SAIBA QUAIS SÃO E QUAIS OS DESAFIOS PARA A GERAÇÃO ALPHA


O desafio de educar a Geração Alpha — Foto: Getty Images

O desafio de educar a Geração Alpha — Foto: Getty Images

 Saiba quem são e quais os desafios e expectativas para a Geração Alpha

Conheça o mundo surpreendente das crianças que nasceram a partir de 2010, seus desejos e desafios, e o nosso papel, como pais e mães, para ajudá-las a lidar com toda a potência que carregam dentro de si

Por Fernanda Montano

12/04/2023 07h49  Atualizado há uma semana

 

 Você se admira com as habilidades que o seu filho tem com a tecnologia? E mesmo tão pequeno, no quanto é empático e atento a questões como o meio ambiente? Saiba que essas são algumas das características da geração Alpha, que engloba as crianças e adolescentes nascidos entre 2010 e 2024. Para Mark McCrindle e Ashley Fell, estudiosos do assunto responsáveis pela denominação dessas crianças e autores do livro Generation Alpha: understanding our children and helping them thrive (“Geração Alpha: entendendo nossos filhos e ajudando-os a prosperar”, em tradução livre), as palavras que mais definem esta turma são: digital, social, visual, global e móvel – sendo esta última relacionada à flexibilidade, mudança e independência.

A mudança não é algo único deles, claro, mas a velocidade em que acontece, seu tamanho e seu alcance são sem precedentes. “A principal diferença desta geração é o contexto em que são educados, estimulados e desenvolvidos", explica o escritor e palestrante Sidnei Oliveira, especialista em gerações, autor do livro Gerações: encontros, desencontros e novas perspectivas, da Integrare Editora.

Por isso, está tudo bem se você, tantas vezes, se sente perdido ao criar e educar o seu filho. Esta reportagem tem o papel justamente de elucidar quem é essa geração, o que a diferencia de quem veio antes e o que esperar das crianças para o futuro. E o principal: trazer caminhos para ajudar os pequenos a se desenvolver plenamente, com a mente e o corpo saudáveis e, sobretudo, felizes e preparados para um mundo tão complexo e em constante transformação.

Pandemia: marcante por si só

Se tem um ponto em relação aos pequenos dessa geração que não se pode ignorar é que eles sobreviveram a uma pandemia, que, aliás, ainda se arrasta. E se, para nós, adultos, os impactos são imensuráveis, os efeitos da crise sanitária e humanitária deixou marcas nessas crianças e adolescentes, de formas distintas – tanto que os autores de Generation Alpha citam, inclusive, que eles podem ser chamados de geração covid-19. “Durante a pandemia, alguns amadureceram, cresceram, embora tenham sofrido. Outros regrediram e desenvolveram complicações por conta das características individuais”, afirma o psiquiatra Wimer Bottura, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria. Fato é que os impactos no desenvolvimento, aprendizado e saúde mental, causados, principalmente, pelos sentimentos de medo e insegurança da covid-19 podem influenciar essa garotada toda sua vida.

período do isolamento ainda reverbera na casa da advogada Anny Sposeto, 40 anos, mãe de Isabela, 9 anos, e Sofia, 7. Seu marido e pai das meninas, Tiago Sposeto, 40 anos, é médico do SUS, trabalhou direto na fase crítica da pandemia e, por conta disso, teve de morar por três meses fora de casa. “Ali, a saúde mental delas degringolou. Fizemos tratamento com psicóloga, já tiveram alta, mas continuo mantendo alguns exercícios de respiração, ioga e atenção plena com elas diariamente”, diz.

Mas não há só o lado negativo da história, não. As crianças levarão dessa experiência a valorização do tempo em família e do convívio com os avós. “Essa situação pandêmica proporcionou um maior contato entre filhos e pais com estes trabalhando dentro de casa – com uma tensão maior, mas com mais proximidade. Para aquelas cujas famílias conseguiram lidar bem com o momento, foi um ganho enorme, já que conexão e vínculo refletem de forma positiva nos pequenos, sempre”, diz o psiquiatra Bottura.

E depois de tantas adversidades que tiveram de enfrentar (como as aulas online, a distância dos amigos... entre outros), a resiliência é, sem dúvida, um ponto alto dessa geração. Segundo pesquisa dos autores australianos, 78% dos pais acreditam que a pandemia deixou os filhos mais resilientes.

