VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO CAUSADOR DE BRONQUIOLITE: OS RISCOS DA INFECÇÃO PARA CRIANÇAS DE 0 A 4 ANOS E IDOSOS DEBILITADOS


Crianças prematuras devem ser imunizadas contra o Vírus Sincicial Respiratório — Foto: Banco de imagens/AbbVie

Crianças prematuras devem ser imunizadas contra o Vírus Sincicial Respiratório — Foto: Banco de imagens/AbbVie


 Vírus Sincicial Respiratório

O vírus sincicial respiratório é um vírus que afeta a respiração de bebês e crianças pequenas devido a uma infecção causada por sua atividade no organismo do paciente.

 

O que é vírus sincicial respiratório?

O vírus sincicial respiratório é um vírus que afeta a respiração de bebês e crianças pequenas devido a uma infecção causada por sua atividade no organismo do paciente.

O vírus sincicial respiratório pode também ser conhecido pela sigla VSR e é altamente contagioso, sendo capaz de causar condições sérias no paciente, como a bronquiolite.

Um aumento de infecções pelo vírus sincicial respiratório costuma ser notado em alguns meses do ano, como durante o inverno e a primavera, por exemplo.

Apesar de ser mais comum em bebês e crianças, o VSR pode afetar pacientes em todas as faixas etárias, especialmente idosos e imunossuprimidos.

Como o vírus sincicial respiratório é transmitido?

A transmissão do vírus sincicial respiratório acontece por meio do contato com gotículas de ar e com as secreções de pacientes que estão infectados com o vírus.

Até mesmo o contato com superfícies (brinquedos, por exemplo) que tenham a presença do vírus pode causar a infecção por VSR, por isso, é importante limpar os brinquedos.

Quais os sintomas de infecção por vírus sincicial respiratório?

De modo geral, a infecção por vírus sincicial respiratório começa com coriza, tosse e febre leve. Conforme os dias passam, a criança pode apresentar outros sintomas, como:

· dificuldade para respirar;

· dedos e lábios azulados;

· secreção nasal;

· espirros;

· chiado;

· dificuldades para mamar, se for um bebê;

· dor de cabeça;

· dor de garganta;

· perda de apetite;

· prostração;

· cansaço.

Se a dificuldade em respirar for muito grande, é recomendado procurar atendimento médico de imediato, para que essa condição possa ser controlada.

Em alguns casos, crianças infectadas com o vírus sincicial respiratório podem não apresentar sintomas.

Como é o tratamento do vírus sincicial respiratório?

O tratamento do vírus sincicial respiratório costuma ser enfocado nos sintomas que o paciente apresenta. Durante o período de recuperação, é recomendado que o paciente fique em repouso e em isolamento, evitando contato com outras crianças.

Para prevenir a transmissão do vírus sincicial respiratório, é recomendado fazer a desinfecção e a higienização de superfícies que a criança vai ter contato, além de evitar contato com crianças doentes.

A Rede D’Or possui hospitais espalhados por 6 estados brasileiros. Todas as instituições possuem selos de qualidade nacionais e internacionais, como o que é oferecido pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), que são uma garantia de excelência no atendimento hospitalar.

Ao todo, são mais de 80 mil médicos das mais diversas especialidades, disponíveis para auxiliar no tratamento e no diagnóstico de condições diversas.

 

Fonte: https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/virus-sincicial-respiratorio

vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das principais causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças pequenas.

Segundo dados do boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as infecções causadas pelo vírus sincicial respiratório foram responsáveis por 59% dos casos de SRAG nas crianças com até 4 anos de 11 de dezembro de 2022 a 7 de janeiro de 2023.

Geralmente, o vírus costuma circular com mais intensidade no outono e no inverno, mas, no início de 2023, ele apresentou um aumento das hospitalizações do público infantil fora de época.

De acordo com a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, o aumento da circulação do vírus no Hemisfério Norte e a maior mobilidade das pessoas, que estão viajando mais, estão entre as hipóteses para a alta nos casos durante verão no país.

“Existe uma população de suscetíveis, que são as crianças que não entraram em contato com o vírus sincicial durante a pandemia devido ao isolamento. Agora, as famílias estão voltando a viajar e essa circulação do vírus num período fora do usual talvez seja reflexo dessa maior mobilidade e retomada das viagens”, avalia a infectologista.

O que é o vírus sincicial?

