Pulga-D’água-Comum(Daphnia magna)
por Piter Kehoma Boll
Às vezes apenas uma gota de água de um lago pode conter vários organismos do plâncton que vive próximo à superfície. E um grupo comum no plâncton de água doce é a ordem de crustáceos Cladocera, conhecidos como pulgas-d’água. A espécie mais comum e disseminada é Daphnia pulex, ou pulga-d’água-comum.
Com uma distribuição a nível global e medindo cerca de 3 mm de comprimento, a pulga-d’água-comum possui um corpo típico de uma pulga-d’água. Ela geralmente é transparente e a cabeça é pequena e lisa, com dois olhos pretos facilmente visíveis e um par de segundas antenas bem desenvolvido que é usado para natação, sendo o maior par de apêndices. O tórax e o abdome são fundidos e rodeados por uma concha transparente e meio oval, fazendo a pulga-d’água-comum se parecer com uma criatura barrigudinha. A concha tem uma ponta posterior que se parece com uma cauda pontuda. As pernas torácicas, mais difíceis de distinguir por causa da carapaça, são menores que o par de segundas antenas e são usadas para criar uma corrente d’água que traz comida para a boca.
O alimento consiste principalmente de algas e outros organismos pequenos, como bactérias, bem como fragmentos orgânicos. A pulga-d’água-comum é, portanto, um animal filtrador. Seus predadores incluem invertebrados, como artrópodes predadores, e pequenos vertebrados, como alguns peixes.
A pulga-d’água-comum é considerada um organismo modelo e tem sido estudada extensivamente em relação a vários aspectos biológicos, incluindo, por exemplo, estequiometria ecológica, que investiga a resposta de organismos a mudanças na disponibilidade de recursos. A resposta da pulga-d’água a predadores também tem sido bastante estudada e revelou, por exemplo, que ela pode aumentar de tamanho na presença de predadores invertebrados, de modo a ficar grande demais para ser comida, ou diminuir de tamanho na presença de predadores vertebrados, de forma a ficar pequena demais para ser vista. A pulga-d’água-comum também pode desenvolver estruturas especiais na presença de predadores específicos, tal como protrusões na cabeça na presença de vermes-de-vidro.
O ciclo reprodutivo da pulga-d’água-comum é outro aspecto bem estudado. Como na maioria das espécies de Daphnia, a pulga-d’água-comum se reproduz por partenogênese cíclica. A maioria da população é formada de fêmeas e, durante a estação de crescimento, as fêmeas produzem ovos diploides (que são clones da mãe) toda vez que fazem a muda do exoesqueleto. Os ovos eclodem muito rapidamente, geralmente após apenas um dia, mas as pulgas-d’água recém-eclodidas permanecem dentro da mãe por cerca de três dias antes de serem liberadas. Após passarem por cerca de 5 ínstares, elas podem começar a produzir seus próprios ovos.
Quando as condições ambientais se tornam difíceis, a segunda forma de reprodução é ativada. Parte da prole produzida por partenogênese se transforma em machos e as fêmeas começam a produzir ovos haploides, que são então fertilizados pelos machos e se transformam em ovos de resistência com uma capa endurecida chamados de efípios. Um efípio pode permanecer no ambiente por muitos anos, suportando frio, seca ou ausência de alimento, e eles eclodem, produzindo fêmeas, quando as condições melhoram.
A pulga-d’água-comum foi a primeira espécie de crustáceo a ter seu genoma sequenciado. Isso revelou que esta espécie contém cerca de 31 mil genes devido a uma taxa elevada de duplicação gênica. Isso é cerca de dez mil genes a mais do que humanos possuem e é a razão de a pulga-d’água-comum ter uma capacidade tão incrível de se adaptar a mudanças ambientais.
Fonte:https://naturezaterraquea.wordpress.com/2019/11/15/sexta-selvagem-pulga-dagua-comum/
Mudanças climáticas extremas afetarão transmissão de doenças,
diz estudo
Experimento irlandês aponta que,
sob algumas condições específicas, parasitas são capazes de suportar variações
de temperatura melhor do que seus hospedeiros
Para estudar como as mudanças climáticas afetam doenças e infecções, pesquisadores do Trinity College Dublin, na Irlanda, observaram a interação entre um hospedeiro (o crustáceo Daphnia magna) e um parasita (Ordosopora colligata, que afeta o intestino do D. magna) quando há uma grande variação de temperatura.
O animal infectado foi submetido a três regimes de temperatura: uma de temperatura constante, outra com variações diárias de 3ºC para mais ou para menos e uma terceira que envolveu uma onda de calor 6ºC acima da média por três dias.
Para avaliarem as mudanças, os pesquisadores observaram a fertilidade, a expectativa de vida, o progresso da infecção e a quantidade de esporos infectados no intestino do pequeno crustáceo durante a exposição a temperaturas diferentes. Com isso, os pesquisadores traduziram essas informações para um modelo estátistico que permitiu a comparar do impacto das três temperaturas no hospedeiro.
Os resultados do estudo foram publicados em 15 de fevereiro na eLife e mostram que o grau de infecção varia de acordo com a temperatura. Enquanto a infecciosidade do parasita foi reduzida durante o regime de variações de temperatura diárias; na onda de calor e no regime de temperatura constante, ela se manteve estável. Além disso, foi notado um aumento de esporos no trato intestinal do animal após uma onda de calor de 16ºC. Contudo, em temperaturas mais elevadas, os esporos foi reduzidos.
“Isso significa que mudanças nos padrões de variação climática, sobrepostas às mudanças nas temperaturas do ar devido ao aquecimento global, podem ter efeitos profundos e imprevistos na dinâmica das doenças”, afirma em comunicado Pepijn Luijckx, coautor do estudo e conferencista de biologia parasitária do Trinity College Dublin.
Fonte:https://umsoplaneta.globo.com/clima/noticia/2022/02/22/mudancas-climaticas-extremas-afetarao-transmissao-de-doencas-diz-estudo.ghtml
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