TUDO SOBRE O POLIAMOR

 

Ian Jenkins, Alan e Jeremy com bebê no colo e cachorros em volta

CRÉDITO,SWEET ME PHOTOGRAPHY

Legenda da foto,

Ian Jenkins (à esquerda), Alan (ao centro) e Jeremy (à direita) decidiram formar uma família

Poliamor: relações não convencionais se multiplicam e lutam pelo reconhecimento da Justiça

  • Jessica Klein
  • BBC Work Life

Ian Jenkins, de 45 anos, enfrentou ameaças de morte depois de se declarar homossexual quando estava na universidade no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos.

Na época, ele mal conseguia imaginar que um dia poderia viver com um parceiro sendo assumidamente gay — que dirá com dois.

Mas hoje ele divide a casa em San Diego com seus dois companheiros, Alan, de 43 anos, e Jeremy, de 37 (que preferem usar apenas seus primeiros nomes por questão de privacidade) e seus dois filhos, que estão com 3 e 1 ano.

Todos os três são legalmente pais das crianças, seus nomes constam nas duas certidões de nascimento.

Jenkins e seu primeiro parceiro, Alan, ambos médicos, haviam discutido a possibilidade de um relacionamento mais aberto durante anos, antes de conhecer Jeremy em 2012.

Embora Jeremy, um tratador de zoológico que trabalha para salvar espécies ameaçadas de extinção, não se interessasse inicialmente por poliamor, ele conheceu o casal como amigo e "todos ficaram à vontade com a ideia — simplesmente rolou uma química boa", diz Jenkins.

Eles formaram uma família, mas quando tomaram a decisão de ter filhos, apareceram os obstáculos.

Além do fato de que cada um tinha que ter seu próprio advogado envolvido nos contratos de barriga de aluguel e de doação de óvulos para gerar o primeiro filho (uma mulher serviu de barriga de aluguel, e outra doou os óvulos), eles ainda tinham que convencer o juiz de que todos os três deveriam ser legalmente reconhecidos como pais da criança.

Jenkins conta que a juíza que recebeu o caso "entendeu a situação e queria nos ajudar", mas como era de primeira instância " não tinha permissão para abrir precedentes".

Até então, homens em relacionamentos a três jamais haviam obtido direitos conjuntos de paternidade de uma criança na Califórnia, ou possivelmente em qualquer lugar dos Estados Unidos.

Mas os três defenderam sua posição, cada um explicando "por que era tão importante e necessário que tivéssemos [nossos nomes] na certidão de nascimento", relembra Jenkins.

A justiça acabou concedendo aos três os direitos parentais em relação ao primeiro filho, nascido em 2017, e Jenkins acabou escrevendo um livro sobre a jornada deles chamado Three Dads and a Baby: Adventures in Modern Parenting, publicado em 9 de março nos Estados Unidos.

Embora ainda seja raro para pessoas em relacionamentos poliamorosos compartilharem legalmente a paternidade dos filhos, várias formas de 'relações éticas não-monogâmicas' — que envolvem mais de dois adultos de forma consensual — têm se tornado cada vez mais comuns na última década.

Diversos fatores contribuem para isso, desde o surgimento de aplicativos de relacionamento para múltiplos parceiros até a maior representatividade na mídia e nas redes sociais, além do acesso mais fácil para os interessados ​​nesse estilo de vida.

"Acho que um fator importante é a vontade das pessoas de serem abertas (a essa possibilidade)", diz Jenkins. "Precisa haver visibilidade."

Essas mudanças culturais, no entanto, remetem aos defensores do amor livre na década de 1960, que trabalharam duro para ampliar nossas fronteiras sexuais ao redor do mundo.

E as mudanças continuam a acontecer por causa de pessoas como Jenkins e seus companheiros, cujas histórias ajudam a quebrar tabus de longa data sobre ter múltiplos parceiros.

'Não é algo novo': a história da não-monogamia

Em 2016, uma pesquisa feita com quase 9 mil adultos solteiros nos Estados Unidos mostrou que um em cada cinco já havia tido um relacionamento consensualmente não-monogâmico.

Um estudo canadense apresentou basicamente os mesmos números um ano depois.

"Outra coisa que vimos na última década é que as buscas no Google pelos termos 'poliamor' e 'relações abertas' aumentaram, o que demonstra que há mais interesse neste tópico", diz Justin Lehmiller, psicólogo social e pesquisador do Instituto Kinsey para Pesquisa em Sexo, Gênero e Reprodução da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.

Mas as pessoas têm se envolvido nesse tipo de relacionamento "há muito tempo", ele acrescenta. "Não é algo novo."

Era uma novidade em 1969, no entanto, quando Dossie Easton, coautora do livro The Ethical Slut (1977) em parceria com Janet Hardy, tomou a decisão então "bastante incomum" de que "nunca seria monogâmica novamente" depois de ter saído de um relacionamento ruim.

Em 1973, ela se juntou a um grupo chamado San Francisco Sex Information (que ainda existe) e se viu em meio a uma comunidade de pessoas que exploravam estilos de vida sexuais abertos. "Eu precisava fazer parte do avanço desse mundo", diz ela.

Easton, agora com 77 anos, vinha falando sobre a não-monogamia ética há anos, até que ela e Hardy ministraram uma oficina de BDSM (sigla em inglês para submissão, dominação, sadismo e masoquismo) durante uma conferência em 1994 nos arredores de San Francisco.

Embora o público não tenha ficado escandalizado com o BDSM, ficou chocado que Easton e Hardy, que namoravam na época, tivessem apresentado a oficina bem na frente do parceiro masculino de Easton.

Isso levou a dupla a escrever o livro, que aborda como manter relacionamentos saudáveis ​​não-monogâmicos. Ainda é uma leitura um tanto obrigatória para pessoas interessadas nesse estilo de vida. "A cada ano, vende mais", diz Easton.

Nas últimas décadas, ela viajou para "encontros de poliamor" no Reino Unido, Alemanha, Holanda e Austrália. Em Berlim, conheceu Claudia Zinser, de 57 anos, que começou a "viver o poliamor abertamente há cerca de 25 anos", revela a própria.

Zinser aconselha pessoas em relacionamentos poliamorosos há uma década — e testemunhou a abertura em relação a esse estilo de vida crescer, sobretudo entre jovens urbanos.

