EVIDÊNCIAS E SIMPLICIDADE: PORQUE DEVEMOS REJEITAR A HOMEOPATIA


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Evidências e simplicidade: porque devemos rejeitar a homeopatia





Se há um tema que é controverso na medicina atual é a eficiência e o uso da homeopatia. Será que funciona mesmo?
A homeopatia começou há 200 anos, quando a medicina não era uma Ciência, era uma arte. Samuel Hahnemann teve a ideia de que se uma substância em grandes doses causa sintomas de um certo tipo, então doses diluídas da substância seriam eficazes no alívio dos sintomas, o que ficou conhecido como “lei dos similares”. Em termos simples: igual cura igual.
Acho mais fácil explicar com um exemplo para insônia. A cafeína tende a nos manter acordados e atentos, então, segundo a homeopatia, podemos usar cafeína para dormir. O que temos que fazer é pegar 100 ml de café e misturar em 900 ml de água. Isso seria uma diluição, mas não para por aí. Depois disso, você pega 100 ml do café diluído na água e dilui novamente em 900 ml de água (uma segunda diluição) e por aí vai… Há medicamentos homeopáticos que possuem mais de 100 diluições.
O problema está na Química. Existe um momento em que você chega a um ponto sem retorno. Você deve lembrar das aulas de Química sobre o número de Avogadro (achou que nunca ia usar pra nada né…. Veja bem…). Na época de Hanneman, se afirmava que a matéria poderia ser dividida infinitamente, mas hoje sabemos que não funciona bem assim. Há um número constante de átomos ou moléculas que existem na matéria, que é exatamente o número de Avogadro. Ao chegar a um número de diluições (pode variar dependendo da concentração, mas geralmente entre 11 a 20), a probabilidade de encontrar 1 molécula de cafeína é infinitamente pequena. Depois disso, é virtualmente impossível encontrar uma molécula ou átomo original na diluição. No fim das contas, você precisaria beber 8.000 litros de água para obter uma molécula de cafeína.
Os homeopatas afirmam que quanto mais diluída, maior o efeito da substância. Pense bem… A lógica diz que deveria ser o contrário. Em resumo: homeopatia é água pura. Pelo menos não vicia, nem tem efeito colateral.

Parece bonito, mas é só água.

Eu sempre digo que devemos ser céticos e analisar todos os dados e todas as afirmações. Se queremos discutir o uso e a eficiência da homeopatia, temos que responder basicamente a duas perguntas básicas:
1) Existe uma teoria plausível que explique como a homeopatia poderia funcionar?
2) Existe evidência empírica de que a homeopatia é eficaz?
Defensores da homeopatia podem responder de duas formas diferentes. Em primeiro lugar, eles podem alegar que há uma explicação (ou pelo menos o início de uma explicação) sobre como a homeopatia pode ser eficaz. A outra explicação é que não é necessária uma justificativa científica, já que a homeopatia é diferente e não pode ser julgada pelos padrões da ciência ocidental. O Laboratório Boiron, o maior produtor de medicamentos homeopáticos tem uma resposta simpática:
“Não sabemos como, mas funciona”
Eu não me contento com uma resposta destas e acho que você também não deveria. As pessoas que fazem tais tipos de afirmações geralmente apelam para o “além-vida”, falando sobre “energia vital” e forças da natureza, que os chineses chamana de “chi”, os japoneses de “ki” e a Yoga de “prana”. Tudo muito bonito, mas nada provado. Alguns homeopatas afirmam que não é necessária nem uma substância inicial. É possível produzir um medicamento apenas com o poder da mente. Se você acredita em algo disso, talvez você também acredite em outra energia da natureza que tem grande impacto na vida de alguns. Em Star Wars essa energia é chamada de “A força”.

Quem disse que a Força não existe?