O vírus sincicial respiratório é um vírus de RNA que causa quadros respiratórios em todas as faixas etárias, mas é mais comum e pode ser mais grave em bebês e crianças, complementa a especialista.

Entre as que têm o maior risco de desenvolver as formas graves da doença, estão: recém nascidos prematuros; menores de seis meses; menores de dois anos que tenham algum problema pulmonar congênito ou adquirido, doenças cardíacas, imunodeprimidas ou que tenham problemas neuromusculares que comprometam a respiração.

“Na maioria das vezes, elas terão um quadro gripal leve, muito parecido com resfriado. Quando desenvolvem a forma mais grave, acontece uma inflamação das pequenas vias aéreas (chamado de bronquiolite) ou uma pneumonia. Pode ser necessária a internação e às vezes até ficar em uma unidade de terapia intensiva”, destaca a infectologista.

Existe tratamento para o vírus sincicial?

Não existe um tratamento com antiviral específico. Quando diagnosticado, crianças que precisam de internação recebem suporte clínico, principalmente oxigênio, fisioterapia respiratória e hidratação.

Quais sintomas são identificados pela infecção?

Os sintomas da infecção pelo vírus sincicial respiratório são basicamente os mesmos de uma gripe ou resfriados causados por outros vírus, como o coronavírus ou a influenza. O paciente pode começar a sentir o nariz entupido, ficar mais apático e comer menos até o quadro evoluir para tosse e dificuldade respiratória.

“Alguns sinais, principalmente nos bebês, podem ser mais difíceis de serem identificados. Por isso, os pais devem observar irritabilidade, redução do apetite e pausas respiratórias (apneias) que ocorram por mais de dez segundos. Nem sempre os bebês vão ter febre, então é preciso estar atento”, ressalta Gouveia.

O diagnóstico pode ser feito por meio de uma série de exames, mas ele não é o mais importante.

“Em tempos de pandemia, provavelmente as crianças que derem entrada com esses sintomas em hospitais serão testadas para descartar outras infecções respiratórias. É importante saber qual é o agente que está acometendo a criança, mas o diagnóstico do vírus sincicial é basicamente clínico. Por isso, os pais das crianças menores precisam ficar atentos aos sinais e sintomas para procurar um rápido atendimento”, orientou a infectologista.

Como prevenir a infecção pelo vírus sincicial

As medidas de prevenção do vírus sincicial são as mesmas para evitar a infecção pelo coronavírus ou por influenza. Para as crianças com menos de dois anos não existe a indicação do uso de máscara; por isso, é muito importante a atenção dos pais para higienização das mãos com água e sabonete. Confira algumas dicas para evitar a infecção em família:

  • Os pais não devem tocar as mucosas do olho, nariz e boca;
  • A família deve evitar o contato com pessoas com síndrome gripal;
  • Sempre usar lenço descartável, de preferência;
  • Fazer a limpeza das superfícies;
  • Deixar as crianças em casa quando estiverem doentes, mesmo os irmãos que estão bem; é comum que o bebê infectado tenha um irmão mais velho que vai para a escolinha e, por isso, também pode transmitir o vírus.

Ainda não existe uma vacina para prevenção do vírus sincicial respiratório e, mesmo após ser infectada, a criança não adquire imunidade permanente. Ou seja: se ela entrar em contato com o vírus novamente, pode desenvolver a doença mais uma vez.

“Bebês prematuros, crianças com doenças congênitas ou com condição pulmonar crônica têm indicação de receber uma medicação profilática (um anticorpo monoclonal chamado palivizumabe) que deve ser aplicada antes do período de sazonalidade do vírus, que normalmente acontece no fim do outono e início de inverno. Os pais desses bebês devem procurar o pediatra para avaliar essa possibilidade”, alerta Gouveia.

Adultos também ficam doentes

Alguns adultos, principalmente os imunodeprimidos ou aqueles com doenças pulmonares, também podem ter complicações quando se infectam com o vírus sincicial respiratório. Especialmente idosos com mais de 65 anos ou adultos com doença crônica, ou cardíaca, que podem ter uma descompensação do quadro de base.

“Adultos com asma, por exemplo, ou mesmo doença pulmonar obstrutiva crônica podem ter seus quadros piorados, resultando em insuficiência respiratória”, explicou a médica. Segundo o boletim da Fiocruz, nessa faixa etária, a Covid-19 segue prevalecendo entre os casos de SRAG.

