INFECTOLOGISTA ESCLARECE DÚVIDAS SOBRE OS TIPOS DE TESTES DA COVID-19

Infectologista esclarece dúvidas sobre os tipos de testes da Covid-19

Para testar a população, laboratório conta com um dos maiores núcleos de produção de exames do novo coronavírus no Brasil com capacidade para realizar 20 mil exames RT-PCR (considerado padrão ouro no diagnóstico da doença)

O Brasil completou seis meses do diagnóstico do primeiro caso de coronavírus no país. Mas a população ainda tem muitas dúvida sobre a doença e sobre os tipos de exames disponíveis no mercado. Para esclarecer as principais dúvidas, o mineiro Hermes Pardini -um dos principais laboratórios do país, criou o Pardini Esclarece. Uma série de áudios, com perguntas da população e respostas da infectologista do Grupo Pardini. Os áudios podem ser baixados pela população. O objetivo é compartilhar informações seguras sobre a doença e sobre os exames.

PERGUNTA: Quais tipos de exames para Covid 19 temos disponíveis?

Minha resposta: Temos resumidamente, dois tipos de exames para Covid-19, os exames que identificam o material genético do vírus (RT-PCR é considerado o método padrão-ouro) e os exames que avaliam a produção dos anticorpos que o organismo produz após a infecção. Essa produção de anticorpos é geralmente mais tardia, sendo o período ideal para coleta após a 3ª semana da infecção.

PERGUNTA: Estou com sintomas sugestivos da Covid-19. Que exame devo fazer?

RESPOSTA: Na fase aguda da doença, o exame indicado é o RT-PCR, método considerado padrão-ouro para o diagnóstico da Covid-19 porque avalia se naquela amostra temos o material genético do vírus. O exame é feito através da coleta de secreções respiratórias por swab, aquele cotonete usado nos laboratórios. Esse exame deve ser realizado na primeira semana após o início dos sintomas, entretanto, o melhor momento para a coleta é entre o 3º e 5º dia do início dos sintomas. Isso porque é quando a probabilidade de detectar o vírus é maior. Se ele der negativo e as suspeitas continuarem pode-se avaliar a repetição do exame de RT-PCR.

PERGUNTA: Estou com sintomas sugestivos da Covid. O exame sorológico é fiel para diagnosticar a doença?

RESPOSTA: Os exames sorológicos pesquisam os anticorpos produzidos pelo organismo contra um agente agressor. No caso da Covid-19, a produção de anticorpos ocorre tardiamente. Nas nossas validações internas e de acordo com estudos publicados, o momento onde encontramos a maior sensibilidade dos testes é após o 20º dia do início dos sintomas. Sendo assim, o teste sorológico pode ajudar no diagnóstico, mas tardiamente. Um resultado negativo desse teste enquanto a pessoa ainda está com sintomas não exclui o diagnóstico da Covid -19.

PERGUNTA: Quero saber se tenho anticorpos contra a Covid-19. É possível?

RESPOSTA: Sim, mas idealmente é importante que um médico analise os exames para que possa ajudar a esclarecer o que eles significam. Existem diferentes tipos de anticorpos, como IgM, IgA, Anticorpos totais (que mede IgM e IgG conjuntamente sem fazer a separação entre eles) e IgG, que aparecem em momentos diferentes do contágio. Como já temos mais de seis meses da infecção, hoje sabemos que nem todo paciente que teve COVID produz anticorpos e em outros eles estão presentes no organismo por período curto, desaparecendo em cerca de dois meses. 

PERGUNTA: Os exames PCR são considerados padrão-ouro para o diagnóstico. Mas tem variações de qualidade entre eles?

RESPOSTA: Sim. O RT-PCR é considerado padrão-ouro para detecção do vírus causador da Covid-19, pesquisando pelo menos 2 alvos genéticos do vírus. Existem alguns locais que oferecem testes de biologia molecular por outras técnicas que não são validadas e são menos sensíveis que essa RT-PCR. Em alguns locais é oferecido um teste que detecta o antígeno do vírus, esses testes quando comparados ao RT-PCR são menos sensíveis, ou seja, tem maior número de falso-negativo.

PERGUNTA: Quais são as variações de exame sorológico? Como saber qual o melhor?

