Este deveria ser um poema de amor
Este deveria ser um poema de amor
Mas já te doei todas as minhas palavras
Ainda assim, devasso meu vocabulário
Espero encontrar a expressão dourada
Aquela que se abrirá como um livro diante do seu olhar
Para que possa ler a completa história que desejo ter contigo
Ainda assim, devasso meu vocabulário
Espero encontrar a expressão dourada
Aquela que se abrirá como um livro diante do seu olhar
Para que possa ler a completa história que desejo ter contigo
Sabe, o ofício de traduzir sentimentos é ingrato
Por mais que diga nada me garante que será capaz de alcançar, que serei apto a aclarar
Não há o que assegure introjetar no seu peito o real sentido do que é te amar
Por mais que diga nada me garante que será capaz de alcançar, que serei apto a aclarar
Não há o que assegure introjetar no seu peito o real sentido do que é te amar
Penso, então, numa cena, num gesto, ou coisa assim
Algo que possa comover e narrar, como um filme faria
Pondo em movimento a beleza que experimentaríamos ladeados
Mas será que compreenderia as delicadas nuances desse longa metragem?
Algo que possa comover e narrar, como um filme faria
Pondo em movimento a beleza que experimentaríamos ladeados
Mas será que compreenderia as delicadas nuances desse longa metragem?
Percebo não ter a palavra, não ter a cena, tampouco o gesto
Comunicação ruidosa. Linguagem viciada. Contato mal contado.
Comunicação ruidosa. Linguagem viciada. Contato mal contado.
Me sobram, a te ofertar, meus crepúsculos vindouros, minhas manhãs não nascidas
O verbo perde a força diante do que abrigo
Nem meu toque carinhoso que busca seu rosto, nem o sorriso que me escapa ao te avistar, nem meus braços que te envolvem como um nó
Frases; insuficientes, incompletas, imperfeitas.
Mas por que desistir?
Em verdade, obstinado sou
Insistirei, no verbo, no gesto, no ato
Afinal, eles, ainda que falhos
Só vem à tona pra repousar em você
Em verdade, obstinado sou
Insistirei, no verbo, no gesto, no ato
Afinal, eles, ainda que falhos
Só vem à tona pra repousar em você
Pretendo acertar ao máximo — porém convicto da impotência do sempre
Nos detalhes postos, nos adereços de rotina
Nos detalhes postos, nos adereços de rotina
Contudo, mais que estar certo
Júbilo é ter seus dias pra tentar
Em cada deles tentar
E semear, mesmo insciente do que virá
E esperar florescer o que de mim é o melhor
Aspirando te ver deslumbrar e entender
Júbilo é ter seus dias pra tentar
Em cada deles tentar
E semear, mesmo insciente do que virá
E esperar florescer o que de mim é o melhor
Aspirando te ver deslumbrar e entender
Quem sabe assim, me lerá como um livro, nos verá como um filme
Uns capítulos talvez te emocionem
E sem pressa, num instante qualquer
D’agora ao que vier derradeiro
Seus olhos um dia marejem, seu peito em paz incendeie
Uns capítulos talvez te emocionem
E sem pressa, num instante qualquer
D’agora ao que vier derradeiro
Seus olhos um dia marejem, seu peito em paz incendeie
E finalmente compreenda, de modo cabal e perene
O poema de amor que vejo em você
O poema de amor que vivo em nós
O poema de amor que sou por você
E aí sim, este será, enfim, um poema de amor
Santos Júnior
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