POR QUE MULHERES SOFREM MAIS DE SÍNDROME DE BOURNOUT DO QUE HOMENS: COMO IDENTIFICAR E GERENCIAR O BOURNOUT

 

Estatísticas mostram que o estresse e o esgotamento profissional estão afetando amplamente mais mulheres que homens. Por que? (Foto: Getty Images via BBC News)

Estatísticas mostram que o estresse e o esgotamento profissional estão afetando amplamente mais mulheres que homens. Por que? (Foto: Getty Images via BBC News)

Por que mulheres sofrem mais de síndrome de burnout do que homens

Dados recentes que olham especificamente para o burnout em mulheres mostram que os números são preocupantes


Quando Jia, uma consultora baseada na ilha de Manhattan, em Nova York (EUA), leu o livro Faça Acontecer, de Sheryl Sandberg, em 2014, ela decidiu seguir o conselho oferecido pela chefe de operações do Facebook.

"Eu tinha acabado de me formar numa escola de administração da Liga Ivy (que reúne algumas das universidades mais prestigiadas dos EUA), estava super animada e adorei a ideia de fazer acontecer", diz Jia, cujo sobrenome não será revelado nesta reportagem para proteger sua reputação profissional. "Aprender a me autopromover pareceu me dar tanto poder, e eu estava 100% pronta para provar que eu era a mulher que poderia ter tudo: ser uma mulher com uma carreira bem poderosa e uma grande mãe."

Mas hoje, Jia, de 38 anos, pensa de forma diferente. Por anos, ela sentiu como se estivesse sendo ignorada para promoções e aumentos de salário por causa de seu gênero, particularmente depois de ter se tornado mãe em 2018. Desde então, ela assumiu a maior parte das obrigações na criação de filhos porque seu marido, que é banqueiro, viajava com mais frequência a trabalho. Isso, acrescenta, lhe deu uma reputação errada, entre seus colegas e chefes — a maioria deles é do sexo masculino — de ser uma pessoa sem ambição profissional.

Então, quando começou a pandemia de covid-19, foi como se todos os fatores que já a limitavam fossem intensificados. Quando a creche de sua filha fechou, em março de 2020, Jia tornou-se a principal cuidadora dela, enquanto tentava manter-se em dia com o trabalho.

"Eu estava extremamente desmotivada, porque sentia que passava todas as horas do dia tentando não cair de uma esteira rolante", explica. "Mas, ao mesmo tempo, sentia que confiavam cada vez menos que fosse capaz de fazer um bom trabalho. Eu podia sentir minha carreira escapando pelos meus dedos, e não havia absolutamente nada que pudesse fazer a respeito disso."

No começo de 2021, o terapeuta de Jia disse que ela estava sofrendo de esgotamento profissional — em inglês, o chamado "burnout". Jia afirma que ela nunca havia tido problemas de saúde mental antes. "Mas agora eu estou apenas tentando chegar ao final de cada semana me mantendo sã", diz.

A história de Jia é sintomática de um desequilíbrio profundamente instalado na sociedade e que a pandemia tanto destacou como exacerbou. Por vários motivos, mulheres, particularmente mães, provavelmente ainda administram diariamente uma lista mais complexa de responsabilidades que homens — uma combinação frequentemente imprevisível de tarefas domésticas não remuneradas e trabalho profissional pago.

Embora o peso mental de desempenhar esse equilíbrio é visível há décadas, a covid-19 jogou uma luz particularmente dura no problema. Estatísticas mostram que estresse e esgotamento profissional estão afetando mais mulheres que homens e, particularmente, mais as mães que trabalham fora de casa do que pais que fazem o mesmo. Isso pode ter múltiplos impactos para o mundo profissional pós-pandemia, o que torna importante que tanto empresas com a sociedade como um todo encontrem formas de reduzir esse desequilíbrio.

Exigências desiguais

Dados recentes que olham especificamente para o chamado burnout em mulheres são preocupantes. Segundo uma pesquisa feita pela plataforma LinkedIn, com quase 5 mil americanos, 74% das mulheres disseram que estavam muito ou razoavelmente estressadas por motivos ligados ao trabalho, em comparação com apenas 61% dos empregados do sexo masculino que responderam à pesquisa.

