já se sentiu assim?

Mindfulness é um conhecimento milenar cujo objetivo é justamente permitir a “atenção plena” no momento presente, um estado mental alcançado por práticas meditativas.1; E o que isso tem a ver com o fato de vivermos no piloto automático? Ao adquirir tal estado de consciência e auto-regulação da atenção, é possível perceber emoções, ansiedades e sensações à medida que surgem, sem suprimi-las.2; Assim, adota-se uma postura mais flexível diante delas.

Portanto, mindfulness funciona como um canal para que o indivíduo aceite suas emoções e tenha mais recursos para lidar positivamente com elas.3;

Como a mindfulness funciona

A prática, apesar de não ter relação com religião, é praticada pelos budistas e por outras tradições filosóficas há mais de 3.000 anos.4Entretanto,na medicina contemporânea, está presente apenas há cerca de três décadas. De acordo com Jon Kabat-Zinn5, um dos principais responsáveis pela sua ocidentalização, um dos grandes motivos para esse movimento é o fato de que a “mindfulness é a simplicidade em si mesma”. Trata-se, portanto, de parar e estar presente. E isso é tudo!6

Há diversas formas de atingir o estado de atenção plena, como praticar a consciência da respiração, fazer movimentos suaves de yoga ou simplesmente sentar-se em silêncio.7 A mindfulness é, portanto, voltada às atividades práticas, como o ato de respirar e o escaneamento corporal (reconhecer e sentir cada membro do corpo).7

Mindfulness e saúde mental

A relação entre mindfulness e saúde mental é reforçada pelo Ministério da Saúde, pois “pode ser usada como terapia clínica em pessoas que sofrem com depressão, esquizofrenia, compulsão alimentar, dores crônicas e até com usuários de drogas”.1; Não se trata, no entanto, de uma substituição a tratamentos medicinais convencionais, mas sim de um complemento às demais formas de tratamento.7

De acordo com a Universidade de Harvard, por exemplo, certos pacientes que sofrem de depressão não respondem aos tratamentos mais comuns, como a terapia comportamental e o uso de antidepressivos. A meditação baseada na mindfulness seria, então, uma alternativa para aprimorar a saúde mental da pessoa.8

Nos últimos anos, mais pesquisas sobre o impacto da mindfulness na saúde mental têm sido desenvolvidas, apontando a sua influência em indivíduos que têm dores crônicas, são deprimidos ou ansiosos. Há, ainda, estudos menores que procuram relacionar os efeitos da prática ao manejo de estresse pós-traumático, fibromialgia e psoríase.8

A mindfulness também pode reduzir o estresse, segundo um estudo9 conduzido na West Virginia School Osteopathic Medicine, nos Estados Unidos. O foco da pesquisa foram estudantes de medicina, um grupo bastante sujeito a desenvolver altos níveis de estresse ao longo de sua jornada de estudos.9

“Se há uma prática que lhe permite encontrar paz e clareza, manter o foco e não ficar tão sobrecarregado (pela escola de medicina), ela será, sem dúvida, a melhor coisa para você”, disse a autora do estudo, Jennifer Golden. “Essa é uma ferramenta útil para os alunos, e é algo que traz resultados”, completa.

A mindfulness e as mulheres

Outro estudo10, conduzido em 2017 pela Escola de Medicina da Universidade de Yale, concluiu que as mulheres se beneficiam mais da mindfulness do que os homens. A pesquisa incluiu 77 estudantes que participaram de seminários e práticas de meditação específicas.

Outro estudo10, conduzido em 2017 pela Escola de Medicina da Universidade de Yale, concluiu que as mulheres se beneficiam mais da mindfulness do que os homens. A pesquisa incluiu 77 estudantes que participaram de seminários e práticas de meditação específicas.

No caso dos homens, por outro lado, não foi possível traçar essa mesma relação de forma tão direta. Para os autores do estudo, isso significa que o sexo masculino e feminino reagem de maneiras diferentes às emoções. As mulheres tenderiam a internalizá-las, enquanto os homens fariam o contrário e as externalizariam com mais frequência.

Para os pesquisadores, os resultados também mostram que é preciso desenvolver abordagens diversas em relação à mindfulness, mais adaptáveis ao gênero e a outras características individuais.

