ARTISTAS INVESTEM EM MODA SUSTENTÁVEL E CONSCIENTE

  

Artistas investem em moda sustentável e consciente
Divulgação

Artistas investem em moda sustentável e consciente

Gloria Pires, Marina Ruy Barbosa, Thaila Ayala e Wagner Santisteban contaram como têm feito para gerar um moda menos poluente


Por Marina Bonini, da Quem

 


A consciência em relação ao consumo tem guiado alguns artistas que investem de forma paralela no mundo da moda. Segundo a pesquisa mais recente sobre o tema, da Agência de Notícias CNI, apesar de apenas 38% dos consumidores estarem preocupados com os impactos da produção sobre o meio ambiente, um em cada três brasileiros está disposto a pagar mais caro por um produto fabricado de maneira ambientalmente correta.

“É uma preocupação que tem ficado cada vez mais latente ao longo dos anos. O consumidor moderno, que é preocupado e engajado, não consegue mais ignorar a importância de marcas e produtos mais conscientes. Sou uma amante da natureza desde pequena, então minha preocupação com o meio ambiente é algo que ponho em prática na minha vida pessoal e, agora, na minha vida como empreendedora. Com o lançamento da Ginger, isso se concretizou de certa forma. Finalmente, poderia ter uma participação mais ativa nessa questão. Educação sobre reciclagem, reaproveitamento de recursos e consumo consciente são coisas que as pessoas podem praticar em casa”, explica Marina Ruy Barbosa, que no ano passado lançou sua marca Ginger.

 — Foto: Divulgação

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O cuidado com a questão ambiental não está só no material de suas peças, mas também na etiqueta e nas embalagens que chegam nas casas dos consumidores.

“As etiquetas de papel semente fizeram parte de um estudo que fizemos antes do lançamento da marca, em que estávamos procurando por alternativas aos materiais tradicionais usados pela indústria. Foi aí que encontramos essa alternativa ecológica e reciclável - ficamos apaixonadas! Além dela, incorporamos outros elementos importantes: as etiquetas das roupas são feitas de fio reciclado e as nossas embalagens do e-commerce têm o respeitado selo eureciclo, que garante recompensação ambiental e gera incentivos para aumentar a taxa de reciclagem no país.”

 — Foto: Marcelo Faustini/Divulgação

— Foto: Marcelo Faustini/Divulgação

Gloria Pires, que teve a iniciativa de criar em 2019 a Bemglô, plataforma colaborativa que compartilha produtos sustentáveis feitos por artesãos, notou um aumento de interesse pelo tema após o começo da pandemia. Segundo o Ipsos, 85% dos brasileiros acreditam que a proteção do meio ambiente deve ser uma prioridade do governo no plano de recuperação do país pós-Covid-19.

“Quando resolvemos criar a BEMGLÔ com a Betty Prado e Orlando Morais, a ideia foi justamente trazer esse conceito de sustentabilidade que, desde os anos 90, tem sido fortemente, alertado. E isso fez com que a marca trouxesse ainda mais inspirações, consciência, informação e educação, integrado ao meu lifestyle. Durante essa pandemia isso só fortaleceu a necessidade de nos conscientizarmos em relação ao consumo e os impactos gerados pela produção irresponsável do homem. O lixo nunca vai ser o lixo, ele sempre vai parar em algum lugar, não existe ‘fora’ e nem planeta B”, avalia ela, que em casa não usa saquinhos plásticos, utiliza produtos de limpeza naturais e é adepta de outras práticas menos poluentes.

A atriz acredita que é fundamental descomplicar o tema sustentabilidade e conscientizar o consumidor com exemplos práticos.

“O caminho da sustentabilidade é muito complexo, principalmente porque somos um comércio, então nesse sentido, buscamos trabalhar com impacto positivo e fomentar a economia circular e afetiva. Já tivemos a nossa grande parceria com a Rede Asta, desde então seguimos ampliando nossa curadoria e parceiros. A Bemglô nos trouxe a certeza de que a única saída para o futuro é agir de forma coletiva e colaborativa. E isso se tornar um desafio diário até pra gente que tem caminhado, divulgando e comercializando produtos que são frutos de upcycling, de práticas sustentáveis e atuando no empoderamento de grupos espalhados por todo o Brasil - verdadeiros artistas. E isso é um desafio pra marca.”

