Que fazer sexo é maravilhoso, faz bem a nossa saúde e é essencial para que nós possamos viver harmoniosamente, isso ninguém nega – porém, não são todas as pessoas que curtem fazer sexo – e isso pode ser decorrente de experiências não tão agradáveis ou a ausência de experiência – o que é compreensivo e necessita de ser dialogado e entendido de forma positiva para que possamos contribuir com que as outras pessoas também possam ter um olhar positivo referente ao sexo e vivenciar profundamente de energias além do físico.
Não é nenhuma novidade também que o sexo – infelizmente – ainda é tido como um tabu dentro da nossa sociedade, isso quando não é tratado de forma pejorativa e ao contrário de como deveria ser evidenciado. Não é raro notar que algumas pessoas sofrem de alguns distúrbios sexuais, decorrente de toda mentira que nos é ensinada em referência ao sexo.
Ninguém nos ensina a buscar o conhecimento sobre o nosso próprio corpo, pelo contrário, nos julgam. Já perceberam? Ninguém vai nos dizer que é correto se masturbar, que isso nos traz (auto)conhecimento e que é uma excelente ferramenta para ser partilhada com outrem dentro de quatro paredes. Preferem censurar que nós viemos do sexo e é essencial que façamos sexo, sem forçar a barra. Sem essa escandalização absurda que é tida como normal. Sem tabu. Sem nojinho. Sem preconceito.
É essencial que desmistifiquemos os nossos medos, os nossos desejos oprimidos, os nossos tabus e a nossa cegueira em relação ao sexo. Que falemos mais sobre sexo. Que façamos mais sexo com sabedoria e prevenção. Que busquemos compreender, de fato, o que é que nos motiva a fazer sexo. Sexo tem que ser feito com alegria, não com o sentimento de fuga.
É absolutamente preciso que não estimulemos que as pessoas cresçam com uma visão totalmente errônea sobre sexo. Eu, por exemplo, sempre tive a mente totalmente aberta e a grande oportunidade de vivenciar ótimas experiências sexuais as quais foram além do que o físico consegue explicar – uma verdadeira imersão de dança entre dois corpos entrelaçados, totalmente entregues, crus e presentes.
Como mencionado anteriormente, eu sempre tive a mente aberta e me permiti ir ao além e experimentar a massagem tântrica – e posso partilhar depois a minha experiência aqui no ESF. Mas, por momento, vou partilhar sobre o sexo tântrico – uns seis anos atrás. E resolvi uns anos atrás, experimentar o sexo tântrico.
Compreendo que toda experiência é válida e essencial na nossa vida – e quando se trata de autoconhecimento, mais ainda. É indispensável que busquemos desmistificar os nossos conceitos e aprimorarmos os meios alternativos de evoluir, aprender e partilhar por meio de diálogo, com consentimento e liberdade junto a outrem dentro de um relacionamento – seja qual for.
Peço a licença em compartilhar a minha experiência com o sexo tântrico e fico à disposição em discutir sobre o tantra, caso alguém tenha alguma dúvida.
É importante mencionar que o tantra não é sexo – é muito além. É estar presente. Entregue. Calmo. Em sintonia conosco primeiro, para depois com o próxim@. É olho no olho. É expirar o ar, enquanto o outro inspira. É ter doçura. É entrar em um ritmo intenso. É se aprofundar em cada milímetro do corpo do outr@. É sentir/aprofundar o toque. É muito além dos genitais. É abraçar-se. É brincar por entre carícias tântricas sem a menor vergonha de ser o que se deseja ser entre quatro paredes. É não sentir pressa em gozar. É despreocupar-se com os receios que circundam pela nossa cabeça. É ser cru. Entregue. É um despertar de sentimentos que permeiam pelos nossos corpos num ritmo entrelaçado muito além do físico. É uma dança entre almas conectadas e despreocupadas com os problemas que passam longe da intimidade por entre as quatro paredes. É meditar. É filtrar. É felicidade absoluta além da consciência.
Isso é o que eu senti quando fiz o sexo tântrico – é óbvio que, no início, a sensação que me ocorreu foi a de estar em um templo meditativo, porém, não tão meditativo como o de costume. O lugar foi bacana, com uma iluminação indireta. Aroma de canela. Mantras entoando ao fundo. Almofadas espalhadas por entre os quatro cantos e um colchão – não vou negar o ar intimista que rolou também.
