Os 15 melhores poemas de amor de Pablo Neruda
Nasceu Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto no Chile, em 1904, mas aos dezessete anos tornou-se Pablo Neruda, nome pelo qual é conhecido mundialmente. Vencedor do Nobel de Literatura em 1971 e considerado um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX.
Foram sessenta e nove anos de vida e uma obra recheada de pensamentos sobre o viver, sobre política, a natureza, mas o que realmente marca a obra do poeta são os versos de amor. Uma de suas obras mais conhecidas, aliás, é “Cem Sonetos de Amor” (1959), dedicada à sua segunda esposa e, ao que parece, amor da vida.
A literatura sul-americana ficou com o tesouro de sensibilidade desse autor que qualquer pessoa que já amou deveria conhecer, e que faz qualquer um suspirar.Tem dúvidas? Então olha só esses trechos dos 15 melhores poemas de amor de Pablo Neruda que separamos para você:
1. Sobre um amor que é avassalador
Uns chamam de amor, outros de paixão, não importa: a verdade é que a intensidade de um amor pode ser tão forte que deixa a gente desnorteado, a ponto de perdemos o chão e não conseguirmos explicar o porquê amamos tanto aquela pessoa. Ele pode chegar sem avisar, ou pode ser tão antigo quanto tempo, mas é aquele amor que consome. É sobre isso que Neruda fala abaixo:
SONETO XVII(...)Amo-te como a planta que não floriu e temdentro de si, escondida, a luz das flores,e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpoo denso aroma que subiu da terra.Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,tão perto que a tua mão no meu peito é minha,tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.Pablo Neruda
SONETO XITenho fome da tua boca, da tua voz, do teu cabelo,e ando pelas ruas sem comer, calado,não me sustenta o pão, a aurora me desconcerta,busco no dia o som líquido dos teus pés.(...)Estou faminto do teu riso saltitante,das tuas mãos cor de furioso celeiro,(...)e faminto venho e vou farejando o crepúsculoà tua procura, procurando o teu coração ardentecomo um puma na solidão de Quitratue.Pablo Neruda
É a manhã cheia de tempestadeno coração do verão.Como lenços brancos de adeus viajam as nuvensque o vento sacode com viageiras mãos.(...)Vento que leva em rápido roubo a ramariae desvia as flechas latentes dos pássaros.Vento que a derruba em onda sem espumae substância sem peso, e fogos inclinados.Despedaça-se e submerge o seu volume de beijoscombatido na porta do vento do verão.
Pablo Neruda
TU ERAS TAMBÉM UMA PEQUENA FOLHATu eras também uma pequena folhaque tremia no meu peito.O vento da vida pôs-te ali.A princípio não te vi: não soubeque ias comigo,até que as tuas raízesatravessaram o meu peito,se uniram aos fios do meu sangue,falaram pela minha boca,floresceram comigo.Pablo Neruda
2. Sobre um amor que traz boas sensações
Sorrir à toa, as boas e velhas borboletas no estômago, uma sensação de paz dentro do abraço: não é uma delícia as sensações trazidas por quem a gente ama? Nos trechos abaixo, Neruda canta o amor de sensações, do desejo de compartilhar momentos e manter a proximidade com quem semana. São versos simples que, através de metáforas e cenas ligadas à natureza, procuram traduzir o que o corpo sente quando se ama.
O TEU RISOTira-me o pão, se quiseres,tira-me o ar, masnão me tires o teu riso.(...)ri, porque o teu riso será para as minhas mãoscomo uma espada fresca.(...)mas quando abroos olhos e os fecho,quando os meus passos se forem,quando os meus passos voltarem,nega-me o pão, o ar,a luz, a primavera,mas o teu riso nuncaporque sem ele morreria.Pablo Neruda
SONETO LXXXIIIÉ BOM, amor, sentir-te perto de mim na noite,invisível em teu sonho, seriamente noturna,enquanto eu desenrolo minhas preocupaçõescomo se fossem redes confundidas.Ausente, pelos sonhos teu coração navega,mas teu corpo assim abandonado respirabuscando-me sem ver-me, completando meu sonhocomo uma planta que se duplica na sombra.(...)Pablo Neruda
QUERO APENAS CINCO COISASQuero apenas cinco coisas...Primeiro é o amor sem fimA segunda é ver o outonoA terceira é o grave invernoEm quarto lugar o verãoA quinta coisa são teus olhosNão quero dormir sem teus olhos.Não quero ser... sem que me olhes.Abro mão da primavera para que continues me olhando.Pablo Neruda
3. Sobre um amor tão vasto que dariam Cem Sonetos de Amor
Existem amores que são como uma roda: são cíclicos e, apesar de estarem sempre em movimento, parecem se repetir dia após dia, ganhando força com o tempo. É tão grande, tão potente, que dariam infinitos poemas de amor. Foi isso que o autor fez em um de seus livros e é sobre essa ressonância amorosa que o poeta escreve abaixo, em versos que parecem um jogo, que no final só quer dizer uma coisa: ele nunca quer deixar de amar.