Janie Frank, Cody Coppola e Maggie Odell

CRÉDITO,PAOLA PEREZ

Legenda da foto,

Janie Frank (à esquerda), Cody Coppola (ao centro) e Maggie Odell (à direita) se conheceram no aplicativo de relacionamento Feeld

"A mídia, incluindo as redes sociais, promoveu o assunto... então não é mais algo desconhecido ou tabu", diz ela. "Talvez até esteja na moda."

O 'empurrão' dos aplicativos

Os relacionamentos éticos não-monogâmicos não tiveram uma trajetória puramente ascendente.

Lehmiller lembra que a epidemia de HIV, vírus causador da Aids, das décadas de 1980 e 1990 fez com que as pesquisas sobre não-monogamia consensual diminuíssem, uma vez que fazer sexo com vários parceiros passou a ser visto como menos seguro.

"O renascimento da pesquisa nessa área começou por volta de 2010", explica Lehmiller. "Na última década, realmente vimos uma explosão."

A atual quase inclusão da não-monogamia ética, diz ele, aconteceu tanto por causa da pesquisa acadêmica que chegou até o público, por meio de centros de educação e mídia, quanto pela representação dessas relações na TV.

As representações mais recentes vão além da série Amor Imenso, da HBO, ou Sister Wives, do TLC, que mostram famílias mórmons com um marido e várias esposas, para retratar a diversidade de relações múltiplas existentes.

Unicornland, de Lucy Gillespie, em que uma mulher que acaba de ficar solteira sai com vários casais diferentes; e You Me Her, em que um casal se apaixona junto por outra mulher, são exemplos fortes.

"A internet e os aplicativos de relacionamento mais inclusivos também desempenharam um papel nessa mudança de atitude", afirma Lehmiller.

Vários aplicativos voltados para a não-monogamia tornam mais fácil encontrar outras pessoas que buscam relacionamentos com vários parceiros ou experiências sexuais.

No Feeld, um aplicativo voltado para relacionamentos múltiplos, 60% dos casais estão à procura de uma terceira pessoa, diz um porta-voz da empresa.

E não é apenas sexo que eles buscam. Uma pesquisa que ouviu 640 usuários dos EUA e do Reino Unido do aplicativo 3Fun, voltado para aventuras a três, mostrou que cerca de 43% das pessoas que procuram sexo a três também buscam relacionamentos a três.

Com esses aplicativos, "há mais opções para se conhecer e se conectar", afirma Lehmiller, "não é mais tanto uma cena underground como era no passado".

Foi por meio do Feeld que Janie Frank, de 25 anos, conheceu seus dois parceiros, Maggie Odell, de 27, e Cody Coppola, de 31, em 2016.

Ela começou a usar o aplicativo no início daquele ano porque, embora só tivesse saído com homens anteriormente, tinha percebido que também gostava de mulheres.

"Eu estava muito nervosa em relação a namorar uma mulher pela primeira vez", conta Frank.

"Decidi que a maneira que eu iria contornar isso seria namorando casais, para ir me acostumando, então eu sairia com um homem e uma mulher ao mesmo tempo."

Olhando para trás, Frank acha essa lógica "estranha e engraçada", mas fez com que ela saísse com vários casais antes de conhecer Odell e Coppola. "E (me apresentou a) todo esse estilo de vida que eu não sabia que existia", diz ela

"Conversando com as pessoas no aplicativo... comecei a perceber que existe toda uma comunidade de pessoas que são eticamente não-monogâmicas."

Hoje, Frank e Odell têm perfis no TikTok com algumas centenas de milhares de seguidores. "Nós usamos para tentar falar sobre poliamor, conscientizar as pessoas sobre isso, para normalizar e educar as pessoas sobre... como pode ser", explica Frank.

Frank com seus parceiros

CRÉDITO,MALCOLM ODELL

Legenda da foto,

Frank conta que estava 'muito nervosa' em relação a namorar mulheres no início, por isso decidiu 'namorar com casais para ir se acostumando'

Algumas pessoas eticamente não-monogâmicas entram em contato com elas para agradecer pela representatividade.

Outras, menos familiarizadas com o estilo de vida, comentam que estão contentes por aprender sobre poliamor com os vídeos que elas postam.

"Nunca tinha ouvido falar disso antes", escrevem algumas.

A lei está sendo atualizada?

O aumento de relacionamentos éticos não-monogâmicos está levando ao reconhecimento jurídico — além do reconhecimento à paternidade obtido por Jenkins e seus companheiros.

Em julho de 2020, o conselho municipal de Somerville, no Estado americano de Massachusetts, votou unanimemente pelo reconhecimento de parcerias domésticas poliamorosas. A cidade de Cambridge, que faz fronteira com Somerville, fez o mesmo recentemente.

E isso não está acontecendo apenas nos Estados Unidos. Em 2018, dois homens e uma mulher em um relacionamento poliamoroso foram reconhecidos legalmente como pais do filho em Newfoundland, no Canadá.

No ano anterior, três homens em um relacionamento em Medellín, na Colômbia, se casaram legalmente.

Esses movimentos geograficamente dispersos em direção à normalização da não-monogamia ética podem ajudar a desencadear um movimento mais global.

Zinser, em Berlim, acredita que o estímulo a encontros e comunidades online, provocado pela pandemia de covid-19, vai reforçar as "redes globais" para aqueles que praticam a não-monogamia ética.

A disseminação de informações sobre a não-monogamia, por sua vez, "dará às pessoas mais opções para criar o tipo de relacionamento certo para elas", avalia Lehmiller.

Mas, apesar dessas mudanças, as pessoas em relacionamentos não-monogâmicos e queer ainda lutam contra o estigma.

Frank diz que ela e seus parceiros já receberam uma correspondência anônima de ódio. E, há um ano, Jenkins conta que os alunos da faculdade que frequentou ainda entoavam um canto homofóbico em partidas de futebol.

Em San Diego, no entanto, Jenkins afirma que ele e seus companheiros não enfrentam discriminação — foi principalmente por isso que ele e Alan decidiram se mudar para lá.

Depois que o livro de Jenkins foi lançado, os colegas do hospital em que ele trabalha, incluindo todos os administradores mais velhos, escreveram para parabeniza-lo.