Uma análise separada da empresa de consultoria Great Place to Work e da startup de saúde Maven observou que mães com empregos remunerados têm 23% mais chances de sofrer de burnout que pais empregados. Desde o começo da pandemia, estima-se que 2,35 milhões de mães que trabalham fora nos Estados Unidos sofreram de esgotamento profissional, especificamente "devido às demandas desiguais da casa e do trabalho", mostrou a análise.

Mulheres tendem a assumir um conjunto mais complexo de responsabilidades no trabalho e na vida particular, provocando maior estresse (Foto: Getty Images via BBC News )

Mulheres tendem a assumir um conjunto mais complexo de responsabilidades no trabalho e na vida particular, provocando maior estresse (Foto: Getty Images via BBC News )

Especialistas geralmente concordam que não existe uma razão única pela qual mulheres ficam esgotadas, mas eles reconhecem amplamente que a forma com que estruturas sociais e normas de gênero se cruzam tem um papel significativo. Desigualdades no ambiente de trabalho, por exemplo, são indissociavelmente ligadas a papeis tradicionais de cada gênero.

Nos Estados Unidos, mulheres ainda recebem em média 82 centavos para cada dólar recebido por um homem, e a distância em muitos países da Europa é semelhante. A empresa de Jia não publica seus dados sobre diferença de salários entre gêneros, mas ela suspeita que seja significativa. Além disso, ela acredita que muitos de seus colegas do sexo masculino ganhem mais que ela, algo que lhe causa um grande volume de estresse.

"A ideia de que eu possa estar me vendendo por pouco é extremamente frustrante, mas eu também não quero fazer com que eu me torne impopular querendo mais dinheiro, quando já estou esticando os limites ao pedir à minha empresa para fazer ajustes porque eu tenho que cuidar da minha filha", diz ela. "É uma batalha interna constante."

Em geral, pesquisas ligam baixas rendas a altos níveis de estresse e a uma saúde mental ruim. Mas vários estudos também já mostraram mais especificamente que incidências de burnout entre mulheres são maiores por causa de diferenças em condições de trabalho e do impacto do gênero no avanço profissional.

Em 2018, pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, publicaram um estudo em que 2.026 trabalhadores foram acompanhados durante um período de quatro anos. Os acadêmicos concluíram que mulheres eram mais vulneráveis ao chamado burnout que homens porque elas tinham menos chances de ser promovidas que eles e, portanto, eram mais propensas a estar em posições com menos autoridade, o que pode levar a maior estresse e frustração.

Os pesquisadores também identificaram que mulheres eram mais propensas a liderar famílias com um pai ou mãe solo, experimentar tensões ligadas às crianças, investir parte de seu tempo em tarefas domésticas e ter mais baixa autoestima — coisas que podem exacerbar o esgotamento profissional.

Nancy Beauregard, uma professora da Universidade de Montreal e integrante do grupo de autores daquele estudo, disse que, ao refletir sobre seu trabalho em 2018, fica claro que a covid-19 ampliou as desigualdades e os desequilíbrios que sua equipe demonstrou. "Em termos de desenvolvimento sustentável do capital humano da força de trabalho", diz ela, "nós não estamos seguindo numa boa direção".

Uma pandemia catalisadora

Com a pandemia, muitas mulheres viram suas responsabilidades domésticas aumentarem, tornando mais difícil a tarefa de equilibrar a vida privada com o trabalho (Foto: Getty Images via BBC News)

Com a pandemia, muitas mulheres viram suas responsabilidades domésticas aumentarem, tornando mais difícil a tarefa de equilibrar a vida privada com o trabalho (Foto: Getty Images via BBC News)

Brian Kropp, chefe de estudos em recursos humanos da Gartner, uma empresa de consultoria e pesquisa global baseada em Connecticut (EUA), concorda que, enquanto muitos dos fatores que alimentam o esgotamento profissional de mulheres já existiam antes da pandemia, a covid-19 claramente exacerbou alguns, ao nos forçar a reformular dramaticamente nossas rotinas de vida e de trabalho.

Estruturas que davam apoio a pais e a cuidadores fecharam as portas e, em muitos casos, esse excesso de peso caiu sobre os ombros das mulheres. Um estudo, conduzido por acadêmicos da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e a London Business School, no Reino Unido, avaliou respostas de 30 mil pessoas pelo mundo e identificou que mulheres — especialmente aquelas que eram mães — haviam passado significativamente mais tempo com cuidados dos filhos e tarefas domésticas durante a pandemia que na época antes da covid-19 estourar, e que isso estava diretamente ligado a um bem-estar reduzido.

