O SUFISMO É O CORAÇÃO AMOROSO DO ISLÃ

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Sufismo é o coração amoroso do Islã.

Partir do século IX, o Sufismo tem encapsulado espiritualidade islâmica. Este é o coração amoroso do Islã, ainda vivo, próspero e amplamente influente hoje. Não é o Islã de fundamentalistas: pelo contrário. 
Desde os primeiros dias, ascéticos contemplativos muçulmanos praticada de jejum, oração e meditação em reclusão; como o deserto mães e pais da tradição cristã, os primeiros monges e freiras. Talvez porque eles usavam ásperas roupas feitas de lã (suf em árabe), essas pessoas veio a ser conhecido como "Sufis". 
Sufismo logo tornou-se o nome de um caminho místico pelo qual as pessoas buscam a verdade do amor divino e conhecimento através da experiência pessoal direta de Deus. Os sufis são disse para levar o precioso cuidado 'coração espiritual' através de 'muraqaba', uma prática semelhante à meditação. Seu objetivo e a ambição é crescer cada vez mais em sintonia com a presença divina sempre vigilante dentro. Sufis dedicados são constantemente meditando sobre as palavras do livro sagrado islâmico, o Alcorão (Corão). 
Sufismo é muitas vezes considerado externo à doutrina dominante do Islã e às vezes encontrou oposição e hostilidade. Muitos dos grandes pensadores muçulmanos eram Sufis, no entanto, como foram os mais bem sucedidos missionários. Além disso, esses exemplos de vida humilde de sabedoria, compaixão e amor realizaram-se em grande estima e afeição por pessoas comuns, aqueles menos capaz de destrinçar os meandros jurídicos e teológicos da religião mais formal. São dois aspectos do Sufismo, conhecido na cultura ocidental, é claro, Rumi e dervixes rodopiantes. 

Jalaladdin Rumi (1207-1273) passou por um despertar espiritual mais poderoso como um homem jovem. Influenciado por seu amado professor, Shams de Tabriz, seu coração cheio de luz divina, ele se tornou um poeta suprema e fiel intérprete das verdades para ser encontrada no AlcorãoPor meio da linguagem às vezes misteriosa, ele foi capaz de orientar os outros para um amor de Deus. A declaração do Alcorão , que 'Deus ama-los e eles o amam' rapidamente se tornou a base para o amor-misticismo defendido Rumi, como na quadra a seguir: 
' Amor aqui é como o sangue nas minhas veias e pele, 
Tem esvaziado-me de mim mesmo e me encheu o amado, 
Seu fogo penetrou todos os átomos do meu corpo. 
Do "eu" continua a ser só meu nome; o resto é com ele.' 
Rumi, conhecido também pelo título honorário 'Mawlana', também favorecida e promovido 'redemoinho'. Esta é uma forma de dança rotatórios estendida para música sacra em grupos formais ao repetir interiormente o nome de 'Deus'. Induz a um estado de transe de consciência e é um aspecto central da adoração Sufi realizada pelo renomado dervixes, alguns dos quais ainda estão praticando suas tradicionais cerimônias (redemoinho) de 'Sama' hoje. A girar, meditação, oração, 'dhikr' (estudo regular e lembrança do Alcorão) e recitando poesia, especialmente poesia de amor, são todos parte integrantes de uma prática espiritual Sufi devocional. 
Túmulo de Rumi e o Museu de Mawlana em Konya, na Turquia moderna, situa-se no centro religioso, com o qual ele foi associado (secularizado pelo Estado turco em 1926). É impressionante. (Visitei lá no ano passado). Além de Mevlevi ordem do Sufismo fundado por Rumi, existem outros: o Qadiriyya, iniciada no século XII, enraizada no Islã sunita e encontrados em todo o mundo muçulmano; século XIII, a ordem de Bektashiyya , que anteriormente tinha uma grande influência na Turquia e os países dos Balcãs; e o Naqshbandiyya, do século XIV, também popular no mundo muçulmano, também a principal Ordem Sufi no sub-continente indiano e Indonésia, cujos seguidores não dançar ou cantar. 
Não é verdade que o Sufismo é uma tradição só de homens. Uma mulher foi chamado Rabi'a (d. 801), que viveu no Iraque, por exemplo, um dos melhores amei de todos os Sufis precoce. Venerada professora Sufi, Ibn al-Arabi (d. 1240), foi primeiro ensinou o caminho espiritual em seu nativo Spain por dois Sufis femininos. Mais tarde havia irmandades entre as diferentes ordens do Sufismo, bem como as irmandades. E mulheres participaram de cerimônias Bektashiyya, sem sequer usar véus. Muitas mulheres seguem a tradição Sufi hoje. 
No coração do Sufismo é a idéia de que, o mais nobre das criaturas, a humanidade está vinculada por convênio para levar a confiança divina. Segue-se que se o ego se esquece o propósito divino da criação, vendo-se como existente independente de seu criador, é trair essa confiança sagrada. Agora, o ego moderno continuamente quests para auto-satisfação e auto adoração. Sufi práticas, como as de muitas outras religiões do mundo, habilitar as pessoas para combater esta tendência, procurando descobrir e trazer à luz o maior ou '' verdadeiro, essa faísca dentro de cada pessoa, constantemente em sintonia com a dimensão espiritual. 
O Sufi procura viver de acordo com os valores espirituais eternos, altruístas, ao invés de transientes, mercenários os mundanos. Neuro-científica estudos revelam que as práticas como meditação, cânticos e girando todo melhorar a harmonia entre o dualista, a verbal, o intelecto do hemisfério esquerdo do cérebro e a intuição holística, silenciosa, poética do direito. O cristianismo, judaísmo, Budismo, Zen, taoísmo e Vedanta do hinduísmo todos promovem práticas semelhantes, visam conquistar a tirania do ego, igualmente indica um confortante grau de uniformidade entre os viajantes ao longo da via para a maturidade espiritual, qualquer que seja sua origem religiosa. 
Práticas semelhantes formam um componente essencial do que hoje em dia muitos aceitam como uma espécie de espiritualidade secular em busca de integridade pessoal e integridade que evita a necessidade de se inscrever para qualquer tradição religiosa particular ou partidária. Alguns, nos EUA por exemplo, podem ainda encontrar-se reuniões de atendente de Sufi confrarias e irmandades sem tornar-se muçulmanos. Uma palavra de cautela parece apropriada: aqueles que pensam do Sufismo como um caminho liberal oferecendo liberdade individual no sentido ocidental tem entendido erradamente. Disciplina pessoal está envolvida. A palavra 'Islã', afinal, significa 'submissão'-apresentação, ou seja, a vontade de Deus. 
Embora o Sufismo pode parecer bastante especializado, existem maneiras adicionais para conectá-lo favoravelmente com outras tradições espirituais. Por exemplo, Islã, judaísmo e Cristianismo são todas as religiões monoteístas, compartilhamento de um único Deus; e todos os três têm um ancestral comum, Abraão, o pai de Isaac e Ishmael. 
Seguidores de todas as três religiões podem reconhecer o pacto Divino, mesmo enquanto interpretá-lo de forma ligeiramente diferente. O que parece mais importante é seu parentesco – uns com os outros, também com todos os outros requerentes humanitários e espirituais – ao invés as percepções do ego de diferenças e conseqüentes motivos de conflito. Estas conduzem a delírios-os delírios de ignorância, de exclusividade e, fatalmente, de superioridade. O Sufi sabe por experiência própria (como a Bíblia também nos diz: 1 John 04:16) que a natureza de Deus é amor. Teria que mais muçulmanos foram Sufi; e mais não-muçulmanos eram Sufi-como.
Publicado para fins educacionais
Fonte:https://edukavita.blogspot.com.br/2015/06/o-que-e-sufismo-conceitos-de-psicologia.html