A covid-19 ainda não sumiu do mapa, e algumas marcas deixadas nas crianças podem demorar a passar. Por isso, ao perceber algum reflexo no seu filho, como ansiedade, medo ou defasagem no aprendizado, aja. Converse na escola, façam juntos exercícios de respiração, procure um hobby de que ele goste, proporcione momentos ao ar livre e na natureza, preze pelo sono de qualidade e, claro, procure ajuda profissional – de um psicólogo ou de um professor particular – quando necessário.

Saúde além do corpo

Vivemos uma crise de saúde mental, como já sinalizou a Organização Mundial da Saúde (OMS), e um estudo da Universidade de Calgary (Canadá), feito com mais de 80 mil crianças e adolescentes do mundo todo, mostrou que a presença de ansiedade na faixa entre 4 e 17 anos subiu de 11,6% (antes da pandemia) para os atuais 25,2%. O emocional das crianças se tornou um problema tão sério que fez com que a Associação Americana de Pediatria (AAP) declarasse “emergência de saúde mental” para crianças e adolescentes. Só entre março e outubro de 2020, os Estados Unidos registraram um aumento de 24% no número de atendimentos relacionados à saúde mental daqueles entre 5 e 11 anos. Entre a população de 12 a 17 anos, o crescimento foi de 31%.

Para além da pandemia, outros fatores vêm contribuindo para esse cenário: a tecnologia em excesso, a toxicidade das mídias sociais, a dificuldade em ouvir “não” e vivenciar frustrações. Portanto, fique atento a sinais que podem indicar que o seu filho está sofrendo, como agressividade, recusa para ir à escola, fazer atividades que sempre gostou, problemas de sono, entre outros.

O bom é que essa geração parece estar mais atenta a essas questões. Dados do estudo Gen Alpha: Generation Infinite, feito pelo grupo Cassandra, principal autoridade em pesquisa dos millennials (geração Y), geração Z e geração Alpha, dos Estados Unidos, apontam que 59% dos Alphas entendem que a saúde mental é uma questão importante – com a pandemia esse assunto passou a ser abordado mais abertamente – e crianças e adolescentes começaram, inclusive, a fazer terapia.

O melhor para fortalecer o seu filho emocionalmente é manter um canal aberto e sem julgamentos para que ele fale o que está sentindo. Leia livros que abordem as emoções, questione na escola se há algum trabalho sobre inteligência emocional, valorize o esforço e a dedicação em vez do resultado, proporcione experiências de conexão (jogar um jogo de tabuleiro, fazer um piquenique no meio da sala, passear na pracinha de mãos dadas ou fazer uma viagem em família). Mais: não hesite em procurar ajuda profissional, caso julgue necessário.

E, como a gente sabe que nosso emocional reflete nos nossos filhos, esteja mais atento a você. Procure ter momentos de respiro (ainda que não seja possível ter uma massagem toda semana, mas sentar no sol por dez minutos ou ler algumas páginas de um livro que goste dá para encaixar na rotina), faça terapia se achar válido, converse com quem faz bem a você, procure ter boas noites de sono e se alimentar de maneira saudável.

Nativos digitais

O desafio de educar a Geração Alpha — Foto: Getty Images

O desafio de educar a Geração Alpha — Foto: Getty Images

Geração Alpha começa em 2010, mesmo ano do lançamento do primeiro iPad e do Instagram. A tecnologia e o fato de ela ser nativa digitalmente desempenham um grande papel em como enxerga a si mesma e o mundo ao seu redor. Segundo o estudo Gen Alpha: Generation Infinite, 76% dos entrevistados acreditam que o bem que a tecnologia traz supera o mal que supostamente pode ocasionar. Outra pesquisa feita com mais de 16 mil crianças e adolescentes em países dos cinco continentes (incluindo o Brasil), da Global Web Index, empresa de pesquisa de audiência da Inglaterra, mostrou que mais da metade (65%) das crianças de 8 a 11 anos possuem celular ou acessam um em casa.

Sim, eles estão hiperconectados. Sim, a tecnologia tem boas experiências. Sim, ela nos salvou e aos pequenos na pandemia. Mas não podemos fechar os olhos para os prejuízos que ela traz se utilizada em excesso. “As crianças embrenham-se em jogos na web, navegam em aplicativos com facilidade, dominam os eletrônicos e tutoriais online. Mas, por outro lado, frustram-se com questões comuns do dia a dia e parecem ter pouca resistência ao menor limite colocado pela escola ou pela família. Em parte, isso está relacionado às próprias características da internet que, em geral, traz respostas imediatas sem demandar tanto esforço mental e, principalmente, físico”, pondera a psicanalista e psicopedagoga Elizabeth Sanada, coordenadora da pós-graduação em Psicopedagogia do Instituto Singularidades, em São Paulo (SP).

