MORRE NOS EUA AOS 96 ANOS, TONY BENNETT O CANTOR MAIS POPULAR DO MUNDO, DO JAZZ AO POP E A ENCARNAÇÃO DO SONHO AMERICANO
Tony Bennett é um dos maiores nomes da música Reprodução/Instagram
Morre Tony
Bennett, aos 96 anos, em Nova York
Cantor se notabilizou por sete décadas
de carreira e por duetos com artistas como Frank Sinatra, Amy Winehouse e Lady
Gaga
Por O Globo — Nova York
21/07/2023 09h31 Atualizado há 3
horas
Morreu, aos 96 anos, o astro da música pop e do jazz Tony Bennett, em Nova York, confirmou um assessor do artista, nesta sexta-feira. Bennett foi diagnosticado com a doença de Alzheimer em 2016, mas continuou a se apresentar e gravar até 2021. Na época, ele escreveu no Twitter: "A vida é um presente - mesmo com Alzheimer". No entanto, embora estivesse com a função cognitiva prejudicada, ele ainda era capaz de cantar o repertório.
Voz que defendeu, por anos a fio, a sofisticada canção americana do século XX (de compositores como Jerome Kern, Irving Berlin, George Gershwin, Richard Rodgers, Cole Porter, Hoagy Carmichael e Harold Arlen, além de ter cantado ao lado de Frank Sinatra, Amy Winehouse e Lady Gaga, ele vendeu milhões de discos em todo o mundo e ganhou 20 Grammys, incluindo um prêmio pelo conjunto da obra.
A carreira e a vida de Tony Bennett em imagens
'O cantor mais popular do mundo'
Com mais de 70 anos de carreira, Bennett chegou a ser chamado de "o maior cantor popular do mundo" por Sinatra. Até 2009, vendeu mais de 50 milhões de discos. Ele ficou mais mais conhecido no mundo pela gravação de 1962 de "I left my heart in San Francisco", até hoje sua canção mais popular.
A "Variety" destacou que o artista foi um dos principais do segmento pop nos anos 1950 e início dos anos 1960. No entanto, retomou o estrelato nos anos 1990, sob a gestão do filho, Danny. Ele também voltou aos holofotes da música mundial ao gravar um dueto de "Body and Soul" com Amy Winehouse. Também lançou um álbum com Diana Kral e gravou canções com Lady Gaga.
A última aparição pública do artista foi com Gaga, no Radio City Music Hall em agosto de 2021. O último lançamento de sua carreira ocorreu dois meses antes disso — um set de "Love For Sale", sequência de "Cheek to Cheek" que alcançou o topo das paradas de 2014.
Vida e obra de Tony Bennett
Tony Bennett nasceu Anthony Dominick Benedetto em 1926. Filho de imigrantes italianos, ele teve uma educação pobre em Queens, em Nova York. Seu pai morreu quando ele tinha 10 anos, quando o menino já cantava profissionalmente. Na adolescência, ele se tornou um garçom cantor, ganhando dinheiro para a família antes de se matricular para estudar música e pintura na Escola de Arte Industrial de Nova York.
Depois de servir nos estágios finais da Segunda Guerra Mundial como soldado de infantaria do Exército dos EUA na Alemanha e na França (a experiência com a guerra, que ele definiu certa vez como "assassinato legalizado", o traumatizou pela resto da vida) , Bennett começou sua carreira como cantor de canções pop comerciais (inicialmente com o nome de Joe Bari) e depois acabou assinando com a Columbia Records.
Seu primeiro grande sucesso veio em 1951 com Because of You, que ganhou popularidade nas jukeboxes, depois alcançou o primeiro lugar nas paradas pop, vendendo mais de um milhão de cópias.
Os sucessos continuaram ao longo da década: "Blue velvet", "Rags to riches", nos quais buscou igualar-se o suingue de seu herói de infância, Frank Sinatra. Nos 50, também, ele lançou álbuns que virariam clássicos, como "The beat of my heart" e "Basie wings, Bennett sings".
Logo, Tony Bennett se tornou um ídolo adolescente e, quando se casou com sua primeira esposa, Patricia Beech, em 1952, milhares de fãs se vestiram de preto para "lamentar" a cerimônia.
Sua carreira sofreu um golpe em meados dos anos 60, com a chegada às paradas americanas do rock de bandas inglesas como os Beatles e os Rolling Stones. Nos 70, ele enfrentou uma série de problemas pessoais, incluindo o fim de seu segundo casamento e um sério vício em drogas. No entanto, dois álbuns gravados com o pianista Bill Evans (em 1975 e 1976) seriam a chave para seu ressurgimento como uma figura central na música dos Estados Unidos.
A virada vida veio quando Tony Bennett contratou o filho Danny para ser seu empresário. Seu álbum da volta, "The art of excellence" (1986), devolveu-o de vez o sucesso. "Perfectly Frank" (1992) – uma homenagem a Frank Sinatra – liderou as paradas de jazz da Billboard dos EUA, enquanto o "MTV Unplugged", de 1994 viu Bennett ganhar um Grammy de álbum do ano.
A partir daí, o cantor tornou-se uma presença constante nas TVs e colaborou com uma série de artistas como kd lang, Amy Winehouse, Queen Latifah e Diana Krall, que ajudaram a manter sua relevância com artistas mais jovens. Seu álbum de 2006, "Duets: An American Classic", contou com participações de Paul McCartney, Elton John e George Michael.