Sufismo, o coração do Islã


O sufismo (at-tasawwuf), o aspecto esotérico, ou (batin) do Islã, distingue-se do Islã exotérico ou “exterior” (zahir) do mesmo modo que a contemplação direta das realidades espirituais – ou divinas – se diferencia das leis que as refletem na ordem individual, em relação às condições de um determinado ciclo da humanidade.
Enquanto a via habitual dos crentes pretende a obtenção de um estado benéfico após a morte, acessível em virtude de uma participação indireta, e, pode-se dizer, simbólica, nas verdades divinas, através das obras prescritas, o sufismo tem seu fim em si mesmo, no sentido de que pode dar acesso ao conhecimento imediato do Eterno. Esse conhecimento, por ser uno com seu objeto, liberta da cadeia inevitável das existências individuais.
O estado espiritual de baqa, a que aspiram os contemplativos sufis, e cujo nome significa a “subsistência” pura, além de qualquer forma, é igual ao estado de moksha ou a “libertação”, de que falam as doutrinas hindus, da mesma forma que a “extinção” (al-fana) da individualidade, que precede a “subsistência”, é análoga ao nirvana, como ação negativa.
Para que o sufismo implique tal possibilidade, deve identificar-se com o “núcleo” (al-lubb) da forma tradicional que lhe serve de suporte. Não pode se sobrepor ao Islã, pois teria um caráter periférico em comparação com os meios espirituais deste último. Está, ao contrário, mais próximo à sua origem supra-humana do que o exoterismo religioso, e participa ativamente, ainda que de maneira completamente interior, na função renovadora que essa forma tradicional manifestou e que continua mantendo-a com vida.
sufismo1-gnosisonlineEsse papel “central” do sufismo no seio do mundo islâmico pode estar oculto aos espectadores do exterior porque o esoterismo, por ser consciente do significado das formas, é ao mesmo tempo intelectualmente soberano em relação a elas, de modo que pode assimilar, ao menos para sua exposição doutrinal, algumas noções ou símbolos que procedam de uma herança diferente de sua raiz tradicional peculiar.
Pode parecer estranho que o sufismo seja o “espírito” ou o “coração” do Islã (ruh al-islam ou qalb al-islam) e que ao mesmo tempo represente, dentro do mundo islâmico, o espírito mais livre em relação aos limites mentais deste mundo. (É importante não confundir esta verdadeira liberdade, completamente interior, com os movimentos rebeldes à tradição que não são intelectualmente livres em relação às formas que negam porque não as compreendem.)
Por isso, o papel do sufismo no mundo islâmico é semelhante ao do coração no homem, no sentido de que o coração é o centro vital do organismo e também, em sua realidade sutil, a “sede” de uma essência que transcende qualquer forma individual.
Os orientalistas, atentos em reduzir tudo ao plano histórico, quase nunca podem explicar esse duplo aspecto do sufismo, a não ser por influências alheias ao Islã; deste modo atribuíram a origem do sufismo, segundo suas diferentes preocupações, a fontes iranianas, hindus, neoplatônicas ou cristãs. Mas essas atribuições divergentes terminaram por equilibrar-se reciprocamente, ainda mais se se leva em conta que não existe razão suficiente para pôr em dúvida a autenticidade histórica da filiação espiritual dos mestres sufis, filiação que, numa “cadeia” (silsilah) ininterrupta, remonta até o Profeta.
O argumento decisivo a favor da origem muhammadiana do sufismo reside, entretanto, em si mesmo. Se a sabedoria sufi procedesse de uma fonte situada à margem do Islã, os que aspiram a esta sabedoria – que, com segurança, não é de natureza livresca ou simplesmente mental – não poderiam apoiar-se, para realizá-la sempre de novo, no simbolismo alcorânico. Tudo que forma parte integrante do método espiritual do sufismo é extraído, de maneira constante e necessária, do Alcorão e dos ensinamentos do Profeta.
Os orientalistas, que sustentam a hipótese de uma origem não muçulmana do sufismo, em geral sublinham o fato de que a doutrina sufi não aparece nos primeiros séculos do Islã com todo o desenvolvimento metafísico que conterá mais tarde. Mas esta observação, caso seja válida em relação a uma tradição esotérica – transmitida principalmente por meio de um ensino oral –, demonstra o contrário daquilo que se pretende, pois os primeiros sufis se expressavam com uma linguagem muito próxima do Alcorão e suas expressões concisas e sintéticas carregam em si mesmas o essencial da doutrina.
Se, posteriormente, esta vai se tornando mais explícita e elaborada, isto não é mais que um fato normal e característico de qualquer tradição espiritual: a literatura doutrinal aumenta, não tanto pelo aporte de novos conhecimentos quanto pela necessidade de pôr um freio nos erros e reanimar uma intuição que se vai debilitando.sufismo2-gnosisonline
Por outro lado, como as verdades doutrinais são suscetíveis de um desenvolvimento indefinido e a civilização muçulmana havia absorvido algumas heranças pré-islâmicas, os mestres sempre podiam, em seu ensino oral ou escrito, fazer uso de noções tomadas desses legados, desde que fossem adequados às verdades que era preciso tornar acessíveis às melhores mentes de sua época, verdades que o simbolismo sufi, no sentido estrito, já incluía de modo sucinto.
Desta forma, e em particular a cosmologia, ciência derivada da metafísica pura, que constitui o fundamento doutrinai indispensável do sufismo, se expressava, em sua maior parte, através de noções já definidas por antigos mestres, como Empédocles e Plotino. Além disso os mestres sufis que tinham uma cultura filosófica não podiam ignorar a validade dos ensinamentos de Platão, e o platonismo que se lhes atribui é da mesma ordem que o dos Padres gregos, cuja doutrina continua, entretanto, essencialmente apostólica.
A ortodoxia do sufismo não se manifesta unicamente na conservação das formas islâmicas; se expressa igualmente por seu desenvolvimento orgânico a partir do ensinamento do Profeta e, em especial, por sua capacidade de assimilar qualquer forma de expressão espiritual que não seja essencialmente alheia ao Islã. Isto não se aplica apenas às formas doutrinais, mas também a questões secundárias que tenham relação com alguma arte.
Ainda que, seguramente, tenha havido contatos entre os primeiros sufis e os contemplativos cristãos – como demonstra a história do sufi Ibrahim ibn Addam –, certo parentesco entre o sufismo e o monaquismo do Oriente não se explica a priori apenas por interferências históricas. Tal como ‘Abd al-Karim al-Jili o explica, em seu livro Al-Insan al-Kamil (O Homem Universal), a mensagem de Cristo “descobre” alguns aspectos interiores – e, portanto, esotéricos – do monoteísmo de Abraão: os dogmas cristãos, que podem ser reduzidos em sua totalidade ao dogma das duas naturezas, divina e humana, de Cristo, de certa forma resumem, de forma “histórica”, tudo o que o sufismo ensinará sobre a união com Deus.
Por isso os sufis pensam que o Senhor Jesus (Sayydna ‘Issa) representa, entre os enviados divinos (rusut), o tipo mais perfeito do santo contemplativo: oferecer a face esquerda a quem nos bateu na direita é o desapego espiritual por excelência, a retirada voluntária para fora do jogo das ações e reações cósmicas.
Isso não quer dizer que, para os sufis, a pessoa de Cristo situe-se na mesma perspectiva que para os cristãos. Apesar de todas as semelhanças, a via dos sufis difere muito da dos contemplativos cristãos. Podemos nos referir aqui à imagem segundo a qual os diferentes caminhos tradicionais são como os raios de um círculo que se unem num único ponto: na medida em que os raios se aproximam do centro, também se aproximam entre si: nunca coincidem, a não ser no centro, onde cessam de ser raios. Essa distinção dos caminhos evidentemente não impede a consciência de se situar, por antecipação intuitiva, no centro, para onde todos convergem.
Para precisar melhor a constituição interna do sufismo, acrescentamos que ele sempre compreende, como elementos indispensáveis, uma doutrina, uma iniciação e um método espiritual. A doutrina é como uma prefiguração simbólica do conhecimento que se trata de conseguir e também, em sua manifestação, um fruto deste conhecimento. A quintessência da doutrina sufi vem do Profeta; mas como não há esoterismo sem uma certa inspiração, a doutrina sempre se manifesta de novo pela boca dos mestres.
sufismo3gnosisonlineEm consequência, o ensinamento oral é superior, por seu caráter imediato e “pessoal”, ao que se possa obter dos escritos. Esses últimos desempenharam um papel secundário, como preparação, complemento ou ajuda para a memória e, por esta razão, a continuidade histórica do ensinamento sufi se subtrai, ocasionalmente, às investigações dos eruditos.
Quanto à iniciação sufi, consiste na transmissão de uma influência espiritual (barakah), que deve ser conferida por um representante da “cadeia”, que tem sua origem no Profeta. E em geral transmitida pelo mestre, que também comunica o método e proporciona os meios de concentração espiritual apropriados às atitudes do discípulo. O marco geral do método é a Lei Islâmica, ainda que sempre tenha havido sufis isolados que, por causa do caráter excepcional de seus estados contemplativos, deixaram de participar do ritual ordinário do Islã.
Para prevenir qualquer objeção que se pudesse deduzir do que acabamos de dizer em relação à origem muhammadiana do sufismo, precisaremos que os suportes espirituais – que constituem seus principais meios – e que, em certas circunstâncias, podem substituir o ritual habitual do Islã – se apresentam como as “pedras angulares” de todo o simbolismo islâmico e, nesse sentido, foram dados pelo próprio Profeta.
A iniciação toma, comumente, a forma de um pacto (bay’ah) entre o candidato e o mestre espiritual (al-murshid), que representa o Profeta. Esse pacto implica a total submissão do discípulo ao mestre em tudo o que se refere à vida espiritual e não pode nunca ser anulado pela vontade unilateral do discípulo.
Os diferentes “ramos” da filiação espiritual do sufismo correspondem, de forma muito natural, aos diversos “caminhos” (turuq). Cada grande mestre, a partir do qual pode ser determinado o começo de uma cadeia particular, tem autoridade para adaptar o método às aptidões de uma determinada categoria de homens dotados para a vida espiritual. Os diferentes “caminhos” correspondem, portanto, às diferentes “vocações” e estão orientados para o mesmo fim; não representam de modo algum cisões ou “seitas” no interior do sufismo, ainda que tenham podido se produzir incidentalmente desvios parciais que deram lugar a verdadeiras seitas.
O sinal exterior de uma tendência sectária será sempre o caráter quantitativo e “dinâmico” da propagação. O sufismo autêntico nunca pode chegar a ser um movimento, em razão de recorrer ao que há de mais “estático” no homem, o intelecto contemplativo.
Assinalaremos, a esse respeito, que se o Islã pôde manter-se intacto através dos séculos, apesar da natureza tão volúvel do psiquismo humano e das divergências étnicas dos povos que abarca, não é, a princípio, por causa de seu caráter relativamente dinâmico, que lhe é característico como forma coletiva, mas porque implica, desde a sua origem, e por destino, a possibilidade de uma contemplação que transcende a corrente das afetividades humanas.

