SAIBA TUDO SOBRE COMO OS SINTOMAS DA COVID-19 EVOLUEM A CADA DIA,DE ACORDO COM A GRAVIDADE E OS TIPOS DE SEQUELAS QUE PODEM OCORRER

 

Febre e tosse são alguns dos principais sintomas da Covid-19. Acima: mulher usando máscara afere a temperatura (Foto: Anna Shvets/Pexels)

Febre e tosse são alguns dos principais sintomas da Covid-19. Acima: mulher usando máscara afere a temperatura (Foto: Anna Shvets/Pexels)

Como os sintomas da Covid-19 evoluem a cada dia, de acordo com a gravidade

Em geral, os primeiros sinais da doença são febre, tosse e fadiga. Saiba como eles podem progredir em casos leves, moderados ou graves

Com milhões de casos ao redor do mundo, a Covid-19 já mostrou que não é "só uma gripe". Causada pelo novo coronavírus Sars-CoV-2, a doença pode ser letal para alguns grupos de risco, agredindo significativamente o pulmão e podendo deixar rastros em outras partes do corpo.

Para evitar a progressão de casos, não só a prevenção é importante, mas também saber identificar os primeiros sintomas para iniciar o tratamento o mais rápido possível. Saiba quais são eles e como eles evoluem em cada tipo de quadro, segundo o infectologista Luis Fernando Aranha, da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

Incubação

Uma vez no organismo, o período de incubação do vírus, ou seja, o tempo que leva até que os primeiros sintomas se manifestem, é de dois a 14 dias. Em geral, a maioria das pessoas começa a apresentá-los no quinto dia.

5º dia: primeiros sintomas

Os principais sintomas da infecção são febre, tossefadiga ou dor muscular. "Se a pessoa tem febre alta e contínua por dois a três dias, o caso requer uma avaliação médica", afirma Aranha, citando também a associação com sintomas respiratórios intensos. A tosse característica da pandemia é frequente, seca ou com pouca secreção. Se houver piora, é hora de procurar um médico.

A fadiga e a astenia, falta de força física, podem ser fruto da atuação de interferons, proteínas que estão associadas ao sistema de defesa do nosso corpo. "Estes são os sinais de que você precisa procurar assistência médica", explica o infectologista. "Em especial, se pertencer aos grupos de risco da epidemia."

7º dia: evolução

A partir do sétimo dia, é possível avaliar como será a evolução de cada paciente. Aqueles que sentem os primeiros sintomas por um ou dois dias e, então, melhoram são considerados casos leves e representam 80% dos infectados. Já aqueles que sentem os sinais se intensificarem a partir do sétimo dia estão no grupo de casos moderados. A presença de falta de ar e insuficiência respiratória nessa fase é um alerta.

"Em casos graves, o vírus pode afetar mais de 50% do pulmão, provocando casos de insuficiência respiratória grave, nos quais o paciente precisará da assitência de uma unidade de terapia intensiva (UTI) e de ventilação mecânica", explica Aranha. Segundo o médico, este é um quadro de infecção intensa e pode causar lesões em outros órgãos, principalmente os rins e o fígado.

Em 10 dias ou mais

Casos leves, cujos sintomas não evoluem, podem apresentar melhora em cerca de sete a dez dias. Já os pacientes mais graves podem levar mais de duas semanas para se recuperarem.

Sintomas secundários

Entre outros sintomas que podem aparecer durante a infecção, cerca de 30% dos pacientes  apresentam diarreia. "É muito comum isolar o vírus nas fezes, causando diarreia. É provável que o vírus agrida o epitélio intestinal também", afirma Aranha. Algumas pessoas também podem sofrer perda de olfato e paladar momentaneamente, voltando ao normal alguns dias após a recuperação. Sintomas gripais como espirros e nariz entupido não são comuns.

O sintoma que tem causado mais preocupação é a falta de ar, que pode estar associado a crises de ansiedade ou estresse. "Somente um exame físico pode dizer se a dificuldade para respirar é de natureza física ou emocional", diz o infectologista. Na dúvida, procure um médico.

Fonte:https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2020/03/como-os-sintomas-da-covid-19-evoluem-cada-dia-de-acordo-com-gravidade.html

Febre, tosse, fadiga: estudo confirma sintomas mais comuns da Covid-19

Levantamento analisou sintomas apresentados por mais de 24 mil pacientes em nove países e concluiu que lista divulgada pela OMS no início da pandemia é precisa

Estudo confirma sintomas clássicos da Covid-19 (Foto: United Nations Global Call Out To Creatives)

Estudo confirma sintomas clássicos da Covid-19 (Foto: United Nations Global Call Out To Creatives)

Um estudo conduzido por universidades do Reino Unido e da Bélgica confirma os sintomas mais comuns da Covid-19tosse persistantefebrefadigaperda do olfato e dificuldade para respirar. Publicado no Plos One na terça-feira (23), o artigo ratifica os sinais já listados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde o começo da pandemia. "O estudo dá confiança ao fato de termos acertado na identificação dos principais sintomas e pode ajudar a determinar quem deve fazer o teste", afirma Ryckie Wade, cirurgião e pesquisador clínico da Universidade de Leeds, no Reino Unido, que supervisionou a pesquisa.

Para chegar à lista de sintomas, os pesquisadores revisaram 148 estudos e identificaram os mais comuns entre 24.410 pacientes de nove países: China, Singapura, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Itália, Reino Unido, Países Baixos e Estados Unidos.

No geral, 78% dos pacientes apresentaram febre, 57% tiveram tosse, 31% sofreram de fadiga, 25% perderam o olfato e 23% relataram dificuldade para respirar. Ao analisar os dados por país, os pesqusiadores encontraram diferentes porcentagens em cada região. Em Singapura, por exemplo, 72% apresentaram febre, enquanto apenas 32% dos coreanos disseram ter esse sintoma. Quando o assunto é tosse, os pacientes da Coreia do Sul também relataram menos: apenas 18%, sendo que nos Países Baixos a porcentagem de infectados com tosse chegou a 76%. Segundo os especialistas, essas variações se devem, em parte, à forma como os dados foram coletados em cada país.

Entre os pacientes que precisaram de tratamento hospitalar, 19% foram atendidos em uma unidade de terapia intensiva (UTI), 17% necessitaram ajuda não invasiva para respirar, 9% precisaram de ventilação invasiva e 2% usaram oxigenação por membrana extracorporal (um "pulmão artificial").

Os pesquisadores também reconhecem que uma grande porção dos infectados pelo novo coronavírus não apresentou sintoma algum.