As vacinas contra a influenza ou contra a Covid não protegem contra o vírus sincicial, mas as medidas de prevenção são as mesmas: “tudo o que aprendemos na pandemia é aplicável na prevenção de todos os vírus respiratórios”, finaliza a infectologista.

Fonte:https://vidasaudavel.einstein.br/virus-sincicial-entenda-os-riscos-da-infeccao-respiratoria/

 

VSR: o pouco conhecido vírus que se espalha entre crianças no mundo e também no Brasil

  • Sophie Hardach
  • BBC Future
Criança dormindo

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Com isolamento social, VSR 'pulou' uma temporada, mas acabou voltando com mais força - e fora de época - em alguns lugares

No início de 2021, a equipe do Hospital Infantil de Maimonides, no Brooklyn, em Nova York (EUA), começou a experimentar uma cautelosa sensação de alívio. Os casos de covid-19 na cidade estavam em queda. Como efeito colateral do distanciamento social, uso de máscaras e lavagem constante de mãos, notava-se também a queda de outras infecções virais, como a gripe. Mas eis que, em março, um número crescente de crianças e bebês começou a chegar ao hospital com dificuldade para respirar.

Eles haviam sido infectados com o VSR, sigla de vírus sincicial respiratório, uma infecção comum no inverno e causadora de problemas pulmonares. Naquela época, fim do inverno no hemisfério Norte, os casos de VSR deveriam estar minguando, mas em vez disso estavam crescendo.

Nos meses seguintes, casos de VSR fora de temporada abalaram o verão em lugares tão distantes entre si quanto o sul dos EUA, a Suíça, o Japão e o Reino Unido. No Brasil, os mais recentes boletins InfoGripe, da Fiocruz, também citam o aumento no número de casos de VSR, presente em todo o país, com maior incidência registrada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

O estranho comportamento do vírus parece ser uma consequência indireta da pandemia de covid-19, dizem médicos. No ano passado, o isolamento social impediu sua circulação, mas, como resultado, muitas crianças não tiveram a oportunidade de criar imunidade contra ele.

Quando as medidas de isolamento foram relaxadas, o VSR se deparou com uma vasta população de bebês e crianças suscetíveis, causando surtos em momentos inesperados. Até então um vírus razoavelmente previsível, o VSR se tornou capaz de surpreender hospitais e famílias a qualquer momento do ano. Os surtos não sazonais sobrecarregaram equipes médicas, colocaram famílias em alerta e mostrou o quanto a covid-19 e as reações associadas a ela estão redesenhando o mundo.

Em alguns lugares, equipes médicas viveram momentos traumáticos.

VSR

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Vírus Sincicial Respiratório em geral produz quadros semelhantes a um resfriado, mas em alguns casos pode provocar bronquiolite em crianças pequenas

"Nossa UTI voltou a ficar sobrecarregada, desta vez não com covid, mas com outro vírus", relembra Rabia Agha, diretora do setor de doenças infecciosas pediátricas do Hospital Maimonides. No pico do surto em nova York, no início de abril, a maioria das crianças internadas na UTI tinham se infectado com o VSR.

Ao redor do mundo, o vírus avançou sobre populações de crianças que, até então, estavam havia meses protegidas de doenças infecciosas.

"Foi uma surpresa. Sabíamos que havia algo em que prestar atenção, mas não sabíamos que seriam tantas (crianças doentes)", afirma Christoph Berger, chefe do departamento de doenças infecciosas e epidemiologia do Hospital Universitário Infantil de Zurique, na Suíça.

Ali, as infecções de VSR geralmente sobem em janeiro e zeram entre junho e agosto, meses de verão. Neste ano, porém, não houve casos no inverno - em vez disso, a infecção começou a crescer em junho e alcançou 183 casos em julho, muito além dos índices de invernos anteriores.

"Ficamos lotados, todos os leitos ocupados, o que é um desafio", diz Berger a respeito da situação em julho.

Para os hospitais infantis da cidade suíça, o VSR virou um problema maior do que o coronavírus havia sido no país no verão. "Não tivemos quase nenhum caso de covid-19 naquele período", diz Berger. As poucas crianças que chegaram ao hospital com quadro de covid-19 se recuperaram rapidamente. "As que tinham VSR tiveram que ficar mais tempo (no hospital)", afirma.

