Jnana mudra é a junção de fogo (agni) e ar (vayu) e representa o conhecimento.
Mudras - Gestos com as mãos das esculturas
de Budas e deuses hindus
28 agosto,
2018 Milene Sousa
À primeira vista os mudras são simplesmente gestos feitos com as mãos; mas como tudo o que envolve a iconografia e prática espiritual hinduísta e budista, bem como a ciência iogue, possuem uma simbologia extremamente rica que relacionam o macrocosmo (o universo) e o microcosmo (o corpo).
Em sânscrito, idioma ancestral asiático, mudra é literalmente traduzido como selo, mas também pode ser referenciado como marca ou gesto espiritual que proporciona equilíbrio.
Acredita-se que, assim como o universo, o corpo seja formado por cinco elementos básicos: fogo (agni), ar (vayu), éter ou espaço (aakaash), terra (prithvi) e água (jal). E que nos dedos das mãos estejam canais energéticos importantes para acessá-los e manipulá-los. Cada dedo apresenta um meio de conexão elementar!
O polegar nos conecta ao fogo, que simboliza o eu universal, a consciência superior; o indicador nos liga ao ar, que retrata o eu individual e rege a capacidade criativa, a inspiração divina; o médio nos faz acessar o éter, que figura o ego e concede energia para viver e harmonizar-se com a espiritualidade.
Já o anelar, nos interliga à terra, representa a mente e provém força para lutar pelo que acreditamos; e o mínimo nos aproxima à água, que diz respeito às relações humanas e trabalha nossas emoções.
Ao combiná-los, conectando-os e formando o gesto, produz-se um efeito específico no corpo e na mente. São listadas 399 combinações, entre as quais 36 são as mais utilizadas concomitante a asanas (posturas físicas), pranayamas (exercícios respiratórios) e mantras durante práticas meditativas, rituais espirituais, danças e yoga.
É comum encontrar o jnana mudra junto a asanas caracterizando esculturas de buddhas.
Também é perceptível na energia do ambiente o equilíbrio proporcionado ao inserir um mudra na home decor. Em razão disso, destacamos os cinco mais frequentes nas artes decorativas e os respectivos poderes de cura que suscitam:
Caracterizado pela junção do indicador (ar) com o polegar (fogo), o jnana mudra simboliza o progresso espiritual e o conhecimento - quando ser humano (eu individual) se curva diante da sabedoria divina (eu universal). Também pode ser encontrado como gyan, vitarka ou chin mudra.
Sua presença no ambiente regula o fluxo do elemento ar no corpo, estimula as glândulas pituitárias, as glândulas endócrinas e a hipófise. Confere clareza ao raciocínio, aumenta a calma e concentração, melhora a memória e o humor, auxilia a prática meditativa, reduz os distúrbios do sono e alivia a depressão e a hipertensão.
A união do polegar com o médio forma o akasha mudra, combinação de éter e fogo.
O akash mudra também é muito presente na iconografia de divindades decorativas, e pode ter variações como: akasha, shunya, shuni, aakash e akaash vardhak mudra. É formado através da juntura do dedo médio (éter) com o polegar (fogo) e tem o poder de ampliar o cosmos em nosso corpo, para que os outros quatro elementos tenham espaço para agir.
Esse aumento interno tem ação desintoxicante, uma vez que é proporcionado pela eliminação de resíduos metabólicos e purificação de emoções e pensamentos negativos. Diminui dores físicas, como a de ouvido, e desconfortos emocionais, restaura a confiança e a paciência, aumenta a cognição mental, a intuição e a auto-expressão.
Na decoração, os mudras auxiliam a equilibrar a energia do ambiente.
Em sânscrito, abhaya significa destemor, o dissipar do medo. E é exatamente isso que este terceiro mudra representa. Constituído pelos cinco dedos esticados, este gesto - também referenciado por hamsá - potencializa o fluxo energético de todos os elementos no corpo, independente da direção em que for retratado: com a palma virada para o céu ou para a terra, ou com as pontas dos dedos viradas para o alto ou para baixo.
Em incensários e esculturas decorativas inspira segurança emocional, proteção divina e paz interior; acalma a atividade mental, remove o apego, abençoa o ambiente e faz-nos reconhecer a unicidade do universo, a inexistência da dualidade "dentro" e "fora", pois todos somos um.
O atmanjali mudra é mais conhecido como namastê; expressa respeito e gratidão.
O atmanjali mudra ou namastê é, certamente, o gesto mais conhecido e praticado no mundo. É formado pela junção das mãos com os dedos esticados na altura do chakra cardíaco, não obstante é considerado mudra do amor. Ele equilibra os dois hemisférios do cérebro, eleva o estado de consciência e meditação, expressa gratidão e oferece a sensação de calma, equilíbrio e acolhimento - no corpo e no ambiente.
Já o dhyana mudra - outro gesto da iconografia hindu e budista expresso em artes decorativas de buddha - é o mais reproduzido em meditações, pois nos conduz à concentração profunda. É elaborado com as palmas das mãos voltadas para cima, em que a mão direita, que simboliza a iluminação, se sobrepõe à esquerda, que figura Maya, a ilusão do mundo. No gesto, os dedos polegares se encontram e denotam a integração do universo.
Geralmente realizado junto ao padmasana (asana da flor de lótus), este mudra transmuta a energia sexual, esvazia a mente e auxilia e enxergar com clareza. Na decoração do ambiente, diminui o estresse, outorga tranquilidade e equilíbrio para buscar a elevação espiritual.
Os mudras equilibram os cinco elementos dentro de nós.
Em suma, os mudras são expressos em artes decorativas como mandalas, pinturas e estátuas de buda. E é através delas que reverberamos no ambiente o equilíbrio que buscamos em nosso interior.
Namastê!
Milene Sousa - Arte & Sintonia
Fonte:https://www.artesintonia.com.br/blogs/blog/mudras-gestos-com-as-maos-das-esculturas-de-budas-e-deuses-hindus
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