Testar para Covid-19 apenas pessoas com "tríade de sintomas" é insuficiente

Para diagnosticar mais casos, especialistas do Reino Unido defendem que aqueles com sintomas como fadiga, diarreia, dor de garganta e de cabeça também façam testes PCR

Fazer teste para Covid-19 apenas em alguns casos seria prejudicial para identificar pessoas com a doença  (Foto: Mufid Majnun / Unsplash)

Fazer teste para Covid-19 apenas em alguns casos seria prejudicial para identificar pessoas com a doença (Foto: Mufid Majnun / Unsplash)

Uma nova pesquisa liderada por pesquisadores da Universidade King's College de Londres, no Reino Unido, e publicada no Journal of Infection no dia 12 de fevereiro sugere que restringir o teste à "tríade clássica" de sintomas da Covid-19 (tosse, febre e perda do olfato, que é necessária para a elegibilidade para um teste de PCR, pode acabar excluindo alguns casos da doença. Isso porque é necessário estender a lista e incluir fadiga, dor de garganta, dor de cabeça e diarreia — o que, de acordo com os especialistas, teria detectado 96% dos casos. 

Foram analisados dados de mais de 122 mil usuários adultos do Reino Unido por meio do aplicativo ZOE COVID Symptom Study. Esses usuários relataram ter experimentado um dos sintomas potenciais da Covid-19, sendo que 1.202 deles relataram ter um resultado positivo para o teste PCR dentro de uma semana após se sentirem mal pela primeira vez.

Testar pessoas com qualquer um dos três sintomas "clássicos" teria detectado 69% dos casos sintomáticos, com 46 pessoas com teste negativo para cada pessoa diagnosticada. No entanto, o teste de pessoas com qualquer um dos sete sintomas principais — tosse, febre, anosmia, fadiga, dor de cabeça, dor de garganta e diarreia — nos primeiros três dias da doença teria detectado 96% dos casos sintomáticos. Nesse caso, para cada pessoa com a doença identificada, 95 teriam teste negativo.

Os pesquisadores também descobriram que os usuários do Symptom Study App eram mais propensos a selecionar dor de cabeça e diarreia nos primeiros três dias dos sintomas, e febre durante os primeiros sete dias, o que reflete diferentes momentos dos sintomas no curso da doença. Dados do aplicativo ZOE mostram que 31% das pessoas que estão doentes com Covid-19 não apresentam nenhum sintoma da tríade dos estágios iniciais da doença, quando é mais infecciosa."

"Sabemos desde o início que apenas focar nos testes da tríade clássica de tosse, febre e anosmia deixa de lado uma proporção significativa de casos positivos. Ao convidar todos os usuários que registrarem quaisquer novos sintomas para fazer um teste, confirmamos que existem muitos outros sintomas de coronavírus", disse, em nota, Tim Spector, da Universidade King's College de Londres. "É especialmente importante com novas variantes que podem causar sintomas diferentes. Para nós, a mensagem para o público é clara: se você estiver se sentindo mal recentemente, pode ser Covid e você deve fazer um teste."


Perda de olfato e paladar está entre principais sintomas da Covid-19

Uma pesquisa conduzida por médicos italianos revelou que 65% dos pacientes apresentam esses sintomas durante o quadro infeccioso causado pelo novo coronavírus

Perda de olfato e paladar está entre os principais sintomas da Covid-19 (Foto: Lena Volkova/Unsplash)

Perda de olfato e paladar está entre os principais sintomas da Covid-19 (Foto: Lena Volkova/Unsplash)

Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Padova, na Itália, revela que a perda do olfato e do paladar estão entre os principais sintomas da Covid-19. A descoberta foi publicada no periódico científico Jama na última quarta-feira (22).

A pesquisa foi realizada com mais de 200 italianos que testaram positivo para o novo coronavírus. Segundo os especialistas, 65% deles relataram uma alteração no paladar ou no olfato imediatamente antes ou logo após serem diagnosticados com a Covid-19.

No geral, 78% dos pacientes apresentaram febre, 57% tiveram tosse, 31% sofreram de fadiga, 25% perderam o olfato e 23% relataram dificuldade para respirar. Ao analisar os dados por país, os pesqusiadores encontraram diferentes porcentagens em cada região. Em Singapura, por exemplo, 72% apresentaram febre, enquanto apenas 32% dos coreanos disseram ter esse sintoma. Quando o assunto é tosse, os pacientes da Coreia do Sul também relataram menos: apenas 18%, sendo que nos Países Baixos a porcentagem de infectados com tosse chegou a 76%. Segundo os especialistas, essas variações se devem, em parte, à forma como os dados foram coletados em cada país.

Entre os pacientes que precisaram de tratamento hospitalar, 19% foram atendidos em uma unidade de terapia intensiva (UTI), 17% necessitaram ajuda não invasiva para respirar, 9% precisaram de ventilação invasiva e 2% usaram oxigenação por membrana extracorporal (um "pulmão artificial").

Os pesquisadores também reconhecem que uma grande porção dos infectados pelo novo coronavírus não apresentou sintoma algum.

Reduzir quarentena de pacientes com Covid-19 para 10 dias pode ser arriscado

Estudo brasileiro aponta riscos de recomendação de órgão norte-americano e mostra que infectados ainda podem transmitir a doença no décimo dia após o início dos sintomas

Reduzir quarentena de pacientes com Covid-19 para 10 dias pode ser arriscado (Foto: Annie Spratt/Unsplash)

Reduzir quarentena de pacientes com Covid-19 para 10 dias pode ser arriscado (Foto: Annie Spratt/Unsplash)

Resultados de uma pesquisa conduzida no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP) sugerem que pode ser arriscado reduzir de 14 para dez dias o tempo de quarentena indicado para casos leves e moderados de Covid-19, como recomendou em outubro o Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

No estudo, apoiado pela Fapesp, os pesquisadores do IMT-USP trabalharam com 29 amostras de secreção nasofaríngea de pacientes com diagnóstico confirmado por teste de RT-PCR. O material foi coletado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Araraquara no décimo dia após o início dos sintomas e, em laboratório, inoculado em culturas de células.

Em 25% dos casos, o vírus presente nas amostras se mostrou capaz de infectar as células e de se replicar in vitro. Em teoria, portanto, pessoas que tivessem contato com gotículas de saliva expelidas por 25% desses pacientes no período em que o material foi coletado ainda poderiam ser contaminadas. Os dados completos da pesquisa foram divulgados na plataforma medRxiv, em artigo ainda sem revisão por pares.