Muitas mulheres já haviam se definido como as principais cuidadoras de crianças em seus lares, e a pandemia eliminou os sistemas de suporte que haviam previamente permitido equilibrar emprego e trabalho doméstico.

Foi exatamente isso que Sarah, de 40 anos, vivenciou em março de 2020, quando escolas em Nova York foram fechadas pela primeira vez. "Inicialmente, a mensagem era de que escolas poderiam ficar fechadas até o final de abril, então esse eram o meu alvo: 'Chegue até esse ponto, que tudo ficará bem'", lembra a moradora no bairro do Brooklyn, em Nova York (EUA). Agora, com mais de 18 meses de pandemia, seus dois filhos, de 6 e 9 anos, estão só agora se readaptando ao ensino presencial, e a vida de Sarah mudou dramaticamente.

Em abril de 2020, pela primeira vez em sua vida, ela começou a sofrer de ansiedade. As pressões de educar seus filhos em casa, enquanto trabalhava como executiva de marketing para uma grande empresa de tecnologia, a sufocaram. Ela não conseguia dormir, se preocupava constantemente e se sentia deprimida. Pior de tudo, ela sentia que qualquer coisa que ela fizesse era inadequada, porque não tinha tempo suficiente para fazer bem.

Seis meses depois do início da pandemia, estava claro que alguma coisa precisava mudar. O marido de Sarah, um advogado, ganhava muito mais que ela, desde que eles haviam se casado, em 2008. Então, em agosto de 2020, o casal decidiu conjuntamente que Sarah deixaria seu emprego para se tornar uma mãe dona-de-casa. "Antes disso, eu nunca soube o que sofrer de burnout significava", diz. "Agora eu sei, sem sombra de dúvida."

A experiência de Sarah é emblemática de uma tendência muito mais ampla. Em setembro do ano passado, quando a pandemia estava avançando, mais de 860 mil mulheres deixaram a força de trabalho dos EUA, comparadas a apenas pouco mais de 200 mil homens. Uma estimativa coloca o número de mães que abandonaram a força de trabalho dos EUA, entre fevereiro e setembro de 2020, em 800 mil e o número de pais em 300 mil.

Com mulheres perdendo suportes sociais cruciais durante o confinamento, algo que pode ter sido fontes físicas e emocionais de estresse, está claro que a avalanche abrupta de responsabilidades domésticas adicionais empurrou muitas que já estavam bastante ocupadas equilibrando as vidas doméstica e profissional para além de onde elas podiam ir.

'Qual o custo disso?'

Uma das maiores preocupações de especialistas em ambientes de trabalho é que uma saúde mental ruim entre mulheres na empresa desestimule gerações futuras a estabelecer objetivos profissionais, particularmente se quiserem iniciar uma família. Isso poderia exacerbar as desigualdades de gênero que já existem em termos de salário e posições de liderança no mercado de trabalho.

Dados indicam que essa é realmente uma preocupação legítima. Estatísticas coletadas pela CNBC e pela empresa de pesquisas de opinião SurveyMonkey neste ano mostraram que o número de mulheres descrevendo elas mesmas como "muito ambiciosas" em termos de suas carreiras caiu significativamente durante a pandemia.

Informações do Census Bureau, dos EUA, mostram que, durante as primeiras 12 semanas da pandemia, o percentual de mães entre as idades de 25 e 44 que não estavam trabalhando por causa de questões ligadas a cuidados com filhos causadas pela covid-19 aumentou 4,8 pontos percentuais. Em comparação, na mesma faixa etária não houve aumento entre os homens.

Igualmente, há preocupações em relação a como novas formas de trabalhar, como o chamado trabalho híbrido, podem impactar na igualdade de gênero no ambiente profissional. Pesquisas mostram que mulheres têm uma tendência maior que os homens a trabalhar de casa no mundo pós-pandemia, mas existem evidências de que pessoas que trabalham de casa têm menos chances de ser promovidas do que aquelas que passam mais tempo pessoalmente com seus chefes. "Mulheres estão dizendo, 'Estou trabalhando tão duro e fazendo tanto quanto, mas porque eu estou trabalhando de casa, é menos provável que eu consiga ser promovida'", diz Kropp. "Isso é extremamente desmotivante."