Sufismo – Vem, ouve a música do Sama

Viemos girando do nada
Espalhando estrelas como pó
As estrelas puseram-se em círculo
E nós ao centro, dançamos com elas
Como a pedra do moinho em torno de Deus
Gira a roda do céu
Segura um raio dessa roda e terás a mão decepada
Girando e girando essa roda dissolve todo e qualquer apego
Não estivesse apaixonada, ela mesma gritaria: ‘Basta!’
Até quando há de seguir esse giro?
Cada átomo gira desnorteado
Mendigos circulam entre as mesas
Cães rondam um pedaço de carne
O amante gira em torno de seu próprio coração
Envergonhado ante tanta beleza
Giro ao redor de minha vergonha
Vem. Ouve a música do Sama
Vem. Imite ao som dos tambores
Aqui celebramos
Somos todos a verdade
Em êxtase estamos
Embriagados sim, mas de um vinho que não se colhe na videira
O que quer que se pense de nós, em nada parecerá o que somos
Giramos e giramos em êxtase
Esta é a noite do Sama
Há luz agora!
Luz! Luz!
Eis o amor verdadeiro que diz à mente adeus
Este é o dia do adeus. Adeus! Adeus!
Todo coração que arde nessa noite é amigo da música
Ardendo por teus lábios meu coração transborda de minha boca
Rumi-Turning-gnosisonlineSilêncio
Silêncio
Mas feito de pensamento, afeto e paixão
O que resta é nada além de carne e ossos
Por que nos falam de templo de oração, de atos piedosos?
Somos a caça e o caçador
Outono e primavera, noite e dia
O visível e o invisível
Somos o tesouro do espírito
Somos a alma do mundo
Livres do peso que vergasta o corpo
Prisioneiros não somos do tempo nem do espaço
Nem mesmo da terra em que pisamos
No amor fomos gerados
No amor nascemos

Sufis ensinam que Deus criou o homem com a música

O sufi Hazrat Inayat Khan (1882-1927) narra: “Certo dia, Akbar, o grande imperador dos mongóis, disse ao músico da corte, o famoso Tansen: ‘Diga-me, ó grande músico, quem foi o seu mestre?’ A resposta: ‘Majestade, meu mestre é um músico muito importante, aliás, mais do que isso. Não posso chamá-lo de músico, tenho de chamá-lo por obrigação  de música!’ O imperador insistiu: ‘A propósito desse seu mestre, posso ouvi-lo cantar?’ Tansen respondeu: ‘Talvez, posso tentar. Porém, não pense Vossa Majestade que vai poder chamá-lo para vir à corte.’
O imperador então quis saber: ‘Afinal, posso ir até onde ele está?’ Ao que o músico respondeu: ‘Ele pode fica com o orgulho ferido ao imaginar que terá de cantar diante de um rei.’ Akhbar observou: ‘Mas eu poderia ir lá como seu servo.’ Tansen ponderou: ‘ Sim, essa é uma possibilidade, uma forma de esperança.’
Dito isto, ambos escalaram o Himalaia, até as mais elevadas montanhas onde o sábio erigira seu templo de música na abertura de uma caverna, em meio á natureza, vivendo em estreita harmonia com o infinito. O músico da corte havia viajado a cavalo e Akhbar andara a pé. Ao chegar na montanha, o sábio percebeu que o imperador havia-se humilhado para poder ouvir sua música, e mostrou-se disposto a cantar.
E sua canção era extraordinária. Parecia que  as árvores e plantas vibravam todas. Era a canção do universo. A impressão que causou em Tansen e Akbar foi muito profunda, mais do que podiam suportar. E, em consequência disso, ambos entraram num estado de paz e transfiguração. E, enquanto se achavam nesse estado, o mestre saiu da caverna.
Quando abriram os olhos, ele já não se encontrava mais à sua frente. O imperador tornou a falar: ‘Mas que fenômeno estranho. Para onde ele foi?’ Tansen respondeu: ‘ Nunca mais o verá nesta caverna, pois assim que um homem chega a sentir o sabor deste fenômeno ele o procurará sempre, mesmo que isto custe a sua própria vida, pois essa experiência é maior do que qualquer coisa na vida.’
“Após terem voltado para a sua terra, o imperador, um dia, perguntou ao músico: ‘Qual era a raga que o mestre cantou?’ Tansen disse o nome da raga e cantou-a para o imperador. Este, porém, não se deu por satisfeito, e observou: ‘Sim, é a mesma música, mas ela não tem o mesmo espírito. Por que acontece algo assim?’ Tansen replicou: ‘A razão é esta: eu canto para Vossa Majestade, imperador deste país, mas o meu mestre canta para Deus. Essa é a diferença.’”