“Recomenda-se que os infectados com sintomas leves permaneçam totalmente isolados em casa, sem contato com ninguém, durante todo o período de quarentena. E há uma grande pressão para reduzir o tempo de isolamento – tanto por fatores econômicos como psicológicos. Mas, se o objetivo da quarentena é mitigar o risco de transmissão do vírus, 25% [de pacientes com vírus viável] é uma proporção muito alta”, avalia Camila Romano, coordenadora da investigação.

Como explica a pesquisadora, a quarentena de 14 dias foi estabelecida ainda no início da pandemia com base no tempo médio que leva, após o início dos sintomas, para o Sars-CoV-2 deixar de ser detectado no teste de RT-PCR. Em geral, esses primeiros estudos foram feitos com indivíduos com doença moderada ou grave, que precisaram ser hospitalizados.

“Partiu-se do princípio de que quando a carga viral é tão baixa a ponto de ser indetectável nesse tipo de exame – considerado padrão-ouro para o diagnóstico da Covid-19 – o risco de transmissão torna-se muito pequeno. Naquela época nem sequer havia testes suficientes para diagnosticar todos os casos suspeitos e menos ainda para liberar os pacientes com sintomas leves da quarentena. Então estabeleceu-se como padrão o período de 14 dias para infectados não hospitalizados”, explica Romano.

Estudos posteriores mostraram ser possível detectar o RNA viral nas vias respiratórias pelo teste de RT-PCR por um período até superior a 14 dias. Contudo, segundo esses mesmos trabalhos, após o oitavo ou nono dia de sintomas dificilmente se conseguia isolar em pacientes com quadros leves ou moderados o vírus ainda viável, ou seja, com a capacidade de se replicar em células.

Desse modo, em meados de 2020, o CDC passou a rever as recomendações referentes ao período de quarentena. Para pessoas expostas ao Sars-CoV-2 sem diagnóstico confirmado por teste molecular, estipulou-se que um isolamento de dez dias seria suficiente para reduzir o risco de transmissão para 1%. Para casos confirmados com sintomas leves ou moderados, o isolamento poderia ser interrompido dez dias após o início dos sintomas, considerando a resolução da febre por pelo menos 24 horas. Este período, entretanto, deveria ser estendido em caso de Covid-19 grave, em pacientes com algum tipo de comprometimento imunológico ou caso o infectado ainda estivesse manifestando sintomas.

“No Brasil, a regra ainda é a quarentena de 14 dias, embora alguns municípios estejam cogitando reduzir para dez dias. Em países como a Suíça, infectados com sintomas leves são liberados do isolamento após sete dias apenas”, conta Romano à Agência Fapesp. “À medida que mais estudos vêm sendo feitos em populações diferentes e com metodologias mais sensíveis, percebemos que ainda é muito cedo para ‘bater o martelo’ sobre o tempo ideal de quarentena. Estamos vendo países sendo atingidos por novas ondas da doença e cada vez menos o isolamento de 14 dias é seguido. É importante levar em conta os dados mais recentes ao repensar políticas de isolamento”, defende a pesquisadora.

Metodologia

O estudo descrito no artigo é parte de um projeto ainda em andamento, cujo objetivo é avaliar a transmissão domiciliar do Sars-CoV-2 na cidade de Araraquara. A cidade decretou lockdown no dia 15 de fevereiro, depois que foi detectada em pacientes locais a nova variante brasileira do vírus, conhecida como P1.

Graças a uma parceria com os gestores municipais, os pesquisadores do IMT-USP conseguiram contatar pacientes com sintomas leves que tiveram o diagnóstico de Covid-19 confirmado por RT-PCR em uma UBS local e não foram hospitalizados.

Foram convidadas para participar 53 pessoas com idades entre 17 e 60 anos que testaram positivo no décimo dia de sintomas. Somente 29 das 53 amostras coletadas continham material suficiente e bem conservado e puderam ser utilizadas nos experimentos.

Em um laboratório com nível 3 de biossegurança (NB3) sediado no IMT-USP, as amostras selecionadas foram incubadas com linhagens de células Vero – originárias de rim de macaco –, modelo mais usado em estudos sobre coronavírus.

“O experimento consiste em oferecer para o vírus um ambiente adequado para ele se replicar. Inoculamos a secreção nasofaríngea coletada dos pacientes nas culturas celulares e acompanhamos durante quatro ou cinco dias”, conta Romano.

Esse intervalo, segundo a pesquisadora, é suficiente para observar se o contato com o vírus provoca um efeito citopático, ou seja, se as células em cultura começam a morrer. A variação da carga viral nas linhagens foi quantificada pela mesma técnica de RT-PCR usada no diagnóstico.

Em 25% dos casos avaliados observou-se um efeito citopático significativo, acompanhado de aumento na carga viral.

“Claro que um experimento feito em laboratório não reproduz com perfeição o que ocorre na natureza. Mas nossos resultados são um indício de que pode haver partículas virais viáveis nas secreções de pacientes no décimo dia de sintomas”, afirma Romano.

Atualmente, o grupo realiza novos ensaios com o objetivo de descobrir como varia, em um mesmo paciente, a dinâmica do risco de transmissão. Amostras estão sendo coletadas diariamente, entre o nono e o 14º dia de sintomas. Esse material será inoculado em culturas celulares para ver em que medida a proporção de amostras com vírus viável diminui com o passar dos dias.

Segundo Romano, os resultados obtidos até agora reforçam a importância de manter a quarentena de 14 dias. “O isolamento, de modo geral, precisa ser intensificado neste momento. Caso contrário, o avanço lento da vacinação exercerá uma pressão seletiva sobre o vírus e favorecerá a emergência de variantes resistentes. Diminuir o isolamento neste momento é extremamente perigoso”, alerta.

O artigo Discontinuation of isolation for persons with COVID-19: Is 10 days really safe? pode ser lido em: www.medrxiv.org/content/10.1101/2021.01.29.21250753v1.full.pdf.

Estudo aponta 3 fatores que fazem alguém ser um superpropagador de Covid-19

Cientistas de institutos americanos indicam quais condições estão relacionadas ao aumento do número e à diminuição do tamanho de partículas virais exaladas por indivíduos infectados

Estudo aponta 3 fatores que fazem alguém ser um superpropagador de Covid-19 (Foto:  Lisanto 李奕良 / Unsplash)

Estudo aponta 3 fatores que fazem alguém ser um superpropagador de Covid-19 (Foto: Lisanto 李奕良 / Unsplash)

Salvar

Um novo estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences indica quais fatores podem fazer alguém com Covid-19 transmitir o novo coronavírus com mais facilidade do que outras pessoas diagnosticadas com a doença.