Dean Nicholson, chefe de terapia para adultos da clínica de saúde comportamental The Soke, em Londres, sugere que as percepções de justiça — ou de injustiça — podem impactar na participação de mulheres no ambiente de trabalho.

"Quando a balança da justiça é desequilibrada contra nós no ambiente de trabalho, isso invariavelmente levará a sentimentos negativos, não apenas contra a organização, mas na forma com que nós nos sentimos a respeito de nós mesmos e o valor de nossa contribuição, assim como sobre onde estamos posicionados na hierarquia de valor."

Para impedir um êxodo de talento feminino, diz Kropp, organizações precisam entender que antigas práticas do ambiente de trabalho não funcionam mais. Chefes de equipe precisam fundamentalmente repensar como as empresas devem ser estruturadas para promover justiça e igualdade de oportunidades, diz ele. Isso significa igualdade salarial e oportunidades iguais de promoção, assim como a criação de uma cultura de transparência onde todos — mães, pais e funcionários sem filhos — sintam-se valorizados e possam alcançar seu potencial profissional, enquanto também acomodam o que se passa dentro de casa.

Steve Hatfield, líder global em futuro do trabalho na Deloitte, aponta que mães, especialmente aquelas em cargos altos de liderança, são modelos a seguir extremamente importantes. "O efeito do que elas parecem estar experimentando agora tem o potencial de ser profundo em funcionários mais novos, e está nas mãos das empresas provar que elas podem acomodar e atender as necessidades de todos os empregados", diz ele.

Hephzi Pemberton, fundadora do Equality Group, uma consultoria baseada em Londres que se concentra em inclusão e diversidade nas indústrias de finanças e tecnologia, enfatiza a necessidade de que chefes sejam treinados formalmente e entendam que a iniciativa de criar um ambiente de trabalho eficaz deve vir do empregador, não do empregado. "Isso é absolutamente crucial para evitar o risco de burnout", diz ela.

Mas Jia, que diz que ela está agora à beira de se demitir do emprego, insiste que mudanças notáveis precisam acontecer na casa, além do ambiente de trabalho. "O que se tornou bem claro para mim, durante a pandemia, é que nós todos temos um papel a desempenhar em entender os desequilíbrios que são criados quando papeis estereotipados de gênero são seguidos de forma cega", afirma ela.

"Sim, é claro que às vezes faz sentido que a mulher seja a principal pessoa a cuidar da criança ou dar um passo para trás em seu trabalho remunerado, mas precisamos compreender o custo disso. Estamos em 2021. Às vezes me pergunto se estamos nos anos 1950."

Fonte:https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2021/10/por-que-mulheres-sofrem-mais-de-sindrome-de-burnout-do-que-homens.html

Como gerenciar o burnout

A síndrome tem sido um desafio ainda maior por conta da pandemia e do trabalho remoto

Burnout: síndrome do esgotamento profissional foi catalogada pela OMS como doença (Foto: Peopleimages via Getty Images)

 (Foto: Peopleimages via Getty Images)

O ano passado mudou a dinâmica profissional e pessoal de muita gente, e isso teve um alto impacto na saúde física e mental. Um dos problemas mais percebidos foi o burnout, o esgotamento ocasionado por altos níveis de estresse. Mas como recuperar a energia? A Quartz realizou um painel sobre o tema e levantou dicas importantes com especialistas.

Mas você sabe o que é exatamente o burnout e qual a diferença entre esse problema e o estresse? Segundo Paula Davis, CEO do Stress & Resilience Institute e autora do livro Beating Burnout at Work, o estresse pode acontecer em qualquer esfera, mas o burnout é uma manifestação particular do estresse relacionado ao trabalho e que tem como características principais o esgotamento emocional e físico (de forma crônica), o cinismo e a sensação de impacto perdido ou diminuído.

Apesar de muitos profissionais amarem suas posições e funções, e por diversas vezes acreditarem que vale a pena os sacrifícios que precisam fazer para concluir as atividades, há o risco de o sacrifício se transformar em sofrimento - quando a tarefa que está realizando parece esgotar mais do que satisfazer - e isso pode gerar o esgotamento. Sobretudo neste contexto de pandemia e com a migração para o home office.