Hafiz e Hazrat Inayat Khan: Deus Criou o Mundo a Partir do Som

Hafiz, um dos grandes poetas da antiga Pérsia, conta a seguinte lenda: “Deus fez uma estátua de barro à sua imagem e quis que essa estátua possuísse alma. Mas a alma recusou-se a ser aprisionada, pois é de sua natureza ser livre e voar à vontade. A alma não quer estar presa, nem admite que lhe imponham limites. O corpo é uma prisão e a alma recusou-se a adentrá-lo. Então Deus pediu aos anjos que tocassem sua música. E, à medida que os anjos tocavam, a alma ficou extasiada. Para poder sentir melhor a música e ouvi-la de perto a alma entrou no corpo.” Hafiz disse: “As pessoas dizem que ao ouvir aquele som, a alma entrou no corpo; a verdade, porém é que a própria alma era o som”.
Ao que o sufi Hazrat Inayat Khan comentou: “Essa é uma bela lenda, no entanto ainda maior é o seu mistério, o seu significado. A interpretação dessa lenda nos explica duas grandes leis. Uma delas é que a natureza da alma é ser livre e, para a alma, a tragédia da vida consiste na ausência dessa liberdade que pertence à sua natureza original. O outro significado dessa lenda nos mostra que a única razão pela qual a alma entrou no corpo de barro ou matéria inanimada foi experimentar e ouvir a música da vida”.
Sempre nos deparamos com o fato de que a linguagem “sabe” mais do que aqueles que a usam. As duas primeiras frases da lenda do sábio poeta Hafiz dizem: “Deus fez uma estátua de barro. ele formou o barro à sua semelhança”.
O escultor modela o barro e temos uma estátua. O músico forma a matéria e temos a música. Deus forma o barro e temos uma estátua. O músico forma a matéria e temos a música. Deus forma o barro e surge o mundo. Em cada momento o barro é a matéria-prima, o elemento-primevo, a matéria-primeva daquilo que denominamos criação: a tensão-primeva. No princípio, era o barro. O tom como Logos. Já falamos disso: o “Faça-se” contido no início da história da criação judaico-cristã era, antes de tudo, tom e som. Os sufis, místicos do islamismo, sabem muito bem: Deus criou o mundo a partir do som.

Sufismo e a pureza do coração

Perdoar e perdoar e estar imune à vaidade
Shaykh Nazim al-Haqqani an-Naqshband
Em certa oportunidade, o Profeta Muhammad (saws) estava sentado com seus companheiros, e ao perceber que um homem vinha se aproximando, disse: “Ó meus companheiros, se vocês querem contemplar um dos habitantes do Paraíso, vejam aquele desconhecido que está vindo em nossa direção”.
O visitante chegou e tomou seu lugar entre a congregação. No dia seguinte e ainda no outro, o Profeta (saws) deu as boas novas aos seus irmãos, sobre a felicidade eterna daquele homem (sem dizer nada, entretanto, àquela pessoa).
Com frequência eu tenho ouvido pessoas proclamarem possuir corações puros. Especialmente as que rejeitam religião e práticas místicas tradicionais. Adoram dizer isso. Nós não proclamamos coisas desse tipo, pois acreditamos que o nosso caminho é o caminho da purificação, e que os esforços deveriam nos dirigir na direção correta.
Quem quer que pense de si mesmo como uma pessoa de coração puro, deveria ter cuidado com esta consideração e reexaminar sua postura sob essa luz, ou seja, a luz que indica que o nosso caminho é o caminho da purificação. Isto assim chegou a nós através de Abdula, filho de Omar, segundo Khalifa do Islã.
Quando Abdula ouviu o Profeta (saws) louvar esta pessoa três vezes, decidiu segui-la até sua casa e procurar suas bênçãos, assim como seu conhecimento dos meios que exatamente o levaram a atingir uma estágio de perfeição na sua vida. Quando Abdula chegou na casa do homem, bateu em sua porta, recebeu boas vindas e foi convidado a entrar.
O anfitrião perguntou-lhe: “Posso saber o propósito de sua visita?” Então Ibn Omar relatou-lhe tudo que o Santo Profeta (saws) disse sobre ele, nos três dias anteriores. O homem disse: “Eu sei.” Abdula Ibn Umar continuou: “Oh meu irmão. Gostaria de ser uma dessas pessoas afortunadas e ter assegurado um lugar no Paraíso enquanto ainda estiver vivendo neste mundo. O que fez para alcançar tamanha distinção na Presença Divina? Que austeridades praticou? Que superrogatórias (atos de devoção) fez?”
O homem respondeu: “Ó Abdula, eu não adoro mais do que você, ou que qualquer outra pessoa. Essas boas notícias não são resultado da minha austeridade nem da minha devoção. Existem entretanto três atributos que tenho cultivado, os quais prezo muito, como cultivador de pérolas raras.
Primeiro quando deito na cama antes de dormir, digo a Allah: ‘Ó Allah, se qualquer dos Seus servos me causou mal hoje, com sua mão ou com sua língua, o perdoei totalmente e jamais me queixarei dele para ninguém, nem para Você, nem agora, nem no Dia do Juízo. Você é minha testemunha que a todos perdoei. Agora, e para sempre. Aqui, e na eternidade.”
Eu preciso perguntar a todos os que afirmam serem puros de coração: Podem perdoar desta maneira? (Ou cobrariam retorno por uma simples grosseria, ou correriam para o Tribunal para disputar 6 centavos?). Iriam correr para o Tribunal por causa de 6 centavos ou retribuir um desaforo com uma reação desmedida? Quando bofetados, dão a outra face ou respondem com 10 bofetadas? Guardariam ressentimento durante muito tempo? Se reagem dessa maneira à provocação, precisam saber que estão cultivando sujeira e doença, não pureza.
Não guardem rancor, porque seu fruto é o ódio e a inimizade. E a sua pureza, onde está?
Então Abdula disse: “Hummm… Este é um atributo muito difícil de seguir. Diga-me qual é o segundo atributo, talvez seja mais fácil de alcançar.” O homem disse: “Olhe, se me desse o mundo todo e seus tesouros, e o povo tivesse que me prestar obediência dizendo ‘nós estamos fazendo de você o nosso rei, e colocando esse imenso tesouro a sua disposição; por favor tome o seu lugar agora no trono imperial e nos mande fazer o que queira, seu desejo é uma ordem’, não me sentiria nada gratificado ou feliz com isso.
E qual é o sinal de que realmente me sinto assim? Este é o terceiro atributo, e confirma o segundo; é a prova de que não ligo para riqueza e poder. Porque se este mesmo povo viesse a mim no dia seguinte, abusasse de mim e me chutasse do trono dizendo: ‘Vá embora.
Nós não aceitamos um rei tão tolo que não se sente feliz por ser coroado rei, nem agradecido por ser soberano de todo esse mundo outorgado a ele, nem com todas essas riquezas e tesouros’, não ficaria minimamente sentido, mas muito, muitíssimo aliviado”.
São estes atributos tão fáceis de alcançar que todo o mundo pode sair por aí dizendo que tem pureza de coração? Se alguém nos desse uma casa – em qualquer lugar – seríamos felizes? Certamente, se ele viesse no dia seguinte e pedisse a casa de volta, nós lamentaríamos. Então, imaginem o que seria tendo o mundo sob o seu comando! Uma renúncia como esta, é um sinal de que o ponto máximo da fé foi alcançado.
Allah disse: “O mundo material tem menor valor para mim do que a asa de um mosquito.” Aquele desconhecido alcançou a certeza disso; levou esta sabedoria para o coração e parou de ambicionar este mundo. O verdadeiro crente dirá: “Ó Allah, o quanto valha o mundo material para Vós, que assim seja também para mim.”

