Dando um rolê pelo Nepal
Vilarejo de Nayapul, 1.015 metros acima do nível do mar. 06:22 h da manhã. O nosso objetivo: chegar ainda naquele mesmo dia no vilarejo de Ghorepani localizado a 2.860 metros acima do nível do mar e no dia seguinte madrugar as 4 horas e seguir pra mais uma caminhada de 1 hora até chegar a Poon Hill, um mirante localizado a 3.210 metros de altitude onde contemplaríamos o nascer do sol atrás das grandes montanhas. Do outro lado da rua um senhor e um jovem tratavam de remover os pêlos de uma ovelha. Já estava morta. Possivelmente pra este propósito. Jogavam água quente sobre a sua pele pra facilitar a retirada dos pêlos.
“Por que você quer fazer este trekking tão rápido?”, me perguntou meu guia Harry, um guia local que ao longo da nossa jornada me ajudava a entender melhor a cultura de seu povo. “É que não tenho muito tempo mesmo!” respondi. “Ou faço deste jeito ou não terei a chance de curtir o visual das montanhas!!” lhe expliquei . “É que fazer esta rota em apenas um dia é muito pesada! Não é normal ou pelo menos não quando se faz a subida! Ela é muito íngreme! São 27 km pra fazer todo este trajeto! Por isto as pessoas que vem pra cá normalmente levam 2 dias pra completá-lo. O comum é caminhar 5 ou máximo 6 horas num dia e descansar em algum vilarejo pra continuar no dia seguinte”. “Bem, infelizmente não tenho escolha. Preciso manter o roteiro. Não dá pra repensá-lo!”
Nos primeiros 15 minutos de caminhada paramos em 2 checkpoints. O primeiro deles pra apresentar o ingresso de entrada já que o local é uma área de proteção ambiental. O outro foi pra apresentar o cartão de identificação necessário a todos que querem fazer um trekking nas montanhas de forma que possa ser monitorada a entrada e saída do viajante na reserva.
“Por que você quer fazer este trekking tão rápido?”, me perguntou meu guia Harry, um guia local que ao longo da nossa jornada me ajudava a entender melhor a cultura de seu povo. “É que não tenho muito tempo mesmo!” respondi. “Ou faço deste jeito ou não terei a chance de curtir o visual das montanhas!!” lhe expliquei . “É que fazer esta rota em apenas um dia é muito pesada! Não é normal ou pelo menos não quando se faz a subida! Ela é muito íngreme! São 27 km pra fazer todo este trajeto! Por isto as pessoas que vem pra cá normalmente levam 2 dias pra completá-lo. O comum é caminhar 5 ou máximo 6 horas num dia e descansar em algum vilarejo pra continuar no dia seguinte”. “Bem, infelizmente não tenho escolha. Preciso manter o roteiro. Não dá pra repensá-lo!”
Nos primeiros 15 minutos de caminhada paramos em 2 checkpoints. O primeiro deles pra apresentar o ingresso de entrada já que o local é uma área de proteção ambiental. O outro foi pra apresentar o cartão de identificação necessário a todos que querem fazer um trekking nas montanhas de forma que possa ser monitorada a entrada e saída do viajante na reserva.
Continuamos a caminhada por aquela trilha. A trillha era bastante irregular, pouco plana e carregada de pedra. Ao longo do caminho me deparava com paisagens sensacionais e cada vez mais convicto sobre o fato daquele país promover as melhores experiências de trekking no mundo! Passava por vilarejos, via terraços de plantações de milho e arroz. Numa destas vi um agricultor utilizar a tração de um búfalo arando a terra sobre um terraço de arrozal. Passei por pontes sobre rios formado pelas águas que corriam das montanhas. Por aquelas mesmas águas vi cachoeiras espetaculares que se formavam num dia e no outro poderia já não mais estar ali. Parava nos pequenos vilarejos pra uns poucos minutos de folga enquanto tomava um chá. Cruzava no caminho com diversos outros trekkers de muitas partes deste mundo fazendo as diversas rotas de trekking existentes por ali. Me deparei com um grande búfalo simplesmente parado no nosso caminho enquanto cruzávamos um vilarejo! Escutei muitas histórias do colega Harry. Eu lhe lançava muitas perguntas pra conhecer melhor a forma de vida de sua gente.