A técnica, portanto, não é simples. As práticas da mindfulness servem de base para cultivar comportamentos positivos de saúde e promover a resiliência psicológica e emocional, para melhor enfrentar os desafios da vida.77Mas para que tenham poder terapêutico e transformador, é importante que os profissionais responsáveis respeitem a sua complexidade e desenvolvam as habilidades necessárias para apoiar os pacientes.11

Seja pela mindfulness ou por outra qualquer outra técnica, cuidar da saúde mental é importante. Pesquise, experimente e entenda qual se aplica melhor à sua situação. O Sistema Único de Saúde (SUS)1;, por exemplo, disponibiliza 18 práticas integrativas e complementares que atuam no aprimoramento da saúde mental. Você experimentaria alguma delas?

Referências:

1. Ministério da Saúde [homepage na internet]. Mindfulness - técnica de meditação que pode tratar doenças [acesso em 29 Set 2018]. Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-saude/53253-mindfulness-tecnica-de- meditacao-que-pode-tratar-doencas

2. Bishop SR, Lau M, Shapiro S, Carlson L, Anderson ND, Carmody J, et al. Mindfulness: A Proposed Operational Definition. Clinical Psychology: Science and Practice. 2004. 11: 230-241. Disponível em: http://www.personal.kent.edu/~dfresco/mindfulness/Bishop_et_al.pdf

3. University of Minnesota [homepage na internet]. Mindfulness for Mental Health [acesso em 29 Set 2018]. Disponível em: https://www.takingcharge.csh.umn.edu/mindfulness-mental-health

4. Demarzo M, Garcia-Campayo J. Mindfulness Aplicado à Saúde. PROMEF - Programa de Atualização em Medicina de Família e Comunidade. 12ª edição. 125-64. 2017. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/317225586_Mindfulness_Aplicado_a_Saude_Mindfulness_for_Health

5. University of Massachusetts Medical School - Center for Mindfulness in Medicine, Health Care and Society [homepage na internet]. Jon Kabat-Zinn [acesso em 29 Set 2018]. Disponível em: https://www.umassmed.edu/cfm/about-us/people/2-meet-our-faculty/kabat-zinn-profile/

6. University of Massachusetts Medical School - The Center for Mindfulness in Medicine, Health Care and Society. Mindfulness-Based Stress Reduction (MBSR): Standards of Practice. 2014. Disponível em: https://www.umassmed.edu/contentassets/24cd221488584125835e2eddce7dbb89/mbsr_standards_of_practice_2014.pdf

7. University of Massachusetts Medical School - The Center for Mindfulness in Medicine, Health Care and Society [homepage na internet]. Introduction to Mindfulness [acesso em 29 Set 2018]. Disponível em: https://www.umassmed.edu/cfm/mindfulness-in-medicine/intro-to-mindfulness/

8. Harvard University - The Harvard Gazette [homepage na internet]. When science meets mindfulness [acesso em 29 set 2018]. Disponível em: https://news.harvard.edu/gazette/story/2018/04/harvard-researchers-study-how-mindfulness-may-change-the-brain-in-depressed-patients/

9. Kimberly W, Kolar M, Reger B, Pearson J. Evaluation of a Wellness-Based Mindfulness Stress Reduction Intervention: A Controlled Trial. American Journal of Health Promotion 15, no. 6. July 2001: 422–32. Disponível em: http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.4278/0890-1171-15.6.422

10. Rojiani R, Santoyo JF, Rahrig H, Roth HD, Britton WB. Women Benefit More Than Men in Response to College-based Meditation Training. Front. Psychol. 20 Apr 2017. 8:551. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2017.00551/full

11. Russell T, Siegmund G. What and who? Mindfulness in the mental health setting. BJPsych Bull. 40(6): 333–340. 2016 Dez. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5353507/

SABRAGE.MDY.18.10.0312 

Fonte: https://www.medley.com.br/contamana/conteudos-contamana/mindfulness-o-que-e

 

Programa de Redução de Stress Baseado em Mindfulness (MBSR): 1ª Edição (Novo)

 

