O EMPODERAMENTO FEMININO PASSA PELA ESPIRITUALIDADE

ilustração de uma mulher com as mãos em posição de prece em frente ao peito, com seu rosto em perfil dos dois lados, a lua tríplice acima e fundo colorido ao redor, em alusão ao empoderamento feminino

 

O empoderamento feminino passa pela espiritualidade

Muito se fala de empoderamento feminino. Às vezes partindo de um desejo sincero de contribuir com o fortalecimento das mulheres, às vezes por puro oportunismo. De qualquer forma, o termo está em voga. Que bom! É algo a se comemorar! Precisamos (nós, mulheres, no coletivo) estar em pauta sempre, cada vez mais e sem descanso. Porém, há muito por trás da verdadeira descoberta do poder pessoal inato a cada mulher. Há a dimensão da espiritualidade.

 

Podemos partir de que somos seres espirituais vivendo uma experiência humana. E não o contrário. Ou podemos falar da Mulher Selvagem da Clarissa Pinkola Estés. Ou da intuição da sua mãe ou da sua avó ou da sua bisavó. Ou ainda da benzedeira que você ia quando criança. Isso é tudo sobre espiritualidade. É sobre o “algo a mais” que faz parte da gente. É sobre dar o braço a torcer e aceitar que somos muito mais do que podemos ver. Somos mulheres criadas à semelhança dos ciclos da natureza, da lua, da vida-morte-vida. Não há real empoderamento feminino se não reconhecermos que dentro de nós mora uma sabedoria ancestral infinitamente poderosa. E mágica – pra quem adora adorar o inexplicável, como eu.

 

Por quê? Porque tudo começa dentro. Sim, todas as lutas feministas afora são extremamente válidas e necessárias, mas a partir do momento em que se conhece o que habita dentro de nós podemos reivindicar com muito mais prioridade. Tanto quanto salários iguais, eu quero respeito pelas minhas emoções quando estou no período pré-menstrual ou quando estou mais cansada durante os dias de menstruação. Eu quero o direito de ser, sim, emotiva e visceral, porque eu sou assim. A energia feminina que me preenche em maioria, é assim. Entende? Porém, só vou conseguir isso quando eu me respeitar primeiro. Quando eu conhecer primeiro. Por exemplo, como exigir respeito pela mulher integral que sou, quando eu nego uma parte importantíssima minha que é o valor da menstruação? O externo reflete o interno.

 

Sim, meu mundo mudou quando me dei conta que estava imersa em um patriarcado e, então, comecei a lutar contra o machismo conscientemente, mas sentia que algo não estava bem. Era muito ódio dentro de mim. Contra tudo. Inclusive contra eu mesma por não ter me dado conta antes. Quando conheci o Sagrado Feminino, percebi o que estava errado. Estava lutando com as armas erradas. Porque a verdadeira revolução começa dentro. Com o amor e a reverência por ser mulher. Com cada mulher indo ao encontro da sua divindade interior. Deixando-se ser a Deusa que é, primeiro para si mesma. Não há maior empoderamento que isso: quando o poder vem das nossas entranhas, vísceras, alma. Não é por acaso que a Igreja queimou milhares de curandeiras, sábias e sacerdotisas há pouco tempo.

 

Acredito, sim, que há mulheres que naturalmente serão mais abertas à espiritualidade e outras não. Mas é preciso que cada vez mais tenhamos acesso aos conhecimentos acerca da espiritualidade feminina. Com certeza, vamos precisar continuar firmes e fortes para vencer o patriarcado – mas ele já está morrendo, agora é só uma questão de tempo. Algumas e alguns podem pensar que falar sobre espiritualidade enquanto mulheres não têm o que dar de comer a seus filhos, não têm creche para deixá-los e/ou são vítimas da absurda violência doméstica pode até soar estranho – talvez fútil?, mas eu, no meu lugar de privilégio social, escolho me nutrir para emanar amor a elas e, assim, ajudá-las a reconhecerem o seu valor. Ninguém para uma mulher que reconhece o seu valor como mulher. É o primeiro passo para dizer não a essa sociedade que não nos valoriza.

 

Pra viver a espiritualidade feminina não precisa morar no meio do mato, virar hippie, uivar pra Lua Cheia, regar as flores de casa com a menstruação. Também pode fazer tudo isso. Mas chegamos a um ponto da história da humanidade (portanto, da nossa história) em que precisamos justamente unir o melhor dos dois mundos: o externo e o interno. Assim, seremos inteiras. De verdade. Fortes como nunca. Empoderadas como nunca. Cada uma no seu caminho, mas todas abençoadas pela Grande Mãe.

Fonte:https://todamulheresagrada.com/o-empoderamento-feminino-passa-pela-espiritualidade/


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