A infecção pelo VSR, por si só, não é causa para preocupação. Segundo o Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC), a maioria das crianças vai ser infectada pelo vírus antes dos dois anos. Na maioria dos casos, o quadro será semelhante ao de um resfriado, com coriza e tosse, e a recuperação se dá por conta própria.

Mas, em alguns bebês e crianças pequenas, o vírus pode causar bronquiolite, uma inflamação nos brônquios pulmonares, causando dificuldades para comer e respirar.

Em torno de 1% a 2% de bebês com menos de seis meses precisam ser hospitalizados e tratados com suplementação de oxigênio por máscaras ou tubos nasais. Em alguns casos, também é necessário uma sonda alimentar. Com essas intervenções, a maioria das crianças melhora em questão de dias.

Antes da pandemia de coronavírus, os hospitais costumavam se preparar para surtos de VSR antes do inverno. A maioria dos casos de risco, como de bebês prematuros e os com comorbidades pulmonares e cardíacas, eram protegidos com uma dose de anticorpos palivizumabe, que precisa ser administrada mensalmente durante os meses de atividade do VSR - mais um motivo pelo qual a preparação antecipada ao vírus é tão importante.

Criança com máscara de oxigênio

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Em geral, quando as crianças adoecem com o VSR, tratamento consiste em suplemento de oxigênio

A pandemia bagunçou esse ritmo sazonal, bem como seu papel na imunidade infantil.

"Com as medidas que tínhamos contra covid-19 (...), uma temporada de VSR foi pulada. E se você pula uma, não está produzindo anticorpos contra ele, e mães não estão produzindo anticorpos que são passados aos seus bebês", diz Agha.

Como resultado, esses bebês podem estar particularmente vulneráveis ao VSR quando a sociedade se reabre. Dados de diferentes países sustentam a ideia de vácuo de imunidade por conta de uma temporada "pulada". "O maior aumento relativo de casos é entre crianças de um ano de idade que 'perderam' uma temporada de VSR no outono/inverno passado", disse por e-mail à BBC a Agência de Saúde Pública britânica ao descrever o avanço dos casos no verão em partes da Inglaterra.

Esse salto de uma temporada aumenta o grupo de bebês e crianças suscetíveis porque ficaram isoladas, bem como os bebês nascidos desde então. Isso torna o surto viral mais poderoso. Em Tóquio, pesquisas identificaram o maior crescimento anual em casos de VSR desde que o monitoramento começou, em 2003.

Para além das circunstâncias da pandemia, outros aspectos desse cenário viral envolvendo o VSR ainda não foram esclarecidos, como por que o vírus (mas não o da gripe) avançou quando o isolamento social foi relaxado.

O padrão dessa variação sazonal do VSR também varia de país para país. Agha e sua equipe no Brooklyn observaram que o surto ali foi incomumente severo, afetando crianças bem mais novas do que o comum e forçando a internação de várias delas na UTI. Mas na Austrália, por exemplo, o grupo afetado foi mais velho do que de costume.

Criança tomando injeção

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Crianças sob risco maior de VSR podem ser protegidas com injeção de anticorpos

Uma grande questão é qual será o padrão para os próximos meses, uma vez que surtos no verão não necessariamente impedem ressurgimentos da doença nos meses mais frios. Em algumas partes do mundo, tem havido um aumento somente agora, no outono do hemisfério Norte.

"O VSR e a bronquiolite causada por ele são, com certeza, o motivo da preparação dos hospitais infantis", diz Sophia Varadkar, vice-diretora médica e neurologista pediátrica no Hospital Infantil Great Ormond Street, em Londres.

Ali, os casos têm começado a subir, e ela prevê a chegada de mais pacientes nas próximas semanas.

Para pais e cuidadores de bebês, o VSR pode resultar em uma preocupação maior do que com a covid-19, diz Varadkar. "A covid em crianças, de modo geral, não foi um problema significativo. Não adoeceu tantas. O VSR é potencialmente um mal maior, afetando mais crianças, e sabemos que ele pode adoecer os bebês pequenos."

Com a reabertura das escolas, vírus como o VSR terão mais oportunidades de espalhar. Mas o comportamento dos adultos pode ser mais crucial. Na Suíça, creches e grupos infantis se mantiveram em funcionamento durante o inverno, e crianças pequenas não usavam máscaras. A despeito disso, quase nenhuma criança adoeceu com o VSR ou de gripe durante o inverno - e o motivo provavelmente foi que as medidas sanitárias adotadas pelos adultos ajudaram a proteger as crianças.