Alguma vez repararam que quando estão a fazer uma tarefa rotineira e repetitiva, como conduzir ou aspirar a vossa mente está frequentemente a quilómetros de distância a pensar noutra coisa qualquer? A vossa mente pode estar a fantasiar com as próximas férias, ou a preocupar-se com alguma tarefa que têm para fazer no trabalho, ou a pensar em tantos outros assuntos. Em qualquer um dos casos, não estão plenamente presentes na experiência que estão a ter. A este modo de funcionamento podemos chamar de piloto automático. Mindfulness é o oposto do piloto automático, é estar em contacto com a experiência tal como ela é “aqui e agora”, permitindo-nos libertar de formas de pensar e reagir automáticas e inúteis.

O Programa de Redução de Stress Baseado em Mindfulness ou MBSR (Mindfulness-based Stress Reduction) foi criado pelo médico Jon Kabat-Zinn, na Escola Médica da Universidade de Massachussetts, nos EUA, no final da década de 70.
A eficácia do programa tem sido cientificamente demonstrada numa ampla variedade de condições médicas e psicológicas, pelo que se destina ao público em geral, com mais de 18 anos, que queira iniciar ou aprofundar a sua experiência no mindfulness e que pretenda aprender estratégias para reduzir os níveis de stress e ansiedade.
Benefícios, empiricamente validados, do Mindfulness:
Pessoas que meditam regularmente são mais felizes e vivem mais satisfeitas do que a média, o que tem importantes repercussões na saúde, já que as emoções positivas estão associadas a uma vida mais longa e saudável.
Entre outros aspectos constata-se que a prática regular de meditação:
- Diminui a ansiedade, a depressão e a irritabilidade;
- Melhora a memória e os tempos de reação;
- Aumenta o vigor físico e mental;
- Torna as relações interpessoais mais satisfatórias;
- Reduz os indicadores-chave de stresse crónico, incluindo hipertensão;
- Mostrou-se eficaz na redução do impacto de doenças graves, dor crónica e o câncro e pode ajudar na libertação de
dependências como drogas e álcool;
- Fortalece o sistema imunitário.

 Desenvolver competências de atenção, concentração e memória;
– Promover competências de gestão de stress;
– Promover comportamentos adequados de resposta a situações de stress, diminuído a reactividade às mesmas.
– Estimular competências adaptativas de regulação emocional;
– Estimular comportamentos e rotinas de auto-cuidado;
· Diminuir a reatividade à dor crónica;
– Aprender a viver de forma mais plena, momento a momento, com uma atitude de aceitação da experiência tal como ela for.

O MBSR é, assim, um programa experiencial, que combina práticas de mindfulness e uma abordagem psicoeducativa, com vista a desenvolver a capacidade de estarmos conscientes das nossas experiências (boas ou más, agradáveis ou desagradáveis), momento a momento, com uma atitude de aceitação, para que possamos aprender a responder, de forma mais adequada e eficaz ao stress e às exigências do dia-a-dia, em vez de lhes reagirmos automaticamente.

§ É organizado em formato de grupo, ao longo de 8 sessões, de cerca de 3h cada, e ainda um dia inteiro de retiro (durante um fim de semana).
§ Em cada sessão abordaremos um tema, sobretudo de forma experiencial, experimentando, praticando, e treinando.
§ Será ainda fornecido um “Manual do Participante”, com algum material de apoio aos temas abordados nas sessões, e serão enviadas gravações áudio com as práticas a realizar em casa.
§ Implica ainda que os participantes pratiquem diariamente em casa de forma consistente as ferramentas ensinadas.

Temas das sessões:
Sessão 1: Mindfulness: piloto automático vs regressar aos sentidos
Sessão 2: Perceção: formas de ver – “sair das nossas cabeças”
Sessão 3: Despertar: Modo de Fazer e Modo de Ser
Sessão 4: Reatividade ao Stress
Sessão 5: Responder ao Stress – Permitir a Aceitação
Sessão 6: Comunicação difícil
Retiro Mergulhar na prática (Quinta das Lágrimas)
Sessão 7: Qual a melhor forma de tomar conta de mim
Sessão 8: Manter viva a prática de Mindfulness

A metodologia do MBSR baseia-se numa componente sobretudo experiencial.

