COMO FUNCIONAM TECIDOS COM AÇÃO ANTIVIRAL EM MÁSCARAS E ROUPAS

 A marca Insider apostou não só em máscaras antivirais, como em T-shirts também (Foto: Divulgação)

A marca Insider apostou não só em máscaras antivirais, como em T-shirts também (Foto: Divulgação)

Como funcionam tecidos com ação antiviral em máscaras e roupas

Empresas do setor têxtil e da moda estão aderindo a tecnologias que prometem ser uma barreira a mais contra o novo coronavírus. Conheça 6 marcas que já adotam a inovação

pandemia de Covid-19 mobilizou esforços de diversas áreas da ciência com o objetivo de conter a transmissão do vírus Sars-CoV-2. Isso inclui pesquisadores do setor da moda, já que houve um aumento na produção de itens de proteção individual, principalmente máscaras.

Com isso, empresas de tecnologia e tecelagem começaram a produzir tecidos com capacidade antiviral e antibacteriana, que prometem uma proteção extra contra o novo coronavírus. Os materiais usam como base químicos que matam os micróbios presentes nas roupas.

Entre as companhias que vêm inovando nesse setor está a brasileira TNS, uma das pioneiras no uso de nanotecnologia com essa finalidade. Ao perceberem a evolução do contágio da Covid-19, engenheiros e pesquisadores desenvolverem um composto que une prata, cobre, zinco e complexo hidrogenado e outro que usa folhas de uva e de amendoeira. "Quando combinados em uma solução, os produtos desestabilizam a barreira lipídica do vírus e, assim que ela se rompe, eles inativam o RNA e o DNA que se solta — impedindo sua propagação", explica o engenheiro Gabriel Nunes, diretor geral da TNS. "Esse aditivo pode ser usado na fabricação de fios ou quando a peça é finalizada, seguindo um processo semelhante ao tingimento". 

Outra tecnologia usada por marcas brasileiras é o Amni® Virus-Bac OFF, um fio têxtil de poliamida criado pela multinacional Rhodia. Nesse caso, os compostos antiviais e antibacterianos são inseridos diretamente nas fibras do tecido, impedindo que microrganismos se alojem na peça. "Nossos compostos desativam o vírus em cinco minutos, o que dá mais segurança para aqueles que têm medo da contaminação cruzada, ou seja, quando você encosta ou toca em uma superfície contaminada", explica Marcello Bathe, líder da área de mercado têxtil da Rhodia.

Na tecnologia fabricada pela Rhodia, as soluções antivirais são aplicadas diretamente nos fios de poliamida (Foto: Divulgação)

Na tecnologia fabricada pela Rhodia, as soluções antivirais são aplicadas diretamente nos fios de poliamida (Foto: Divulgação)

Em geral, os tecidos passam por testes que seguem a norma ISO 18184, que regula produtos têxteis antivirais. Os resultados das formulações garantem a inativação de 99,9% de vírus e bactérias, além de um efeito que dura entre 25 e 100 lavagens.

Mas calma: os cuidados recomendados por profissionais de saúde continuam sendo fundamentais. Isso porque ainda há pouco conhecimento entre comunidade científica sobre como o Sars-CoV-2 age nas roupas. "Além disso, esses elas podem dar uma falsa sensação de segurança, fazendo com que as pessoas diminuam os cuidados essenciais", alerta a infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

A médica lembra que, mesmo ao usar esses produtos, as pessoas precisam seguir todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), como distanciamento social e higienização das mãos. "Olhamos com receio para essas soluções milagrosas. Uma sugestão a esses produtores é que eles proponham um teste usando os profissionais das áreas de saúde. Assim, seria um ganho de custo e segurança para toda a sociedade", sugere Stucchi.

A seguir, conheça algumas marcas que já incorporaram a tecnologia antiviral e antibacteriana em suas peças:

1. Oriba
A marca criada em 2013 por três brasileiros adotou o tecido antiviral ao perceber que a população passou a lavar mais as roupas. "Em geral as peças não foram feitas para serem lavadas todos os dias, isso gera um impacto ambiental muito grande visto que há mais consumo de água, energia e gera mais resíduos no meio ambiente", pondera Rodrigo Ootani, CEO e fundador da Oriba. "Por isso, decidimos aplicar o antiviral nas roupas que já não seriam lavadas com frequência, como os moletons". 