De acordo com os pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, do Hospital Geral de Massachusetts e das universidades de Tulane e de Harvard, nos Estados Unidos, a idade, a obesidade e a gravidade da infecção pelo Sars-CoV-2 são condições que estão associadas ao fato de alguns indivíduos serem “superpropagadores” durante a pandemia.

Ao examinarem dados de um estudo observacional de 194 pessoas saudáveis e de uma pesquisa experimental com oito macacos de duas espécies diferentes com Covid-19, os cientistas perceberam que indivíduos mais velhos que têm um grau crescente de infecção pelo Sars-CoV-2 e que apresentam índices de massa corporal (IMC) maiores exalam três vezes mais partículas do que outros grupos. Além disso, os pesquisadores notaram que 18% dos humanos acompanhados no estudo foram responsáveis por 80% das partículas exaladas pelo grupo todo – um dado que segue o padrão de outras epidemias, nas quais 20% dos infectados são responsáveis por 80% das transmissões do vírus.

A resposta para esses números está tanto na quantidade quanto no tamanho das partículas que são expelidas no ar. Os cientistas perceberam que os macacos disparavam mais gotículas conforme a infecção por Covid-19 progredia, apresentando picos uma semana após contraírem a doença. E, com o avanço da enfermidade, essas partículas ficavam mais pequenas, o que permite que elas sejam expelidas muito mais facilmente durante a respiração, a tosse e a fala, que fiquem mais tempo flutuando no ar, que voem para mais longe e que penetrem nos pulmões mais profundamente quando inaladas.

Febre, tosse e fadiga são os sintomas mais comuns entre pacientes de Covid-19, conclui estudo que revisou 148 pesquisas (Foto: CDC)

No novo estudo, o aumento das partículas expelidas foi verificado mesmo nos casos assintomáticos de Covid-19 (Foto: CDC)

De acordo com Chad Roy, coautor do estudo e diretor da área de aerobiologia de doenças infecciosas na Universidade de Tulane, o aumento das partículas expelidas foi verificado mesmo nos casos assintomáticos de Covid-19. “Vimos um aumento semelhante nas gotículas durante o estágio de infecção aguda com outras doenças infecciosas, como a tuberculose”, ele observou em um comunicado. “Parece provável que infecções virais e bacterianas das vias aéreas podem enfraquecer o muco dessa parte do corpo, o que promove o movimento de partículas infecciosas para o ambiente.”

David Edwards, professor de prática de engenharia biomédica na Universidade de Harvard, também apontou que a composição corporal tem papel importante na geração de partículas respiratórias. “Embora nossos resultados mostrem que pessoas jovens e saudáveis ​​tendem a gerar muito menos gotículas do que os mais velhos e menos saudáveis, os dados também mostram que qualquer um de nós, quando infectado por Covid-19, pode estar em risco de produzir um grande número de gotículas respiratórias”, alertou.


Coronavírus pode seguir ativo no organismo mesmo após sintomas desaparecerem

Em estudo, médicos sugerem estender a quarentena de quem teve a doença por mais duas semanas. Entenda

O Coronavirus está perto de infectar 100 mil pessoas em todo o mundo  (Foto: Creative Commons)

Coronavírus Sars-CoV-2 (Foto: Creative Commons)

Um novo estudo realizado pela Universidade Yale, nos Estados Unidos, e pelo Hospital Geral Chinês, na China, aponta que metade dos pacientes tratados da Covid-19 ainda podem ter o coronavírus ativo no organismo por até oito dias após o desaparecimento dos sintomas. A pesquisa foi publicada no último dia 23 de março na revista científica American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine.

Os autores da investigação analisaram 16 casos de pacientes com idades em torno de 35 anos que foram infectados pelo novo coronavírus, mas que já haviam sido tratados e recebido alta. Os pesquisadores coletaram amostras de secreção da garganta dos voluntários em dias alternados para analisarem se eles estavam 100% curados. 

"A descoberta mais significativa de nosso estudo é que metade dos pacientes continuava eliminando o vírus mesmo após o fim dos sintomas", diz Lokesh Sharma, um dos autores do estudo, em comunicado. Os sintomas primários nesses pacientes incluíam febre, tosse, dor na faringe e falta de ar.

O tempo entre a infecção e o início dos sintomas, o período de incubação, foi em média de cinco dias. A duração média dos sintomas foi de oito dias, enquanto o tempo em que os pacientes permaneceram contagiosos após o final dos sintomas variou de um a oito dias. Duas pessoas tinham diabetes e um teve tuberculose, mas essas condições não afetaram o curso da infecção por Covid-19.

"Se você teve sintomas respiratórios leves e ficou em casa para não infectar pessoas, estenda sua quarentena por mais duas semanas após a recuperação para garantir que você não infectará outras pessoas", recomenda Lixin Xie, médico e professor da Faculdade de Medicina Pulmonar e Intensiva do Hospital Geral Chinês que também participou da pesquisa.

Os autores enviaram uma mensagem para a comunidade médica: "Os pacientes com Covid-19 podem ser infecciosos mesmo após a recuperação sintomática; portanto, trate os pacientes assintomáticos/recentemente recuperados com o mesmo cuidado que os pacientes sintomáticos".

Os pesquisadores também enfatizam que todos esses pacientes tiveram infecções mais leves e se recuperaram da doença, e que o estudo analisou um pequeno número de pacientes. Eles também ponderam que não está claro se resultados semelhantes se aplicam a pessoas mais vulneráveis, como idosos, pacientes com sistema imunológico suprimido e indivíduos em terapia imunossupressora.

"Mais estudos são necessários para investigar se o vírus detectado por PCR [exame que detecta o coronavírus Sars-CoV-2] em tempo real é capaz de transmitir nos estágios posteriores da infecção por Covid-19", acrescentou o Dr. Xie.

Vídeo mostra danos da Covid-19 em pulmão de paciente infectado nos EUA

Especialistas divulgaram o vídeo com o intuito de alertar a população para os riscos do novo coronavírus e ajudar outros profissionais de saúde a compreenderem a doença

Vídeo mostra danos da Covid-19 em pulmão de paciente infectado (Foto: Hospital da Universidade George Washington)

Vídeo mostra danos da Covid-19 em pulmão de paciente infectado (Foto: Hospital da Universidade George Washington)

Uma equipe de médicos do Hospital da Universidade George Washington, nos Estados Unidos, compartilhou um vídeo que mostra os danos da Covid-19 nos pulmões de um paciente. O intuito da equipe é alertar a população sobre os riscos do novo coronavírus e ajudar outros profissionais de saúde a compreenderem a doença.

