CONHEÇA ARTISTA DE BELO HORIZONTE,MINAS GERAIS-BRASIL, QUE SE ESPECIALIZOU NA COLORIZAÇÃO DE FOTOGRAFIAS ANTIGAS,GANHANDO PROJEÇÃO INTERNACIONAL



Rainha Vitória, o rei Eduardo II e família posam com o czar Nicolau II, a czarina Alexandra e o kaiser Guilherme II em casamento em Coburg, na Alemanha, em 1894 (foto: Marina Amaral/Divulgação)
Conheça artista mineira que se especializou na colorização de fotografias antigas
Marina Amaral ganhou projeção internacional com trabalho sobre o Holocausto e prepara publicação de livro
A fotografia da menina judia Anne Frank (1929-1945), de 1941, tornou-se famosa por mostrá-la sorridente e aparentemente feliz, o que contrasta com a história de sofrimento narrada em seu diário, que descreve seu confinamento em Amsterdã por causa da ocupação nazista. A imagem ganhou nova dimensão ao ser colorida pela mineira Marina Amaral, de 23 anos, mas é apenas uma das inúmeras fotografias que receberam cores através do trabalho da artista.
Natural de Belo Horizonte, Marina Amaral criou o projeto Faces of Auschwitz, com retratos de vítimas do nazismo (foto: Fabiano Aguiar Goncalves/Divulgação)
O interesse por história e seu domínio do software Photoshop a levaram a unir duas paixões. Desde 2015 ela colore digitalmente fotografias históricas – de anônimos ou famosos. “Desde os meus 12 anos, sempre gostei de passar o meu tempo livre explorando as ferramentas do Photoshop e, com isso, acabei conhecendo o software a fundo”, conta Marina, filha de historiadora. “Quando percebi que havia a possibilidade de juntar as duas coisas e transformar em um hobby, não hesitei”, revela a colorista autodidata.

A primeira imagem que tingiu foi a de um soldado da guerra civil norte-americana. Natural de Belo Horizonte, ingressou no curso de relações internacionais na PUC-MG, mantendo a prática de colorista. Com o tempo, o que era uma atividade paralela ganhou proporções inesperadas. “Em certo ponto, precisei escolher entre os estudos ou a minha carreira, devido à falta de tempo para fazer as duas coisas. Deu no que deu e, definitivamente, não me arrependo da minha decisão. Não foi algo planejado, mas hoje me sinto privilegiada e feliz por ter a oportunidade de trabalhar com algo que eu tanto amo. Embora seja um processo bastante cansativo às vezes, o resultado sempre compensa”, assegura.
Dorothy Catherine Draper foi a primeira mulher a ser fotografada (foto: Marina Amaral/Divulgação)
O hobby se transformou em trabalho e, hoje, Marina usa seu talento em projetos de respeitadas instituições e parcerias com museus. Em janeiro, expôs algumas fotos esportivas no Museu do Futebol Alemão, em Dortmund, e tem trabalhos em museus dos Estados Unidos e da Europa. Entre eles, merece destaque o projeto Faces of Auschwitz, desenvolvido com o Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, na Polônia. “A colaboração com o Museu de Auschwitz, em que devo colorir as cerca de 40 mil fotos do acervo, tem um caráter um pouco diferente, porque é um projeto que pretendemos estender por tempo indeterminado. O objetivo é recuperar o maior número possível de fotografias e destacar cada uma dessas histórias”, comenta. Ao colorir as imagens, ela conta que todas as fotos passam por uma análise histórica para saber quais as referências de cores. “Mas quando não encontro nenhuma descrição visual, faço escolhas artísticas”, explica.
A jovem holandesa Anne Frank, aos 14 anos, foi um dos retratos trabalhados pelo talento de Marina (foto: Marina Amaral/Divulgação)
Há alguns meses, essa parceria projetou o trabalho de Marina. A fotografia de Czeslawa Kwoka, uma polonesa judia registrada no campo de concentração de Auschwitz, foi compartilhada nas redes sociais pelo museu. Apesar de ter sido colorida em 2016, a imagem viralizou, com mais de 40 mil curtidas e 11 mil compartilhamentos. A jovem de 14 anos foi fotografada após ser espancada por um guarda e, mais tarde, foi morta pelos nazistas com uma injeção no coração. “Tecnicamente, a foto não foi complicada de fazer, mas o valor histórico e toda a comoção causada fizeram com que ela tomasse um lugar muito especial pra mim.”

A imagem da vítima do Holocausto representa bem a possibilidade aberta pelo trabalho de Marina, pois as cores são capazes de evidenciar a dimensão humana e a dramaticidade do retrato. “O que mais gosto disso tudo é a forma como se torna muito mais fácil nos conectarmos com aqueles eventos e com aquelas pessoas depois que as cores são aplicadas.”

A grande maioria das imagens que colore é de momentos e personagens históricos ou de personalidades estrangeiras, incluindo a rainha Elizabeth, Elvis Presley, Grace Kelly, John Kennedy, Albert Einstein, entre outros. “Não faço muita coisa do Brasil devido aos problemas de direitos autorais”, explica a artista, que usa imagens de domínio público. “Noventa e nove por cento do meu público é de fora do Brasil”, afirma, justificando o fato de manter em inglês suas contas no Twitter e no Instagram, onde se descreve como “apaixonada por história, colorista digital. Restauro e coloro fotografias em preto e branco. Criadora de Faces de Auschwitz”. “O mundo nunca foi em preto e branco, e é uma experiência quase mágica experienciar a história como ela realmente ocorreu: em cores. Isso é o que eu tento oferecer através do meu trabalho.”
Fonte:https://www.uai.com.br/app/noticia/artes-e-livros/2018/06/16/noticias-artes-e-livros,229048/conheca-artista-de-mg-se-especializou-na-colorizacao-de-foto-antiga.shtml

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