Fonte: https://psikontacto.com/formacao/programa-de-reducao-de-stress-baseado-em-mindfulness-mbsr-1a-edicao-novo/

Redução do Estresse Baseada em Mindfulness


MBSR significa Redução do Estresse Baseada em Mindfulness. O MBSR é um programa de treinamento que ensina a desenvolver a habilidade de atenção plena.  A sigla MBSR representa as primeiras letras do título do programa em inglês, Mindfulness Based Stress Reduction. O MBSR é referido como o programa mindfulness original por ter sido o primeiro.  É considerado um programa científico e laico, pois, além de ser baseado em evidências cientificas quando à sua eficácia, não possui caráter religioso, dogmático ou místico.

 

Esse programa de treinamento surgiu na década de 1980 no contexto hospitalar da Universidade de Massachusetts (UMass), Estados Unidos. Ele foi desenvolvido por Jon Kabat-Zinn, PhD professor e pesquisador da UMass, como um protocolo de intervenção clínica para pessoas que possuíam de doenças crônicas e seus cuidadores. Uma doença crônica é aquela que geralmente leva tempo para ser tratada, possui uma evolução lenta e pode durar meses, anos - ou até a vida toda – e comprometem a qualidade de vida da pessoa. Algumas doenças crônicas não apresentam sintomas, outras apresentam manifestações severas. Alguns exemplos são doenças cardiovasculares e hipertensão, dor crônica, fibromialgia, artrite reumatoide, diabetes – entre outras.

Mas o MBSR não é só para pessoas com condições crônicas de saúde. Kabat-Zinn percebeu que o programa poderia ajudar a lidar com o sofrimento em geral. Toda pessoa já experimentou sofrimento ou outros tipos de emoções e sentimentos negativos, desafiadores ou desagradáveis. O sofrimento faz parte da condução de Ser Humano. Quando passarmos por frustrações ou perdas, por exemplo, é normal experimentarmos algum tipo de sofrimento.

 

Pense num exemplo: digamos que você tenha feito planos para um passeio, uma viagem ou simplesmente ir a um lugar especial. Você toma todas as providências e avisa todas as pessoas envolvidas. Mas, na hora marcada para a saída, você descobre que o carro estragou, o voo foi cancelado ou sua carona não poderá mais buscar você... Arrumar outro meio de transporte levará tempo e, inevitavelmente, você perderá os compromissos planejados. Tudo o que você passou dias e horas planejando está cancelado! Como você se sentiria? Isso já aconteceu com você? É normal ficar chateado – e, tudo bem sofrer por isso. Mas não é só pelo fato do passeio em si ter sido cancelado (o que já aconteceu) que sofremos. Geralmente, sofremos por tudo o que deixaremos de fazer (o que ainda não aconteceu). E, tentar consertar o carro às pressas, arrumar uma carona a qualquer custo, insistir com a companhia aérea...  isso só faz o sofrimento e a angústia aumentar...

 

Angústias e sofrimentos geram um estado de estresse nas pessoas. Acontece que, com o passar do tempo, pessoas que experimentam estresse crônico acabam desenvolvendo diversos tipos de doenças físicas e mentais severas e incapacitantes. Isso prejudica seus relacionamentos, seu desempenho no trabalho e sua forma de viver e desfrutar da vida.

 

Kabat-Zinn entendeu que este tipo de treinamento poderia ser realizado por pessoas em diversos lugares e culturas para aliviar o sofrimento e aprender a lidar com as angústias e situações desafiadores. Por isso, deu o nome de Redução de Estresse ao programa, considerando que as técnicas e os conhecimentos ensinados atuariam centralmente no mecanismo do estresse.

 

Com o passar do tempo, os benefícios do MBSR foram sendo divulgados. Mais pacientes e mais pesquisadores foram se interessando, até que o MBSR e os seus benefícios ganharam espaço na mídia. O MBSR também é um dos programas com mais pesquisas científicas realizadas e um dos programas de meditação mindfulness mais praticados no mundo.

 

Quais os efeitos e benefícios do MBSR?

 

Já mencionamos que mindfulness não é uma prática inócua. Ou seja, ela acarreta modificações no cérebro.