As imagens em 3D foram feitas com base em um paciente de 59 anos que tinha um quadro de pressão alta antes de ser infectado pelo vírus. Desde que foi diagnosticado, a situação se agravou e agora o norte-americano respira com ajuda de aparelhos e está ligado a uma máquina que ajuda na oxigenação de seu sangue. 

"Este não é um paciente diabético, imunossuprimido, com 70, 80 anos de idade", disse Keith Mortman, chefe de cirurgia torácica no hospital, em entrevista à CNN. "Além da pressão alta, ele não tem outros problemas médicos significativos. Esse é um cara que cuida da própria vida."

Essa não é a primeira vez que médicos disponibilizam material para conscientizar a população sobre os riscos do novo coronavírus e a importância do distanciamento social para conter a pandemia de Covid-19. No início de março, imagens de raios-X e ressonâncias magnéticas foram compartilhadas por médicos chineses com o intuito de alertar a população e, claro, ajudar outros profissionais da saúde.

Especialistas divulgaram o vídeo com o intuito de alertar a população para os riscos do novo coronavírus e ajudar outros profissionais de saúde a compreenderem a doença (Foto: Hospital da Universidade George Washington)

Especialistas divulgaram o vídeo com o intuito de alertar a população para os riscos do novo coronavírus e ajudar outros profissionais de saúde a compreenderem a doença (Foto: Hospital da Universidade George Washington)

Além disso, também em março, uma equipe do Hospital de Hong Kong, na China, afirmou que a doença pode causar problemas permanentes nos pulmões. De acordo com os médicos, alguns pacientes podem ter uma queda de 20% a 30% na função pulmonar  mesmo após a recuperação.

Isso acontece porque o coronavírus é um microrganismo principalmente de natureza respiratória. "Ele entra nas membranas mucosas e depois no pulmão. A maneira como o corpo tenta controlar isso resulta em inflamação", explicou Mortman. No vídeo compartilhado pelo Hospital da Universidade George Washington, essas áreas inflamadas podem ser identificadas em amarelo.

Partes em amarelo representam as regiões inflamadas dos pulmões (Foto: Hospital da Universidade George Washington)

Partes em amarelo representam as regiões inflamadas dos pulmões (Foto: Hospital da Universidade George Washington)

Mortman conta que, quando os pulmões encontram uma infecção viral, o órgão começa a "selar" o vírus para isolá-lo. Entretanto, como é possível ver na animação, os danos não ficam localizados apenas em uma região, o que indica que o novo coronavírus se espalha rapida e agressivamente. "Então você tem esse processo inflamatório bastante forte nos pulmões na tentativa do corpo de controlar a infecção", comentou o especialista.

As imagens em 3D foram feitas com base em um paciente de 59 anos (Foto: Hospital da Universidade George Washington)

As imagens em 3D foram feitas com base em um paciente de 59 anos (Foto: Hospital da Universidade George Washington)

O grande problema da inflamação pulmonar é que ela impede a oxigenação do sangue, o que resulta em uma sobrecarga de dióxido de carbono no organismo. É justamente isso que torna o paciente ofegante e o faz tossir. 

Ainda de acordo com Mortman, pacientes que apresentam insuficiência respiratória progressiva, como é o caso do paciente em que o vídeo foi baseado, têm danos rápidos e generalizados nos pulmões. "Infelizmente, uma vez danificados nesse grau, os pulmões podem demorar muito para cicatrizar", afirmou o médico. "Quero que as pessoas vejam [esse vídeo] e entendam o que essa doença pode fazer. As pessoas precisam levar [Covid-19] a sério."

O coronavírus é um microrganismo principalmente de natureza respiratória (Foto: Hospital da Universidade George Washington)

O coronavírus é um microrganismo principalmente de natureza respiratória (Foto: Hospital da Universidade George Washington)

Veja o vídeo completo disponibilizado pelos especialistas.

Um a cada 10 casos leves de Covid-19 pode apresentar sintomas por 8 meses

Perda de olfato e paladar, fadiga e problemas respiratórios são os sinais mais percebidos a longo prazo, diz estudo sueco realizado com milhares de profissionais da saúde

Um a cada 10 casos leves de Covid-19 pode apresentar sintomas por 8 meses (Foto: Alex Green/Pexels)

Um a cada 10 casos leves de Covid-19 pode apresentar sintomas por 8 meses (Foto: Alex Green/Pexels)

Um resultado preliminar de um estudo realizado com milhares de profissionais da saúde indicou que, oito meses após um quadro leve de Covid-19, uma em cada 10 pessoas ainda apresenta pelo menos um sintoma moderado ou grave. A descoberta foi publicada nesta quarta-feira (7), na revista acadêmica Journal of the American Medical Association (JAMA).

Pesquisadores do Hospital Danderyd e do Instituto Karolinska, na Suécia, lideraram a pesquisa e identificaram que os efeitos prolongados da doença são principalmente perda de olfato e paladar. Fadiga e problemas respiratórios também podem aparecer, mas não na mesma extensão, segundo eles.

Os especialistas ainda estão realizando uma primeira fase do estudo, chamado de Community, que começou na primavera de 2020, no hemisfério norte. Desde então, a cada quatro meses, são coletadas amostras de sangue de 2.149 funcionários do Hospital Danderyd.

Entre todos os trabalhadores incluídos na pesquisa, cerca de 19% apresentaram anticorpos contra o vírus da Covid-19, o Sars-CoV-2. Além da quantidade desses defensores do sistema imune, também são avaliados os sintomas dos participantes, por meio de questionários autodeclarados.

coronavirus sars-cov-2 covid-19 (Foto: NIH/NIAID)

Pesquisa avaliou ocorrência de efeitos a longo prazo após casos leves de Covid-19 em profissionais da saúde  (Foto: NIH/NIAID)

O terceiro acompanhamento dos profissionais de saúde foi concluído em janeiro de 2021, englobando 323 trabalhadores de saúde que tiveram casos leves de Covid-19 há pelo menos oito meses. Eles foram comparados com um grupo controle, composto por 1.072 funcionários que não tiveram a doença ao longo do período da pesquisa.

Foi possível notar que 26% dos que que tiveram quadros leves de Covid-19 apresentaram um sintoma moderado a grave que durou mais de dois meses. Em comparação, o mesmo só ocorreu com 9% do grupo controle.

Além disso, 11% dos profissionais que já haviam contraído o quadro leve da enfermidade tiveram no mínimo um sintoma com impacto negativo na vida profissional, social ou familiar, que durou pelo menos oito meses. Essa porcentagem foi de apenas 2% no grupo de funcionário que testaram negativo para a doença durante todo o estudo.