"Eles até sugeriram que poderíamos fazer uma sessão de autógrafos no futuro", diz Jenkins. "Temos muita sorte de estar nesse ambiente."

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Work Life.

Fonte:https://www.bbc.com/portuguese/vert-cap-56813738

Do namoro virtual ao poliamor: mitos e verdades sobre os relacionamentos

  • Martha Henriques
  • BBC Future

Atire a primeira flor quem nunca sofreu por amor. Relacionamentos não são nada fáceis. Talvez por isso, gostamos de criar teorias em torno deles.

Pessoas casadas tendem a ser felizes por mais tempo? A monogamia é de fato a melhor opção para uma relação duradoura? Opostos realmente se atraem.

Muitas dessas teorias não passam de mitos. A BBC Future analisou diversos estudos para comprovar (ou refutar) as teses mais populares sobre relacionamentos.

Homem faz selfie

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Namoro on-line pode parecer intimidador à primeira vista

Ninguém tem um 'tipo'

Atualmente, o namoro online é uma das formas mais populares de se conhecer um parceiro - mas pode ser intimidante.

Por isso, talvez seja animador saber que, em meio à infinidade de rostos aleatórios, aquele que acabamos de ver influencia o quão atraente consideraremos a pessoa que veremos em seguida.

Essa descoberta sugere que nossa percepção da beleza, longe de estar profundamente arraigada, é de fato muito fugaz. Lembre-se disso antes de dar 'match' em alguém.

Além disso, a rapidez com que todos olhamos nossos possíveis pretendentes no namoro virtual também pode funcionar a nosso favor. Psicólogos descobriram que os rostos estão sujeitos a um "efeito de vislumbre", o que faz com que pareçam mais atraentes quanto menos os olhamos.

Os opostos nem sempre atraem

Não é verdade que os opostos se atraem.

Estudos comprovaram que casais com características semelhantes tendem a ter um maior grau de satisfação com seu relacionamento do que aqueles que são muito diferentes entre si.

Alguns desses traços, por exemplo, podem ser um "divisor de águas": imagine que você gosta de acordar cedo, mas sua "outra metade" gosta de passar noites em claro.

No entanto, semelhanças em excesso tampouco representam uma vantagem.

Por exemplo, quando se trata de consciência, estudos indicam que é melhor para um cônjuge ser um pouco menos (ou mais) escrupuloso do que o outro.

Casal no sofá com cachorro

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Características opostas nem sempre garantem atração

Casamento gera felicidade - mas não para sempre

Pesquisas sugerem que o casamento traz mudanças duradouras em nossas personalidades. Um estudo realizado durante quatro anos com 15 mil alemães revelou que, após o casamento, as pessoas mostravam uma diminuição em seu grau de abertura e da extroversão - um sentimento talvez muito partilhado pelos amigos dos recém-casados.

Do lado positivo, os entrevistados relataram uma melhora do autocontrole e da capacidade de perdoar depois de se casarem - qualidades essenciais para manter um relacionamento de longo prazo. Mas, é claro, essa foi apenas a visão deles. Se o cônjuge concorda, é outro assunto.

E quanto à autossatisfação? Essa teoria pode vir do fato de que seus amigos casados realmente acham que são mais felizes - pelo menos por um tempo. A satisfação com a vida a dois de fato aumenta após o casamento - mas depois de alguns anos, retorna aos níveis iniciais.

Mulher faz selfie

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Quando se divorciam, mulheres tendem a se tornar mais extrovertidas

Como os términos mudam nossa personalidade

A pesquisa também revelou o que parece ser o oposto do efeito da "autossatisfação a dois": as pessoas também experimentam mudanças de personalidade após o término de um relacionamento de longo prazo.

Estudos com pessoas de meia-idade que se divorciaram, por exemplo, mostraram que as mulheres se tornaram mais extrovertidas e abertas depois de cortarem os laços com seus cônjuges.

Homem olha celular enquanto toma café

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Quando se divorciam, homens tendem a ficar mais neuróticos

Os homens, por outro lado, não lidaram muito bem com o rompimento. Eles se tornaram mais neuróticos após o divórcio. E, em geral, todos, homens e mulheres, costumam se tornar menos confiáveis após a separação.

Mas não se trata de uma via de mão única. Assim como os rompimentos afetam nossa personalidade, nossa personalidade afeta como nos recuperamos depois de um rompimento. Pessoas mais extrovertidas tendem a se casar de novo mais rápido, enquanto os mais neuróticos costumam ter uma série de relacionamentos mais curtos após o divórcio.

Dois homens e uma mulher tomam café

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Monogamia é realmente a melhor opção?

Monogamia ou poliamor?

A monogamia já não é mais a única opção para um relacionamento hoje em dia. O chamado poliamor, que envolve mais de duas pessoas, vem se tornando uma tendência crescente no mundo.

A pesquisa mostrou que os casais poliamorosos mantêm amizades mais fortes fora de sua vida amorosa do que os monogâmicos. Um estudo online também descobriu que pessoas em relacionamentos poliamorosos eram mais propensas a praticar sexo seguro.

Mas se você não é adepto do poliamor, não se preocupe - você não está necessariamente perdendo toda a diversão. As pessoas que se empolgam com um relacionamento poliamoroso podem simplesmente estar mais abertas a mais relacionamentos (incluindo amizades) para começar.

E a pesquisa mostrou que, em geral, as pessoas em relacionamentos poliamorosos têm mais ou menos o mesmo bem-estar psicológico e qualidade de relacionamento do que os casais monogâmicos.

  • Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site da BBC Future.
  • Fonte:https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-46668775


Poliamor (do grego πολύ - poli , que muitos ou vários, e do Latim amor , significando amor ) é a prática ou desejo de ter mais de um relacionamento, seja sexual ou romântico, simultaneamente com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos.

Alguns grupos brasileiros entendem o poliamor como o modelo de relacionamento não-monogâmico que possui características principais: não raro ou sexual a dois, consensualidade e equidade entre todas as partes.

Por outras alternativas de vida, ou modo de vida, alternativamente igual, defendida como alternativa ou sexualmente alternativa íntimas, sólidas e estáveis ​​com mais de um simultaneamente, de forma consensual, honesta e igualitária.