 

Além dos benefícios gerais proporcionados pela prática da meditação mindfulness, pesquisas indicam que pessoas que passam por um programa MBSR de 8 semanas, ao final, relatam:

 

  • Redução dos níveis de estresse percebido
  • Regulação emocional, agindo de forma menos reativa;
  • Melhoria no foco atencional;
  • Melhoria no enfrentamento de sintomas e condições de saúde crônicas, como fibromialgia, enxaqueca, doenças cardíacas.

 

Para quem o programa MBSR é indicado?

 

Não é necessário ter experiência ou qualquer tipo de conhecimento prévio com mindfulness para participar do programa. Por ser um treino que desenvolve habilidades gerais, pode ser praticado tanto por pessoas saudáveis que desejam melhorar sua saúde e aumentar a sensação de bem-estar quanto por pessoas que experimentam estresse e alguns topos de condições crônicas de saúde. Outras indicações são:

 

  • Estudantes, vestibulandos e concurseiros que desejam melhorar foco e concentração e equilibrar estudos com autocuidado;
  • Profissionais que desejam equilibrar as demandas do trabalho e da vida pessoal e familiar;
  • Pessoas que buscam desenvolver a criatividade e reduzir vieses limitantes;
  • Líderes e gestores que desejam melhorar suas habilidades interpessoais e tomar decisões mais conscientes;
  • Pessoas que buscam melhorar as habilidades de comunicação, relacionamento interpessoal e inteligência emocional;
  • Pessoas com ansiedade e que, geralmente, apresentam insônia;
  • Pessoas que queiram fortalecer a memória;
  • Pessoas que querem lidar melhor os sintomas de doenças crônicas, como dor crônica, estresse e outras;
  • Pessoas que cuidam de outras pessoas (cuidadores) e que desejam manejar o estresse e cuidar de sua saúde mental.

 

Como funciona o programa de treinamento MBSR?

 

O programa MBSR pode ser feito presencialmente ou online ao vivo (quando todos os participantes se conectam simultaneamente). O treinamento está organizado em 4 etapas principais.

 

1. Sessão Introdutória

A primeira etapa é uma palestra, ou sessão introdutória. Este é o momento da teoria: são apresentadas as evidencias e embasamentos científicos, além de orientar sobre como o treinamento vai funcionar e tirar dúvidas dos participantes. Daqui por diante, tudo será 100% prático.

 

2. Programa Redução do Estresse Baseado em Mindfulness (MBSR)

A segunda etapa é a realização do programa em si. O MBSR está estruturado como um treinamento de 8 aulas/sessões, sendo realizada uma aula por semana com duração média de 2 horas e 30 minutos cada. No total, o programa dura 8 semanas – por isso muitas pessoas costumam chama-lo também de Programa de 8 semanas. O treinamento acontece em grupo – já se sabe que a participação em grupo potencializa o aprendizado e torna o processo mais dinâmico e integrador.

 

A cada aula, são ensinadas técnicas diferentes, de forma estruturada e sistemática. Gradativamente, o participante vai aprendendo mecanismos para desenvolver a habilidade de mindfulness. O curso é totalmente prático. Os participantes aprendem as técnicas para poderem praticá-las diariamente durante a semana, entre as sessões.

 

3. Prática Diária entre Sessões

Há tarefas e atividades a serem realizadas diariamente, entre as aulas, e elas são parte importante para desenvolver mindfulness. É como aprender a escrever: no começo parece complexo, as letras saem tortas e aprendemos uma palavra por vez. Mas, conforme vamos à escola e treinamos todos os dias, vamos aprendendo novas palavras e melhorando nossa caligrafia. Depois de algum tempo, temos a habilidade para ler e escrever frases sempre que for preciso em nosso dia - desde ler o rótulo de um produto no supermercado até escrever e-mails em nosso trabalho. Isso acontece com mindfulness: aprendemos as técnicas novas em cada sessão e, conforme vamos praticando diariamente, vamos desenvolvendo essa habilidade para que esteja disponível para ser usada a qualquer momento do dia, sempre que precisarmos.

 

No programa MBSR, você recebe todo o material de que precisa para realizar as atividades diárias. Após cada aula, é fornecido um material didático de apoio e os áudios de prática para a semana. Além das técnicas baseadas em mindfulness, também aprendemos outras ferramentas que ajudam a trazer consciência para as atividades e momentos do nosso dia.