A caminhada era de fato muito dura. Me perguntava de onde tirava tanta força já que não sou nenhum atleta. Conclui que a força veio mesmo da minha vontade de estar lá. Sabia que o momento era único tal como vem sendo diversas experiências que pude viver até agora nesta viagem.
Depois de 10 horas de caminhada com somente 2 paradas de 50 minutos pra lanche e almoço e pequenas paradas de no máximo 5 minutos pra controlar o ritmo, chegamos enfim a cidade de Ghorepani, exaustos, mas com muita alegria no rosto. Estava contente. Muito contente. E ainda sabia que na manhã seguinte a resposta de porquê fui parar ali seria conquistada.
Depois de 10 horas de caminhada com somente 2 paradas de 50 minutos pra lanche e almoço e pequenas paradas de no máximo 5 minutos pra controlar o ritmo, chegamos enfim a cidade de Ghorepani, exaustos, mas com muita alegria no rosto. Estava contente. Muito contente. E ainda sabia que na manhã seguinte a resposta de porquê fui parar ali seria conquistada.
Mas tinha um queijo no caminho…
Em Ghorepani dormiríamos numa guest house. Um reduto simples e típico de quem caminha pelas altas montanhas. Os quartos eram divisórias em madeira. Eram identificados com nome de diversos esportistas mundiais Um deles era o quarto Ayrton Senna, coincidentemente o atleta que mais me dá inspiração.
Fomos jantar cedo pra poder descansar bem o corpo já que madrugaríamos no dia seguinte pra mais uma caminhada curta, mas bem íngreme. Queria evitar qualquer comida pesada tal como fiz na minha jornada daquele dia pra não ter nenhum inconveniente durante o meu trekking. Optei por não comer nenhum prato típico e assim pedi um prato do cardápio que era batata cozida gratinada. Ela veio com uma fatia de queijo por cima que saboreei sem problemas e sem me sentir demasiado cheio.
Quando fui dormir vi que não me sentia muito bem e fui tomado por um mal estar. Acordei muitas vezes durante a noite com indisposição. Sabia que não era o mal das alturas. Tenho conhecimento dos sintomas e por isto ela foi descartada. Já estive 2 vezes nos Andes e em Machu Picchu. Estava mesmo era com problemas de má digestão e nao havia levado comido o meu kit de medicamentos que trazia pacotes de efervescente.
Às 4 horas o Harry bateu na minha porta. Já havia me arrumado, mas totalmente levado por um desagradável mal estar. Expliquei-lhe a situação. Também cogitou ser o mal das alturas, mas logo constatamos que não era. Eu só apresentava sintomas estomacais. “Foi o queijo!” concluiu Harry.”Aqui todos os dias tem queda de energia elétrica e fica assim por horas. O queijo fica estocado por muito tempo e aí fica contaminado”.
Fomos jantar cedo pra poder descansar bem o corpo já que madrugaríamos no dia seguinte pra mais uma caminhada curta, mas bem íngreme. Queria evitar qualquer comida pesada tal como fiz na minha jornada daquele dia pra não ter nenhum inconveniente durante o meu trekking. Optei por não comer nenhum prato típico e assim pedi um prato do cardápio que era batata cozida gratinada. Ela veio com uma fatia de queijo por cima que saboreei sem problemas e sem me sentir demasiado cheio.
Quando fui dormir vi que não me sentia muito bem e fui tomado por um mal estar. Acordei muitas vezes durante a noite com indisposição. Sabia que não era o mal das alturas. Tenho conhecimento dos sintomas e por isto ela foi descartada. Já estive 2 vezes nos Andes e em Machu Picchu. Estava mesmo era com problemas de má digestão e nao havia levado comido o meu kit de medicamentos que trazia pacotes de efervescente.
Às 4 horas o Harry bateu na minha porta. Já havia me arrumado, mas totalmente levado por um desagradável mal estar. Expliquei-lhe a situação. Também cogitou ser o mal das alturas, mas logo constatamos que não era. Eu só apresentava sintomas estomacais. “Foi o queijo!” concluiu Harry.”Aqui todos os dias tem queda de energia elétrica e fica assim por horas. O queijo fica estocado por muito tempo e aí fica contaminado”.