SONETO XLIV(...)Amo-te para começar a amar-te,para recomeçar o infinitoe para não deixar de amar-te nunca:por isso não te amo ainda.Amo-te e não te amo como se tivessenas minhas mãos a chave da felicidadee um incerto destino infeliz.O meu amor tem duas vidas para amar-te.Por isso te amo quando não te amoe por isso te amo quando te amo.Pablo Neruda
4. Amor que completa
Esse é um dos poemas mais líricos e bonitos do poeta: repare na alusão aos pássaros, ao céu, às asas. Tudo nele grita uma sensação de liberdade e de um amor que preenche.
PARA O MEU CORAÇÃOPara meu coração basta teu peitopara tua liberdade bastam minhas asas.Desde minha boca chegará até o céuo que estava dormindo sobre tua alma.(...)Acolhedora como um velho caminho.Te povoa ecos e vozes nostálgicas.eu despertei e às vezes emigram e fogempássaros que dormiam em tua alma.Pablo Neruda
5. Amor que transforma a vida
Você se lembra daquele momento que aquela pessoa entrou na sua vida e mudou tudo? Que depois que vocês se conheceram parece que a sua existência foi dividida em antes de e depois de? Amores transformadores costumam ser os mais intensos porque a sensação é que a vida ganha sentido. É claro: ninguém deve depender do outro para viver, mas é tão bom quando as coisas mudam para melhor ao conhecer alguém, não é? O Pablo Neruda acha que sim:
SONETO XXVAntes de amar-te, amor, nada era meuVacilei pelas ruas e as coisas:Nada contava nem tinha nome:O mundo era do ar que esperava.(...)Tudo estava vazio, morto e mudo,Caído, abandonado e decaído,Tudo era inalienavelmente alheio,Tudo era dos outros e de ninguém,Até que tua beleza e tua pobrezaDe dádivas encheram o outono.Pablo Neruda
A NOITE NA ILHA(...)O teu sono separou-setalvez do meue andava à minha procurapelo mar escurocomo dantes,quando ainda não existias,quando sem te avistarnaveguei a teu ladoe os teus olhos buscavamo que agora— pão, vinho, amor e cólera —te dou às mãos cheias,porque tu és a taçaque esperava os dons da minha vida.Pablo Neruda
É ASSIM QUE TE QUERO, AMOR
(...)Chegastes à minha vidacom o que trazias,feitade luz e pão e sombra, eu te esperava,e é assim que preciso de ti,assim que te amo,e os que amanhã quiserem ouviro que não lhes direi, que o leiam aquie retrocedam hoje porque é cedopara tais argumentos.Amanhã dar-lhes-emos apenasuma folha da árvore do nosso amor, uma folhaque há-de cair sobre a terracomo se a tivessem produzido os nosso lábios,como um beijo caídodas nossas alturas invencíveispara mostrar o fogo e a ternurade um amor verdadeiro.Pablo Neruda
6. Saudade de um amor perdido
Coração partido e saudade, infelizmente, também fazem parte da arte de amar. Nos poemas abaixo Neruda declara uma angústia por amores que se foram, ou estão em maus momentos. Amores que agora pertencem a outras pessoas. Ainda bem que há a poesia para nos salvar dos males de amar…
POEMA 20(...)Posso escrever os versos mais tristes esta noite.Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.E o verso cai na alma como ao pasto o orvalho.Que importa que meu amor não possa guardá-laA noite está estrelada e ela não está comigo.Isso é tudo. Muito longe alguém canta. Muito longe.Minha alma não se contenta em havê-la perdido.Como para aproximá-la meu olhar a busca.Meu coração a busca, e ela não está comigo.Porque, em noites como esta, a tive entre meus braços,minha alma não se contenta em havê-la perdido.Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que eu lhe escrevo.Pablo Neruda
(...)Eu te recordava como a alma apreendidadessa tristeza que tu me julgas.(...)Por que me chega todo este amor de um golpequando me sinto triste, e te sinto longe?Caiu o livro que sempre se toma no crepúsculo,e como um cão ferido tangeu aos pés minha capa.Sempre, sempre te distancias entre as tardesonde o crepúsculo corre maculando as estátuas.Pablo Neruda
7. A canção desesperada
Estes são trechos do último poema do livro que Pablo Neruda publicou em 1924, chamado "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada". Nos textos do livro, o autor, como de costume, cruza o amor com a celebração do corpo da mulher e seu gosto pela natureza. Nos versos abaixo é possível observar esse traço do poeta sul-americano mais celebrado da história.
A CANÇÃO DESESPERADA(...)Sobre meu coração chovem frias corolas.Oh porão de escombros, feroz caverna de náufragos!Em ti se acumularam as guerras e os vôos.De ti alcançaram as asas dos pássaros do canto.Tudo engoliste, como a distância.Era a negra, negra solidão das ilhas,e ali, mulher de amor, me acolheram os teus braços.Era a sede e a fome, e tu foste à fruta.Era a dor e as ruínas, e tu foste o milagre.Ah mulher, não sei como me pudeste conterna terra de tua alma, e na cruz de teus braços!Pablo Neruda
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