O poliamor como movimento é mais visível e principalmente nos Estados Unidos , acompanhado de perto pelos movimentos na Alemanha e no Reino Unido . No Brasil , já reconhecendo relações poliamorosas [ 1 ]

Recentemente, a imprensa em geral tem feito a cobertura quer do movimento poliam ou em si, quer dos episódios que lhe estão ligados. Em novembro de 2005 realizou-se a Primeira Conferência Internacional sobre Poliamor [ 2 ] em Hamburgo , Alemanha. Realizou-se, de 25 a 27 de Setembro de 2015, em Lisboa , Portugal, a 1ª Conferência de Não-Monogamias e Intimidades Contemporâneas . Atualmente existem grupos de Poliamor no Brasil que se dedicam politicamente à causa, como é o caso da Pratique Poliamor RJ (fundado em 2011).

A palavra em si já foi inventada várias vezes, a maior parte das quais sob a forma de adjetivo (inclusivamente utilizada para referenciar Henrique VIII , Rei da Inglaterra ). Existe publicada em português uma breve história sobre a palavra. [ 3 ] A palavra foi, em 2014, reconhecida oficialmente em vários dicionários online de português de Portugal. [ 4 ]

Formas de Poliamor

Várias maneiras de confiança existem na prática, relacionadas com o definido, e em todas as maneiras de conhecer e a confiança de que existem partes envolvidas:

Quando a relação se estabelece em grupo de maneira horizontal entre três ou mais pessoas, ou seja, todas as pessoas se relacionam sexualmente ou romanticamente entre si sem hierarquia entre as partes. O relacionamento em grupo pode ser aberto ou fechado ( polifidelidade ). Sendo aberto é possível que as partes se relacionem — sexual ou romanticamente — , dentro de acordos pré-estabelecidos, com pessoas de fora do "grupo nuclear"; já envolve uma relação de fidelidade amorosa com contato sexual e exclusivo de parceria com parceiros sexuais.

Relacionamentos paralelos ou redes de relacionamentos interconectados: são os relacionamentos que existem paralelamente, ou X se relacionam com Y e Z mas, Y e Z não se relacionam entre si e mantêm de forma independente também outros relacionamentos amorosos ou sexualmente.

Com hierarquia ou sem hierarquia: Nossos relacionamentos com hierarquia distintam-se entre relações "primárias" e "secundária", nas relações sem hierarquia, como o próprio nome diz, não existe a priori diferença de importância entre uma relação e outra, há um esforço consciente para se tratar todas as relações da forma mais uniforme possível.

Parceiro Mono/Poli : um parceiro é monogâmico, mas permite que o outro tenha relações exteriores. Na realidade o chamam de mono/poli é uma obrigação para muitos decidir por vontade própria não se relacionar sexualmente com terceiros, no entanto e outra se relacionar, no entanto, não há nenhuma obrigação para muitos que decidem assim, quando a parte monógama é relevante quando ou decidem a parte sexualmente monógama a possibilidade de se relacionar com outras pessoas.

Os chamados "acordos geométricos" , que são descritos de acordo com o número de pessoas envolvidas e por suas ligações.

  • Exemplos incluem "trios" e "quadras", assim como as geometrias "V" e "N". O elemento comum V é algumas vezes referido como "pivô" ou "charneira", os parceiros próximos indiretamente são de uma relação e como os "braços". Os parceiros-braço estão ligados de forma mais clara com o parceiro pivô do que entre si. Situação contrastante com o "triângulo", em que todos os 3 parceiros estão ligados de forma equitativa. Um trio pode ser um "V", um triângulo, ou um "T" (um casal com uma relação estreita entre si e uma relação mais ténue com o terceiro). A geometria da relação pode variar ao longo do tempo.
  • As pessoas também podem se autointitularem poliamoristas mesmo não existindo em nenhum relacionamento (solteiras) desde que se identifiquem com uma possibilidade de simultâneos com consentimento e equidade entre as partes.

Relações abertas

Uma expressão de relacionamento aberto indica uma relação romântica estável (usualmente entre duas pessoas) em que os participantes são livres para qualquer um que tenham relações sexuais. Se o casal que escolhe esta alternativa é casado, fala-se em casamento aberto . "Relação aberta" e "poliamor" não são sinónimos. Em termos genéricos, a estabilidade "aberto" não pode se referir a um relacionamento sexual, enquanto a estabilidade não permite que haja relação sexual, enquanto a estabilidade não permite que haja uma extensão única para o campo remoto ao longo do relacionamento primordial.

Não Brasil

O ordenamento jurídico ainda não prevê expressamente a possibilidade de casamento brasileiro entre mais de uma pessoa. No entanto, no ano de 2012, na cidade de Tupã, no Estado de São Paulo, lavrou-se escritura pública de união estável entre três pessoas denominadas "Escritura Pública Declaratória de União Poliafetiva ". A família em razão do afeto mútuo entre os seus participantes foi definida como bem conhecida como proteção civil, sem Código Civil, sem Código Federal que proíba que as pessoas mantêm relações politicas entre as pessoas. [ 5 ]

Com efeito, as pessoas que são a união estável entre duas pessoas, §3º a união estável entre duas pessoas, não teria negado proteção à união estável por mais composta. Além disso, argumentam que o conceito moderno de família passa pela noção de uma comunidade de afeto, sendo os laços de afetividade a razão de sua origem e fim. [ 6 ]

Por outro lado, argumenta-se que, como poliafetivas, há a possibilidade de se manter as uniões de nulidade absoluta quanto à possibilidade de se manterem expressas em união com mais matrimonial, não sendo permitidas por analogia, a possibilidade de permanência se expressa em união com mais de uma pessoa. [ 7 ]

Insta que, após o ano de 2012, já promoveu outras regularizações de uniões políticas no Brasil. Contudo, em maio de 2016, o Conselho de Justiça, em decorrência de um da Associação de Direito de Família e das Sucessões (ADFAS) [ 8 ] para que a prática fosse proibida, proibida que novas escrituras declaratórias de uniões poliafetivas sejam lavradas nos cartórios brasileiros

De toda forma, já podemos ver um movimento poliamorista tomando forma no Brasil desde a primeira década do novo milênio. carece de fontes ? ]

Grupos de Suporte e Intervenção

Símbolo do poliamor.
Símbolo do poliamor.