“Estamos distantes das duas coisas que foram comprovadas por psicólogos repetidas vezes como sendo os fatores de proteção contra o burnout. Uma é a conexão com os outros e o outra é a conexão com algum tipo de esperança, algum tipo de futuro”, disse Gianpiero Petriglieri, psiquiatra e professor associado de comportamento organizacional do INSEAD. “Seu trabalho não é apenas o que você produz - é sobre as pessoas com as quais você entrou em contato, o futuro que você estava tentando trazer ao mundo. E se essas pessoas não estão mais tão perto de você, e esse futuro está em questão, esse trabalho não é mais seu. E não há problema em questionar.”

Para lidar com essa situação, o especialista aponta que apoiar-se nos outros é essencial. "É mais fácil falar do que fazer, mas encontre colegas, treinadores, mentores, parentes e amigos fora do trabalho que possam lhe dar as conexões e a perspectiva de que você precisa. Isso pode fazer toda a diferença."

Lorraine Uy Alire, candidata ao doutorado em psicologia clínica na Universidade de Massachusetts, mostrou que as pessoas negras carregam uma camada extra de risco de esgotamento. De acordo com ela, “o burnout é comum em todas as formas de ativismo”, mas os ativistas negros carregam o fardo extra de experimentar o preconceito contra o qual lutam e serem simbolizados até por aliados bem-intencionados que os convocam para representar suas comunidades ou identidades.

A co-presidente do Grupo de Interesse Especial de Opressão e Resiliência para Saúde Mental de Minorias da Associação de Terapias Comportamentais e Cognitivas e cofundadora do refillyourwell.net, um guia online para gerenciar o burnout de ativistas negros, atende constantemente profissionais marginalizados que apresentam manifestações físicas de estresse e esgotamento, como fadiga, dores de cabeça e dores nas costas. Na sua visão, para combater esta corrente é preciso ter atitudes e abordagens antirracistas. “Precisamos de aliados brancos, aliados privilegiados, para nos dizer para fazer uma pausa, para nos dizer para parar, para dizer 'Deixe-me carregar o fardo por você'."

Paula Davis, em seu novo livro, fala da importância de gerenciar o tempo para evitar o burnout. Ela incentiva, por exemplo, que as pessoas destinem pelo menos 20% do seu tempo a uma parte do trabalho que considerem significativa, uma estratégia que demonstrou reduzir as taxas de esgotamento pela metade entre os profissionais de saúde.

Em relação aos líderes, a especialista diz que eles devem dizer às pessoas que elas precisam de uma folga e encorajá-las. Mas nem sempre isso resolve, pois há o receio em relação à quantidade de trabalho que estará esperando na volta. Assim, os líderes que desejam garantir que as equipes tenham tempo para descansar e recarregar as baterias precisam modelar o comportamento e dar um tempo para si próprios. “Mas nós realmente temos que chegar a uma conversa mais profunda sobre o que está causando isso em primeiro lugar”, complementou.

Fonte:https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2021/03/como-gerenciar-o-burnout.html

Você sabe identificar o burnout?

Confira um manual de como agir diante de cada tipo de esgotamento - que bateu recorde no ano passado

Burnout, cansada, esgotamento profissional (Foto:  PeopleImages via Getty Images)

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Esgotamento, cansaço: nunca se ouviu tanto esses termos quanto de 2020 para cá. Percebemos isso quando conversamos com amigos pessoais, colegas de trabalho, mas também quando acompanhamos os números. O ano passado registrou recorde de burnout. E esse esgotamento diz respeito não só a quem a sente o burnout, mas às empresas também.

Uma pesquisa feita em 2019 apontou que funcionários altamente estressados tinham 2,6 vezes mais chance de procurar outro emprego. Para que sua empresa não caia nas estatísticas, aprenda a agir preventivamente da forma correta.

O processo não é simples. A maioria das empresas tem agido de forma equivocada ao usar pesquisas de clima para entender como as pessoas se sentem. Esses estudos não são bons termômetros para o problema. Afinal, as perguntas realizadas são como uma foto: capturam apenas o momento, e não o processo. Além disso, as pessoas com sinais de esgotamento têm grandes chances de não concluírem os questionários. 

Com base em dados sobre profissionais atuantes no mercado de trabalho e conversas com mais de cem trabalhadores em atividade, a Havard Business Review desenvolveu um modelo para que um gestor perceba os primeiros sinais de alerta do burnout, identificando desde as formas passivas de esgotamento, que se refletem em emoções de baixa excitação como tristeza e fadiga, até as formas mais ativas, que criam emoções de alta excitação como frustração e angústia.