 

4. Dia de Prática ou Dia do Silêncio:

Entre a sexta e a sétima aula, um programa MBSR original possui uma sessão chamada Dia de Prática. Esta é uma aula especial em que os participantes passam um dia inteiro praticando mindfulness em silêncio - sem celular, redes sociais, televisão e leituras, sem conversas e tarefas habituais. Durante a sessão, praticam-se todas as técnicas como forma de aprofundar o aprendizado, desenvolvendo consciência sobre hábitos, padrões mentais e de comportamento.

 

E o que acontece depois?

 

A intenção é que, ao longo das 8 semanas de curso, você tenha desenvolvido um novo hábito, integrando mindfulness na sua rotina. É esperado que você tenha desenvolvido essa habilidade para usar em todos os momentos da sua vida.

 

O material que você recebe durante o curso ficará com você para relembrar os conteúdos sempre que precisar. Além disso, há materiais complementares, áudios e convites para participar de atividades que contribuem para a manutenção e aprimoramento da sua prática.

Fonte: https://eumindful.com/conteudo/mbsr

Mindfullness: A importância na saúde e no bem-estar

A prática de mindfulness se tornou parte da medicina comportamental a partir dos programas de redução de estresse de Kabat-Zinn de 1982. Com sua origem nas práticas orientais de meditação, esse conceito desencadeou o interesse de clínicos fora da área da medicina comportamental. Kabat-Zinn define mindfulness como uma forma específica de atenção plena que envolve concentração no momento atual, intencional e sem julgamento. Com isso, essa prática envolve o indivíduo de maneira biopsicossocial, abarcando manejos de meditação que buscam o equilíbrio do organismo de forma integral.
Diante das exigências do mundo moderno, distanciamo-nos da habilidade inata de concentração devido ao bombardeio de informações e distrações do cenário atual. Acalmar a mente, tomar decisões e manter o foco no que se vive agora são atitudes cada vez menos exploradas no dia a dia. Os diversos benefícios dessa aplicação são comprovados pela neurociência e por milhares de praticantes em todo o mundo, com destaque para o aperfeiçoamento de produtividade, foco e criatividade, bem como para a inteligência emocional, a redução de estresse e ansiedade, a melhoria da imunidade e dos processos fisiológicos e, ainda, o bem-estar físico.
Cada vez mais estudos avaliam o impacto do mindfulness sobre fatores relacionados à saúde e ao estilo de vida, incluindo comportamentos alimentares prejudiciais (como padrões irregulares de alimentação e alimentação emocional) e controle do peso corporal. O ato de comer de forma consciente significa atenção no momento de se alimentar, ou seja, manter o foco nos atributos sensoriais dos alimentos (como cheiro, sabor, aroma e textura), reconhecendo respostas fisiológicas subjetivas e prestando atenção aos sinais de saciedade. Um estudo de revisão, que incluiu 21 estudos de intervenções baseadas na prática de mindfulness, com o objetivo de alterar os comportamentos alimentares relacionados à obesidade, verificou que 86% dos estudos analisados sugeriram melhora no comportamento, na ingestão alimentar e no peso corporal.
REFERÊNCIAS
EBERTH, J; SEDLMEIER, P. The Effects of Mindfulness Meditation: A Meta-Analysis. Mindfullness, v. 3, n. 3, p. 174-189, Sep. 2012.
OLSON, KL; EMERY, CF. Mindfulness and weight loss: A systematic review. Psychosomatic Medicine, v. 77, n. 1, p. 59-67, Jan. 2015.
O’REILLY, GA et al. Mindfulness-based interventions for obesity-related eating behaviours: a literature review. 
Obesity Reviews, v.15, n. 6, p. 453-461, Mar. 2014.
VANDENBERGHE, L; SOUZA, A. Mindfulness nas terapias cognitivas e comportamentais. Rev. Bras. Ter. Cogn., Rio de Janeiro, v.2, n.1, p. 35-44, jun. 2006.

Fonte: https://nutricaoesteticabrasil.com.br/mindfullness-importancia-saude/

 

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