“Apesar do fato de os participantes do estudo terem uma infecção leve por Covid-19, uma proporção relativamente grande relatou sintomas de longo prazo com impacto na qualidade de vida”, comenta Sebastian Havervall, líder da pesquisa, em comunicado.

O estudo segue em andamento e o próximo acompanhamento está previsto para o mês de maio. Na ocasião, uma grande proporção dos profissionais de saúde serão avaliados após terem sido vacinados. Além do monitoramento da imunidade e da ocorrência de reinfecção, a etapa irá ajudar a avaliar a perda de olfato e paladar possivelmente associada à Covid-19.

Após Covid-19, 34% desenvolvem doenças psiquiátricas ou neurológicas

Entre 236 mil sobreviventes analisados pela maior pesquisa já feita sobre o tema, um a cada três recebeu diagnóstico de distúrbios neurológicos ou psiquiátricos

Transtornos de ansiedade e de humor lideraram as ocorrências (Foto:  engin akyurt/Unsplash)

Transtornos de ansiedade e de humor lideraram as ocorrências (Foto: engin akyurt/Unsplash)

Como mostram estudos mundo afora, anormalidades no sistema nervoso fazem parte do amplo rol de efeitos da Covid-19. Publicada nesta terça-feira (6) na revista científica The Lancet Psychiatry, a maior pesquisa já feita sobre o tema traz uma visão mais acurada – e alarmante – a respeito desses sintomas: entre 236 mil ex-pacientes, um a cada três recebeu diagnóstico de doenças neurológicas ou psiquiátricas no intervalo de um semestre após a infecção.

Conduzida por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, a investigação se deu a partir de 236.379 prontuários eletrônicos de saúde cadastrados na TriNetX, rede de saúde dos Estados Unidos que inclui mais de 81 milhões de pessoas. Os pacientes da amostra – todos maiores de 10 anos – testaram positivo para o vírus Sars-Cov-2 após o dia 20 de janeiro de 2020 e permaneciam vivos até 13 de dezembro do mesmo ano – data final da análise.

Dentro de seis meses, aponta o estudo, problemas de saúde mental bateram à porta de cerca de 34% dos indivíduos, fato inédito para 13% deles – que não apresentavam histórico de doenças da categoria. Transtornos de ansiedade e de humor lideraram as ocorrências, abarcando 17% e 14% dos casos, respectivamente. Quadros de transtornos por uso de substâncias (7%) e insônia (5%) também foram registrados. Mais raros, desfechos graves incluíram acidente vascular cerebral isquêmico (2,1%), demência (0,7%) e hemorragia cerebral (0,6%).

Anormalidades no sistema nervoso integram o amplo rol dos impactos da Covid-19 em uma série de estudos mundo afora. (Foto:  Robina Weermeijer/Unsplash)

Anormalidades no sistema nervoso integram o amplo rol dos impactos da Covid-19 em uma série de estudos mundo afora. (Foto: Robina Weermeijer/Unsplash)

De acordo com os pesquisadores, a culpa pelos diagnósticos pode ser potencialmente atribuída à Covid-19. É o que sugerem os dados: ao comparar os 236 mil pacientes em questão com 105.579 indivíduos diagnosticados com influenza, a análise revela que o risco de quadros neurológicos foi 44% maior para o primeiro grupo.

A incidência também se mostrou 16% superior entre os que foram infectados pelo novo coronavírus, em relação à uma terceira amostra com 236.038 pessoas afetadas por qualquer infecção do trato respiratório. “Nossos resultados indicam que doenças cerebrais e transtornos psiquiátricos são mais comuns após infecção por Covid-19 do que após gripe ou outras infecções respiratórias, mesmo quando pacientes são combinados para outros fatores de risco”, afirma Max Taquet, pesquisador do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Oxford e co-autor do estudo, em comunicado à imprensa.

Casos graves – e um alerta

Segundo o estudo, os riscos de transtornos psiquiátricos ou neurológicos podem ser maiores entre pacientes que enfrentaram quadros graves de Covid-19. Enquanto essas ocorrências tiveram incidência geral de 34%, indivíduos que foram internados quando estavam com o Sars-CoV-2 viram esse número subir para 38%. Entre os que precisaram de terapia intensiva, a taxa foi ainda maior: 46%. O índice só perdeu para o dos que tiveram encefalopatia (termo usado para doenças difusas cerebrais que provocam alterações em sua estrutura ou função) durante a infecção, dos quais 62% desenvolveram problemas neurológicos.

Desfechos graves também tiveram maior predominância entre esses pacientes. Enquanto apenas 0,9% das pessoas que não foram hospitalizadas para tratar a Covid-19 receberam diagnóstico de demência após a doença, quadros do transtorno psiquiátrico foram observados em 4,7% daqueles que, durante a infecção, tiveram encefalopatia.

Ainda que não revele os mecanismos biológicos por trás da relação entre a Covid-19 e a saúde mental, para os autores da análise, o estudo aponta a necessidade urgente de pesquisas sobre o tema – só assim, defendem os pesquisadores, esses quadros poderão ser evitados com antecedência.

“Embora os riscos individuais para a maioria dos distúrbios sejam pequenos, o efeito em toda a população pode ser substancial para os sistemas de saúde e assistência social devido à escala da pandemia e ao fato de muitas dessas condições serem crônicas”, alerta, em nota, Paul Harrison, principal autor da pesquisa. “Como resultado, os sistemas de saúde precisam de recursos para lidar com a necessidade prevista, tanto nos serviços de atenção primária quanto secundária”, afirma o pesquisador de Oxford.

Em estudo, 85% dos afetados por Covid prolongada têm efeitos neurológicos

Pesquisadores norte-americanos consideraram 100 pacientes com sintomas que duravam mais de seis semanas e viram que a maioria teve quatro ou mais sequelas no sistema nervoso

coronavírus covid-19 sars-cov-2 (Foto: NIAID)

Sars-CoV-2, o vírus da Covid-19 (Foto: NIAID)

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, analisou 100 pacientes que tiveram sintomas prolongados de Covid-19 e que não chegaram a ser hospitalizados. Publicada na última terça-feira (23), no jornal científico Annals of Clinical and Translational Neurologya pesquisa revela que 85% deles tiveram quatro ou mais sequelas neurológicas que afetam sua qualidade de vida.

A amostra considerada incluiu pessoas de 21 estados norte-americanos, com média de 43 anos de idade, que passaram por consultas físicas ou online na clínica Neuro COVID-19, do Northwestern Memorial Hospital, entre os meses de maio a novembro de 2020.

