Sustentabilidade (Foto: Arquivo Vogue/ Mar+Vin)
O que é o greenwashing e como identificá-lo na indústria da moda
As marcas estão fazendo grandes avanços para se tornarem mais ecológicas - mas não há dúvida de que algumas estão mirando apenas nos ganhos econômicos, em vez dos ambientais. Confira 6 maneiras de detectar o greenwashing na indústria da moda
Cunhado em 1986 pelo ambientalista Jay Westervelt, o termo greenwashing - ou "lavagem verde" - é quando uma empresa usa alegações enganosas ou falsas para sugerir que está fazendo mais pelo meio ambiente do que de fato está. “É fácil dizer que algo é sustentável e não ter que provar”, diz Amina Razvi, diretora executiva da Sustainable Apparel Coalition. “Isso nem sempre é apoiado por dados reais e confiáveis. Fica difícil para os consumidores fazerem escolhas inteligentes.”
Na prática significa que é importante que os consumidores façam suas pesquisas e questionem marcas e produtos. “Não dê ouvidos apenas ao marketing”, comenta Harriet Vocking, diretora de marca da consultoria de sustentabilidade Eco-Age. “Veja o site da empresa e leia o que eles estão fazendo.”
Confira seis maneiras de identificar o greenwashing na indústria da moda e se tornar um consumidor ambientalmente mais responsável.
1. Procure por números, não palavras
A maneira mais fácil de descobrir se as marcas estão fazendo uma 'lavagem verde' é procurar números que apóiem suas afirmações, em vez de considerá-las pelo valor nominal. “As empresas usam palavras como ‘feito de forma sustentável ’ou ‘ecológico’”, diz Razvi. “[Mas] que porcentagem de seus produtos são feitos com materiais reciclados?”
Descubra se as marcas têm metas mensuráveis definidas em seus sites. “Quais objetivos quantificáveis eles listaram publicamente?”, Razvi acrescenta. “As empresas realmente comprometidas com práticas sustentáveis estão definindo metas ambiciosas que podem ser respaldadas pela ciência. Elas medem e estão comprometidas em reduzir os impactos ambientais [a cada ano].”
2. Natural nem sempre é mais ecológico
Materiais naturais como viscose, rayon e bambu são promovidos como ecológicos, mas isso depende de como eles são obtidos. Por exemplo, 150 milhões de árvores são cortadas para a produção de viscose todos os anos, de acordo com a Canopy. “A viscose é responsável pelo desmatamento, a menos que venha de uma fonte certificada”, explica Orsola de Castro, fundadora do grupo de campanha Fashion Revolution.
Enquanto isso, o bambu é uma fibra de crescimento rápido, mas às vezes é cultivado com pesticidas e produtos químicos são frequentemente usados quando se transforma em tecido. “A menos que venha de uma fonte orgânica, o bambu é incrivelmente poluente”, continua de Castro.
Fazer sua pesquisa é fundamental. Ferramentas como o Índice de Sustentabilidade de Materiais Higg podem ajudar, que compara os impactos ambientais de diferentes têxteis. “Quanto mais você souber sobre como e onde os materiais são obtidos, mais informado você ficará sobre como eles são sustentáveis e sobre quaisquer compensações potenciais”, diz Razvi.
3. Vegano também não significa necessariamente sustentável
Na moda, vegano pode significar que os produtos são feitos de alternativas sintéticas ao couro e peles. “[Estes] são tidos como sustentáveis, pois não vêm de animais”, comenta Vocking. “Mas eles são [frequentemente] feitos de petróleo, que [pode ser] muito ruim para o planeta.”
Verifique do que são feitos os materiais alternativos listados. “Tanto o couro vegano quanto as peles artificiais podem ser feitas de maneira responsável ou podem ter impactos prejudiciais ao meio ambiente”, acrescenta Razvi. “Os consumidores que normalmente os compram estão preocupados com o bem-estar animal, mas há um custo ambiental também associado a esta solução.”
4. Descubra quem está fazendo suas roupas
As marcas estão publicando cada vez mais informações sobre seus fornecedores, porém oferecendo menos transparência sobre o tratamento real de seus trabalhadores da fábrica.
O Índice de Transparência do Fashion Revolution destaca as informações divulgadas pelas principais marcas sobre suas cadeias de suprimentos, linhas de produção e impacto social e ambiental. Enquanto isso, a Fair Wear Foundation e a Worker Rights Consortium fornecem relatórios e atualizações sobre suas investigações a respeito do tratamento de trabalhadores das fábricas em todo o mundo.
De Castro também aconselha descobrir se os trabalhadores têm permissão para formar sindicatos, se estão recebendo um salário e trabalhando em segurança.
5. Verifique as certificações
Procure as certificações da indústria que verificam todas as alegações feitas sobre a saúde e segurança ambiental na fabricação de têxteis; certificação de produtos que são totalmente biodegradáveis e compostáveis ou podem ser usados repetidamente; e que garantem que os trabalhadores estão sendo protegidos em toda a cadeia de abastecimento, incluindo seu direito de sindicalização.
Ao comprar algodão orgânico, procure o Global Organic Textile Standard (Padrão Global de Têxteis Orgânicos) e o Organic Content Standards (Padrões de Conteúdo Orgânico). Ambos garantem que o algodão atenda aos padrões aprovados em toda a cadeia de abastecimento.
6. Invista em marcas com uma abordagem holística
Por fim, invista em marcas que estão adotando uma abordagem holística, olhando para o quadro geral, em vez de focar em questões individuais. “As empresas líderes estão integrando a sustentabilidade em tudo o que fazem - não apenas em uma coleção ou em um punhado de peças”, diz Razvi. “A sustentabilidade atinge todos os aspectos do negócio e deve ser integrada como tal, desde a matriz até o design, fabricação, transporte e vendas.”
“Uma marca que é abertamente transparente e comunicativa sobre sua jornada constante de sustentabilidade é sempre uma aposta melhor”, conclui Vocking. “[Em vez] de uma que usa gíria de sustentabilidade com pouca ou nenhuma evidência para apoiá-la.”
Fonte:https://vogue.globo.com/um-so-planeta/noticia/2021/11/o-que-e-o-greenwashing-e-como-identifica-lo-na-industria-da-moda.html
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