CHINA MANDA RECADO CONTRA 'AMPLIAÇÃO DE ALIANÇAS MILITARES' DA OTAN DURANTE REUNIÃO DO BRICS

Presidente chinês alerta contra 'ampliação de alianças militares'

Poornima WEERASEKARA, con Bhuvan BAGGA en Nueva Delhi

qua., 22 de junho de 2022 11:07 AM

O presidente da China, Xi Jinping, advertiu nesta quarta-feira (22) contra a "ampliação de alianças militares" em um discurso prévio a uma cúpula virtual com os líderes da Rússia, Índia, Brasil e África do Sul.

Xi disse no fórum empresarial do bloco BRICS que a "crise da Ucrânia é um alerta" e advertiu contra "a expansão de alianças militares e a busca da própria segurança às custas da segurança de outros países", segundo a imprensa estatal.

O presidente chinês também criticou as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia à Rússia, assegurando que "as sanções são um bumerangue e uma faca de dois gumes".

O bloco BRICS de economias emergentes, criado em 2009, reúne 40% da população global e representa quase um quarto do PIB mundial.

Três de seus membros - China, Índia e África do Sul - se abstiveram de votar uma resolução para condenar a invasão russa da Ucrânia.

A China e a Índia têm fortes laços militares com a Rússia e compram quantidades significativas de petróleo e gás.

Há uma semana, Xi expressou seu apoio a questões de "soberania e segurança" em uma ligação com o russo Vladimir Putin, levando os Estados Unidos a pedir a Pequim que evite se colocar no "lado errado da história".

A África do Sul, um dos poucos países africanos com influência diplomática fora do continente, também se recusou a condenar a ação militar da Rússia, para salvaguardar importantes laços econômicos.

- Cooperação com a Rússia -

A cúpula do grupo BRICS acontece enquanto a Rússia continua sua ofensiva militar na Ucrânia, principalmente no leste.

Vladimir Putin defendeu nesta quarta-feira reforçar os vínculos entre os países do grupo BRICS diante das sanções ocidentais sem precedentes contra a economia russa por sua invasão da Ucrânia.

"Os empresários dos nossos países são obrigados a desenvolver suas atividades em condições difíceis, já que os sócios ocidentais omitem os princípios de base da economia de mercado, do comércio livre", disse o presidente russo.

Putin denunciou ainda "a aplicação permanente de novas sanções por motivos políticos", que contradizem "o bom senso e a lógica econômica elementar".

Nesse contexto, a Rússia está "redirecionando ativamente seus fluxos comerciais e contatos econômicos estrangeiros para parceiros internacionais confiáveis, especialmente os países do BRICS", destacou Putin.

"As negociações estão em andamento para abrir lojas da rede indiana na Rússia e aumentar a participação de carros chineses (...) no mercado russo", declarou.

"As entregas de petróleo russo para China e Índia estão aumentando. A cooperação agrícola está se desenvolvendo de forma dinâmica", assim como a exportação de fertilizantes russos para os países do grupo, segundo o presidente russo.

A Rússia também quer trabalhar com seus parceiros "mecanismos alternativos de transferência internacional" e uma "moeda de reserva internacional" para reduzir a dependência do dólar e do euro.

Para o analista político Manoj Joshi, de Nova Délhi, os BRICS dão a Putin uma plataforma importante.

"Envia uma mensagem aos Estados Unidos e à União Europeia (UE) de que eles não tiveram sucesso na tentativa de isolar Putin e a Rússia", explicou à AFP.

Fonte:https://br.noticias.yahoo.com/presidente-chin%C3%AAs-alerta-contra-amplia%C3%A7%C3%A3o-140746679.html


China manda recado contra expansão militar da Otan durante reunião do Brics

 MAYARA PAIXÃO E MATHEUS TEIXEIRA

GUARULHOS, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em recado indireto à Otan, o líder chinês, Xi Jinping, criticou nesta quarta (22) a expansão de alianças militares. Ele falava em fórum empresarial do Brics, que reúne também Brasil, Rússia, Índia e África do Sul.

