PROCLAMADO REI CHARLES III É O NOME DO SUCESSOR DE ELIZABETH NA MONARQUIA BRITÂNICA, SENDO CHEFE DE 14 EX-COLÔNIAS

 

Da dinastia Windsor, Charles III é o monarca com idade mais avançada a assumir o trono britânico - Ben Stansall / Pool/ AFP


REI NO SÉCULO 21

Proclamado rei, Charles III assume monarquia britânica e é chefe de Estado de 14 ex-colônias

O novo monarca do Reino Unido assume o lugar da rainha Elizabeth II, que reinou desde as lutas anticoloniais na África

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
 

Aos 73 anos, Charles III teve sua ascensão ao trono do Reino Unido proclamada oficialmente na manhã deste sábado (10). A cerimônia no Palácio de Saint James, em Londres, acontece dois dias depois da morte de sua mãe, Elizabeth II, que com 96 anos de idade e 70 de reinado, se tornou a rainha mais longeva da dinastia. A pedido do novo rei, o evento foi transmitido pela TV pela primeira vez na história. 

O Conselho de Adesão, um grupo formado por deputados, funcionários públicos, lideranças religiosas e monárquicas, além do prefeito de Londres, Sadiq Khan, e a primeira-ministra, Liz Truss, anunciou a morte da rainha e Charles III como o novo rei. O monarca e as autoridades presentes assinaram um juramento.  

Boris Johnson, o ex-primeiro ministro que recém deixou o cargo sob escândalos envolvendo festas durante o lockdown da pandemia e denúncias de assédio sexual, estava presente. Além dele, os ex-premiês Theresa May, David Cameron e Tony Blair. Ainda será feita a cerimônia de coroação que, sem data marcada, pode acontecer em até um ano.  

“Eu sei o quão profundamente você, toda a nação, e acho que posso dizer que o mundo inteiro, simpatiza comigo pela perda irreparável que todos sofremos”, conjecturou o novo rei, em discurso. Salientando estar ciente da “herança dos deveres e responsabilidades”, Charles III afirmou saber que será “sustentado pela afeição e lealdade dos povos cujo soberano” foi “chamado a ser”. 

Monarquia e colonialismo no século 21 

Fruto da imposta relação colonial, os povos a que o rei se refere podem ser vários. Espalhados por todos os continentes do mundo, com exceção da Antártida, são 56 países os que, por serem antigas colônias, conformam a chamada Comunidade Britânica.  

Destes, 14 terão Charles III como chefe de Estado, ainda que, na prática, sua função seja primordialmente participar de eventos e formalidades. São eles: Austrália, Antígua e Barbuda, Bahamas, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Papua Nova Guiné, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Nova Zelândia, Ilhas Salomão e Tuvalu. Barbados estava nessa lista até novembro de 2021, quando se tornou uma república e rompeu os laços com a monarquia.  

Os reis e rainhas britânicos cumprem o papel de chefes da Igreja Anglicana e, apesar de não influenciarem diretamente os rumos dos governos, a ele os primeiros-ministros têm de se reportar. Os monarcas também referendam as leis aprovadas pelo Parlamento do Reino Unido e, na teoria, têm o direito de vetá-las, apesar de não o fazerem desde 1707.  

Chás da tarde, eventos pomposos e instituições de caridade têm sido a maneira com que, atualmente, a família real mais tem aparecido ao mundo. Para estudiosos e pessoas cujas vidas foram diretamente impactadas pelo imperialismo inglês, estes eventos, mais do que atenderem a um público curioso por conhecer os luxos e as fofocas da realeza, cumprem um papel político.   

Herança

Em entrevista ao Brasil de Fato, Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), avalia que Elizabeth II atuou para que os olhos não se voltassem para as colônias do Reino Unido.  

Assumindo o trono em 1953, ela esteve à frente da monarquia durante o período em que se deram as lutas de libertação anticoloniais na África e na Ásia. O reinado de Elizabeth II apoiou e financiou o regime do Apartheid na África do Sul. A luta do povo do Quênia contra o colonialismo britânico nos anos 1960 foi marcada por uma reação sangrenta do império, com campos de concentração, de trabalho forçado e mutilações.  

Em 1966, três anos depois que o Quênia conquistou a independência, a Inglaterra, sob o reinado da mãe de Charles III, apoiou um golpe de Estado em Gana, que havia se libertado do colonialismo britânico em 1957. Assim, derrubaram o então presidente, Kwame Nkrumah, conhecido por sua luta pan-africanista.  