Islamismo Esotérico

A Peregrinação e os 12 Nomes de Deus
“Quem conhece a si mesmo conhece a seu Senhor.” (Profeta Maomé)
A Peregrinação a Meca e a Peregrinação Interior à Essência do Coração
(Hadrat ‘Abdul-Qádir al-Djílání, O Segredo dos Segredos)
Peregrinação, de acordo com os preceitos religiosos, é a visita à Caaba na cidade de Meca (Makka), na Arábia Saudita. Existem certas exigências ligadas a esta Peregrinação: de vestir o traje dos peregrinos – duas peças de tecido branco sem costura, que representam o abandono de todos os laços mundanos; de chegar a Meca em estado de ablução; de realizar sete voltas ao redor da Caaba – um sinal de completa entrega; de correr sete vezes entre Safa e Marwa; de ir até o monte Arafat e permanecer lá até o pôr-do-sol; de passar a noite em Muzdalifa; de fazer o sacrifício em Mina; de fazer outras sete voltas ao redor da Caaba; de beber na fonte de Zamzam; e fazer dois ciclos de oração perto do local onde o profeta Ibrahim (Abraão) permaneceu, perto da Caaba…
Quando tudo isso é feito, a Peregrinação está completa e sua recompensa garantida, e, se alguma coisa fica faltando no ritual, sua recompensa é cancelada. Allah, o Altíssimo, diz:
E cumpri a Peregrinação e a Umra (aos lugares sagrados) por amor a Allah. (Surata Al-Bácara – “A Vaca”, vers. 196, do Alcorão.)
Quando tudo isso está completo, muitas conexões com o mundo que eram ilegais durante o ritual, passam a ser legais novamente. O peregrino, agora em estado de normalidade, faz sua última volta e retorna à sua vida cotidiana.
A recompensa da Peregrinação é anunciada por Allah:
E todo aquele que entre nela está salvo, e a Peregrinação à Casa é um dever que o homem presta a Allah, todos devem encontrar um meio de realizá-la. (surata Ál ‘Imran – “A Família de Kumran”, vers. 96.)
Todo aquele que realizar a Peregrinação estará salvo do fogo do inferno. Esta é a recompensa (O gnóstico compreende perfeitamente a que Peregrinação se refere o Alcorão).
A Peregrinação Interior também necessita de um grande esforço de preparação e acúmulo de provisões, antes do início da viagem. O primeiro passo é encontrar um guia, um mestre, alguém que você ame e respeite, que você confie e obedeça. Ele vai abastecer o peregrino com as provisões que necessita.
Então o peregrino terá que preparar seu coração. Para despertá-lo, deverá recitar a 1ª frase sagrada La ilah ill Allah – Não há mais deus que Allah, ou seja, nosso Pai Interior – e recordar Allah contemplando o significado da frase. Com isso o coração desperta, torna-se vivo. Deve recordar-se de Allah e permanecer em estado de recordação até que todo o seu ser interior esteja purificado e limpo de tudo o mais, exceto Ele (Allah).
Após a purificação interior, o peregrino deverá recitar o Nomes dos atributos de Allah, que lhe acenderão a luz da beleza e da graça de Allah. É nessa luz que está sua esperança de ver a Caaba da essência secreta. Allah ordenou a Seus profetas Ibrahim (Abraão) e Ismael que fizessem essa purificação quando disse:
E (recorda-te) de quando indicamos a Ibrahim (Abraão) o local da Casa, dizendo: Não Me atribuas parceiros, mas consagres Minha Casa para os circungirantes, para os que permanecem em pé e para os genuflexos e prostrados. (surata Al-Hajj – “A Peregrinação”, vers. 26)
Da mesma forma que a Caaba material na cidade de Meca é mantida limpa para os peregrinos, quanta limpeza não se faz necessária na Caaba Interior, através da qual a Verdade pode ser vista!
Após esses preparativos, o peregrino interior envolve-se na luz do espírito santo, dissolvendo sua forma material na essência interior, e circunda a Caaba do coração, recitando internamente (mantra) o segundo Nome Divino – ALLAH, o nome próprio de Alláh. Move-se em círculos porque o caminho até a essência não é reto, mas circular. Seu fim é seu começo.
O peregrino vai então até o ‘Arafat do coração, o local interno das súplicas, aquele lugar onde temos a esperança de conhecer o segredo de: “Não há deus senão Ele, Aquele que é Único e que não tem parceiros”.
Lá ele permanece recitando o terceiro Nome, HU – não sozinho, mas com Ele, pelo que Allah diz:
E (Ele) está convosco onde quer que estejais. (surata Al-Hadid – “O Ferro”, cap. 4)
Então recita o quarto Nome – HAQQ (o H deste mantra é suspirado), a Verdade, o nome da luz da Essência de Allah – e em seguida o quinto Nome, HAYY – a vida divina, eterna, da qual toda a vida temporal deriva. Então ele acrescenta o divino Nome da Existência Eterna com o sexto Nome – QAYYUM, a Auto-existência, Aquele do qual toda a existência depende. Isto conduz o peregrino ao Muzdalifa do centro do coração.
Neste momento ele é conduzido à Mina (o Poço sagrado) do “segredo sagrado”, a essência, onde recita o sétimo Nome – QAHHAR, Ele Quem derrota a tudo, o Dominador. Com o poder daquele Nome o ego e o egoísmo são sacrificados. Os véus da descrença são afastados e as portas da ilusão desaparecem.
Acerca dos véus que separam a criatura do Criador, o Profeta disse : “Fé e descrença existem num lugar fora do Trono de Allah. Existem véus separando o Senhor da vista de Seus servos. Um é negro e o outro branco.” Então a cabeça do espírito santo é raspada de todos os atributos materiais.
Recitando o oitavo Nome divino, WAHHAB – o Doador de Tudo, sem limites, sem restrições – ele entra no local sagrado da Essência. Lá ele recita o nono Nome – FATTAH, Aquele que Abre tudo o que está fechado.
Entrando no local da assiduidade onde fica em retiro, próximo a Allah, em intimidade com Ele e afastado de tudo o mais, ele recita o décimo nome, WAHID – Allah o Único, Aquele que não tem igual, ninguém é como Ele. Lá começa a perceber a manifestação do atributo Samad – o Absoluto, o Eterno. Ele vê o início deste inesgotável tesouro. É um espetáculo sem corpo ou forma, semelhante a nada conhecido.
Então a última volta tem início: sete voltas durante as quais ele recita os últimos seis Nomes e a adiciona o décimo primeiro Nome, AHAD – O Uno. Então ele bebe das mãos de Allah.
E seu Senhor lhes saciará a sede com uma bebida pura. (surata Al-Insan – “O Homem”, cap. 21)
A taça na qual esta bebida é oferecida é o décimo segundo Nome divino, SAMAD – o Absoluto, o Eterno, o Capaz de Satisfazer todas as necessidades, o Único Recurso.
Ao beber deste “Princípio Absoluto” ele vê todos os véus sendo erguidos da Eterna Face. Pode ver através deles, pela luz que vem deles. Este mundo não tem semelhança, corpo ou forma. É indescritível, inassociável, aquele mundo “que nenhum olho viu, nenhum ouvido pode ouvir sua descrição e nenhum coração humano pode relembrar”. As palavras de Allah não são ouvidas pelo som ou vistas como as palavras escritas. O deleite que nenhum coração humano pode experimentar é o deleite de enxergar a verdade de Allah Altíssimo, e ouvir Sua fala.
Após a Peregrinação tudo que está errado transforma-se em certo. Durante a Peregrinação tudo o que é ilegal é transformado em legal, e tudo isso está dentro da unidade alcançada, que é contínua. Allah diz:
Salvo aqueles que se arrependerem, crerem e praticarem o bem; a estes, Alláh computará as más ações como boas, porque Allah é Indulgente, Misericordiosíssimo. (surata Al-Furcan – “O Discernimento”, cap. 70)
Então, aquele peregrino estará livre de todas as suas ações e livre do temor e da dor. Allah diz:
Não é, acaso, certo que os diletos de Allah jamais serão presas do temor, nem se atribularão? (surata Yunis – “Jonas”, cap. 62)
Finalmente, a volta de despedida é realizada com a recitação de todos os Nomes divinos.
Então o peregrino retorna para casa, a casa de sua origem, aquela terra santa onde Allah criou o homem como o melhor e mais bonito modelo. Na volta ele recita o décimo segundo Nome divino, SAMAD – o Absoluto, o Eterno, o tesouro do qual todas as necessidades da criação são satisfeitas. Esse é o mundo da proximidade de Allah, onde fica a casa do peregrino interior, para onde ele retorna.
Isto é tudo o que pode ser explicado, tudo o que a língua pode dizer e a mente pode entender. Além disso, nenhuma notícia pode ser dada, mais além está o indescritível, o impercebível, o inconcebível. Como o Profeta disse: “Existe um conhecimento que permanece intacto como um tesouro enterrado. Ninguém pode conhecê-lo e ninguém pode encontrá-lo exceto aqueles que receberam o conhecimento divino”. E os sinceros, quando ouvem sobre a existência de tal conhecimento, não o negam.
Os homens de conhecimento ordinário juntam o que podem reunir da superfície. Aqueles que possuem a sabedoria divina, recolhem das profundezas. A sabedoria do sensato é o verdadeiro segredo de Allah Altíssimo. Ninguém conhece o que Ele conhece além Dele mesmo. Allah diz:
Ele conhece tanto o passado como o futuro, e eles (humanos) nada conhecem de Sua ciência, senão o que Ele permite. (surata Al-Bácara – “A Vaca”, cap. 255)
Aqueles abençoados com quem Ele divide Seu conhecimento são Seus Profetas e Seus amados que se esforçam para estar perto Dele.
Ele conhece o que é secreto e ainda o mais oculto. (surata Taha – cap. 7)
Allah! Não há mais divindade além d’Ele! Seus são os mais sublimes atributos. (surata Taha – cap. 8)
E Allah sabe mais.