O poliamor como modo de vida pode, em muitas sociedades, ser contra as normas de comportamento geralmente aceitas (mesmo quando respeitado como leis vigentes). Assim, os praticantes ou simpatizantes sofrem pressão mononormativa para se adequarem à norma de comportamento. Para se ajudarem mutuamente ou conhecer pessoas semelhantes, simpatizantes e práticas do poliamor têm-se constituído em redes locais ou virtuais de discussão ou mesmo intervenção social (usando extensivamente a internet ). Neste último caso, poli-ativistasimagem junto à sociedade interveniente em que se insere, tentando criar uma e merecedora de respeito majoritário. Por outro lado, algumas vezes podemos ajudar o suporte emocional por lá prestado por si mesmo uma forma de intervenção social. carece de fontes ? ]

Ver também

Na Wikipedia anglófona

Referências

  1. ↑ Jornal Jurid , Juiz reconhece duplicidade de relacionamento e determina a partilha dos bens , 17 de novembro de 2008, ISSN 1980-4288 . Citação: "De acordo com o juiz Adolfo, a psicologia moderna chama essa relação triangular de " poliamorismo ", que se constitui na coexistência de duas ou mais afetivas paralelas em que as pessoas se aceitam mutuamente." , Visitada 2013-12-11.
  2. ↑ Conferência Internacional sobre Poliamor e Mononormatividade
  3.  interagir: Poliamor, ou Da Dificuldade de Parir um Meme Substantivo
  4. ↑ SA, Priberam Informática. «poliamor» . Dicionário Priberam Consultado em 24 de agosto de 2021
  5. ↑ «O que é a família poliafetiva? Entenda o conceito» . GEN Jurídico . 18 de junho de 2020 Consultado em 24 de agosto de 2021
  6. ↑ IBDFAM: O reconhecimento das uniões politicas brasileiro e os efeitos do reconhecimento da fe inter vivos . ibdfam.org.br Consultado em 24 de agosto de 2021
  7. ↑ «Como relacionamentos poliafetivos estão quebrando tabus» . BBC News Brasil Consultado em 24 de agosto de 2021
  8. ↑ «Corregedoria análise regularização do registro de uniões poliafetivas»

Ligações externas

Commons possui uma categoria com imagens e outros arquivos sobre Poliamor

Fonte: Wikipédia


Poliamor: você sabe como funciona esse novo movimento social?

Falar sobre amor e suas inúmeras formas de expressão é fascinante. Ahhh… o amor, ahhh… o poliamor.

Não é para tanto, falar sobre Poliamor não é confortável, não gera suspiros, e pode até parecer uma utopia. As novas formas de amar moldam novas formas de relacionamentos, novas organizações familiares que impactam em nosso modo de ver o mundo e viver em sociedade, e nos levam rumo a relações mais inclusivas.

Os laços monogâmicos de sangue e parentesco, se atam e desatam à medida que as pessoas se divorciam, casam de novo, se divorciam outra vez, moram juntas, adotam crianças, usam doadores e barrigas de aluguel e misturam famílias.

Segundo Perel, em todas as sociedades, em todos os continentes e em todas as épocas, independentemente das punições e dos impedimentos, homens e mulheres escaparam dos limites do matrimônio. Em quase todos os lugares onde as pessoas se casam, a monogamia é a norma oficial e a infidelidade é a clandestina. Portanto, como devemos entender esse tabu consagrado pelo tempo — globalmente proibido, mas universalmente praticado?

Monogamia, Poligamia e Poliandria

A monogamia, na tentativa de viver um amor exclusivo e para toda a vida, falha em 60 a 70% das vezes. Vamos quebrar um paradigma logo de início, nossa sociedade ocidental não é monogâmica no sentido restrito deste conceito.

Ser monogâmico é ter um único parceiro amoroso por toda a vida, o mundo ideal da Cinderela, o primeiro e único amor. Já o modelo que a maioria de nós adota hoje é de monogamia consensual e serial. Ou seja, escolhemos nosso parceiro por amor, de forma livre e recíproca, e somente teremos um novo parceiro quando este vínculo se desfizer por morte ou por separação.

Então, ter mais de um parceiro simultaneamente é poligamia? Definitivamente não. Vamos entender melhor. A poligamia é estabelecida como um sistema social em que nem todos os indivíduos têm os mesmos direitos, porque favorece um gênero. Assim temos a poligamia, em que um homem se casa com várias mulheres, e a poliandria, em que uma mulher se casa com vários homens. Estes sistemas não aparecem juntos na mesma sociedade: os dois são geralmente exclusivos e envolvem uma relação dominante/gênero dominado. 

Ser um casal não é uma tendência natural, mas cultural, formatado em suas garantias legais e padrões religiosos. A forma binária do amor é um produto da sociedade que nós desenvolvemos por meio de crenças, valores e regras. Por isso precisamos questionar o porquê se privilegiou a monogamia em detrimento de outras formas possíveis, elevando-a à categoria de “norma inquestionável”. 

Regina Navarro Lins, psicanalista e escritora, em “O livro do amor” volumes 1 e 2, nos leva a uma longa viagem no tempo e revela-nos como as noções ocidentais sobre o amor, o desejo, a sexualidade e o casamento se alteraram da Pré-História até o século XVII. Distrações ou aflições para os gregos da Antiguidade Clássica, questões repudiadas pelos primeiros cristãos, assuntos do demônio e temas idealizados pelos trovadores na Idade Média, sujeitos a intensa repressão durante a Renascença; as reações de cada época às práticas amorosas deixam marcas profundas ainda em nossos dias. #ficaadica para você explorar mais este assunto.

Era uma vez uma princesa que amava todos os príncipes do reino…

O neologismo Poliamor foi utilizado por Morning Glory Zell-Ravenheart, e citado pela primeira vez em seu ensaio “Um Buquê de Amantes”, publicado em maio de 1990. A palavra Poliamor é uma combinação de grego e latim que significa “muitos amores”. Zell-Ravenheart o definiu como um modelo não-monogâmico consensual, ético e responsável, e é assim que consideraremos aqui.

Agora, precisamos alinhar mais dois conceitos: não-monogamia e relacionamento aberto.

A não-monogamia é um arco-íris de possibilidades, é qualquer estrutura de relações que não seja definida por exclusividade amorosa e sexual a um único parceiro, assim o poliamor e o relacionamento aberto estão incluídos neste espectro. Isso é tão diverso quanto é a pluralidade sexual.