A Xinhua, agência estatal chinesa de notícias, divulgou que, durante o discurso, Xi disse que "a crise da Ucrânia voltou a soar o alarme para a humanidade". "Países acabarão em dificuldades se depositarem fé cega na expansão de alianças militares e na busca de sua própria segurança às custas dos outros."

Ainda que não esteja envolvida diretamente na Guerra da Ucrânia, Pequim ampliou sua cooperação militar com Moscou. As relações mútuas alcançaram novo grau semanas antes do início do conflito, quando os países pactuaram um acordo histórico que Xi e Vladimir Putin descreveram como "amizade sem limites".

Enquanto estreita laços com sua vizinha ao norte e afina a Guerra Fria 2.0 contra os EUA, Xi fez uma defesa da multipolaridade na reunião. Ele exortou a comunidade internacional a abandonar o "jogo de soma-zero" nas relações exteriores e a se opor à hegemonia, ainda de acordo com citações da Xinhua.

O encontro antecede a reunião, também virtual, de líderes do Brics que deve contar com a participação de Jair Bolsonaro (PL). A data escolhida pela China, presidente rotativa do bloco, foi esta quinta (23).

A cúpula também deu mais um exemplo do movimento de aproximação entre Rússia e países asiáticos, intensificado com a guerra e as sanções impostas pelo Ocidente após a invasão da Ucrânia. Putin afirmou que Moscou está redirecionando seus fluxos comerciais para nações que compõem o Brics.

"Houve aumento notável nas exportações de petróleo russo para China e Índia", disse Putin. Cifras oficiais mostram que as importações chinesas de petróleo russo aumentaram 55% em relação ao ano anterior e alcançaram valor recorde em maio, desbancando a Arábia Saudita como principal fornecedora chinesa.

Do mesmo modo que seu parceiro chinês, o chefe do Kremlin criticou o Ocidente. "Parceiros ocidentais negligenciam os princípios básicos da economia de mercado, do livre comércio e da inviolabilidade da propriedade privada; eles seguem um rumo macroeconômico irresponsável", afirmou ele.

Assim como já vinha fazendo a chancelaria russa, Putin acusou países ocidentais de destruírem cadeias produtivas e afetarem o bem-estar das populações, mencionando a iminente crise alimentar global. A União Europeia culpa os russos pela insegurança alimentar ao reterem na Ucrânia toneladas de grãos.​

Analistas têm afirmado que a guerra no Leste Europeu consolidou os laços da Rússia com países asiáticos. O indiano Parag Khanna, autor de "The Future is Asian", disse à reportagem que a Rússia se tornou "o norte da Ásia". "A Rússia não tem outra opção a não ser exportar, importar e negociar com a Ásia."

A conformação do Brics e o peso que a Rússia tem no bloco dos emergentes ficou evidente em votações nas Nações Unidas para condenar a invasão da Ucrânia. Quando a discussão ocorreu no Conselho de Segurança, China e Índia se abstiveram —o Brasil votou a favor. Já a África do Sul, que não é membro do colegiado, absteve-se em duas votações na Assembleia-Geral da ONU com o mesmo escopo.

Como já esperado, o Brasil não mencionou a Guerra da Ucrânia durante o fórum empresarial. Bolsonaro concentrou seu discurso na afirmação de que "o contexto internacional é motivo de preocupação".

O líder brasileiro disse que seu governo está preocupado "em razão dos riscos aos fluxos de comércio e investimentos e à estabilidade das cadeias de abastecimento de energia e alimentos". "A resposta a esses desafios não é se fechar ao resto do mundo. Temos procurado aprofundar nossa integração econômica."

Fonte:https://br.yahoo.com/noticias/china-manda-recado-contra-expans%C3%A3o-003200397.html


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