PLANEJAMENTO É ESTRATÉGIA PARA PASSAR 12 MESES SEM SUFOCO EM 2020


Foto: Leo Fontes

Planejamento é estratégia para passar os 12 meses sem sufoco

Especialista recomenda guardar pelo menos 5% do salário mensal

Por RAFAELA MANSUR
06/01/20 - 10h04


Janeiro é tempo de gastos extras com impostos e escola dos filhos, mas é também uma oportunidade de se planejar financeiramente para passar bem o ano, sem dívidas ou muito sufoco para pagar as contas. Segundo especialistas, quem consegue controlar o orçamento tem mais chances de realizar sonhos neste 2020. A autônoma Aline Fátima de Almeida, 33, já começou o ano gastando mais. A mensalidade escolar da filha dela, de 4 anos, está R$ 104 mais cara em comparação com a de 2019. Ela comprou o material da menina no fim do ano passado, para não correr risco de ter de pagar produtos com reajustes. “A dica é se unir a outras mães para comprar mais unidades de um mesmo produto e, assim, conseguir um desconto. Outra coisa que fiz foi reaproveitar os materiais. Se a tesoura do último ano está legal, não precisa gastar com outra”, diz.
Para a compra do material escolar, o educador financeiro Sandro Borges orienta os pais a pesquisarem os preços em diferentes lojas antes de fechar negócio. “O ideal é ir a três papelarias, no mínimo, para fazer orçamento, e também pesquisar na internet. As pessoas não devem comprar na primeira loja em que entrarem, porque, provavelmente, vão encontrar outra com preço melhor e qualidade. E tem que pechinchar, não é vergonhoso pedir desconto”, afirma.
Segundo ele, quem tiver condições deve pagar o IPVA e o IPTU à vista para garantir um desconto. Os consumidores que pretendem parcelar os tributos devem dividi-los em prestações que caibam no orçamento.
Ano todo. O especialista recomenda fazer um planejamento mensal até dezembro, considerando qual será o rendimento líquido de cada mês e as despesas previstas, e monitorar tudo ao longo do ano. Dessa forma, é possível, por exemplo, planejar uma viagem de férias. “O brasileiro não tem hábito de planejar, tem mania de deixar as coisas acontecerem. Se a gente pensar com um pouco de antecedência, consegue bons descontos, comprar à vista e pagar parcelas na data certa para evitar juros. Temos que encarar o início de ano como uma oportunidade de nos organizarmos”, pontua. Para a educadora financeira Renatta Gomes, é importante adotar um estilo de vida coerente com a renda. “Para evitar ficar endividado e passar por apuros, planejar as finanças e adequar o padrão de vida à realidade financeira é primordial”, diz, destacando que é importante sempre buscar alternativas para reduzir as despesas.
Renatta aconselha, ainda, a poupar pelo menos 5% do rendimento mensal para criar uma reserva de emergência. “Esse valor serve para estar preparado não apenas para coisas grandes, mas também pequenas eventualidades que podem surgir no decorrer do ano”, afirma. Desde que a filha nasceu, Aline coloca todos os gastos no papel e procura guardar parte da renda mensal. “A gente tem mania de jogar tudo no cartão de crédito, contando com um dinheiro que, lá na frente, pode não ter. Evito ao máximo fazer dívidas longas, uso cartão de forma controlada e monitoro”, diz. Equilíbrio Teto de gastos é alternativa para controlar as contas.
Saiba mais
Mais cara. A mensalidade de escolas dos ensinos fundamental e médio aumentou até 9% neste ano, em comparação com 2019, segundo pesquisa do site Mercado Mineiro. 
IPVA. Quem pagar o imposto à vista, em janeiro, terá 3% de desconto. Quem vai parcelar tem janeiro, fevereiro e março para quitar o imposto, que caiu 2,96% em relação a 2019.
Teto de gastos é alternativa para controlar as contas
O teto de gastos, estabelecido pelo então presidente Michel Temer (MDB) como um mecanismo de controle das despesas públicas, deve ser aplicado também pelas famílias para evitar o endividamento em 2020. A dica é do coordenador do MBA de gestão de financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira. Segundo ele, o primeiro passo deve ser dividir as despesas em três grupos diferentes: aquelas das quais não dá para abrir mão; as que a família pode, mas não quer cortar; e, por fim, as supérfluas, que podem ser descartadas facilmente. “A partir disso, a família vai adequando seu orçamento”, diz.
De acordo com Teixeira, para criar o teto de gastos, o ideal seria poupar 20% da renda líquida mensal total. “Em vez de colocar todas as despesas dentro do ganho da família, é importante estabelecer a meta de poupar e fazer todas os gastos caberem dentro dos 80% restantes”, explica. Ele ressalta que o percentual a ser guardado varia conforme as condições de cada núcleo familiar e deve ser definido de forma que as pessoas não precisem fazer muitos sacrifícios. “Ao fixar um teto, a família consegue, ao longo do tempo, poupar cada vez mais. Além disso, passa a procurar alternativas para gastar melhor o dinheiro”, afirma.
O especialista alerta que, quando os gastos ultrapassam o teto estabelecido, deve haver cautela para se evitar dívidas. 
Teto de gastos. Desde 2017, a lei estabelece que o gasto máximo do governo deve ser calculado com base no Orçamento do ano anterior, corrigido pela inflação. 



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