"As pessoas sempre dizem que as crianças infectam os adultos, mas, se você pensar bem, não foi o caso - foi o oposto disso", diz Berger. "Quando adultos e crianças mais velhas usam máscaras, mantêm o distanciamento social e lavam suas mãos, não vemos nem gripe nem VSR. E quando eles arrefecem nesses controles, o vírus volta a circular, e mais crianças pequenas vão parar no hospital."

Mesmo apesar do surto no verão, hospitais do hemisfério Norte permanecem em alerta. "Não tenho a menor ideia de como vai ser - se já passaram todos os casos ou se veremos uma nova onda no inverno", prossegue o médico.

Lavagem cuidadosa de mãos e distanciamento de bebês vulneráveis de pessoas com coriza ou tosse pode ajudar na prevenção. Essas medidas também ajudam a achatar a curva de um surto de VSR, dando aos hospitais a capacidade de suportar aumentos na demanda.

"Para a maioria das crianças, o VSR só causará um adoecimento leve, que pode ser tratado pelos pais, porque elas só precisarão de conforto, alimentação mais frequente, paracetamol se tiverem febre e só", diz Varadkar.

Mas se o bebê apresentar dificuldade em respirar ou mamar, ou se os pais sentirem que algo simplesmente não vai bem, eles devem procurar atendimento médico, afirma ela.

No Hospital Infantil Maimonides, em Nova York, o pico de casos do VSR passou. Mas Agha enxerga uma lição maior para os hospitais que estão se adaptando a um mundo pós-covid.

"O que isso nos ensinou foi que você precisa estar preparado", diz a médica. "Não viemos os mesmos tempos de dois anos atrás. A vida mudou, o mundo mudou, e esses vírus estão evoluindo e se comportando de modo inesperado.

Vírus sincicial respiratório: 95% dos casos de VSR no ano são em crianças de 0 a 4 anos; conheça o 'vilão' da temporada

Vírus sincicial respiratório é mais frequente no outono e no inverno e pode ser fatal em bebês, crianças e idosos. Nos últimos anos, infecções também foram registradas em níveis altos fora da época. Para especialista, Covid-19 "bagunçou" a sazonalidade do VSR.

Por Marina Pagno, g1

08/04/2023 05h00  Atualizado há 16 horas

 

O vírus sincicial respiratório (VSR) esteve presente em 30% dos casos de doenças respiratórias registradas no Brasil nos primeiros três meses de 2023. Entre janeiro e março, foram mais de 3,3 mil infecções - dessas, 95% atingiram apenas bebês e crianças de 0 a 4 anos.

Os dados do Ministério da Saúde, coletados e monitorados pela iniciativa Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostram uma mudança de padrão na circulação do VSR, um vírus muito transmissível e bastante perigoso. Conhecido por ser o "vilão" da temporada outono e inverno, ele aparecia pouco nos meses mais quentes, mas o comportamento mudou nos últimos anos.

  • No primeiro trimestre deste ano, o VSR causou mais infecções que o vírus da gripe;
  • Ele só perde para a Covid-19, que ainda representa mais de 50% dos casos positivos entre doenças respiratórias;
  • Em 2022, foram registrados 14.489 casos de VSR no Brasil - 13.542 (93%) somente na faixa etária de 0 a 4 anos.

↪️ Ao que tudo indica, a Covid-19 "quebrou" a sazonalidade do VSR de forma indireta, fazendo com que os casos do vírus sejam registrados em níveis por vezes elevados durante o ano todo.

⚠️ A infecção causada pelo VSR pode ser grave em grupos de risco, como bebês, crianças, idosos e portadores de distúrbios cardíacos congênitos ou doenças pulmonares crônicas.

Confira abaixo mais detalhes sobre o vírus e como se proteger:

O que é o VSR?


Apesar de ser pouco conhecido, o VSR sempre esteve presente no Brasil, circulando junto com outros vírus respiratórios, e é bem semelhante ao vírus influenza, causador da gripe.

  • 👃 Os sintomas são parecidos como os de um resfriado comum: febre, tosse, espirros, coriza e mal-estar.
  • 👍 Em adultos com imunidade elevada e boas condições de saúde, eles desaparecem em poucos dias.
  • 👎 Mas, entre os pequenos e os mais velhos, a infecção pode evoluir e atingir brônquios, alvéolos e pulmões, o que pode ser fatal. Entre os sinais, estão febre alta, muita tosse e, principalmente, dificuldade para respirar.