Por outro lado, se fizer parte da rotina do seu filho de forma saudável, ele estará num caminho natural para o que o aguarda no futuro próximo – afinal, o metaverso pode parecer coisa de outro mundo para nós, mas será natural para ele. “A tecnologia vai ser o menor dos problemas no futuro do trabalho para essa geração. As empresas hoje têm o desafio de transformar os funcionários em digitais. Os Alphas têm fluência digital de sobra, comandar a inteligência artificial (IA) por voz ou por texto vai fazer parte do dia a dia, o relacionamento ser humano X máquina será tão comum como nossa relação hoje com o micro-ondas”, opina Mônica Magalhães, especialista em inovação disruptiva e fundadora da agência Disrupta de exploração de futuro.

Você não precisa criar seu filho numa bolha alheia à tecnologia, mas deve cuidar disso assim como faz com a alimentação ou a higiene dele. Como? Tudo começa pela conexão – se o vínculo com seu filho não está forte e seguro, você pode pedir mil vezes para ele largar o celular que não terá sucesso. Então façam combinados, tanto de tempo quanto de conteúdo.

E lembre-se: não adianta só usar aplicativos de controle parental – é muito mais sobre educação digital, sobre ensinar seu filho a usar a tecnologia de forma saudável. Até porque ele precisa aprender a ter esse discernimento por conta própria, já que, inevitavelmente, vez ou outra, estará assistindo a um vídeo no YouTube no celular do amigo. “Controlo em casa, mas, ainda assim, minha filha sabe as músicas do TikTok, porque aprende com as amigas. Por isso, estou sempre conversando com ela sobre o assunto”, conta a empresária Alice Santana, 42 anos, mãe de Ana, 8 anos.

Entre os diversos desafios da presença da tecnologia na vida da geração Alpha, o TikTok com certeza é um dos primeiros da lista. Um levantamento da empresa de aplicativos de controle parental Qustodio, feito com 60 mil famílias de crianças e adolescentes entre 4 e 14 anos, mostrou que essa rede impulsionou o crescimento do uso de redes sociais pelos pequenos em 200%. Mesmo que a idade mínima da rede seja 13 anos, é fato que as crianças estão por lá – basta observar a quantidade de festas infantis com esse tema. Porém, o ambiente pode ser nocivo, com tantos conteúdos que estimulam a erotização precoce, o consumismo, entre outros.

Ou seja: cuide do que seu filho faz na internet. Esteja junto. Naveguem juntos. Ainda que ele reclame que a prima tem rede social ou que o amigo joga aquele jogo violento, converse e estabeleça os limites de acordo com o que você julga correto. Além disso, incentive-o a usar a tecnologia de formas mais saudáveis, mostrando exemplos de vídeos que ensinam a desenhar, fazer artesanato e visitas virtuais a museus de outros cantos do mundo.

Brincar mais e sempre

O desafio de educar a Geração Alpha — Foto: Getty Images

O desafio de educar a Geração Alpha — Foto: Getty Images

Um ponto que impacta no comportamento da Alpha é a diminuição do espaço e do tempo dedicado ao brincar – algo que também aconteceu com a geração Z (nascidos entre 1995 e 2009), mas que vem piorando nos últimos anos. As causas são multifatoriais, desde a insegurança dos pais em permitir que as crianças brinquem na rua, passando pela agenda sobrecarregada de atividades extracurriculares até a presença cada vez maior do tempo de tela na rotina dos pequenos.

“Criamos a ideia de que a criança tem de estar ocupada, daí, quando ela se vê diante de um ‘nada a fazer’, não suporta o tédio. Sem tempo para brincar, não permitimos que o pequeno aprenda a ter suas próprias experiências de elaboração, ou seja, de aprender com situações que as brincadeiras trazem, como lidar com a espera, eventuais conflitos, o sabor de novas descobertas”, afirma o pedagogo e psicólogo Flávio Azeredo, de São Paulo (SP). E não é só isso: a pediatra Ana Márcia Guimarães, membro do Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), lembra de outros prejuízos causados pela falta do brincar: “O impacto direto na saúde física, como problemas ortopédicos, visuais, obesidade e transtornos do sono, além das questões relacionadas à saúde mental, como ansiedade, depressão, estresse tóxico e vício em internet, que já é um problema de saúde reconhecido pela OMS”.