Ordens sufis

Na prática o Sufismo abriga diferentes Irmandades ou Ordens, chamadas Tariqas. São inúmeras essas Tariqas, consta que são 97 ordens e muitas outras desconhecidas ─ e estão espalhadas em diferentes países do norte e do leste da África, como Somália, Etiópia, Mauritânia e, ainda, na Indonésia e Malásia, Afeganistão, Paquistão, Bangladesh, Índia, Curdistão, Rússia, Turcomenistão e nos Bálcãs.
São algumas destas ordens mais destacadas:
Ordem Chishti: [do mestre Haj Mu’in al-Din Chisti, afegão radicado na Índia].
Ordem Mevlevi: atua na Turquia e Bálcãs [região sudeste da Europa que inclui Albânia, Bósnia-Herzegóvina, Kosovo, Bulgária, Grécia, República da Macedônia, Montenegro, Sérvia]. Em seus exercícios de zhikr [meditação] utilizam intensamente a música e a dança. São os conhecidos Dervixes Rodopiantes.
Ordem Rifa’i [Rifaiyyah]: presente no Egito, na Síria, em Kosovo e Albânia, mas, também, em países do Ocidente: EUA, Austrália, Venezuela, Itália além de Marrocos, África do Sul, Algéria, Paquistão.
Ordem Naqshbandi: muito atuante nos EUA, Europa ocidental, Ásia Central, Índia, Sudoeste Asiático e Brasil.
Ordem Tijaniya: Muito atuante em Senegal, Argélia, Espanha e iniciando a divulgação no Brasil em parceria com a Associaçã Estrada da Harmonia. O primeiro passo da Iniciação do sufista é a submissão à disciplina imposta pelos mestres e professores.
Seja qual for a classe social ou poder econômico do candidato, começara provando sua humildade e fortalecendo sua capacidade para a disciplina, cuidando de tarefas domésticas, fazendo trabalhos do dia a dia e louvando a Deus a todo o tempo em seu íntimo.
Esse homem é um Sufi, um Dervixe exercitando sua humildade. O Sufi, assim como aconselham os mestres e professores, começa seu treinamento submetendo as vontade,desejos do corpo e das emoções à Vontade e poder da Mente Inteligente.
O Ser Divino (erroneamente chamado Ego Superior) que passa a ser o Líder Espiritual Interno do Ser Humano; a Consciência (erroneamente chamada de Ego ou Eu Superior) deve comandar inteiramente a persona, que é mera personalidade condicionada e que serve de referência para esta vida, um piscar de olhos na Eternidade.
As Práticas voluntária dos sufis, que fazem parte da disciplina pessoal do discípulo ou Adepto, incluem: Preces durante a noite, a lembrança de Deus (Zikr), o jejum, a busca do conhecimento e assim por diante
Ao mesmo tempo, é importante que esses atos sejam realizados com absoluta sinceridade um trabalho interior constante de meditação, de recitação dos nomes de Deus e de permanente vigilância sobre si mesmo e toda a realidade à sua volta. Este estado de vigília alerta é uma forma de devoção a Deus (consciente da presença de Divina).
Lutar para avançara no trabalho progressivo de purificação da alma e da consciência da realidade Divina.
Práticas Específicas ou Coletivas ─ Zikr: é a lembrança de Deus. Uma ação devocional que consiste em se manter desperto, consciente da Onipresença do Criador. As cerimônias Zikr têm uma liturgia que, conforme a regra da Ordem Sufista consiste em: meditação, recitação [de textos sagrados, audição de parábolas, aforismo de todos os tempos e culturas], canto, execução música instrumental, o incenso, o movimento rítmico, o êxtase…