Admirador da cantora Leny Andrade, Tony Bennett chegou a gravar o clássico de Milton Nascimento, "Travessia" (com letra em inglês, "Bridges"), e veio ao Brasil algumas vezes. Em 1979, deu canjas em boates cariocas em apresentações dos pianistas Luiz Eça e Osmar Milito. Em 2012, gravou em Miami duetos com Ana Carolina e Maria Gadu para o disco "Viva duets".
Além de cantar, Tony Bennett foi um exímio pintor, com telas expostas no Smithsonian Institution e no Butler Institute of American Art. Em 2001, ele fundou a Frank Sinatra School of the Arts em Queens, Nova York, que oferece formação em artes plásticas, dança, música vocal e instrumental, teatro e cinema.
Democrata por toda a vida, Bennett apoiou o movimento dos direitos civis, participou das marchas de Selma a Montgomery em 1965, e se recusou a se apresentar na África do Sul da era do apartheid.
Fonte:https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2023/07/21/astro-do-jazz-tony-bennett-morre-aos-96-anos.ghtml
Lady Gaga e Tony Bennett no Grammy 2015 — Foto: Larry Busacca/Getty Images North America/Getty Images Via AFP/Arquivo
Tony Bennett
era a encarnação do sonho americano, diz Arthur Dapieve
Comentarista da GloboNews fala do
início da carreira da lenda da música que morreu nesta sexta-feira (21), aos 96
anos.
Por g1
21/07/2023 10h34 Atualizado há 8
horas
O cantor Tony Bennett, ícone da música romântica americana, morreu aos 96 anos. A informação foi confirmada por sua representante, Sylvia Weiner, nesta sexta-feira (21). Bennett é conhecido por suas canções tradicionais da música romântica americana como "I Left My Heart In San Francisco", e ganhou admiradores que vão de Frank Sinatra a Lady Gaga.
Arthur Dapieve, comentarista da GloboNews, relembra que Bennett marca a vida artística de Nova York, assim como fez Frank Sinatra em seu tempo.
"Ele incorporava essa elegância, mas também era a encarnação de uma faceta do sonho americano. Tal como Sinatra, ele era filho de italianos, de calabreses. Começou a carreira como cantor ainda no tempo das big bands, mas ele foi movido para outros tipos de música e nunca foi exatamente um cantor de jazz"
Uma das características mais marcantes de Bennett, explica Dapieve, sempre foi a generosidade com artistas mais jovens e a resistência em manter um estilo musical próprio.
Sua última aparição em público foi em agosto do ano passado, em uma apresentação com Lady Gaga, chamado de "One last time", o que demonstra a longevidade da carreira artística.
"Ele soube conservar a voz em um meio que é um meio de boemia. Ele manteve essa potência vocal, com essa capacidade de encantar e entreter", completa Dapieve.
Arthur Dapieve, comentarista da GloboNews, relembra que Bennett marca a vida artística de Nova York, assim como fez Frank Sinatra em seu tempo.
"Ele incorporava essa elegância, mas também era a encarnação de uma faceta do sonho americano. Tal como Sinatra, ele era filho de italianos, de calabreses. Começou a carreira como cantor ainda no tempo das big bands, mas ele foi movido para outros tipos de música e nunca foi exatamente um cantor de jazz"
Uma das características mais marcantes de Bennett, explica Dapieve, sempre foi a generosidade com artistas mais jovens e a resistência em manter um estilo musical próprio.
Sua última aparição em público foi em agosto do ano passado, em uma apresentação com Lady Gaga, chamado de "One last time", o que demonstra a longevidade da carreira artística.
"Ele soube conservar a voz em um meio que é um meio de boemia. Ele manteve essa potência vocal, com essa capacidade de encantar e entreter", completa Dapieve.
Lenda da música
Tony Bennett começou sua carreira no início da década de 1950 e mostrou o talento com a voz forte e cheia de personalidade. Crooner à moda antiga, ele cantou faixas como "Because of You", "Rags to Riches" e "The Good Life".
Entre seus últimos trabalhos estão duetos com nomes clássicos e contemporâneos da música, como Aretha Franklin. Em março de 2011, Bennett gravou com Amy Winehouse o single "Body and soul" nos estúdios Abbey Road, em Londres. A parceria entrou no disco "Duets 2". Ele também cantou ao lado de Lady Gaga. Entre as faixas dos duetos com a cantora pop estão "Lady is a tramp", "I've Got You Under My Skin", "Love for Sale", "I Get A Kick Out Of You" e "Night and Day".
Em 2012, ele lançou "Viva duets", álbum bilíngue com artistas latino-americanos como Gloria Estefan, Thalía e as brasileiras Maria Gadú e Ana Carolina.
O cantor conversou com o g1, em 2012, quando passou pelo país em turnê, aos 86 anos. Na época, ele dizia que não pensava em se aposentar. "Bem, amo ir no Brasil e tive sorte de estar no país quando a bossa nova começou a virar moda. Eu imediatamente reconheci que seria um poderoso gênero musical", disse na época.
Fonte:https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2023/07/21/tony-bennett-e-a-encarnacao-do-sonho-americano-diz-arthur-dapieve.ghtml
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