Indicadores passivos de burnout

Existem dois tipos de burnout passivo: passivo interno e passivo externo. O passivo interno é a manifestação mais comum da doença, e também a mais difícil de detectar. As pessoas se sentem cansadas, com sensações como inadequação ou tristeza, se tornam menos produtivas e passam a sentir ansiedade e até desesperança.

Contratempos no trabalho são corriqueiros, mas a forma como eles afetam as pessoas pode nos ajudar a perceber se aquele funcionário está esgotado. Quem tem este tipo de burnout pode querer se desligar do trabalho por acreditar que tudo que entrega não é suficiente ou beira o fracasso. Você pode perceber melancolia ao finalizar uma tarefa, pois a pessoa acredita que vai falhar sempre. Também não é difícil ouvir destas pessoas que "as coisas são assim", frase sempre seguida de suspiros profundos ou acompanhados de cabeça fazendo sinal de negação.

Já as formas passivas externas de burnout são mais fáceis de observar - desde que você esteja atento à sua equipe. Seus funcionários reduziram o desempenho, diminuíram o esforço, não se preocupam mais com as regras ou prazos e respondem sempre em tom de cinismo? Fique de olho. Esses sinais de apatia estão relacionados ao burnout e podem se estender para outras esferas: evitar interações com colegas de trabalho, não dar ideias ou deixar de corrigir erros.

Indicadores ativos de burnout

Nos indicadores ativos, você irá se deparar com muitas ações exaltadas. Nem todas ocorrerão durante o expediente empresarial, mas certamente vão afetar a jornada de trabalho.

Formas ativas internas incluem formas de sabotar a saúde e o corpo - como consumo exagerado de bebida alcoólica e a negligência de exercícios físicos. Em níveis altos desse tipo de esgotamento, essas ações podem trazer consequências graves no longo prazo.

Durante as reuniões ou em conversas com a equipe, pessoas com burnout externo ativo podem se mostrar mais irritadas e impacientes. Em níveis mais elevados, podem falar de forma explosiva, perdendo a calma - o que pode afetar bastante a relação com o time ou entre áreas.

Gerenciando Burnout

Prevenir é mais fácil do que recuperar. Isso também se aplica ao burnout. Algumas dicas podem ajudar a identificar o esgotamento na equipe e agir antes de ter consequências mais graves. Mas fique atento também a como você está se sentindo. Para ajudar os outros, é necessário que você também esteja bem.

Identifique os sintomas. Conheça bem seus funcionários, a ponto de saber quais as suas reações mais comuns. Se eles estiverem evitando algumas entregas ou se posicionando de outra forma, tente conversar para saber mais sobre aquele comportamento.

Pense antes de agir. Ao notar o esgotamento, reflita antes de agir e entenda se há algo que você pode fazer para aliviar o estresse. Mudar prazo de entrega? Trocar o cliente? Mudar a carga horário? Conceder alguma folga? Se nada parece suficiente, converse com tranquilidade para entender como você pode ajudar o funcionário.

Seja um bom mentor. Envolva-se. Empodere seus funcionários dando a eles liberdade, sem esquecer de estar por perto, passando as orientações necessárias. 

Importe-se de verdade. Praticar empatia tem tudo a ver com saúde mental. Deseje um bom descanso, um bom final de semana a seus funcionários - isso já é um bom começo. Mas é preciso ir além. Seja criativo e humano. Perceba o que faz a diferença para aquele indivíduo e não tenha medo de arriscar. Não existe fórmula mágica e conhecer com profundidade o funcionário pode mudar o jogo.

Chega de imediatismo. Tudo é realmente urgente ou alguma data de entrega pode ser revista? Procurerefletir sobre o que é importante e urgente antes de estruturar a entrega dos funcionários. Pode ser que muita coisa seja importante, mas nem tudo seja “para ontem”. Aliviar a pressão vai ajudar (e muito) a evitar o esgotamento. Pense em como mudar também a rotina. Pode ser possível flexibilizar os horários, para que todos tenham tempo para seguir seus hobbies, sem atrapalhar o fluxo de trabalho.

Fonte:https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2021/01/voce-sabe-identificar-o-burnout.html


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