Os Sete Vales

(“MINHADJ UL-‘A’BIDÎN”, Método dos servo-adoradores (de Alláh), do imám Abú Hamid al-Ghazzali (1058-1111)
Sabei, irmãos meus, que a adoração (‘ibádat) é o fruto do conhecimento, o benefício da vida e o capital dos virtuosos. É propósito e objetivo dos homens de nobres aspirações terem uma aguda compreensão interna. É seu bem supremo e seu paraíso eterno. “Eu sou vosso Criador”, disse Alláh no Alcorão. “Adorai-me. Tereis vossa recompensa e vossos esforços serão reconhecidos”.
A adoração é então essencial para o homem, porém está bloqueada por dificuldades e problemas. Há obstáculos e armadilhas em seu tortuoso caminho, cheio de assassinos e djinns (gênios), a ajuda é escassa e poucos são os amigos. Este caminho de adoração deve ser perigoso, pois disse o Profeta (saw), “o Paraíso está rodeado de sofrimentos e coberto de tribulações; e o inferno, do gozo fácil e gratuito das paixões”. Pobre ser humano! É fraco, seus compromissos são pesados, os tempos são duros e a vida é curta; porém, a viagem daqui para lá é inevitável e, se esquece de levar as provisões necessárias, seguramente perecerá. Meditai sobre a gravidade da situação e a seriedade de nosso estado. Certamente nossa sorte é penosa, pois muitos são os chamados, porém poucos os escolhidos.
Quando percebi que o caminho da adoração era muito difícil e perigoso, escrevi certos trabalhos, principalmente o Ihya ‘ulum id-din (“Revivificação das ciências da religião”), em que indiquei os meios para se superar as dificuldades, enfrentando valentemente os perigos e percorrendo o caminho com êxito. Porém, algumas pessoas ao verem o sentido externo de certas expressões da minha obra, não entenderam o seu significado e propósito, e não só rechaçaram o livro (durante a vida de al-Ghazzali, o livro foi publicamente queimado pelo qádí-l-qudát – o juiz dos juizes – Abenhamdin, na cidade de Córdoba, na Espanha muçulmana), como ainda o trataram de uma maneira imprópria para um muçulmano. Porém, não me desencorajei, pois eram pessoas que ridicularizariam o Sagrado Alcorão, chamando-o “Histórias dos antigos”. Não me ofendi porque senti pena deles, que não sabiam o que faziam a si mesmos.
Odeio as disputas, mas me senti no dever de fazer algo por eles. Então, por compaixão aos meus irmãos, orei a Alláh para que me iluminasse sobre a questão de outro modo.
Sabei então que, o primeiro passo para que o homem desperte de sua própria inércia e tome a decisão de seguir o caminho, é a graça de Alláh que move a mente a meditar assim. “Sou abençoado com tantos dons, a vida, o poder, a razão, a fala e me acho misteriosamente protegido de muitos males e moléstias. Quem é meu Benfeitor? Quem é meu Salvador?”
Devo ficar-lhe agradecido da maneira apropriada ou os dons me serão tirados e estarei perdido. Estes dons revelam seu propósito como ferramentas nas mãos de um artesão e o mundo me parece um belo quadro que guia meus pensamentos até o pintor.
A fala consigo mesmo o leva ao Vale do Conhecimento, onde a fé implícita no Mensageiro Divino lhe ensina o caminho dizendo-lhe: O Benfeitor é o Ser Único que não tem parceiros. É teu Criador Onipresente, ainda que invisível, cujos Mandamentos devem ser obedecidos tanto interna quanto externamente. Ele ordenou que o bom seja recompensado e o mau castigado. A escolha é sua, pois o único responsável pelas tuas ações é você mesmo. Adquire conhecimento sob a direção de um ‘Alim (erudito, sábio) temeroso de Alláh, com uma convicção sem titubeios. Quando cruza o Vale do Conhecimento, o homem prepara-se para a adoração, porém, sua consciência culpada o recrimina dizendo “Podes golpear a porta do Santuário? Fora com tuas abominações contaminantes!”
O pobre pecador cai no Vale do Arrependimento quando ouve uma voz dizendo “Arrepende-te, arrepende-te, pois teu Senhor perdoa”.
Então se entusiasma e, levantando com alegria segue adiante.
E entra no Vale cheio de tropeços, sendo quatro os principais: o mundo, as pessoas atraentes, o velho inimigo shaitan (satanás) e um ego desmedido. Que tenha quatro antídotos para superar as dificuldades. Que escolha a vida retirada, que evite mesclar-se com toda a classe de pessoas, que combata o antigo inimigo e guarde seus domínios com as rédeas da piedade.
Que se recorde que as quatro contraforças devem enfrentar outras quatro moléstias psicológicas, isto é:
1. Ansioso cuidado sobre o pão de cada dia, como resultado de seu retiro;
2. As dúvidas e ansiedades sobre assuntos particulares que perturbam a paz da mente;
3. As preocupações, privações e indignidades por falta de contato social, pois quando o homem quer servir a Alláh, satanás o ataca aberta e secretamente por todos os lados;
4. Os acontecimentos desagradáveis e sofrimentos inesperados como resultado do destino.
Estes problemas psicológicos levam o pobre adorador (‘abid) ao Vale das Tribulações. E, nesta dificuldade, que o homem proteja-se:
1. Dependendo de Alláh quanto a seu sustento;
2. Invocando Sua ajuda quando se sente desprotegido;
3. Com a paciência (sabr) nos sofrimentos;
4. Pela prazerosa submissão a Sua Vontade.
Ao cruzar este temível Vale das Tribulações, o homem pensa que a situação não será fácil, porém, para sua surpresa, percebe que o serviço não é interessante, que as orações são mecânicas e que a contemplação não é prazerosa. É indolente, melancólico e estúpido.
Assombrado e perplexo, entra no Vale dos Trovões. O relâmpago da esperança o cega e cai tremendo quando ouve o som ensurdecedor do trovão do Temor. Seus olhos cheios de lágrimas imitam as nuvens e seus pensamentos puros brilham como o relâmpago. Em um momento, o mistério da responsabilidade humana com sua recompensa pelas boas ações e castigo pelas más, é desvendado. Daí em diante, sua adoração não será glorificação fingida, e seu trabalho diário não será penoso. Elevando-se, viajará nas alas da Esperança e do Temor. Com o coração alegre e com profundo desejo segue adiante quando, o Vale Abismal apresenta sua temível visão. Ao olhar profundamente a natureza de suas ações, percebeu que aquelas que eram boas, se realizavam pelo desejo de ganhar a aprovação de seus congêneres, ou eram simplesmente resultado de vanglória. De um lado, viu a Hidra de muitas cabeças (A serpente aquática dos antigos gregos, que tinha muitas cabeças que ao serem cortadas, eram substituídas por outras novas) da hipocrisia, e de outro, a feiticeira Pandora do orgulho com sua caixa aberta (Na mitologia grega, uma bela mulher a quem Júpiter deu uma caixa que continha todos os males da humanidade; ao ser aberta, aqueles se espalharam pela Terra). Desesperado, não sabe o que fazer quando! O Anjo da Sinceridade emergiu da profundidade de seu coração e segurando-o pelo braço o levou através do Vale.
Expressando sua gratidão pelo favor Divino, seguia adiante quando os pensamentos dos diversos favores recebidos por seu indigno ser e sua capacidade de fazer justiça plena com ações de graças o oprimiu.
Este era o Vale dos Hinos onde, mortal como era, fez o possível para contar em glorificação ao Ser Imortal. A Mão Invisível da Misericórdia Divina abriu então a porta do Jardim do Amor, e o fez entrar em corpo e alma, já que ambos haviam feito sua parte direta e indiretamente. Aqui termina a viagem. O adorador vive agora entre seus iguais como viajante, porém seus coração vive n’Ele esperando o momento de cumprir a última ordem, “E tu, ó alma em paz, retorna ao teu Senhor, satisfeita (com Ele) e Ele satisfeito (contigo)! Entra no número dos Meus servos! E entra no Meu jardim!” (Al-Qur’an, al-Fadjr, LXXXIX, 27 a 30).