Os relacionamentos abertos, às vezes chamados de amor livre, são caracterizados pela liberdade que é dada aos membros do casal para iniciar e manter relacionamentos com outras pessoas de modo individual e privativo. É praticado como uma oportunidade de ter relações sexuais fora do relacionamento, uma forma tolerante de relações extraconjugais que preservam a dimensão amorosa e sexual com o parceiro tido como principal.

No poliamor são vivenciadas múltiplas relações que podem ser de curto ou longo prazo, profundamente íntimo ou mais casual, sexual ou não sexual, com uma grande variedade de formatos e entrelaçamento de vidas.

Alguns poliamoristas são fiéis aos seus parceiros e consideram a fidelidade como um valor superior à liberdade. Assim falamos de polifidelidade. Esta é uma importante diferença em comparação ao relacionamento aberto, porque os vários relacionamentos simultâneos são exclusivos, há uma ética e transparência entre todos os envolvidos. A polifidelidade ocorre quando um grupo fechado de mais de dois poliamoristas se relacionam entre si e não buscam relações amorosas ou sexuais fora do grupo.

E o que fazemos com o ciúme?

Neste momento você deve estar pensando: como fica o ciúme nesta história toda? O ciúme pode realmente ser a maior dificuldade emocional e comportamental da não-monogamia. Esta é uma emoção pouco estudada, mas a maioria dos pesquisadores concorda que em um nível cognitivo-comportamental, o ciúme amoroso ou sexual é uma reação a uma experiência real ou imaginária de seu parceiro com um terceiro, e que o ciúme é mais provável de ocorrer em uma pessoa que é ao mesmo tempo dependente, insegura e com baixa autoestima.

O poliamoroso não está imune a este sentimento, mas para lidar com isso terá que renunciar à possessividade e desenvolver sua autoestima, assim poderá amenizá-lo. De acordo com Thalmann, a transmutação total do ciúme é possível (mesmo que seja rara), é chamada de Compersão.

O sentimento de alegria e emoção que você sente quando uma pessoa que ama vive momentos de felicidade ou de prazer com outra pessoa é uma forma de empatia refinada, em que se pode compartilhar a felicidade do ente querido além de toda aspiração egoísta. Sustenta-se no amor incondicional e desinteressado. Não é por acaso que esta nova palavra nasceu no coração da comunidade poliamorosa, porque no contexto da exclusividade amorosa, a atração que nosso parceiro pode sentir por qualquer outra pessoa tem todas as possibilidades de levar ao engano, à traição e à separação. É muito difícil se alegrar nessas condições.

As dificuldades de se assumir poliamorista (família, religião e trabalho)

Temos visto um avanço muito grande contra a LGBTQIfobia, e muitas pessoas conquistando o respeito e seu espaço na família, no ambiente religioso e de trabalho. Já para os poliamoristas não é bem assim, é preciso construir esse espaço.

Ser poliamorista carrega um estigma de promiscuidade, imoralidade, pecaminosidade, psicopatologia, vício em sexo, descompromisso e de ser “fácil” e irresponsável, e que é ainda mais pesado para as mulheres. Por isso, pessoas que se assumem publicamente como poliamoristas são rejeitadas no emprego, no ambiente religioso e podem comprometer direitos como a custódia de seus filhos.

Os amigos mais próximos podem se afastar por sentirem-se ameaçados por sua mente aberta e autoconfiança, considerando que o poliamoroso pode ser uma má influência para os relacionamentos e familiares.

O papel da psicologia

Ao nos afastarmos das normas culturais da monogamia e do casamento tradicional, o mais importante é deixar os pensamentos fluírem e refletir sem ideias pré-concebidas, sem juízo de valor.

Você pode se permitir fazer perguntas difíceis sobre o que você realmente quer da sua vida amorosa e sexual e como você quer vivê-las. Você pode descobrir seus desejos mais profundos, entender suas motivações e como trilhar o caminho para o autodesenvolvimento e realização pessoal na dimensão afetiva e sexual. Contudo, não ignore que o caminho da infidelidade é perverso e destrói vidas.

O autoconhecimento na dimensão da sexualidade talvez seja o mais desafiante em nossa vida. Requer verdade e honestidade a respeito de si mesmo, transparência acerca dos seus mais íntimos sentimentos, pensamentos, vulnerabilidades, medos, desejos e segredos.

A psicologia pode facilitar este encontro consigo mesmo. Procure entender os pensamentos e reações que moldam seus relacionamentos. Esteja ciente de pensamentos e sentimentos, positivos ou negativosque surgem como consequência ao que você está lendo, o que te atrai e o que te assusta. Despertou curiosidades e inquietações?

Talvez você se surpreenda consigo mesmo(a) e possa ficar ainda mais surpreso(a) ao ver que seus pensamentos e sentimentos mudam ao longo do tempo. As respostas não estão prontas, e certamente, com ajuda profissional você encontrará apoio para iniciar esta viagem e se encantar com novos pontos de vista, sozinho ou com seu/sua(s) parceiro/parceira(s).

Como disse no início este assunto é fascinante, e ainda tem muito a ser dito. Em outro momento abordarei o tema da liberdade, do perfil do poliamorista, histórias de sucesso e não-sucesso na vivência do poliamor, formatos e práticas, mitos e arquétipos, ética poliamorista e principalmente: as alegrias e dores de permitir-se viver o poliamor.

Fonte:https://blog.psicologiaviva.com.br/poliamor/

5 mitos sobre o poliamor

Você já ouviu falar sobre o poliamor? Saberia dizer quais são as regras básicas para um relacionamento assim? Neste artigo explicamos o conceito e 5 dos principais mitos associados ao tema.

30 AGO 2018 · 


O relacionamento amoroso que envolve mais de duas pessoa ainda é cercado de muito preconceito, e não é somente no Brasil que o poliamor é visto com ressalvas por parte de homens e mulheres. As atitudes discriminatórias não deixam de estar sustentadas pela falta de conhecimento, que acaba alimentando muitos mitos.

Neste artigo, você encontrará informações sobre o que é o poliamor, além dos 5 mitos mais comuns associados a esse tipo de relacionamento. Confira!