Em casos graves, o VSR causa bronquiolite, doença que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões, e pneumonia, principalmente em bebês prematuros ou no primeiro ano de vida.

"É um vírus que não dá imunidade duradoura. Você não pega só uma vez na vida. As reinfecções vão ser comuns. A segunda, a terceira, a quarta, a quinta vez que você se encontra com o vírus, a tendência é ter sintomas mais leves. Então, o risco maior é nos mais novos, que não tem imunidade, ou nos mais velhos, que perderam a imunidade", disse o pediatra infectologista Renato Kfouri.

Transmissão: o VSR é MUITO contagioso e é transmitido pelo ar ou pelo toque de objetos contaminados.

Prevenção: é muito parecido com o que vivemos na pandemia. Evitar ambientes fechados com aglomeração, higienização das mãos e uso de máscaras ajudam na redução da transmissão.


Qual é a época do VRS?


De acordo com Kfouri, as infecções por VRS sempre precedem os casos de influenza no Brasil.

  • sazonalidade do vírus varia de acordo com a região: no Norte, por exemplo, começa em fevereiro. Já no Sul, em abril;
  • Em todos os casos, o período de prevalência das infecções vai, no máximo, até agosto, segundo o Ministério da Saúde.

Porém, a pandemia desorganizou o protagonismo dessa circulação. No período de confinamento, muitas crianças não desenvolveram a imunidade necessária contra o VSR - segundo estudos, a maioria das crianças tem contato com o vírus até os 3 anos de idade, mas sem complicações graves.

"O distanciamento, as crianças fora da escola, fizeram com que a gente não tivesse esse vírus em circulação. Isso acumulou um número grande de suscetíveis a ele: aquelas crianças que se infectariam no primeiro ou segundo ano de vida não se infectaram, não se expuseram ao vírus", disse o médico.

"Com a retomada das rotinas e a retirada da máscara, as crianças começaram a se infectar. E agora a gente está vendo um aumento na circulação de vírus e mais crianças infectadas", explicou Kfouri, que também presidente o departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Isso justifica os casos de VSR registrados fora de época. Mas, mesmo com o vírus circulando em períodos não esperados, o pico sempre ocorre nos meses mais frios. Foram mais de 7,2 mil infecções por VSR entre abril e julho de 2022 contra 4,1 mil entre outubro do mesmo ano e janeiro de 2023.

Segundo o pediatra, a tendência é de que a sazonalidade "se reorganize" com o tempo.


Tem vacina contra VSR?


Ainda não. Farmacêuticas no mundo todo estão há anos trabalhando na criação de uma vacina contra o VSR por conta da letalidade do vírus em bebês e idosos.

  • 💉 A Pfizer elabora uma vacina para gestantes, que protegem a mãe e o bebê contra o VSR, e outra para idosos. Testes clínicos de fase 3 mostraram uma eficácia de mais de 80% nos dois imunizantes;
  • 💉 A vacina da farmacêutica GSK se mostrou 82,6% eficaz contra a doença em pessoas com 60 anos ou mais.

Até o momento, não houve aprovação para uso dos imunizantes por agências reguladoras internacionais.

Enquanto a vacina não chega, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um medicamento para prevenir o VSR: é o palivizumabe, um anticorpo monoclonal que não permite que o vírus se hospede nas células humanas. Na rede pública, ele é indicado para bebês com menos de 1 ano de idade que nasceram prematuras e crianças com menos de 2 anos com doenças pulmonares crônica ou cardíaca congênita.


Fonte:https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/04/08/virus-respiratorio-95percent-dos-casos-de-vsr-no-ano-sao-em-criancas-de-0-a-4-anos-conheca-o-vilao-da-temporada.ghtml


Fiocruz alerta para prevenção do Vírus Sincicial Respiratório (VSR)


30/05/2022

Erika Drumond (Portal Fiocruz)

  

Coriza, tosse, febre, mal-estar. Esses são sintomas que podem indicar apenas um resfriado, mas o quadro também é provocado pelo vírus sincicial respiratório (VSR), agente causador de doenças como a bronquiolite, inflamação que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões. Provocada por vírus, a doença ocorre sazonalmente, sendo sua incidência mais frequente nos meses de outono e inverno no Brasil, principalmente em crianças até 2 anos de idade. A Fiocruz faz um alerta para a prevenção e o diagnóstico para evitar casos graves.