Para definir o que seriam sintomas prolongados de Covid-19, os pesquisadores consideraram aqueles pacientes com incômodos que duravam mais de seis semanas, já que a maioria dos infectados se recupera antes disso.

Apenas metade dos 100 participantes do estudo tiveram testes laboratoriais positivos para a doença. Isso porque exames como o swab nasal e o teste sorológico não são sempre cogitados por pacientes com sintomas leves e prolongados.

Ainda assim, todos os indivíduos do estudo tinham atestadamente sintomas leves e respiratórios característicos de Covid-19, como tosse, febre baixa e dor de garganta. Não havia casos de pneumonia ou níveis baixos de oxigênio que exigissem hospitalização.

Sars-CoV-2, o vírus da Covid-19 (Foto: Divulgação/National Institute of Allergy and Infectious Diseases)

Um total de 85% dos pacientes com sintomas prolongados de Covid-19 teve quatro ou mais sequelas neurológicas (Foto: Divulgação/National Institute of Allergy and Infectious Diseases)

Em média, os pacientes relataram que se sentiam somente 64% recuperados da doença após cinco meses. O sintoma neurológico mais frequente, que apareceu em 81% dos participantes, foi o de confusão mental, que inclui também dor de cabeça e perda de memória de curto prazo.

Os outros sintomas neurológicos mais comuns, respectivamente, foram: dor de cabeça, com 68% de incidência; dormência ou formigamento (68%); problemas de paladar (59%); dificuldade para sentir cheiros (55%); dor muscular (55%); tontura (47%); dor geral (43%); visão turva (30%) e zumbido (29%). 

Em comparação com aqueles que testaram positivo para Covid-19, os pacientes que apresentaram exame negativo, mas que ainda assim tinham sintomas prolongados, procuraram ajuda médica um mês depois.

“Isso pode ter sido causado pela dificuldade desses pacientes em encontrar provedores médicos, uma vez que eles não se enquadram nos critérios diagnósticos clássicos da Covid-19”, explica, em comunicado, Igor Koralnik, um dos autores do estudo.

Koralnik compara esse tipo de estigma com aquele vivido por mulheres com fibromialgia e síndrome da fadiga crônica, destacando a necessidade de mais estudos e melhores diagnósticos de infecção por Sars-CoV-2.

“Já estamos realizando reabilitação cognitiva em alguns pacientes e considerando uma variedade de intervenções terapêuticas”, conta o especialista. “Também estamos avaliando sintomas neurológicos de longa duração em grupos maiores de pacientes com Covid-19, incluindo aqueles com histórico de hospitalização por doença grave”.

Alguns casos leves de Covid-19 podem transmitir vírus por mais de 30 dias

Cientistas brasileiros acompanharam casos atípicos de pacientes que apresentaram Sars-CoV-2 ativo no organismo por mais tempo do que os 14 dias de isolamento recomendados

Micrografia eletrônica de varredura colorida de uma célula apoptótica (rosa) fortemente infectada com partículas do vírus SARS-COV-2 (verde), isolada de uma amostra de paciente (Foto: Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas/NIH, 2020)

Alguns casos leves de Covid-19 podem transmitir vírus por mais de 30 dias (Foto: Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas/NIH, 2020)

Estudos conduzidos no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP) têm mostrado que, em alguns pacientes com sintomas leves, o Sars-CoV-2 pode permanecer ativo no organismo por um período superior aos 14 dias de isolamento recomendados no Brasil.

Em artigo divulgado na plataforma medRxiv, em processo de revisão por pares, o grupo coordenado pela professora Maria Cassia Mendes-Correa descreve o caso de duas mulheres de aproximadamente 50 anos, moradoras de São Caetano do Sul, na Região Metropolitana de São Paulo.

Uma delas foi atendida pela primeira vez em meados de abril de 2020 e relatou que vinha há 20 dias vivenciando sintomas como tosse seca, dor de cabeça, fraqueza, dor no corpo e nas articulações. Um exame de RT-PCR feito 22 dias após o início do quadro confirmou a presença do vírus no organismo e, nos dias seguintes, a paciente apresentou náusea, vômito, perda de olfato e paladar. Um segundo teste molecular feito 37 dias após o início dos sintomas também teve resultado positivo. Em meados de maio, a maioria das queixas havia desaparecido, exceto dor de cabeça e fraqueza.

No segundo caso relatado, a paciente apresentou febre, dor de cabeça, tosse, fraqueza, coriza, náusea, dor no corpo e nas articulações em meados de maio. O primeiro teste de RT-PCR foi feito cinco dias após o início dos sintomas e deu positivo. Como o problema persistiu, um segundo teste foi feito no 24º dia e, novamente, a presença do RNA viral foi confirmada. Ao todo, a paciente permaneceu sintomática durante 35 dias, relatam os pesquisadores.

“Por se tratar de casos atípicos, as amostras de secreção nasofaríngea coletadas para diagnóstico foram levadas ao IMT-USP para uma análise aprofundada. O material foi inoculado em uma cultura de células epiteliais e, após diversos testes, confirmamos que o vírus ali presente ainda estava viável, ou seja, era capaz de se replicar e de infectar outras pessoas”, conta Mendes-Correa à Agência Fapesp.

Como explica a pesquisadora, as duas mulheres foram atendidas no âmbito do Programa Corona São Caetano, uma plataforma on-line criada para organizar o monitoramento remoto de moradores com sintomas por equipes de saúde e a coleta domiciliar de amostras para diagnóstico. A iniciativa envolve a prefeitura local, a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), a startup MRS - Modular Research System e o IMT-USP (leia mais em: agencia.fapesp.br/33604/).

Com apoio da Fapesp, o grupo de Mendes-Correa acompanhou durante seis semanas outros 50 participantes atendidos no programa para estudar o tempo de persistência do vírus no organismo. Foram coletadas semanalmente amostras de salivaurinafezes (swab anal) , secreção nasofaríngea e sangue. Todo o material foi levado ao IMT-USP e inoculado em culturas celulares para verificar a presença de vírus ainda infectante.

“As análises indicam que o RNA viral permanece detectável por mais tempo na saliva e na secreção nasofaríngea. Em 18% dos voluntários, o teste de RT-PCR nesse tipo de amostra permaneceu positivo por até 50 dias. Entre estes, 6% mantiveram-se transmissores [com o vírus ainda se multiplicando] durante 14 dias”, conta Mendes-Correa.

Na avaliação da pesquisadora, portanto, os dez dias de isolamento recomendados atualmente pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos para casos leves podem não ser suficientes para evitar novas contaminações.