Falando sobre o poliamor

O ponto de partida deste tipo de relacionamento é o desejo de romper com o padrão monogâmico, aquele que é socialmente mais aceito. Quem escolhe o poliamor, mantém uma relação sentimental entre três pessoas ou mais, com o conhecimento e consentimento de todas as partes envolvidas.

É uma forma de viver a poligamia, com dinâmicas internas que são definidas pelos próprios envolvidos. Por exemplo, três pessoas que mantém um relacionamento de poliamorismo, podem optar pela polifidelidade, o que significa manter relações amorosas e sexuais somente entre os três.

Por outro lado, esse trio pode admitir que, além das relações entre eles, também haja relações individuais de cada envolvido com outras pessoas, sem que isso seja interpretado como traição.

Como em qualquer relacionamento, o segredo para que o poliamorismo funcione é que todos os envolvidos se sintam confortáveis com as condições da relação, e sintam seus desejos representados e respeitados.

shutterstock-1043907601.jpg

Mitos sobre o poliamor

Controvérsias à parte, a tendência ao poliamor vem se consolidando em algumas culturas. Há especialistas que defendem, inclusive, que a monogamia não é uma estrutura natural para os ser humano.

Independente de você considerar esta a fórmula idônea ou não de relacionamento, é importante respeitar. Para isso, nada melhor que compreender quais são os 5 mitos sobre o poliamor:

  1. não existe um compromisso real entre os parceiros: esse é dos mitos mais difundidos e um dos mais combatidos por aqueles que praticam o poliamor. O fato de ser um relacionamento muitas vezes mais aberto do que a monogamia seria um dos motivos para que o vínculo entre os parceiros seja mais forte do que o estabelecido na maioria dos casais monogâmicos.
  2. só pratica o poliamor quem não consegue ser feliz em casal: a busca por segundos ou terceiros companheiros não é impulsionada pela insatisfação. Quem pratica o poliamor simplesmente não vê a necessidade de compartilhar seus sentimentos e desejos apenas com uma pessoa.
  3. quem pratica o poliamor são pessoas promíscuas: mais um mito e um preconceito injustificado. Não tem qualquer relação com tara ou comportamentos inadequados. Trata-se de pessoas que decidem se relacionar de uma forma diferente do modelo estabelecido na sociedade atual. Aliás, psicólogos especializados em relacionamentos afirmam que, em muitos casos de poliamorismo, o compromisso é igual ou mais forte do que na monogamia. Como vão contra-corrente, costumam ser ainda mais companheiros.
  4. o poliamor é prejudicial para as crianças: que um menino ou uma menina cresça em um entorno amoroso e marcado pela cumplicidade é o que vai determinar um desenvolvimento adequado, independentemente de que o referencial seja um casal heterossexual, homossexual ou um relacionamento de poliamorismo.
  5. o relacionamento no poliamorismo é mais complicado e menos satisfatório: como acontece com qualquer tipo de relação, vai depender da dinâmica que os envolvidos conseguem criar. Se a comunicação é fluída, marcada pelo respeito e pela transparência, os problemas são facilmente transponíveis.

Fotos: MundoPsicologos.com

Fonte:https://br.mundopsicologos.com/artigos/5-mitos-sobre-o-poliamor

As reflexões de um especialista em sexo: 'Somos monogâmicos porque somos pobres'

  • Irene Hernández Velasco
  • Especial para BBC News Mundo
Legenda do áudio,

Em áudio: As reflexões de um especialista em sexo: 'Somos monogâmicos porque somos pobres'

As visões sobre sexo do espanhol Manuel Lucas Matheu, de 69 anos, contrariam - e muito - o senso comum. Presidente da Sociedade Espanhola de Intervenção em Sexologia e membro da Academia Internacional de Sexologia Médica, ele argumenta que os seres humanos não são predispostos à monogamia. Se a praticamos, é por um único motivo: somos pobres.

O sexólogo apresenta outras visões marcantes. Diz, por exemplo, que o verdadeiro órgão sexual dos seres humanos é a pele.

Manuel Matheu - Sexo é importantíssimo, muito mais importante do que pensa a maioria das pessoas, as instituições e a sociedade em geral. O sexo determina em grande medida a nossa qualidade de vida e é a origem de vários comportamentos.

BBC News Mundo - O senhor, por exemplo, defende que as sociedades mais pacíficas, com menos conflitos, são aquelas que vivem a sexualidade de maneira mais livre, desinibida...

Matheu - Não sou eu quem diz, é um estudo que fiz, em que analisei 66 culturas diferentes, algumas com pesquisa de campo.

Estive, por exemplo, nas Ilhas Carolinas, na Micronésia. E a conclusão desse estudo é que as sociedades mais pacíficas são aquelas em que a moralidade sexual é mais flexível e onde o feminino tem um papel preponderante.

Em contraste, as sociedades reprimidas e nas quais as mulheres têm papel secundário, como as sociedades ocidentalizadas em que vivemos, são mais agressivas.

vista de uma ilha na Micronesia

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Matheu pesquisou 66 culturas diferentes e descobriu que as sociedades com moralidade sexual mais flexível são menos agressivas

BBC News Mundo - Para entender do que estamos falando, o senhor poderia nos dar um exemplo de sociedade sem repressão sexual e onde o feminino é muito valorizado?

Matheu - Os chuukies, a sociedade que estive estudando por quatro meses nas Ilhas Carolinas, na Micronésia. Trata-se de uma sociedade em que todos os bens são herdados através da linha materna. Ou seja, a mãe é quem determina o poder econômico.

Ao contrário do que ocorre na sociedade ocidental, em que se dá uma enorme importância ao tamanho do pênis, ali o que importa é o tamanho dos lábios menores da genitália das mulheres. Enquanto no Ocidente a menstruação era considerada algo impuro, lá ela é considera vantajosa e é empregada até para fins medicinais.

Além disso, a mulher é a voz mais forte nas relações sexuais. É ela a responsável pelos encontros sexuais. Os homens se aproximam engatinhando nas cabanas das mulheres, solteiras e casadas, e introduzem nas cabanas pedaços de pau talhados que permitem à mulher identificar quem é cada um deles.

Se a mulher quiser ter relações sexuais naquela noite, ela retém na cabana o talo correspondente ao homem que lhe interessou. Isso significa que ele está autorizado a entrar na cabana. É assim todas as noites.