Recordo-me de ter chego uns cinco minutos adiantados, como de praxe. Cheguei ao meu destino, fui bem atendida. Tirei os meus sapatos, os posicionei no canto esquerdo. De longe, já senti o aroma de canela e de outros incensos. Senti-me em casa. Segui a coordenada em direção ao ar intimista. Deitei-me sobre o colchão, fechei os meus olhos, meditei, fiquei com os meus braços totalmente estendidos e aguardei ansiosamente o que me esperaria dali em diante. Não tive tanto bloqueio porque eu fiz a experiência com o meu ex e eu já tinha dialogado sobre o tantra antes – já que eu tinha experiência com a massagem tântrica. Então, não foi nada difícil.
Iniciamos com a massagem tântrica, foi surreal. Entrei numa imersão muito nostálgica e tive a sensação de ter me perdido no tempo
Fui ao além da minha consciência. Chorei. Sorri. Cantei. Fiquei imersa em pensamentos, espasmos, orgarmos e em um profundo estado meditativo. Recordo que eu e o meu ex conversamos sobre vários assuntos não-pertinentes e pertinentes ao sexo. Foi uma imersão muito louca.
Tive o pressentimento de estar em outra dimensão – seguindo todo o ritual do tantra. Eu não vou conseguir detalhar a sensação maravilhosa que o tantra pode nos trazer, principalmente dentro de um relacionamento – mas eu vou partilhar a minha experiência e o meu padecer a respeito. É fundamental abrir a mente e vivenciar a experiência, sério!
Após a experiência da massagem, tive a oportunidade de experimentar o giro tântrico junto ao meu ex. É impressionante o quanto a gente esquece-se do outro na hora do sexo, já perceberam? Durante o relacionamento e mesmo que casualmente – numa sociedade tão maluca como a nossa – tornamos o sexo um mecanismo robótico e automático. Quem aí nunca fez isso? Que atire a primeira pedra!
É engraçado que com o tempo o sexo fica monótono – e nós seres humanos esquecemo-nos um do outro na hora do sexo. É estranho o nosso egoísmo em priorizar somente o nosso prazer e buscar o sexo como uma válvula de fuga. Algo sem o menor entendimento do porque é que nós estamos fazendo – sendo sempre o nosso foco em fazer rápido e que se dane. É engraçado o quanto ficamos dispersos preocupados com a vida lá fora e evitamos o contato olho a olho durante o sexo junto ao outrem. Desapercebemo-nos dos mínimos detalhes. Tornamo-nos uma mesmice sexual.
Gostei muito do giro tântrico por nos trazer de volta ao centro– estar presente junto ao outro. Trocarmos meditações simultâneas. Olharmos um ao outro. Tocarmos um ao outro – ao todo, e não só nos genitais – a anatomia é tão perfeita e o nosso corpo é todo erógeno. Sentirmos a vibração em sintonia e muito além do físico – vibrar simultaneamente. Sincronizarmos todos os nossos chakras intensamente e uau!
É uma expansão da consciência, é (auto)conhecimento em forma de dança que se entrelaça intimamente num ritmo perfeito por meio dos nossos emitidos sons. Contemplação. Sentimento. Acariciar-se sem pressa e sentir a liberdade de permitir-se vivenciar diferentes sentimentos. É ser leve. Priorizar o outrem. Esquecer-se do mundo. Priorizar todo o ritual. É reconectar-se. E ir para outras constelações sexuais além da física. É permitir-se relaxar intensamente, sentir espasmos involuntários e múltiplos orgasmos – estar em sintonia durante todo o momento. Vale a pena experimentar pelo menos uma única vez o sexo tântrico – vão por mim. Nossa concepção em relação ao sexo transforma. Modifica.
É uma imensa gratidão mais uma vez estar presente aqui e compartilhar com vocês outra experiência minha. Compreendo que existem limitações para algumas pessoas em relação ao sexo – por decorrência de experiências não tão agradáveis, mas a minha dica é: permitam-se. Experimentar o tantra. Estar presente quando estiverem com alguém – e não só no sexo. Explorar todo o corpo de vocês e do outrem. Massageiem de todas as formas que acharem legal e que traga (auto)conhecimento entre vocês. Criem rituais. Permitam-se conectar com o outro e entrar numa imersão de êxtase além do que o mundo é capaz de mencionar. Não façam do sexo uma mesmice, mas uma oportunidade de jornada de auto(conhecimento) para ambos.
Vamos levantar a bandeira sobre a primordialidade de fazermos sexo com consciência, diálogo, liberdade e com segurança. Vamos desmistificar os conceitos errôneos e experimentar muito além do que nos é permitido. Vamos viver e levar o tantra para a vida.
Com todo o meu coração e gratidão, um abraço em cada um.
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