Para citar mais um exemplo da colonização inglesa cuja família real faz parte, a América Latina carrega um caso emblemático. A Marinha Real britânica não retira sua presença das Malvinas, arquipélago reivindicado pela Argentina e dominado pelos britânicos desde 1883. Em 1982, uma desastrada operação do então governo ditador argentino de Leopoldo Galtieri tentou recuperar a ilha mas, com um saldo de cerca de 600 argentinos e 250 ingleses mortos em 45 dias, o domínio do território se manteve inalterado.   

A história explica um vídeo que viralizou nas redes, de um programa satírico da TV aberta argentina que comemorou a morte da rainha. “Por fim morre alguém correto nessa vida, não?”, celebrou o jornalista Santiago Cúneo enquanto abria um champanhe.  

Economic Freedom Fighters, partido da África do Sul que nasceu de um racha do Congresso Nacional Africano (CNA) de Nelson Mandela, publicou uma nota em que afirma que a instituição comandada por Elizabeth II e agora herdada por Charles III foi “construída e sustentada por um legado brutal de desumanização de milhões de pessoas”.  

A escritora nigeriana Karen Attiyah, colunista do Washington Post, publicou nas redes sociais que “pessoas negras e pardas, sujeitas a horríveis crueldades e privações econômicas sob o colonialismo britânico, podem ter sentimentos sobre a rainha". Ela relata ainda: "Meus tataravós trabalharam na administração colonial, assim como meu avô. Meu pai e minha mãe nasceram em Gana e na Nigéria, no período do domínio britânico”.  

“O Reino Unido rejeita pedidos de visto da África duas vezes mais do que de outras partes do mundo, e ainda mantém itens culturais que saqueou de Gana. Mas claro, vamos beijar o anel”, critica Attiyah. 

Edição: Daniel Lamir

Fontehttps://www.brasildefato.com.br/2022/09/10/proclamado-rei-charles-iii-assume-monarquia-britanica-e-e-chefe-de-estado-de-14-ex-colonias

Charles III é o nome adotado pelo sucessor de Elizabeth como rei; entenda

 

Segundo os ritos oficiais, ele tinha algumas opções, mas acabou seguindo o caminho tradicional e manteve o título de rei Charles III.


Por g1

 


A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, ao se pronunciar sobre a morte da rainha Elizabeth IIcitou qual será o nome do sucessor Charles como rei. "Nos próximos dias, nos reuniremos para celebrar sua extraordinária vida e seu legado", disse a primeira-ministra sobre a monarca. "Ela era amada e adorada ao redor do mundo. Agora o reinado passa para o rei Charles III", acrescentou.

Essa foi a primeira informação a respeito do título adotado pelo novo monarca britânico, depois confirmada oficialmente pela família real.

Ao assumir o trono, o herdeiro poderia escolher um novo nome. Segundo os ritos oficiais, ele teria algumas opções. Uma delas era seguir o caminho tradicional e manter o título de rei Charles III.


Mas ele também poderia ter adotado um “novo” nome real. Charles Philip Arthur George poderia optar por um dos nomes do meio e virar, por exemplo, rei George VII.

Antes de Charles III houve dois outros reis Charles:

  • O rei Charles I chegou ao trono em 1625 e teve um fim trágico: morreu decepado em 1649. Isso aconteceu durante a Guerra Civil inglesa.
  • O rei Charles II era uma criança quando se tornou rei. Ele teve que fugir para a França, exilado, depois de ascender ao trono. Ele voltou a Londres em 1660 e reinou até 1685.

Primogênito da monarca, Charles ocupa o trono após o reinado mais longo da história do Reino Unido – Elizabeth permaneceu à frente por mais de sete décadas.

Aos 73 anos, Charles também é o monarca mais velho a iniciar um reinado. Ele já vinha assumindo aos poucos as funções da mãe, em meio ao avanço da idade da monarca.

Além de Charles, Elizabeth ll e o príncipe Philip – que morreu em abril de 2021, aos 99 anos – tiveram outros três filhos: a princesa Anne, o príncipe Andrew e o príncipe Edward.

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Por ser o mais velho, Charles é o primeiro na linha de sucessão ao trono. Depois dele, está o seu primeiro filho, o príncipe William, e, na sequência, o filho mais velho de William, o príncipe George.

Agora, o novo rei deve participar de uma audiência com o primeiro-ministro e realizar um pronunciamento à nação, além de viajar pelo Reino Unido.


Confira, abaixo, fatos sobre o herdeiro do trono britânico.


