COMO A FÍSICA FOI ESSENCIAL PARA A EVOLUÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

 

Como a física foi essencial para a evolução da inteligência artificial
Como a física foi essencial para a evolução da inteligência artificial DeepMind/Unsplash

Como a física foi essencial para a evolução da inteligência artificial

A aplicação de conceitos como mecânica estatística, teoria de otimização e álgebra linear fornecem a base para o que conhecemos hoje como IA (e o ChatGPT é só o começo)

06/04/2023 07h00  Atualizado há um dia


“Nada será como antes, amanhã”. Esses versos da canção de Milton Nascimento e Beto Guedes retratam de forma bonita o momento atual. E, cada vez, mais qualquer nova tecnologia parece surgir de forma repentina. “A kind of magic!”, como diz a banda Queen. É assim que muitos têm visto os recentes avanços da inteligência artificial (IA). Mas eles estão longe de ser truques de mágica.

Embora as pesquisas em IA não sejam recentes (elas vêm evoluindo há mais de 60 anos), o fato é que essa tecnologia já está presente em nossa vida, e as mudanças em curso estão acontecendo em um ritmo acelerado.

Há alguns meses só se fala no ChatGPT, ferramenta de escrita humanizada desenvolvida pela empresa estadunidense OpenAI. Bem, fui ver qual era. Suas respostas e textos assustadoramente bem escritos e organizados e sua capacidade de interagir e trazer soluções a muitos problemas me causaram uma sensação de estranhamento.

Outro dia perguntei a ele qual programa de computador poderia me dar o cálculo complicado de componentes não nulas das equações de campo de Einstein, da Relatividade Geral, para um espaço-tempo específico. E esse programa que eu levaria dias para escrever, por tentativa e erro, se materializou ali na minha frente, em menos de um minuto! “Acabou”, foi essa a única palavra que me veio à cabeça, tentando já projetar um futuro próximo daquilo que ainda está por vir.

E ele não sabe apenas responder a questões de física — há também muita física por trás desse e de outros sistemas de inteligência artificial. De carros autônomos a assistentes pessoais virtuais, a IA está se tornando cada vez mais integrada na nossa rotina.

O conceito de inteligência artificial já é antigo, surgiu pela primeira vez na década de 1950, quando um grupo de pesquisadores liderados por John McCarthy, Marvin Minsky e Claude Shannon começou a explorar a ideia de criar máquinas capazes de pensar e aprender como seres humanos.

Desde então, a evolução foi vertiginosa, sendo utilizada em diversas áreas da tecnologia, como processamento de linguagem natural, reconhecimento de imagens, aprendizado de máquina e robótica, com aplicações em campos que vão da medicina aos serviços financeiros e entretenimento.

Durante todo esse tempo, nenhuma área do conhecimento humano contribuiu mais do que a física para a IA, e de várias maneiras. Por exemplo, os conceitos matemáticos de estatística, teoria de otimização e álgebra linear, que estão enraizados na física, fornecem a base para algoritmos de aprendizado de máquina (do inglês, machine learning).

robótica, outra área da IA, depende muito da física para projetar robôs que possam navegar e interagir com o ambiente. A mecânica quântica é a física por trás da computação quântica, que fornece novas ferramentas computacionais e algoritmos que podem resolver problemas muito mais rapidamente do que os computadores clássicos.

Físicos também contribuíram para o desenvolvimento de redes neurais, um componente-chave do aprendizado profundo, fornecendo informações sobre a dinâmica e o comportamento de sistemas complexos.

Físicos também contribuíram para o desenvolvimento de redes neurais — Foto: DeepMind/Unsplash

Físicos também contribuíram para o desenvolvimento de redes neurais — Foto: DeepMind/Unsplash

Além disso, a física desempenha um papel significativo na construção de modelos de linguagem de IA, caso do ChatGPT. Especificamente, a mecânica estatística é usada para modelar o comportamento de sistemas complexos, enquanto a teoria da informação fornece as ferramentas matemáticas que permitem que os modelos de linguagem aprendam com os dados e gerem respostas com base nas entradas recebidas.

É inegável: a física fornece a estrutura teórica e as ferramentas matemáticas que permitem que esses sistemas executem as tarefas para as quais foram projetados.

Agora, será que elas vão evoluir a ponto de elaborar conceitos e teorias da física? Haverá um momento em que as máquinas irão adquirir consciência? Bem, essas são perguntas que nem o ChatGPT consegue responder. Por enquanto...


Fonte:https://revistagalileu.globo.com/colunistas/quanticas/coluna/2023/04/como-a-fisica-foi-essencial-para-a-evolucao-da-inteligencia-artificial.ghtml

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