A Fiocruz faz um alerta para a prevenção e o diagnóstico para evitar casos graves de vírus sincicial respiratório (foto: Portal Fiocruz)

 

“Quando os sintomas evoluem para o chiado no peito (sibilância) e esforço respiratório, a criança deve ser rapidamente levada ao pronto atendimento pediátrico para avaliação médica. O quadro pode ou não evoluir para uma insuficiência respiratória, podendo ser necessário internação hospitalar e uso de oxigênio por meio de ventilação não invasiva ou invasiva", informa Flavia A. Anisio de Carvalho, alergista e imunologista no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

O VSR é responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Ainda não existe vacina contra a doença, mas o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, desde 2013, o medicamento palivizumabe – indicado especialmente para bebês prematuros extremos, aqueles com cardiopatia congênita ou doença pulmonar crônica, casos em que a infecção costuma ser mais grave.

Prevenção e tratamento 

O vírus é muito contagioso, sendo transmitido pelo ar, por toque e por objetos contaminados. A prevenção é similar às outras infecções de causa viral, incluindo a covid-19.  A médica reforça a importância de evitar ambientes fechados e com aglomeração de pessoas – sobretudo nos primeiros três meses de vida. Manter os ambientes com ventilação adequada, lavar as mãos com sabão ou usar álcool em gel, além de máscaras são outras medidas que favorecem a redução da transmissão viral. 

O crescimento do VSR, assinala Flávia Carvalho, ocorre em um momento de redução da circulação do coronavírus, sendo importante manter a atenção para outras infecções respiratórias, que também podem levar à quadros graves com necessidade de internação em UTI. “Com a pandemia e o período de isolamento social, o VSR e outros vírus tiveram sua circulação quase interrompida, devido ao uso de máscara e de medidas de higiene mais constantes”, assinala. Além disso, diminuir o contato com crianças e adultos infectados é mais uma forma de prevenção. 

Com relação à mãe que amamenta, a recomendação é o uso de máscara e higiene adequada das mãos, especialmente se apresentar sintomas catarrais, como tosse, coriza e obstrução nasal. “Ela pode e deve amamentar”, ressalta a especialista. “Além disso, não há indicação de interromper a amamentação, estando indicada até pelo menos dois anos de idade, sendo o único alimento necessário para o bebê até os 6 meses de vida”, afirma.

Mesmo não havendo vacina contra o vírus, a especialista faz um alerta para que os familiares mantenham o calendário vacinal em dia. “É preciso vacinar contra a gripe, os bebês a partir dos 6 meses, já que o vírus influenza é outra causa de infecção pulmonar potencialmente grave”, destaca. Ela assinala ser fundamental manter as outras vacinas em dia, a fim de evitar a transmissão de doenças imunopreveníveis às crianças. 

Na maioria dos casos, a doença apresenta sintomas leves, que variam entre sete e 12 dias. O tratamento é feito em casa por meio de medidas gerais de suporte, como antitérmicos em caso de febre, e medidas para desobstrução nasal, como inalações com soro e a lavagem nasal. Em alguns casos, podem estar indicados broncodilatadores e nebulização com salina hipertônica. “Esse tipo de nebulização, feita com soro mais salgado, faz com que o muco seja expectorado com mais facilidade, desobstruindo as vias aéreas”, explica. Em casos mais graves, nos quais a criança apresenta dificuldade respiratória, o tratamento é hospitalar, podendo ser empregada a oxigenioterapia”, realça.

Boletim Infogripe

Nos primeiros quatro meses do ano, o Ministério da Saúde notificou mais de 3,5 casos de SRAG causados pelo vírus sincicial, sendo as crianças menores de 4 anos as mais atingidas. Dados do Boletim do InfoGripe, divulgado no dia 5 de maio, mostram o aumento nos casos associados ao VSR em crianças de 0 a 4 anos e um aumento nos casos de rinovírus. 

Na faixa etária de 5 a 11 anos, observa-se o aumento na detecção de outros vírus respiratórios no mês de março, predominando o rinovírus. A Fiocruz salienta que a proteção vacinal é importante para reduzir as chances de infecções das vias aéreas, bem como possíveis complicações.

Fonte:https://portal.fiocruz.br/noticia/fiocruz-alerta-para-prevencao-do-virus-sincicial-respiratorio-vsr#:~:text


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