SUCESSIVAS VIOLAÇÕES DE CESSAR-FOGO EM ENCLAVES SEPARATISTAS DA UCRÂNIA DEMONSTRAM QUE O CONFLITO ESTÁ EM EBULIÇÃO NO LESTE DO PAÍS

Detentos são escoltados por militares das autoproclamadas Repúblicas de Donetsk e Lugansk, no Leste da Ucrânia, durante troca de prisioneiros com o governo de Kiev Foto: ALEXANDER ERMOCHENKO / REUTERS

Detentos são escoltados por militares das autoproclamadas Repúblicas de Donetsk e Lugansk, no Leste da Ucrânia, durante troca de prisioneiros com o governo de Kiev Foto: ALEXANDER ERMOCHENKO / REUTERS


Sucessivas violações do cessar-fogo em enclaves separatistas da Ucrânia demonstram que o conflito está em ebulição no Leste do país

 

EUA insistem que a Rússia tenta fabricar um pretexto que justifique um ataque à Ucrânia, por meio dos rebeldes da região de Donbass.

 

 


Numa constatação de que o confronto está em ebulição na linha divisória entre as forças ucranianas e os separatistas da região de Donbass, no Leste do país, monitores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) relataram 591 violações do cessar-fogo, no período de apenas 24 horas.

O temor é que uma troca de tiros ou um ataque possa servir de estopim para uma drástica ação dos militares russos, alardeada como provável nos últimos dias pelo governo americano. O presidente Joe Biden e o premiê britânico Boris Johnson falaram claramente em operação de “bandeira falsa” – a Rússia estaria tramando uma ação contra suas próprias forças para justificar a invasão da Ucrânia.


A trégua acontece no início do ano letivo

REUTERS/GLEB GARANICH - 20.8.2018


As autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk são dois enclaves separatistas no Leste da Ucrânia, com forte influência eslava. Em 2014, logo após a anexação da Crimeia pela Rússia, os rebeldes separatistas, apoiados por Putin, protagonizaram um conflito armado com as forças do governo ucraniano que deixou mais de 14 mil mortos.


Rússia nega o envolvimento na região de Donbass, que encara como uma guerra civil, mas ninguém compra a versão. A Ucrânia, por sua vez, desmente os temores dos rebeldes de que esteja disposta a retomar à força as províncias separatistas.

Assim como o Ocidente, a Rússia não reconheceu as autodeclaradas repúblicas como como estados soberanos, embora tenha distribuído pelo menos 500 mil passaportes russos a seus habitantes.

No início da semana, porém, a Duma (Câmara baixa do Parlamento russo) pediu a Putin que reconheça Donetsk e Luhansk como nações independentes. Se atendida pelo presidente, a moção aprovada pelos 5 partidos enterraria definitivamente os Acordos de Minsk, assinados em 2014 e 2015 na capital belarussa por representantes de RússiaUcrânia e OSCE para obter um frágil cessar-fogo na região.


Além da retirada do armamento pesado da linha de frente, os acordos preveem uma reforma constitucional que daria autonomia à região Leste da Ucrânia. Na prática, não foram implementados, mas servem de base para as negociações que visam a evitar o confronto.

O Kremlin demonstrou uma fria reação ao pedido dos legisladores para o reconhecimento de Donetsk e Luhansk, vista como jogo de cena. Para Putin, interessa mostrar mais essa carta na manga – a de que poderia, se necessário, abandonar os acordos de Minsk. No entanto, atualmente eles mais interessam à Rússia do que à Ucrânia.

Armar abertamente os separatistas solaparia as alegações de Putin para convencer a Ucrânia e o Ocidente de que não é parte do conflito. Se reconhecer as repúblicas, perderá o suposto papel de observador para se legitimar como parte diretamente envolvida na região.


Fonte:https://g1.globo.com/mundo/blog/sandra-cohen/post/2022/02/18/sucessivas-violacoes-do-cessar-fogo-em-enclaves-separatistas-da-ucrania-demonstram-que-o-conflito-esta-em-ebulicao-no-leste-do-pais.ghtml


 

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