Flexitarianismo: o regime
alimentar para quem quer diminuir o consumo de carne
Já cortou a carne vermelha do cardápio, mas não consegue abrir mão do
sushi? O flexitarianismo, um tipo de alimentação mais flexível que o vegetarianismo,
é tendência mundial e pode ser a solução para seus problemas
19/03/2018 - 07h19 - Atualizado
07h19 por OLGA PENTEADO
Flexitarian, termo composto pela junção em inglês de “flexível” e “vegetariano”, não pode ser encontrado nos dicionários de português (ainda!), mas o comportamento que a palavra exprime é cada vez mais comum: cresce entre nós o número de pessoas que estão diminuindo o consumo de carne, sem abrir mão totalmente da proteína animal. Na definição do dicionário de inglês Oxford, que incluiu o verbete em 2014,flexitarian é aquele que segue dieta vegetariana na maior parte do tempo, mas que, ocasionalmente, come algum tipo de carne. A mudança de comportamento é mundial: a americana Whole Foods, famosa rede de supermercados de produtos naturais e orgânicos, definiu a tendência como uma das principais de 2017.
“Maior atenção com a saúde, preservação do meio ambiente e preocupação com o bem-estar dos animais – não necessariamente nessa ordem – são os principais motivos que levam cada vez mais pessoas a repensarem seus hábitos alimentares”, diz a nutricionista Cynthia Antonaccio, de São Paulo.
Camila Garcia, redatora-chefe da Vogue, se encaixa bem neste perfil. Para ela, foi fácil substituir o leite e os queijos tradicionais pelas versões vegetais e veganas, assim como trocar o hambúrguer de carne pelo vegetariano. O sushi é o xis da questão. “Sempre tive uma alimentação saudável, mas, nos últimos dois anos, passei a me preocupar mais com o sofrimento dos animais e a rever meus hábitos. Só não consegui deixar de comer peixe: amo comida japonesa”, conta.
Os flexitarianos não são considerados vegetarianos (aqueles que não consomem carne, aves, peixes e hoje representam cerca de 16 milhões de brasileiros), muito menos veganos (cerca de 5 milhões, que excluem também laticínios, ovos e todos os produtos de origem animal), mas são vistos com bom olhos pelas entidades que os representam. “Uma refeição, um dia, uma semana... toda iniciativa é válida para diminuir o consumo de produtos de origem animal, ainda que seja um passo por vez”, diz Monica Buava, gerente de campanhas da Sociedade Vegetariana Brasileira.
A entidade vem trabalhando pela substituição da proteína animal pela vegetal pelo menos uma vez por semana com sucesso – o programa Segunda Sem Carne já foi adotado até pelas escolas públicas municipais e estaduais de São Paulo. A organização oferece também o Desafio 21 Dias Sem Carne, disponibilizando on-line informações e acompanhamento nutricional para quem procura se adaptar à nova dieta. “Quando acontece algum caso de grande repercussão nacional, como o recente embarque de gado vivo no Porto de Santos ou a Operação Carne Fraca, de 2017, a procura aumenta”, conta Monica.
Para Alessandra Luglio, nutricionista especialista em vegetarianismo, não existe uma regra absoluta para ser flexitariana: “Muitos começam apenas reduzindo as porções e, aos poucos, vão fazendo menos refeições por semana com proteínas animais, deixando-as apenas para ocasiões especiais.” Já Emma Derbyshire, professora da Faculdade de Nutrição da Universidade de Manchester, chegou a uma medida mais exata. Em um artigo recente publicado na revista científica Frontiers in Nutrition, a inglesa afirmou que, para se enquadrar no perfil, o consumo de carne, peixe e ave deve se restringir a três vezes por semana, no máximo.
Fato é que estamos mais abertos a trocas. Uma pesquisa feita pelo Datafolha no ano passado apontou que 63% dos brasileiros querem reduzir o consumo de carne. E uma dieta “mais limpa” traz vantagens para o corpo. “Alimentos de origem animal, principalmente em excesso, são considerados gatilhos para diversas doenças crônicas, alguns tipos de câncer, inflamações, doenças cardiovasculares, entre outras”, explica Alessandra. Por outro lado, os ingredientes de origem vegetal costumam ser mais pobres em gorduras nocivas, ricos em vitaminas, minerais, fibras, antioxidantes e compostos bioativos. “Além disso, esse tipo de consumidor prefere alimentos do pequeno produtor, sem agrotóxicos e, com isso, agrega mais benefícios”, acrescenta Ana Beatriz Barrella, nutricionista da clínica RGnutri, de São Paulo.
O emagrecimento pode ser uma consequência, já que os alimentos mais naturais e menos processados engordam menos. Isso se você não passar a abusar de doces e pães para compensar, é claro. “Muitas pessoas ficam perdidas, sem saber como fazer a substituição ou como reorganizar as refeições, assim como descobrir possíveis carências”, diz Alessandra. A mais comum é a falta de vitamina B12, indispensável para o bom funcionamento do cérebro e presente apenas em alimentos de origem animal.
O emagrecimento pode ser uma consequência, já que os alimentos mais naturais e menos processados engordam menos. Isso se você não passar a abusar de doces e pães para compensar, é claro. “Muitas pessoas ficam perdidas, sem saber como fazer a substituição ou como reorganizar as refeições, assim como descobrir possíveis carências”, diz Alessandra. A mais comum é a falta de vitamina B12, indispensável para o bom funcionamento do cérebro e presente apenas em alimentos de origem animal.
Animou? Então, inclua já em sua próxima lista de compras leguminosas (feijões, grão-de-bico, lentilha, ervilha, amendoim), grãos integrais (arroz, aveia, quinoa, amaranto, painço), hortaliças verdes-escuras (acelga, espinafre, couve), frutas e legumes variados, oleaginosas (amêndoas, castanhas, nozes), sementes (abóbora, girassol), tofu, cogumelos, leites e queijos vegetais. E bom apetite!
Fonte:https://vogue.globo.com/beleza/fitness-e-dieta/noticia/2018/03/flexitarianismo-o-regime-alimentar-para-quem-quer-diminuir-o-consumo-de-carne.html
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