A marca Oriba apostou em peças que não seriam lavadas após o uso, como o moletom (Foto: Divulgação)

A marca Oriba apostou em peças que não seriam lavadas após o uso, como o moletom (Foto: Divulgação)

O tecido é desenvolvido pela Dalila Têxtil e utiliza íons de prata para atrair o vírus, que tem carga oposta, promovendo a ruptura da membrana e inibindo o crescimento e a persistência do vírus na malha. Os testes foram realizados na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista.

2. Lupo
A marca brasileira lançou uma linha de máscaras a partir do fio têxtil de poliamida da Rhodia. Segundo a Lupo, há a preocupação com a qualidade do produto, garantindo o toque macio, o conforto térmico e o bem-estar aos consumidores. Outras vantagens do material são rápida absorção de umidade, limpeza fácil e secagem rápida. 

A marca Lupo usa a tecnologia Amni® Virus-Bac OFF produzida pela Rhodia (Foto: Divulgação)

A marca Lupo usa a tecnologia Amni® Virus-Bac OFF produzida pela Rhodia (Foto: Divulgação)

3. Malwee
A empresa catarinense também lançou uma linha de máscaras e camisetas produzidas em tecido antiviral, com capacidade de neutralizar o novo coronavírus. A tecnologia HeiQ Viroblock® usada nas peças foi desenvolvida pela empresa suíça de inovação têxtil HeiQ. Após testes conduzidos em laboratório, o tecido apresentou ação antiviral eficaz contra a cepa viral do Sars-CoV-2. Também age contra bactérias e fungos.

A marca Malwee também criou uma linha de máscaras antivirais (Foto: Reprodução/Malwee)

A marca Malwee também criou uma linha de máscaras antivirais (Foto: Reprodução/Malwee)

4. Insider
Além de máscaras antivirais, a marca lançou uma T-shirt com a mesma tecnologia. A vantagem é que, ao contrário de uma máscara de pano que deve ser trocada a cada quatro horas, a da Insider pode ser usada durante um dia inteiro sem necessidade de troca. Isso porque ela "desativa" vírus e bactérias em sua superfície em menos de 15 minutos. O tecido contém nanopartículas de prata, projetadas para inibir o crescimento e a permanência de bactérias e vírus em superfícies. 

Segundo Rodrigo Ootani, CEO da marca Oriba, a preocupação com o meio ambiente foi o fator decisivo para a criação de peças antivirais (Foto: Divulgação)

A preocupação com o meio ambiente foi o fator decisivo para a criação de peças antivirais pela Oriba (Foto: Divulgação)

5. Senhor Coelho
A empresa especializada na produção de uniformes tinha boa parte da sua confecção voltada para feiras e eventos. Porém, ao ver o faturamento cair 80% de uma semana para outra, a empresária Thais Mozer, criou uma linha de equipamenos de proteção individual (EPI) e outros produtos necessários para o combate ao vírus.

A marca Sr. Coelho também utilizou a tecnologia de íons de prata na produção de suas máscaras  (Foto: Reprodução/Sr. Coelho)

A marca Sr. Coelho também utilizou a tecnologia de íons de prata na produção de suas máscaras (Foto: Reprodução/Sr. Coelho)

Os itens vão de máscaras com efeito antiviral a aventais médicos com barreira tecnológica contra microrganismos, além de macacões que cobrem o corpo inteiro.

6. Track&Field
A máscara da marca de moda fitness e beachwear também usa o fio poliamida Amni® Virus-Bac OFF. Ela vem acompanhada de um card, que contém informações sobre a peça e um QR Code, que dá acesso a uma página exclusiva com explicações sobre o produto.

A nova máscara da Track&Field foi produzida com o fio Amni® Virus-Bac OFF (Foto: Reprodução/Track&Field)

A nova máscara da Track&Field foi produzida com o fio Amni® Virus-Bac OFF (Foto: Reprodução/Track&Field)

*Com supervisão de Luiza Monteiro

Fonte:https://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/noticia/2020/08/como-funcionam-tecidos-com-acao-antiviral-em-mascaras-e-roupas.html



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