Ali não existe ciúme, nem o conceito tradicional de fidelidade. A moralidade sexual é muito mais flexível que aqui. Ao mesmo tempo, essa é uma sociedade muito pacífica, enquanto a sociedade ocidental é muito agressiva.

BBC News Mundo - Então a monogamia não é algo intrínseco ao ser humano, algo que faz parte da sua natureza?

Matheu - Não, não é. A monogamia não é uma característica do ser humano de forma alguma.

Basta olhar o atlas etnográfico de Murdock, que analisou mais de 800 sociedades e mostrou que 80% delas não são monogâmicas. Elas são poligínicas (um homem com várias parceiras) ou poliândricas (uma mulher com vários parceiros).

BBC News Mundo - E por que o Ocidente adotou a monogamia?

Matheu - As espécies animais que são monogâmicas são aquelas que não têm tempo nem recursos suficientes para poder se dedicar ao cortejo.

É o caso das cegonhas, que são monogâmicas porque têm que empregar muita energia todos anos às longas migrações que realizam. E os animais que vivem em locais onde é mais difícil encontrar alimento tendem a ser mais monogâmicos.

BBC News Mundo - Quer dizer que a monogamia está relacionada à economia?

Matheu - Exatamente. Nós somos monogâmicos porque somos pobres. É só observar nossa sociedade para compreender: os ricos não são monogâmicos, na melhor das hipóteses são monogâmicos sequenciais - ao longo da vida têm vários parceiros consecutivamente, um atrás do outro.

Os que não são ricos não podem ser monogâmicos sequenciais, porque se divorciar ou separar causa um enorme dano econômico. E a poligamia (ter vários parceiros sexuais ao mesmo tempo) também é muito cara.

BBC News Mundo - Se as sociedades com maior liberdade sexual são mais pacíficas, a nível individual as pessoas agressivas podem ser assim por terem problemas com sexo? É razoável pensar que muitos ditadores são pessoas reprimidas sexualmente?

Matheu - Bem, Hitler, Franco e outros ditadores tinham problemas de autoestima e problemas sexuais importantes.

Acredito que as pessoas que se dedicam a acumular riqueza ou poder de maneira compulsiva sofrem o que chamo de "erótica do poder", compensam a sua falta de satisfação sexual com isso (poder).

Protesto na Alemanha contra movimentos de extrema direita

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

'Acredito que as pessoas que se dedicam a acumular riqueza e poder de maneira compulsiva sofrem do que chamo de 'erótica do poder'', diz o sexólogo

BBC News Mundo - Qual a sua opinião sobre o presidente americano Donald Trump, que é protagonista de vários escândalos de natureza sexual?

Matheu - Para mim, Donald Trump parece acima de tudo um desequilibrado mental, mas também aparenta ter problemas sexuais.

Todos os escândalos sexuais que protagonizou, a meu ver, denotam que sua autoestima é baixa. As pessoas de autoestima alta são, em general, pacíficas e tranquilas, não se vendem como galos de briga. É difícil provocá-las. Elas não têm muita variação de humor e sua forma de amar é pouco possessiva.

As pessoas com problema de autoestima podem reagir de maneiras diferentes: fechando-se em si mesas, numa timidez incapacitante, ou fazendo uso de um comportamento grosseiro e desafiante, como é o caso de Trump e de outros políticos.

BBC News Mundo - O orgasmo é superestimado e mitificado?

Matheu - Com certeza. O psicanalista Wilhelm Reich dizia que reprimimos a libido não apenas de maneira quantitativa, mas também qualitativa. A sociedade burguesa capitalista, ele dizia, concentrou a sexualidade nos órgãos genitais para que o resto do corpo pudesse focar em produzir para o sistema.

Não sei se é isso mesmo, mas é sim verdade que há muito tempo começamos a concentrar nossa sexualidade nos genitais e nos esquecemos, com o tempo, da pele. Os seres humanos têm a pele mais sensível de todos os mamíferos, mas a aproveitamos muito pouco na nossa cultura.

Hoje em dia, nos acariciamos muito pouco. As famílias se dedicam a acariciar cachorro e gato, mas não se acariciam.

BBC News Mundo - A pele seria o ponto G?

Matheu - Isso, a pele é o verdadeiro ponto G, o grande ponto sexual do ser humano. E, além de tudo, a pele funciona do nascimento à morte. Mesmo que tenhamos uma doença terminal, a pele segue funcionando.

Quando alguém nos abraça de verdade, soltamos uma enorme quantidade de endorfina. É nisso que se baseia grande parte da nossa sexualidade.

O problema é que convertemos a sexualidade numa atividade de ginástica, na qual o homem primeiro tem que ter uma ereção, depois tem que mantê-la a todo custo para não ejacular antes do tempo. Isso acontece porque consideramos que o homem, com seu pênis, é um mago com uma varinha mágica que consegue dar prazer à mulher. E, por fim, a mulher tem que ter um orgasmo.

No entanto, 60% das mulheres da nossa cultura ocidental já simularam um orgasmo em algum momento da vida.

E, quando as perguntamos por que fizeram isso, a resposta costuma ser: "para que o outro ficasse satisfeito" ou "porque assim o outro me deixaria em paz".

mulher de olhos fechados

CRÉDITO,ISTOCK/GETTY IMAGES

Legenda da foto,

O sexólogo alerta que os seres humanos têm negligenciado a pele como 'órgão sexual'

Tanto os homens quanto as mulheres fizeram da sexualidade um exercício físico e mental, quando a sexualidade é se fundir, sentir um ao outro, sentir-se embaixo da pele do outro, como dizia Frank Sinatra.

BBC News Mundo - Vivemos em um mundo em que a pornografia está ao alcance de todos, em que adolescentes crescem vendo pornografia. Que efeito isso tem nas relações sexuais?

Matheu - O problema da pornografia não é mostrar os atos sexuais explícitos. Nesse sentido, me parecem mais perigosos os programas de televisão que fazem pornografia da intimidade, a calúnia, a fofoca, ou alguns filmes violentos.

O problema da pornografia é que é uma pornografia absolutamente "genitalizada", que reforça a ideia de sexo como ginástica.

Eu não acho que a pornografia deva desaparecer, mas sim mudar. Deve deixar de ser aquela pornografia tediosa do mete e tira, para se converter numa pornografia de pele.

Fonte:https://www.bbc.com/portuguese/geral-45629555


Comentários