Críticos da homeopatia dizem não para ambas as perguntas. A principal razão para a negativa à primeira é que a homeopatia não faz sentido frente às teorias atuais de Química e Fisiologia humana. Em relação à segunda, há, na melhor das hipóteses, evidências irregulares e de baixa qualidade para a eficácia da homeopatia. Há poucos estudos que sigam o método científico avaliando a homeopatia, com resultados inconsistentes.
Como então avaliar? Quem está certo neste debate? Para escolher a melhor explicação temos que utilizar um conceito em Ciência conhecido como “A navalha de Occam”, que diz:
“Dadas duas teorias, não é razoável acreditar na que deixa mistérios significativamente mais inexplicáveis”
Traduzindo: a teoria mais simples que mostra resultados reais é a mais correta.
Vamos tentar então avaliar a veia mais séria da homeopatia. Há sim cientistas propondo estudos para avaliar a eficiência deste tratamento baseada em evidências. Aí sim podemos conversar. Vamos às principais perguntas:
1) Como algo quimicamente indistinguível da água tem efeitos curativos dramáticos?
2) Como dois remédios homeopáticos que são quimicamente indistinguíveis uns dos outros têm efeitos diferentes?
3) Medicamentos “ocidentais” perdem os efeitos quando a dosagem é reduzida. Por que é que os compostos homeopáticos funcionam de forma diferente?
4) Por que a “lei de similares” se aplica aos ingredientes homeopáticos e nunca foi vista para se aplicar a qualquer outra substância medicinalmente usada?
6) Por que as vacinas têm somente poder preventivo, mas os remédios homeopáticos têm poder curativo?
Todas estas perguntas não têm respostas, ou as respostas são inconsistentes e não tem base científica. Uma das teorias dos homeopatas que tentam explicar é a da “memória da água”. Isso significa que a água “se lembra” da substância inicial, por isso, mesmo sem a substância lá depois de tantas diluições, a homeopatia funciona. A minha pergunta é a seguinte: como a água lembra da substância, mas não lembra de ter passado pela bexiga ou intestino de alguém? Alegações extraordinárias requerem explicações extraordinárias, e isso a homeopatia não dá.
E há muitas outras perguntas não explicadas. Não são detalhes. Se as pessoas que indicam e se tratam por homeopatia deixarem essas perguntas sem resposta, então, eles estariam admitindo que esta teoria deixa mistérios inexplicáveis ​​e abertos. De acordo com a “Navalha de Occam”, esta seria uma grande razão para rejeitar a homeopatia.
“Mas o primo do irmão do meu amigo se curou com homeopatia… A tia da cunhada dele também.”
Aí caímos no famoso efeito placebo, que assim como a homeopatia, é um fenômeno que não é compreendido. Normalmente médicos realizam testes de medicamentos dividindo os voluntários em três grupos:
1) O primeiro grupo toma o remédio a ser avaliado,
2) O segundo grupo acha que está tomando o remédio a ser avaliado, mas na verdade está tomando farinha ou açúcar em forma de pílula.
3) O terceiro grupo não toma o remédio.
O que é mostrado em muitos estudos é que parte do segundo grupo (que pensa que está tomando o remédio) apresenta melhorias de saúde. Este número é cerca de 40%. Aliás, já foi mostrado algumas pessoas melhoram mesmo sabendo que está tomando farinha. Outro estudo mostrou que a resposta para o placebo foi maior quando os indivíduos foram informados de que as pílulas eram caras.
O Conselho Nacional de Medicina e Pesquisa Médica da Austrália chegou à conclusão, após revisar 1.800 estudos, que não há nenhuma eficácia da homeopatia em nenhuma doença conhecida. Os EUA levaram isso a um ponto mais sério. Desde novembro de 2016 o rótulo do medicamento homeopático é obrigado a estampar as seguintes frases:
1) Não há evidência científica de que este produto funciona.
2) Este produto se baseia em teorias que não são aceitas pela maioria dos médicos atuais.


Como todas as questões na Ciência, a confiança na homeopatia deve ser baseada em evidências, que faltam. A “medicina ocidental” funciona de uma forma que sabemos explicar, por isso ela é mais utilizada e recomendada.
Se você quer utilizar a homeopatia, tudo bem! Mas lembre-se de que não há evidências e você pode cair no grupo placebo. Parece que estamos tão envolvidos com os mitos que esquecemos como os avanços da ciência real através do século XX— a teoria dos germes da doença, por exemplo — tornaram a vida muito mais agradável. Não precisamos de lendas e mitos para viver mais e melhor.

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