Príncipe de Gales


Charles tinha apenas 3 anos quando sua mãe assumiu o trono, após o falecimento do avô, o Rei George VI. Aos 9 anos, ele se tornou príncipe de Gales, título tradicional do herdeiro do trono britânico. Ele também herdou outros títulos de seus pais, como Duque da Cornualha e Duque de Edimburgo.

Charles foi o primeiro herdeiro de Elizabeth ll a ir para a escola e para a universidade. Entre as unidades de ensino, ele frequentou a Cheam School, nos arredores de Londres, Gordonstoun, no norte da Escócia, e Trinity College, em Cambridge.


Longa espera


O príncipe espera mais tempo do que qualquer um de seus antecessores para se tornar monarca. Em fevereiro de 2017, aos 90 anos, Elizabeth ll celebrou o Jubileu de Safira, tornando-se a soberana com o mais longo reinado da história britânica. Na ocasião, a rainha completava 65 anos de trono.

Agora, após os 70 anos da monarca à frente do trono britânico, Charles é o rei mais velho a iniciar um reinado.


Casamento conturbado com a princesa Diana


Charles se casou com Diana Spencer, a carismática princesa Diana, em 29 de julho de 1981. Cerca de 750 mil pessoas assistiram à cerimônia ao vivo pela televisão e outras 500 mil se aventuraram a acompanhar o evento presencialmente entre a Catedral de São Paulo e o Palácio de Buckingham.

Charles e Diana tiveram dois filhos: o príncipe William, nascido em 1982, e o príncipe Harry, em 1984.

Eles enfrentaram anos de problemas conjugais, que resultaram na separação em agosto de 1996. À época, Diana atribuiu o divórcio à recusa de Charles em terminar seu caso com a britânica Camilla Parker Bowles, considerada amante de longa data.

Charles disse ter permanecido fiel ao casamento “até que ele se desfez”. Em comunicado oficial, o Palácio de Buckingham anunciou que o divórcio foi totalmente amigável.

Um ano depois, em 31 de agosto de 1997, Diana morreu vítima de um acidente de carro, em Paris, na França, enquanto fugia de um paparazzi.


De pilar da separação a ‘rainha consorte’


Charles se casou com Camilla quase oito anos após a morte de Diana, em 2005. Ela se tornou, então, duquesa da Cornualha. Agora, vai se tornar “rainha consorte” – título que a rainha Elizabeth ll disse esperar que seja reconhecido.

Isso porque, considerada pilar da separação entre Charles e Diana, Camilla não era querida pelo público – mas viu seu índice de aprovação crescer graças a seus numerosos compromissos junto à família real.

O título de “rainha consorte” é dado à esposa de um monarca reinante. O conceito é diferente do título de rainha – caso de Elizabeth ll –, destinado a quem já nasce na família real e está automaticamente na linha de sucessão.

Na prática, uma rainha consorte tem a mesma posição social e o status do cônjuge. Historicamente, no entanto, não possui os mesmos poderes políticos.


Defesa do meio ambiente


Charles é um ambientalista de longa data e busca chamar atenção para o tema. Recentemente, ele disse que um de seus carros, da marca Aston Martin, foi modificado para funcionar à base de "queijo" e "vinho".

Em entrevista à rede BBC, o então príncipe afirmou que modificou o automóvel para poder abastecê-lo com combustíveis de origem renovável.

O carro, que possui há mais de 50 anos, funciona com 85% de bioetanol, e 15% de gasolina sem chumbo. Na mistura, vai o excedente da produção local de vinho e o soro da fabricação de queijo.

Em 2021, ele disse entender a frustração de jovens ativistas ambientais, como a sueca Greta Thunberg, em relação à passividade de políticos diante da emergência climática.

"Todos esses jovens acham que nada acontece, então é claro que ficam frustrados", afirmou o príncipe, de 72 anos.


Transição


O príncipe Charles já vinha assumindo as funções da mãe, em meio ao avanço da idade dela. Em maio deste ano, por exemplo, foi a primeira vez na história do reinado de Elizabeth que o príncipe substituiu a monarca na abertura do Parlamento Britânico. Ela não compareceu ao Palácio de Westminster por problemas de mobilidade. -

Em 70 anos de mandato, Elizabeth II só havia faltado duas vezes ao discurso, nos anos em que ela estava grávida dos seus filhos Andrews e Edward.


Fontehttps://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/09/08/charles-iii-e-o-nome-adotado-pelo-sucessor-de-elizabeth-como-rei-entenda.ghtml



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