ILHA DE PÁSCOA: A VERDADE
SOBRE O FIM DE RAPA NUI
A história foi injusta com a civilização da Ilha de Páscoa. Pesquisas recentes propõem uma verdade bem diferente sobre as razões pelas quais colapsou uma das mais interessantes, remotas e isoladas culturas surgidas na imensidão do Oceano Pacífico.
Por: Equipe Oásis
A aura de mistério que circunda a Ilha de Páscoa não diz respeito apenas aos moai, as grandes esculturas de pedra presentes em toda a ilha, e a construção delas por um povo perdido no meio do Oceano Pacífico, mas também ao destino do próprio povo de Rapa Nui, nome indígena da ilha. Nas últimas décadas, essa civilização tem sido vista como vítima da própria desmesurada cobiça. É possível, mas ninguém ainda conseguiu por o ponto final nessa história que, por sinal, com o passar do tempo e as novas descobertas se complica cada vez mais
Os europeus chegaram pela primeira vez à ilha no domingo da Páscoa de 1722, e esta é a origem do seu nome ocidental. Seu nome indígena é Rapa Nui (Grande Ilha/Rochedo).
Os indígenas que esses europeus encontraram, cerca de 2 mil indivíduos, constituam um número decididamente inferior em relação às possibilidades de sustenção na ilha, e certamente menos daquilo que se poderia esperar de uma civilização que tinha realizado coisas extraordinárias, logo testemunhadas por aqueles primeiros europeus: os moai, estátuas de pedra esculpida e gravadas de grandes dimensões. O que teria acontecido então aos demais moradores?
A hipótese da autodestruição
Além das pessoas, faltavam também as árvores. O primeiro europeu que descreveu a ilha, o holandês Jakob Roggeveen, a descreveu como uma terra arrasada e destituída de grandes árvores. No entanto, a construção e o transporte dos grandes e pesadíssimos moai necessitava de grandes troncos, como aqueles das palmeiras gigantes, cujos restos foram encontrados em várias partes da ilha. A teoria que nasceu dessas estranhezas explicava que tudo era consequência da cobiça humana desmesurada: para construir estátuas cada vez mais numerosas e maiores, a população de Rapa Nui teria abatido todas as árvores da ilha, causando a progressiva desertificação do solo, e o próprio fim daquela civilização.
O encontro de pontas de obsidiana em todo o território da ilha levou à convicção de que a carestia provocada pela desertificação tivera, por sua vez, desencadeado uma guerra civil sangrenta que só terminou com a morte da maior parter da população. As narrativas chegam a falar inclusive de canibalismo.
Mas a pesquisa conta uma outra história
O quanto existe de realidade nessas histórias, e o quanto são fantasias exóticas criadas pela mente dos historiadores e arqueólogos, permanece ainda um mistério. Mas um recente estudo sobre as pontas de obsidiana definitivamente excluiu que elas fossem instrumentos de guerra: bem diferentemente, parece que eram instrumentos de trabalho. Um outro estudo atribui a carência progressiva das palmeiras não à deflorestaçao, mas sim à presença cada vez mais numerosa do rato polinesiano (Rattus exulans), provavelmente chegado à ilha com os primeiros colonos. Na dieta desse animal está justamente a semente da palmeira. Além disso, um estudo muito recente (junho 2017, em inglês) sugere que os indígenas se sustentassem mais com a pesca do que a agricultura, embora também fossem cultivadores muito versáteis da terra.
Embora não existam provas de que a população da ilha tenha superado os 10 mil indivíduos no seu apogeu, a decadência demográfica é um fato comprovado. Mas ela só aconteceu depois da chegada dos europeus.
Como em tantos outros lugares do mundo – num processo em que o Brasil e seus indígenas aparecem como um dos exemplos máximos – as doenças importadas pelos primeiros exploradores (tais como o tifo, a gripe e a cólera) representaram um terrível golpe para a população aborígene. Como se não bastasse, à Ilha de Páscoa também chegaram os escravagistas que deportaram pelo menos a metade dos indígenas. A tal ponto que, em 1877, na ilha, só existiam 111 indivíduos.