Pedi pra prosseguirmos na esperança da indisposição passar com a caminhada. Começamos a caminhar mas percebi uma fraqueza no corpo, passos curtos e diversas paradas. Tentei vomitar. Sabia que era somente isto que precisava pra recompor o meu vigor. Não consegui vomitar. E foi assim até os primeiros 30 minutos desde que começamos a caminhar. Sentei mais uma vez, senti uma fraqueza na perna. Naquele ponto meu corpo começou a reclamar. Precisava escutá-lo. Teríamos uma longa volta pelo mesmo caminho do dia anterior. “Vou ter que desistir” falei pro meu guia. “Tome seu tempo”. Me respondeu. “Não dá mais. Sei que daqui já não dá mais”. Recebi um grande apoio moral do meu guia que me apoiou bem naquele momento. Percebi que conquistei a sua admiração. Havia feito até ali algo fora dos padrões normais do que se faz naquela rota. “Venha. Vamos caminhar por esta lateral aqui. Ela não é íngreme. Ali você vai ver o que você quer ver” falou meu guia. Caminhamos por alguns poucos minutos até chegar numas pedras e vegetação aberta. Foi daquele ponto que tive o prazer de vislumbrar o principal motivo da minha viagem até aquele país. Estava no Nepal e queria contemplar o que estava ali naquele momento diante de mim: as Cordilheiras do Himalaia e seus maiores cumes que me deram naquele dia uma bela visão do topo do mundo!!
Mágico! Esta é sem duvida a melhor palavra que resume o Nepal. O país transmite uma energia formidável. Embora com características culturais e lingüísticas semelhantes a Índia – o Nepal em outros tempos pertenceu a Índia -, o lugar tem uma atmosfera fantástica! A capital Katmandu é bem marcante e agradável de caminhar principalmente na região do Thamel que reúne grandes atrativos da cidade, tal como a Durbar Square (praça do palácio). Era neste local que em outras épocas o monarca era empossado. Uma região cheia de templos budistas e de arquitetura única.
Possivelmente a minha passagem anterior pela Índia tenha suavizado o impacto em relação a cultura naquela região da Ásia. De qualquer maneira se eu tivesse feito o caminho inverso, ido primeiro ao Nepal e depois a Índia acredito que o impacto não teria sido forte já que o lado espiritual que paira no ar, sobretudo na capital, é muito saudável e contagiante. É como entrar nas viagens dos livros de Paulo Coelho!! Sem dúvida a melhor experiência que se pode ter em Katmandu é caminhar pelas suas ruas, tentar imaginar como as pessoas de outras épocas levavam sua vida por aqui. Igualmente é fantástico ver as pessoas de hoje andarem pelas ruas e praticar seus atos de oração quando passam próximos aos santuários espalhados pelas praças e cantos da cidade.
Existe por aqui uma fusão religiosa entre o budismo e o hinduismo que pra mim é o que torna o Nepal tão especial e mágico. Fantástico foi, por exemplo, o momento em que tirei uma parte da manhã pra conhecer a região de Boudhanath Stupa, uma praça com um grande santuário envolvido por diversas rodas da oração, um gesto espiritual do praticante desta religião que fica circulando em torno do templo enquanto gira a roda da oração fazendo as suas preces. É hipnótico!! Este lugar é considerado um dos lugares mais importantes para peregrinos budistas. Além da roda da oração também é um culto religioso deste povo tocar sinos, acender velas e colocar flores nos santuários. A fusão budismo-hinduísmo aqui é facilmente observada quando se vai a uma praça e vê tantos templos budistas quanto templos dedicados a deuses hindus, tais como Shiva, Ganesha e Parvati. É uma prática totalmente diferente do budismo que encontrei na Tailândia.
Acredito que esta fusão no Nepal entre as religiões tenha prevalecido pela necessidade que as pessoas devem ter tido pra encontrarem Deuses com os quais se identificariam. Como não há Deus no budismo (Buda não é Deus. É reverenciado por ter sido aquele que apontou o caminho da iluminação), então foram suprir esta necessidade com os Deuses do hinduísmo, que deve ter sido facilmente aceitos no país dadas as antigas ligações com a Índia. A titulo de informação, Sidarta Gautama, o Budda, nasceu em Lumpini, numa região que hoje pertence ao Nepal.