RESPOSTA: Temos vários tipos de testes sorológicos para Covid-19. Entre eles podemos destacar o teste rápido e os testes convencionais que são feitos em plataformas dentro do laboratório por técnicas mais robustas e melhor precisão. O mercado brasileiro foi inundado de testes rápidos e muitos deles não foram analisados na nossa população. Por isso é importante escolher um laboratório que faça um exame que teve bons resultados de sensibilidade e especificidade. São informações técnicas, mas que o médico que prescreve o exame entende e pode lhe sugerir o melhor local.

PERGUNTA: Quando o teste sorológico é a melhor opção para diagnóstico?

RESPOSTA: Os testes sorológicos não são a melhor opção para o diagnóstico. Eles podem ser usados como alternativa naqueles casos onde não se realizou a RT-PCR ou quando esse teste foi negativo e as suspeitas permanecem. Como a produção das imunoglobulinas são tardias, e os testes sorológicos são testes que medem essas imunoglobulinas, o melhor momento para realizá-los é após o 20º dia do início dos sintomas.

PERGUNTA: O teste sorológico é somente para detectar anticorpos? Para saber se a pessoa já foi exposta ao vírus?

RESPOSTA: Sim. Os testes sorológicos detectam anticorpos produzidos pelo organismo após o contato com o vírus. No caso da Covid-19 não sabemos ainda como é a produção de anticorpos naquelas pessoas que tiveram quadros assintomáticos. Aparentemente, elas produzem menos anticorpos que as pessoas com sintomas. Se o teste for positivo, possivelmente a pessoa já foi exposta ao vírus. É sempre importante lembrar que todo teste laboratorial deve ser analisado e interpretado por um médico que irá correlacionar os dados do teste à história clínica e epidemiológica da pessoa.

PERGUNTA: Os testes rápidos, que coletam sangue na ponta do dedo são eficazes?

RESPOSTA: O teste rápido tem como vantagem a liberação rápida do resultado, mas o desempenho dele é inferior sim à sorologia convencional. Sendo assim, se a dúvida quanto à contaminação persistir, poderá ser necessário repetir o teste em outra metodologia.

PERGUNTA: Os exames PCR podem dar falso-negativo? Se sim, o que fazer?

RESPOSTA: Sim. Apesar de ser o método padrão-ouro para diagnóstico da Covid-19, vários estudos mostram que a sensibilidade não é de 100%, ou seja, se houver forte suspeita da COVID-19 e o teste der negativo deve-se avaliar a repetição do mesmo e a solicitação de sorologia. É sempre importante lembrar que todo teste laboratorial deve ser analisado e interpretado por um médico que irá correlacionar os dados do teste à história clínica e epidemiológica da pessoa.

PERGUNTA: E os sorológicos também podem dar falso-negativo?

RESPOSTA:  Os testes sorológicos podem sim dar falso-negativo especialmente se realizados nos primeiros dias após a infecção e os sintomas. Além disso é importante ressaltar que temos inúmeros testes no mercado que tem acurácia diferente. Por isso, ele deve ser realizado em um laboratório que tenha feito a validação dos seus testes. É bom lembrar que todo teste laboratorial deve ser analisado e interpretado por um médico que irá correlacionar os dados do teste a história clínica e epidemiológica da pessoa.

PERGUNTA: Existe diferença na qualidade dos tipos de exames sorológicos?

RESPOSTA: Sim. É normal que, de acordo com a fabricante, os exames tenham especificidade e sensibilidade diferentes. Por isso, é importante checar essas informações no laboratório onde for colher o exame. Quanto maiores a sensibilidade e a especificidade, melhor o teste.

PERGUNTA: Quem já teve Covid-19 está imune ou pode pegar novamente a doença?

RESPOSTA: Essa é uma resposta que ainda não temos. Vários estudos mostram que a maioria das pessoas infectadas tem anticorpos neutralizantes após um tempo, entretanto, pessoas com quadros mais leves podem não produzir anticorpos ou podem “perder” esses anticorpos em pouco tempo.  Já temos alguns relatos e publicações de casos de reinfecções. Ainda não sabemos também se essa reinfecção é possível em todas as pessoas e se esse novo episódio poderia ser mais leve do que o anterior.

Fonte: https://www.otempo.com.br/patrocinado/infectologista-esclarece-duvidas-sobre-os-tipos-de-testes-da-covid-19-1.2378105



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