O antídoto para isso você já sabe, né? Deixe espaço na rotina do seu filho para o brincar livre, brinque junto com ele – por dez minutos que seja – e programe-se para estarem juntos no fim de semana com mais brincadeiras, de preferência, perto da natureza. E se bater o tédio? Ótimo! Ele também é benéfico e uma mola propulsora da criatividade.

Futuro promissor

No quesito carreira, muito se fala que as crianças de hoje terão profissões que ainda nem existem – e isso realmente tem chances de acontecer. Mas mesmo aquelas que já existem precisam e precisarão se reinventar, especialmente com o advento da inteligência artificial. Certamente, você já ouviu falar sobre o ChatGPT, por exemplo, que é uma tecnologia de IA especializada em diálogo – ela responde a qualquer pergunta, de receita de bolo a desenvolver uma tese completa. “A inteligência artificial vai alterar completamente a maioria das profissões. A relação com o trabalho cada vez mais será de geração de valor. Serei remunerado não pelo título que tenho ou cargo que exerço. Logo, o maior desafio para os pais é preparar o filho para lidar com a AI sem perder a autonomia e a capacidade de gerar valor”, diz Sidnei Oliveira, especialista em gerações. Ou seja, as soft skills, aquelas habilidades que não podem ser substituídas por um robô, como criatividade, empatia e trabalho em equipe – características marcantes dessa geração.

Portanto, o caminho não é ser inimigo da tecnologia ou ter medo dela, mas estimular a criatividade e o pensamento crítico das crianças com as ferramentas que têm em mãos. Exemplo: elas podem até ter acesso a uma pesquisa no Google, mas o que vão criar a partir disso é que faz diferença.

Quer saber o que você pode fazer para ajudar seu filho? Proporcione oportunidades para ampliar o olhar, como levá-lo a programas culturais: filmes que não sejam só os megassucessos (que tal mostrar a eles as animações do estúdio japonês Ghibli?), museus e exposições (sim, museu é lugar de criança!), ler livros de diferentes gêneros, ou seja, aumentar o repertório, colocá-lo para escrever e desenhar com papel e lápis de cor na mão. Além disso, converse sobre a importância de ter a própria opinião, embasada, e o quanto a saúde mental é importante para manter a criatividade em alta.

Escola além do ensino

Como educar crianças com tantas questões que abordamos na reportagem: acesso à informação, impacto da pandemia, a vida corrida sem espaço para o brincar e a crise atual de ansiedade? A primeira resposta é: ensinando habilidades emocionais. “Vejo que o foco das escolas ainda é grande nos conteúdos tradicionais. Aulas como artes, música, esportes e teatro ensinam muito sobre colaboração, frustração, resiliência e liderança. São extremamente importantes, porém, por vezes, tidas apenas como ‘extracurriculares’”, critica a educadora Mônica Magalhães.

Isso diz respeito também às competências que são desenvolvidas na escola, que não podem mais se limitar apenas ao conteúdo. “Um de seus desafios é promover espaços colaborativos e desenvolver habilidades socioemocionais, como capacidade de trabalhar em grupo, empatia, resiliência e tolerância a frustrações.”

O perfil questionador dessa geração demanda que a escola desenvolva atividades que fortaleçam o vínculo das crianças entre si e valorizem os princípios de convivência democrática, desenvolvendo o sentimento de pertencimento ao coletivo. Nesse sentido, estreitar o contato com a natureza possibilita a compreensão de relações de interdependência do ser humano com o meio, e pode promover uma conscientização com o objetivo de desenvolver hábitos mais sustentáveis de interação com o mundo.

Diversas instituições já estão atentas a isso. No Colégio Eduardo Gomes, na região metropolitana de São Paulo, dois projetos exemplificam um pouco esse olhar para a vivência prática, para o trabalho em grupo e para a empatia. No “engajamento da galera”, os alunos se dividem em grupo e durante o ano resolvem tarefas que só são realizadas se todos participarem, como a entrega da conta de luz da residência de um determinado período para ver se houve economia de todos os integrantes. O grupo vencedor de várias tarefas desse tipo é recompensado com uma viagem entre os amigos. Outra iniciativa foi a “banca de fruta”, onde as crianças compram sozinhas, pagam e colocam o troco em uma caixinha, o que ensina desde matemática a honestidade.

Portanto, esteja atento a tudo isso na escola do seu filho e, caso deixe a desejar, vale o que já sugerimos em outros tópicos: arte, esportes, brincadeiras, conexão e contato com a natureza.