Algo curioso tambem é a manifestação da arte Kama Sutra no Nepal. Mais curioso ainda é que esta arte está manifestada dentro de alguns templos com pinturas e esculturas que remetem a esta…arte!!
Além de Katmandu e do trekking pelo Himalaia também fui passar uns dias na cidade de Pokhara, que é a cidade base pra quem quer fazer trekking pela região do Annapurna, um dos 10 maiores picos do mundo. 9 dos 10 maiores cumes do mundo estão aqui no Nepal. Daí o lugar ser o topo do planeta! Somente o K2, o segundo maior ponto do planeta é que fica no Paquistão. Ao contrário do meu entendimento inicial quando cheguei ao Nepal, o Sargamatha, ou Monte Everest, com o seu imponente pico a 8.848 metros de altitude, não é visto na região de Pokhara. Seu acesso é por outra parte do país.
Pokhara é totalmente diferente da capital Katmandu. É uma cidade nova, que cresceu e desenvolveu em função do turismo de aventura sobretudo com trekkings pela região do Himalaia. Existem diversas opções de trekking que podem ser feitos em 3 dias ou mesmo semanas. Não raro encontrei muitos viajantes indo ou voltando do Nepal que chegavam a fazer 21 dias de trekking pelo país!
Pokhara é uma cidade, digamos, ocidentalizada. Existem muitos empreendimentos feitos ali por europeus, americanos que em outros tempos foram pra lá, viram oportunidade de negócio e abriram hotéis, restaurantes e pubs agradáveis de freqüentar, bater papo ou jogar uma sinuca. Uma situação que eles precisam gerências todos os dias é com a racionalização de energia elétrica. O governo corta a energia todos os dias pra controlar a sua distribuição. Uma ironia no país que possui a segunda maior bacia hidrográfica do mundo (Brasil é o primeiro).
Algo curioso tambem é a manifestação da arte Kama Sutra no Nepal. Mais curioso ainda é que esta arte está manifestada dentro de alguns templos com pinturas e esculturas que remetem a esta…arte!!
Além de Katmandu e do trekking pelo Himalaia também fui passar uns dias na cidade de Pokhara, que é a cidade base pra quem quer fazer trekking pela região do Annapurna, um dos 10 maiores picos do mundo. 9 dos 10 maiores cumes do mundo estão aqui no Nepal. Daí o lugar ser o topo do planeta! Somente o K2, o segundo maior ponto do planeta é que fica no Paquistão. Ao contrário do meu entendimento inicial quando cheguei ao Nepal, o Sargamatha, ou Monte Everest, com o seu imponente pico a 8.848 metros de altitude, não é visto na região de Pokhara. Seu acesso é por outra parte do país.
Pokhara é totalmente diferente da capital Katmandu. É uma cidade nova, que cresceu e desenvolveu em função do turismo de aventura sobretudo com trekkings pela região do Himalaia. Existem diversas opções de trekking que podem ser feitos em 3 dias ou mesmo semanas. Não raro encontrei muitos viajantes indo ou voltando do Nepal que chegavam a fazer 21 dias de trekking pelo país!
Pokhara é uma cidade, digamos, ocidentalizada. Existem muitos empreendimentos feitos ali por europeus, americanos que em outros tempos foram pra lá, viram oportunidade de negócio e abriram hotéis, restaurantes e pubs agradáveis de freqüentar, bater papo ou jogar uma sinuca. Uma situação que eles precisam gerências todos os dias é com a racionalização de energia elétrica. O governo corta a energia todos os dias pra controlar a sua distribuição. Uma ironia no país que possui a segunda maior bacia hidrográfica do mundo (Brasil é o primeiro).
Foi exatamente um mês que passei na Ásia, conhecendo lugares fantásticos e marcantes e que sem dúvida merece nova visita pra conhecer outros lugares e mesmo repetir alguns. Agora é hora de dizer até logo a este incrível continente e seguir pra novas experiências no Oriente Médio!
Comentários
Postar um comentário