TRANSTORNO BIPOLAR: TIPOS, SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

  

O diagnóstico costuma ser confundido com o de outras condições
O diagnóstico costuma ser confundido com o de outras condições Pexels


Transtorno bipolar: tipos, sintomas, diagnóstico e tratamento

Condição se manifesta, em média, a partir dos 25 anos; com o tratamento adequado, é possível ter qualidade de vida

Por Marcella Centofanti, Colaboração Para Marie Claire — São Paulo

01/05/2023 06h00  Atualizado há um mês


Todos os seres humanos experimentam flutuações de humor. A euforia e a tristeza fazem parte da vida. No entanto, pode ser sinal de transtorno bipolar quando cada um desses estados dura dias ou semanas. A mudança de comportamento chega a ser tão extrema que a pessoa pode ter dificuldade de seguir com a rotina diária.

O transtorno bipolar, antigamente conhecido como maníaco-depressivo, é uma condição em que a pessoa alterna momentos de depressão e de mania ou hipomania. Com o tratamento adequado, o indivíduo consegue ter uma boa qualidade de vida.

Embora não tenha uma causa específica, a condição geralmente ocorre em famílias. De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, 80 a 90% dos indivíduos com transtorno bipolar têm um parente com o mesmo diagnóstico ou depressão.

A entidade informa ainda que fatores ambientais, como stress, distúrbios do sono e uso de drogas e álcool podem desencadear surtos em pessoas vulneráveis. A idade média em que os sinais aparecem é 25 anos.

Durante a depressão, a pessoa tem, por exemplo, pensamentos negativos, tristeza, vontade de chorar, irritabilidade, perda de interesse por atividades que antes davam prazer e alteração no apetite e no sono. Esse estado permanece a maior parte do dia e pode durar semanas.


Já na fase da mania, por causa de uma hiperatividade do sistema nervoso central, o indivíduo se sente eufórico, com muita energia, sem sono nem vontade de dormir. Fala acelerada é outro sinal comum, assim como uma felicidade incompatível com a realidade.

“O grande problema da mania é que a pessoa pode se expor a riscos. Ela pode ter muitas relações sexuais ou fazer compras descontroladamente. Algumas pessoas têm alteração do discernimento, se achando poderosas e ricas, manifestando até mesmo alucinação nessa fase”, explica a psiquiatra Jéssica Martani.

Nesses ciclos, há também períodos em que o humor está neutro, numa fase conhecida como eutimia.

O leigo sempre acha que bipolar é aquele indivíduo que está cada hora de um jeito. Não é assim. As fases da depressão e da mania são bem marcadas. A pessoa sai do que seria o normal dela
— Jéssica Martani, psiquiatra

Dificuldade de diagnóstico

O diagnóstico do transtorno bipolar é clínico, a partir da conversa entre o médico e o paciente. Porém, a condição costuma ser confundida com outros quadros.

“Em muitos casos, a pessoa não tem uma mania tão franca. Ela manifesta uma agitação que parece ansiedade. Ela tem empolgação, dificuldade de dormir e impulsividade, mas numa escala mais branda, que a gente chama de hipomania. O indivíduo consegue desempenhar suas atividades diárias”, afirma a médica.

Nesses casos, o psiquiatra pode olhar somente para a fase "baixa" e, erroneamente, dar o laudo de depressão.

A condição também é equivocadamente interpretada como transtorno de personalidade borderline. “Até mesmo os psicólogos se atrapalham, mas são diagnósticos bem diferentes. O borderline pode ter, no mesmo dia, alterações dos estados de humor”, explica Jéssica Martani.

Já indivíduos que manifestam alucinação na fase da mania podem ser tidos como esquizofrênicos. “A diferença é que o bipolar volta às faculdades mentais. Já na esquizofrenia cada crise pode piorar o estado mental da pessoa”, diz a psiquiatra.

Tipos de transtorno bipolar

Existem três categorias da condição, de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria:

- Transtorno bipolar tipo I: Presença de um episódio maníaco que dure pelo menos uma semana. Algumas pessoas também apresentam episódios depressivos ou hipomaníacos; a maioria manifesta períodos de humor neutro.

- Transtorno bipolar tipo II: Caracterizado por episódios depressivos mais graves do que os maníacos. A pessoa tem surtos de hipomania e frequentemente outras doenças mentais associadas, como transtorno de ansiedade ou transtorno por uso de substâncias, que pode exacerbar sintomas de depressão ou hipomania.

- Ciclotimia: Trata-se da forma mais branda, caracterizada por mudanças cíclicas no humor, com hipomania e sintomas depressivos que não são tão intensos quanto nos outros tipos do transtorno.

Tratamento

O tratamento é à base de medicamentos e psicoterapia. Os fármacos utilizados são os denominados estabilizadores de humor. O mais conhecido deles é o carbonato de lítio, embora também sejam usados anticonvulsivantes e antipsicóticos.

O acompanhamento terapêutico é fundamental para que a pessoa consiga identificar em si mesma os primeiros sinais de anormalidade.

“Às vezes, a mania é tão prazerosa que a pessoa não busca ajuda. O paciente precisa se conscientizar do problema, para conseguir ter qualidade de vida, se relacionar bem e desempenhar suas atividades ocupacionais”, aponta Jéssica Martani.


Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/05/transtorno-bipolar-tipos-sintomas-diagnostico-e-tratamento.ghtml



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