Pautas atuais

O desafio de educar a Geração Alpha — Foto: Getty Images

O desafio de educar a Geração Alpha — Foto: Getty Images

A Geração Z iniciou o movimento de consciência ambiental e climática – a ativista Greta Thunberg é um exemplo – e os Alphas se inspiram neles. E vêm mudando inclusive os hábitos dos pais: segundo pesquisa feita pelos autores do livro Generation Alpha, 80% das famílias afirmaram que as crianças influenciam suas decisões de consumo e as ajudam a se tornarem mais conscientes ambientalmente. “Essa turma levanta o fato de que é importante fazer algo sobre a mudança climática e afirma sentir que suas ações podem fazer a diferença”, diz Mirela Dufrayer, líder de marketing da WGSN América Latina.

A engenheira de alimentos Vanessa Vieira, 48 anos, percebe claramente isso na filha Ana Laura, 7 anos. “É impressionante a consciência dela em relação aos cuidados com o meio ambiente. Ela tem um estojo só com toquinhos de lápis de cor, que faz questão de usar até ficar impossível, e aí então leva para a reciclagem. Inevitável não passarmos a prestar mais atenção nisso em casa também”, conta.

Outro assunto que não passa batido por esta geração é a diversidade e a equidade de gênero: 84% dos Alphas pesquisados no estudo Gen Alpha acreditam que os pronomes de uma pessoa devem ser respeitados e lutam pelo direito de todos expressarem quem são. Em um mundo tão polarizado e individualista, nosso desafio é sair da bolha e criar nossos filhos exercitando o olhar mais amplo, que acolha toda e qualquer diferença. E, claro, dando exemplo também: separe o lixo em casa, reutilize o material escolar do ano anterior e cumprimente todas as pessoas que encontrar, por exemplo.

Os pesquisadores Mark McCrindle e Ashley Fell afirmam no livro que os anos que vêm pela frente terão seus desafios, mas serão cheios de inovações e oportunidades, o que fará a geração Alpha viver um período extraordinário. Com grande poder, vem grande responsabilidade. A partir dessa posição privilegiada, há a expectativa de que os Alphas deem grandes contribuições para a sociedade em geral. Não sobre um hipersucesso, mas sim liderar uma vida que sirva de exemplo para outras gerações, com foco mais no “ser” do que no “ter”, na busca por propósito e ao se inspirar em coisas simples do dia a dia, como gestos de gentileza e altruísmo.

Linha do tempo das gerações

Linha do tempo das gerações — Foto: Getty Images

Linha do tempo das gerações — Foto: Getty Images

  • Builders (1925-1945) - Os bisavós de hoje: Construíram o mundo após a Primeira Guerra Mundial. Importavam-se muito com o respeito às regras e à família, obedeciam a hierarquias rígidas e buscavam estabilidade.
  • Baby Boomers (1946-1964) - Os avós de hoje: O tempo de tela era na TV em casa, primeiro em preto e branco e, após 1970, já colorido. Ainda havia a busca por ordem dentro de casa, mas as crianças dessa geração cresceram mais livres.
  • X (1965-1979): Os pais de hoje: Primeiros a ver os computadores entrarem em suas casas e na escola. E também a ter mais comumente pai e mãe trabalhando fora e taxas de divórcio bem mais altas que na geração anterior.
  • Y ou millennials (1980-1994) - Os pais de hoje: Geração que viveu o crescimento da tecnologia digital, dos laptops e da internet. Tornam-se pais no início dos 30 anos, um pouco mais tarde que seus antecessores, focam bastante na sua própria educação e crescimento na carreira, o que faz com que estejam sempre “equilibrando os pratinhos” do trabalho e da parentalidade.
  • Z (1995-2009) - Os irmãos mais velhos de hoje: Já chegaram na era da internet, mas crescem num mundo tão veloz que vivem hoje coisas que não existiam quando nasceram, como aplicativos e redes sociais. Vieram de pais e mães mais velhos, e com o menor número de irmãos de todas as gerações.
  • Alpha (2010-2024): Primeira geração a ser totalmente nascida no século 21, e a maioria dela estará viva para ver a chegada do século 22. A vida adulta de carreira, casamento, filhos e contas a pagar é cada vez mais adiada.

Fonte: Generation Alpha: understanding our children and helping them thrive (“Geração Alpha: entendendo nossos filhos e ajudando-os a prosperar”, em tradução livre)


Fonte:https://revistacrescer.globo.com/pre-adolescentes/comportamento/noticia/2023/04/saiba-quem-sao-e-quais-os-desafios-e-expectativas-para-a-geracao-alpha.ghtml

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