 — Foto: Divulgação

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Thaila Ayala começou na sua cozinha a fazer as primeiras peças em tie dye da primeira coleção de Amar.ca e conseguiu, desde o lançamento da marca, em 2020, seguir o raciocínio sustentável, que ela já reforçava no seu dia a dia.

“Lá em casa, todo lixo é reciclável. Quando preciso descartar pilhas, baterias, faço sempre nos lugares indicados. Controlamos o consumo de água. Temos uma fonte natural em casa e tentamos usá-la para tudo, reutilizamos água da chuva. Desde que resolvemos sair da cozinha de casa, onde eram feitas as produções do tie dye, para lançar a primeira coleção, que é a Mono, estudamos como queríamos seguir e queríamos seguir conscientes, adotando a sustentabilidade no negócio”, relembra.

“Temos uma fornecedora incrível de malhas sustentáveis no Brasil. Os nossos tecidos são orgânicos, o algodão que a gente usa. Somos uma empresa 100% carbono free. Somos uma empresa 100% reciclável. Além disso, somos uma empresa slow fashion, que incentiva pequenas confecções e costureiras.”

 — Foto: Divulgação

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Wagner Santisteban tem vontade de um dia tornar a sua marca Who totalmente sustentável. O ator, que é engajado em projetos de reflorestamento, por hora procura transformar sobras em novos produtos e produzir peças por demanda para reduzir a quantidade de lixo gerada. Só na região do Brás, em São Paulo, 16 caminhões de lixo têxtil são carregados por dia, segundo estudo do Instituto Modefica em parceria com o Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas e a consultoria da Regenerate Fashion.

“A minha marca ainda não consegue ter todos os produtos de forma sustentável. É o nosso projeto. A indústria têxtil é a segunda que mais polui no planeta. Existe muita sobra de resíduo. Estamos tentando gerar novos produtos com essas sobras. Faço uma máscara ou uma mochila com a sobra do corte de uma camiseta. Estou tentando desenvolver roupas com tecidos orgânicos e naturais. Já escolho colocar 100% de algodão nos meus produtos. Quase nada é feito de plástico ou de petróleo. Também produzo minha peças por demanda e isso faz com que a peça seja feita manualmente, exclusiva e danifique menos o planeta”, conta ele, que oferece um tênis feito com material 100% reciclável.

“A borracha da sola é feita de restos de borracha da indústria. Tudo o que não é usado é triturado, processado e transformado em solado. Dentro dele usamos cortiça, que é um produto natural, que não acaba com nossas árvores. O algodão é orgânico e reciclado da indústria têxtil. Não tem pedaço de metais e a tintura é natural. E quando ele não for mais útil para a pessoa que comprar, volta para gente e a gente recicla novamente. É um projeto totalmente natural. Foi produzido por uma brasileira na Califórnia para ser um produto mais limpo possível.”

Santisteban, que começou ainda menino a ter consciência ambiental, pretende até lançar um livro do tênis para passar a ideia de deixar “boas pegadas” no mundo. “Eu comecei a plantar árvores quando criança com o meu pai. Adulto, plantei 300 árvores no condomínio, motivando outros moradores a fazerem o mesmo. Na minha casa, tenho uma composteira, em que consigo reutilizar todos os meus resíduos orgânicos naturais. Depois utilizo essa terra e adubo bom para germinar novas mudas de árvores. A ideia é até criar um livro para conscientizar as crianças a deixarem pegadas que não sejam destruidoras.”


Fonte:https://umsoplaneta.globo.com/sociedade/consumo-consciente/noticia/2021/05/28/artistas-investem-em-moda-sustentavel-e-consciente.ghtml

 

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