O último mistério, a língua
A escritura local, chamada rongorongo, ainda não foi decifrada por completo e provavelmente nunca o será. Isso torna muito difícil saber o que realmente aconteceu nessa ilha antes da chegada dos ocidentais. MAs, no ponto em que se encontram os conhecimentos atuais sobre a Ilha de Páscoa, talvez seja mais realista lançar a hipótese de que o fim da civilização Rapa Nui foi devido ao encontro com os europeus.
Moais, estátuas gigantes de pedra
Moais, também conhecidas como Cabeças da Ilha de Páscoa é o nome que designa as mais de 887 estátuas gigantescas de pedra espalhadas pela Ilha de Páscoa, construídas por volta de 1200 d.C. a 1500 d.C. pelo povo Rapanui.
Os moais podem ser divididos em 3 categorias: A primeira seria a dos moais com olhos e pálpebras entalhados que possuem uma espécie de chapéu – denominado Pukao feito de uma pedra vulcânica avermelhada e muito porosa, tirada do vulcão “Puna Pao”, e que chegavam a pesar 12 toneladas. São cerca de 250 estátuas que se situam à beira do mar voltadas para dentro da ilha, algumas à uma distância de cerca de 20 quilômetros do do vulcão onde foram modeladas. Algumas eram posicionadas conjuntamente sobre monumentos funerários chamados “ahu” dando origem à teoria de que seriam homenagens aos ancestrais da ilha e que serviriam de proteção aos habitantes.
A segunda categoria seria a das estátuas erigidas ao pé do vulcão “Rano Raraku”. São estátuas com ricos desenhos e inscrições na língua rongorongo que foram terminadas, porém não possuem as pálpebras desenhadas e não possuem o chapéu pukao, como a linguagem rapanui, muito similar aos hieroglifos egípcios, ainda não foi desvendada não fica claro qual o motivo dessa diferenciação entre as estátuas e nem porque estas estavam cobertas de símbolos.
A terceira categoria e mais famosa seria a das estátuas “tukuturi”, que possuem a particularidade de ter pernas, semelhante em posição e formato às estátuas da arte pré-incaica. Nestas, as estatuas encontram-se sentadas sobre as panturrilhas com braços ao lado do corpo e algumas apresentam genitália masculina. Especula-se que os moais, cujas cabeças ostentam “pukaos” – possivelmente representando um tipo de “penteado” utilizado por algumas tribos (cabelos amarrados com um coque no alto da cabeça) – representam, de modo estilizado, um torso humano masculino de orelhas longas ou pequenas representando uma divisão de classes. Em sua maioria, medem entre 4,5 a 6 metros de comprimento e pesam entre 1 a 27 toneladas. A maior delas, entretanto, tem mais de 20 metros de altura.
Segundo a teoria mais consensual sobre a ilha, os moais teriam sido erguidos pelos primeiros habitantes, os “Rapanui”, como homenagem aos líderes mortos, o que explicaria a disposição em que se encontram, estando todas de costas para o mar, ou seja, de frente para o interior da ilha onde ficavam as aldeias. No entanto outras teorias avaliam que talvez os Moais tenham servido como para-raio para a ilha – onde a incidência de chuvas e raios é muito alta. Os pukao, chapéu das estátuas mais distantes e próximas à costa, teria servido como condutor de eletricidade, ajudando a preservar as estátuas. O caráter místico atribuído às estatuas não pode ser lido como equivocado, no entanto pois por servir como para raio essa pedra porosa ao ficar carregada de energia emite luz, gerando uma espécie de luminária muito evidenciada nos dias chuvoso de baixa luminosidade e durante a noite. Assim o povo Rapanui teria um conhecimento empírico da Lei de Gauss trabalhando materiais diferentes em suas estátuas e preservando seus monumentos.
Fonte:https://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/323266/Ilha-de-P%C3%A1scoa-A-verdade-sobre-o-fim-de-Rapa-Nui.htm
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