MILHARES PROTESTAM CONTRA CONFINAMENTO NA ALEMANHA


Milhares vão às ruas na Alemanha protestar contra confinamento ...

Milhares protestam contra confinamento na Alemanha

Manifestações tomaram ruas de mais de dez cidades pelo país

16.mai.2020 às 14h49

BERLIM | AFP
Milhares de pessoas, sobretudo pertencentes à ultradireita e à esquerda radical, se reuniram em mais de dez cidades alemãs neste sábado (16) para protestar contra medidas de isolamento social, em um movimento que preocupa as autoridades.
Todas as marchas foram vigiadas pela polícia, obrigada a agir em alguns casos.
Em Stuttgart, o conselho da cidade autorizou a manifestação com a condição de que esta não reunisse mais de 5.000 pessoas. No entanto, como um número maior participou do evento, a polícia teve que dispersar parte dos manifestantes.
Em Berlim, policiais prendem manifestante que protestava contra medidas de isolamento social na Alemanha - Fabrizio Bensch -16.mai.2020/Reuters
Em Munique, no sul do país, algo semelhante aconteceu. Mil manifestantes —o número autorizado— se reuniram no parque onde o Festival da Cerveja geralmente é realizado. No entanto, outras tantas pessoas se agruparam nas proximidades, sem respeitar as regras de distanciamento social, informou a polícia, que também interveio para dispersar a multidão.
Em Frankfurt, cerca de 1.500 ativistas se reuniram, enquanto um número semelhante de contra-manifestantes saiu às ruas gritando "nazistas!”.
Também foram realizadas marchas em Berlim, Bremen, Nuremberg, Leipzig e Dortmund, todas com um influxo de várias centenas de manifestantes.
"Estamos aqui porque nos preocupamos com as liberdades públicas", explicou Sabine, 50 anos, em Dortmund.
"Escondendo-se na luta contra a pandemia, que realmente retrocedeu na Alemanha e que está quase controlada aqui em Dortmund, são adotadas leis [excepcionais] que fogem à Constituição", denunciou.
Esses tipos de protestos são convocados na Alemanha desde o início de abril, reunindo cava vez mais seguidores.
Manifestantes —militantes extremistas, defensores das liberdades civis, oponentes a vacinas e até anti-semitas— protestam contra o uso de máscaras faciais ou as restrições de movimento que permanecem em vigor após a saída do confinamento. Alguns reivindicam o direito de se contagiar com o coronavírus.
Usando slogans como “nós somos o povo" ou “liberdade, liberdade!", eles se referem aos protestos que antecederam a queda do Muro de Berlim, em 1989.
Os manifestantes têm o apoio do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que espera tirar vantagem dos protestos.
O fenômeno está longe de ser marginal. Um em cada quatro alemães diz que entende esses protestos, de acordo com uma pesquisa do instituto Civey.
A chanceler Angela Merkel chamou os atos de "alarmantes", segundo líderes do seu partido, e acusou a Rússia de estar por trás de operações de desinformação que alimentam as manifestações, de acordo com o jornal Bild.
Essas mobilizações parecem ter surpreendido as autoridades, especialmente porque aumentam de intensidade no momento em que a Alemanha, com um número de mortes menos dramático do que seus vizinhos europeus, começou a levantar consideravelmente as restrições impostas para conter o coronavírus.
Para alguns políticos, esses protestos contra o confinamento são uma reminiscência do movimento islamofóbico alemão Pegida. As marchas semanais reuniram centenas de pessoas a partir do final de 2014 em Dresden, e aumentaram ao longo das semanas em que Merkel decidiu abrir as fronteiras para refugiados iraquianos e sírios, em 2015.
Essas marchas foram o terreno fértil para o surgimento da AfD, que entrou no Bundestag (Parlamento) em 2017.
Esses protestos permitem "reunir anti-semitas, conspiradores e negacionistas", diz Felix Klein, comissário do governo para a luta contra o anti-semitismo.
Para Klein, "não é surpreendente que as teorias anti-semitas floresçam novamente na atual crise". "Os judeus foram responsabilizados pelas epidemias da peste, foram acusados ​​de envenenar os poços", lembrou ele em artigo no jornal Süddeutsche Zeitung.
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