Imunossuprimidos

Outro braço da pesquisa conduzida no IMT-USP envolve o monitoramento de indivíduos imunossuprimidos infectados pelo Sars-CoV-2. Até o momento, dez voluntários já foram incluídos no projeto e um deles permanece com a infecção ativa no organismo há mais de seis meses.

“Trata-se de um paciente submetido a um transplante de medula óssea antes de ocorrer a infecção. As análises indicam que a carga viral em seu organismo é elevada e que o vírus é altamente infectante. Por esse motivo ele continua em isolamento, mesmo passado um longo período após o início dos sintomas”, conta Mendes-Correa.

A pesquisadora ressalta a necessidade de monitorar com atenção casos como esse, que oferecem condições ideais para o surgimento de variantes virais potencialmente mais agressivas.

“O fato de o vírus permanecer se replicando no organismo por tanto tempo favorece a seleção de mutações que conferem vantagens ao microrganismo. Esse paciente tem um alto grau de imunossupressão e está sendo monitorado de perto, dentro de um protocolo de pesquisa. Mas também é preciso se preocupar com a parcela da população que apresenta graus mais leves de imunossupressão, como os portadores de doenças autoimunes [que fazem uso de fármaco imunossupressores], por exemplo”, alerta Mendes-Correa.

Covid-19 pode causar perda auditiva, zumbido e vertigem, aponta revisão

Uma análise feita por pesquisadores britânicos indica que a infecção pelo Sars-CoV-2 pode piorar a audição. Estudos são necessários para avaliar efeitos a longo prazo

Covid-19 pode causar perda auditiva, zumbido e vertigem, aponta revisão  (Foto: Jessica Flavia/Unsplash)

Covid-19 pode causar perda auditiva, zumbido e vertigem, aponta revisão (Foto: Jessica Flavia/Unsplash

Não são raros relatos de pessoas que tiveram Covid-19 e experimentaram perda auditiva. A questão é alvo de investigação desde 2020, mas a novidade da vez é que a doença pode não só piorar a audição como também causar ou agravar a sensação de vertigem e zumbido no ouvido. Foi isso que concluiu uma análise publicada nesta segunda-feira (22) no periódico International Journal of Audiology.

Uma dupla de cientistas da Universidade de Manchester e do Manchester Biomedical Research Center (BRC), no Reino Unido, analisou 24 estudos cujo assunto era a Covid-19 e problemas auditivos e vestibulares (ligados a vertigens e tonturas).

Os pesquisadores perceberam que 7,6% dos pacientes relataram ter sofrido perda de audição depois de contraírem o vírus da doença, o Sars-CoV-2. E mais: 14,8% tiveram acufeno (zumbido) e 7,2% apresentaram sintomas relacionados a vertigem.

Os dados de todas as pesquisas consideradas na análise são provenientes de questionários com base nos relatos dos próprios pacientes e relatórios médicos. Por isso, os pesquisadores classificaram a qualidade geral da revisão de estudos como “razoável”.

“Há uma necessidade urgente de um estudo clínico e diagnóstico cuidadosamente conduzido para compreender os efeitos de longo prazo da Covid-19 no sistema auditivo”, explica, em comunicado, Kevin Munro, coautor da pesquisa.

coronavirus sars-cov-2 covid-19 (Foto: NIH/NIAID)

Sars-CoV-2, o vírus da Covid-19, pode ter alguma relação com a perda auditiva das pessoas infectadas pela Covid-19(Foto: NIH/NIAID)

Apesar da perda auditiva ser pouco investigada quando se trata do Sars-CoV-2, o pesquisador cita que esse sintoma também é encontrado em outros vírus. “Também é sabido que vírus como os do sarampo, da caxumba e da meningite podem causar perda auditiva; no entanto, pouco se sabe sobre os efeitos auditivos da Covid-19”, completa.

Já o autor principal da pesquisa, Ibrahim Almufarrij, afirma que as evidências coletadas na revisão são de estudos de “qualidade variável” e que é preciso ter cuidado. Porém, ele espera que a análise sirva de alerta e “aumente o peso das evidências científicas de que há uma forte associação entre Covid-19 e problemas auditivos”.

Munro relata que nos últimos meses recebeu vários e-mails de pessoas que tiveram uma mudança em sua audição ou apresentaram zumbido após terem a doença. Porém, ele considera que tais sintomas também podem ter relação com alguma etapa do atendimento de urgência dos pacientes.

Com tantas dúvidas, o pesquisador está atualmente liderando um estudo clínico no Reino Unido para avaliar a questão e entender quais os efeitos ao longo prazo em relação a perda auditiva, acufeno e vertigem. Análises preliminares indicam que 13% dos pacientes que receberam alta hospitalar relataram pelo menos um desses sintomas.

Fonte:https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2021/

Covid-19 pode deixar sequelas no coração mesmo em pessoas saudáveis

Pesquisadores descobriram que a infecção pelo novo coronavírus pode causar lesões cardíacas mesmo em quem não tem problemas cardiovasculares pré-existentes

coronavirus (Foto: reprodução)

Covid-19 pode deixar sequelas no coração mesmo em pessoas saudáveis (Foto: reprodução)

Covid-19, causada pelo novo coronavírus, pode ter consequências fatais para pessoas com doenças cardiovasculares pré-existentes à infecção — e até causar lesões cardíacas em indivíduos saudáveis antes do contágio. É o que aponta um estudo publicado no periódico JAMA Cardiology por especialistas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

"É provável que, mesmo na ausência de doenças cardíacas anteriores, o músculo cardíaco possa ser afetado pela doença do coronavírus", disse Mohammad Madjid, principal autor do estudo, em comunicado. "No geral, lesões no músculo cardíaco podem ocorrer em qualquer paciente com ou sem doenças cardiovasculares, mas o risco é maior naqueles que já as têm."

Segundo os especialistas, um boletim emitido pelo American College of Cardiology revelou que a taxa de mortalidade para pacientes com doenças cardiovasculares que contraem o novo coronavírus é de 10,5%. Além disso, o relatório sugere que pessoas com mais de 65 anos com a doença cardíaca coronária ou hipertensão estão mais sucetíveis à Covid-19.

Os autores do estudo explicam que pesquisas de epidemias anteriores de coronavírus e influenza sugerem que infecções virais podem causar síndromes coronárias agudas, arritmias e o desenvolvimento ou exacerbação de insuficiência cardíaca, por exemplo. "É razoável esperar que ocorram complicações cardiovasculares significativas associadas à Covid-19 em pacientes sintomáticos graves devido à alta resposta inflamatória associada à doença", ponderou Madjid.

Fonte:https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2020/03/covid-19-pode-deixar-sequelas-no-coracao-mesmo-em-pessoas-saudaveis.html

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