Tasawwuf – O misticismo islâmico

(Hadrat ‘Abdul-Qádir al-Djílání, O Segredo dos Segredos)
O nome sufi é uma expressão derivada da palavra árabe sáf, “puro”. A razão pela qual os sufis foram chamados por este nome é que seu mundo interior está purificado e iluminado pela luz da sabedoria, da unidade e da unicidade.
Outro significado desta denominação é também porque eles estavam conectados espiritualmente com os companheiros imediatos do Profeta (que Allah o abençoe e lhe dê Paz), conhecidos como “os companheiros com manto de lã”.
Eles também podem ter usado o costumeiro manto de lã rústico (súf) quando noviços, e terem passado suas vidas em roupas velhas remendadas.
Assim como seu exterior é pobre e humilde, também o é sua vida neste mundo. Eles são frugais na sua comida, sua bebida e demais prazeres deste mundo. No livro Al-Majma, diz-se: “O que os faz vir a ser piedosos ascetas é a mais ordinária e humilde roupa e maneira de viver”.
Embora pareçam muito pouco charmosos para o mundo, sua sabedoria se manifesta pela gentileza e delicadas maneiras, que os fazem atrativos àqueles que Sabem. Na realidade eles são um exemplo para a Humanidade.
Seguem as prescrições divinas. Eles estão à vista de seu Senhor, na primeira fileira da Humanidade. Aos olhos daqueles que buscam a seu Senhor, eles são formosos apesar de sua humilde aparência. Eles devem ser distinguidos e distinguíveis e devem ser assim, dessa maneira, um e todos, porque eles estão no nível da unidade e da unicidade, e devem aparecer como um.
tasawwuf-gnosisonlineEm árabe, a palavra tasawwuf (Misticismo Islâmico; designa a disciplina e método dos sufis), consiste em quatro consoantes, t s w f.
A primeira letra, T, representa tawba, o arrependimento. Este é o primeiro passo que deve ser dado no caminho; é como se disséssemos um passo duplo, um vai para dentro e outro para fora. O passo exterior do arrependimento consiste em palavras, fatos e sentimentos: guardar a vida de pecado e de más ações, e inclinar-se para a obediência; fugir da revolta e a oposição, para procurar o acordo e a harmonia.
O passo interior do arrependimento se realiza no coração. Consiste em limpar o coração de todos os desejos mundanos e conflitivos, e chegar à total afirmação do desejo pelo divino. Assim, o arrependimento, é dizer, ser consciente do errôneo e abandoná-lo, e ser consciente do correto e esforçar-se por ele, leva ao segundo passo.
O segundo estágio é o estado de paz e alegria safá. A consoante S é o seu símbolo. Nesta etapa também há dois passos a tomar: o primeiro, em direção da pureza do coração e o segundo para seu centro secreto.
A paz do coração chega a um coração livre de ansiedade. A ansiedade está causada pelo peso de tudo que é material – o peso da comida, a bebida, o sono, a conversa fútil. Tudo isto, como a gravidade da Terra arrasta o coração etéreo para baixo, e se liberar deste peso cansa ao coração. Além do mais, há amarras – desejos, posses, amor da família e dos filhos – os quais atam o coração etéreo à terra, o que lhe impedem elevar-se.
A maneira de liberar o coração, de purificá-lo, é louvar a Alláh. Ao princípio esta lembrança somente pode ser feita exteriormente, repetindo seus divinos Nomes, pronunciando-os em voz alta, de tal forma que tanto um quanto os outros possam escutar e recordar.
Como a morização de Ele se torna constante, a recordação penetra no coração e se faz interior, silenciosa. Alláh diz: “Só são fiéis cujos corações, quando lhes é mencionado o nome de Alláh estremecem, e, quando eles são recitados os Seus versículos, é-lhes acrescentada a fé, e se encomendam a seu Senhor.” (Sura Al-Anfal,VIII: 2).
“Estremecem” significa temor, medo e amor a Alláh. Com sua lembrança e recitação dos Nomes de Alláh o coração acorda do sono da nconsciência, limpa-se e chega a brilhar. Então formas e figuras procedentes do reino oculto e invisível se refletem neste coração. O Profeta (que Allah o abençoe e lhe dê Paz), diz: “Os homens de conhecimento exterior visitam e inspecionam coisas com suas mentes, enquanto que o sábio está interiormente ocupado limpando e lustrando seu coração”.
A paz do segredo do centro do coração é conseguida mediante a purificação do coração de toda e cada uma das coisas deste mundo e preparando-o para unicamente receber a essência de Allah, a qual entra quando o coração tem sido embelezado com o amor do divino.
Os meios para esta limpeza são a constante lembrança interior e a recitação com a língua secreta da divina Confissão da Unidade, la illaha illa Llah – Não há mais deus que Alláh -. Quando o coração e seu centro estão em estado de paz e felicidade então a segunda etapa, representada pela letra S, foi completada.
A terceira letra, W, simboliza a wiláya, que é o estado de santidade e proximidade dos amantes e amigos de Alláh. Este estado depende da própria pureza interna. Alláh menciona a seus amigos no Sagrado Alcorão: “Não é acaso, certo que os diletos de Alláh jamais serão presas do temor, nem se atribularão? Obterão alvíssaras de boas-novas na vida terrena e na outra…” (Sura Yunis, Jonas, X: 62 e 64)
Aquele que está no estado de santidade é totalmente consciente disto, está cheio de amor e está conectado com Allah. Como resultado é embelezado com o melhor caráter e comportamento. Este é um presente divino com que foi agraciado. Nosso Mestre o Profeta (que Alláh abençoe e lhe dê Paz) disse: “Observa as divinas regras e comporta-te de acordo com elas…”
Nesta etapa o homem consciente cobre sua mundaneidade e suas características temporais e aparece coberto em atributos divinos. Alláh disse através de seu Profeta (a paz e as bendições de Alláh sejam sobre ele): “Quando Eu amo a meu servo Eu me converto em seus olhos, sua língua, suas mãos e seus pés. Ele vê através de Mim, ele escuta através de Mim, ele fala em Meu nome, suas mãos chegam a ser as Minhas e ele caminha Comigo.”
Limpa-te de todas as coisas e somente guarda a Essência de Alláh em ti, pois está escrito:
“Chegou a Verdade, e a falsidade desvaneceu-se, porque a falsidade é pouco durável.” (Sura Bani Israil, XVII: 81)
Quando a verdade chega a falsidade se desvanece e a etapa de wiláya foi completada.
A quarta letra, F, simboliza faná, a aniquilação de si mesmo, o estado de vacuidade (estar vazio de tudo o que não é a Essência de Alláh). A falsa identidade de si mesmo se derrete e se evapora quando os atributos divinos entram no ser íntimo, e quando a multiplicidade dos atributos mundanos desaparece, seu lugar é substituído pelo único atributo da Unidade.tasawwuf2-gnosisonline
Na realidade, a verdade está sempre presente. Nunca desaparece nem declina. O que sucede é que o fiel se dá conta e chega a ser um com Aquele que o criou. Estando com Ele, o crente recebe Seu prazer: o ser temporal encontra sua verdadeira existência realizando o eterno segredo. “Tudo perecerá exceto Seu Rosto…” (Sura Al-Qassas, XXVIII: 88)
O caminho para realizar Sua verdade é através de Seu prazer, através de Seu acordo. Quando vossas ações somente são feitas por Ele, somente para obter Sua aprovação, então os acercais a Sua Verdade, a sua Essência, tudo desaparece exceto Aquele que está agradecido e aquele com o qual Ele está agradecido, unido. As boas ações são a mãe que leva em seu ventre o fruto da verdade: a vida consciente de um verdadeiro ser humano. “Até a Ele ascendem as puras palavras e as nobres ações.” (Sura Fátr, XXXV: 10).
Se atua-se e existe somente por Alláh, então deixa-se de adjudicar sócios a Allah, deixa se de por a si mesmo ou a outros em lugar de Alláh (o imperdoável pecado que cedo ou tarde destrói a si mesmo). Mas quando o ego e o egoismo é aniquilado alcança-se o estado da união com Alláh. O grau da união é o Reino da Proximidade a Alláh.
Alláh descreve seu Reino desta maneira: “Certamente os homens retos estarão… no lugar da verdade, em presença do Soberano Onipotente” (Sura Al-Qâmar, LIV: 54 e 55). Este lugar é o lugar da Verdade Essencial, a verdade de todas as verdades, o lugar da unidade e da unicidade. É o lugar reservado aos Profetas, para aqueles que são amados por Alláh, para Seus amigos. Alláh está com aqueles que são verdadeiros.
Quando uma existência criada se une a uma existência eterna já não pode ser concebida como uma existência separada. Quando todos os laços terrenos são abandonados e se está em união com Alláh, com a Divina Verdade, recebe-se a pureza eterna, nunca será amaldiçoado, e chegará a ser um dos “diletos do Paraíso, onde habitarão eternamente” (Sura Al-‘Araf, VII: 42).
Eles são aqueles: “que praticam o bem” (Sura Al-‘Araf,VII: 42). E no entanto, “jamais impomos a alguém uma carga superior às suas forças” (Sura Al-‘Araf, VII: 42), mas necessita-se uma grande dose de paciência, “porque Ele está com os perseverantes” (Sura Anfal, VIII: 66).

Poemas sufis para Deus

Rumi e a Evolução da Forma

Toda forma que vês
tem seu arquétipo no mundo sem-lugar.
Se a forma esvanece, não importa,
permanece o original.
As belas figuras que viste,
as sábias palavras que escutaste,
não te entristeças se pereceram.
Enquanto a fonte é abundante,
o rio dá água sem cessar.
Por que te lamentas se nenhum dos
dois se detém?
A alma é a fonte,
e as coisas criadas, os rios.
Enquanto a fonte jorra, correm os rios.
Tira da cabeça todo o pesar
e sorve aos borbotões a água deste rio.
Que a água não seca, ela não tem fim.
Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti,
para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode ser isto segredo para ti?
Finalmente foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo; um punhado de pó
vê quão perfeito se tornou!
Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.
Passa de novo pela vida angelical,
entra naquele oceano,
e que tua gota se torne o mar,
cem vezes maior que o Mar de Omã.
Abandona este filho que chamas corpo
e diz sempre Um; com toda a alma.
Se teu corpo envelhece, que importa?
Ainda é fresca tua alma.

Abdula Ansari – As Duas Caabas

“Mesmo uma prisão
Irradia felicidade
Se o amor por Ti
Enche o coração.
Abençoada é a escravidão
Que Teu serviço compele,
Teus servos são felizes
Em suas servidões.
Há duas Caabas
A Caaba construída na terra
E a Caaba do coração.
A primeira é aquela que os pés
Dos peregrinos frequentam;
A outra é o local secreto
Que os Buscadores da Verdade descobrem.
É a primeira
Que enche os olhos dos fiéis;
A outra, apenas o devoto encontra
Sob o olhar de Deus mesmo.
A peregrinação à Caaba terrestre
É uma questão de disciplina formal;
A descoberta da Caaba do coração,
Depende da graça de Deus.
Numa, os peregrinos bebem do poço de Zam-Zam;
A outra abre suas fontes
Ao manar dos suspiros.
A Caaba terrestre
É guardada pela montanha Irfat,
O templo do coração
É radiante com a luz de Deus.
Da Caaba terrestre
ídolos de pedra foram removidos;
Da Caaba do coração
A voracidade e o desejo são destronados.”

Hakim Sanai – Ele Sempre Sabe

ELE SEMPRE SABE:
Ele conhece previamente teu mais íntimo pensamento. Ele percebe o que as suas criaturas necessitam antes mesmo que tenham concebido seu desejo.
Ele sabe do passo de uma formiga sobre uma pedra na escuridão.
Ele sempre sabe o que se passa na mente dos homens: farias melhor se refletisses sobre isso.
Se ages mal, há duas maneiras de encará-lo: ou pensas que Ele não o sabes, – e me espanto com a tua falta de fé ou então pensas que Ele sabe, ainda assim persistes, – e me espanto tua vil impertinência.
Podes ser verdade que nenhum homem conheça teus segredos; mas Deus os conhece; Ele não  é menos que um homem; certamente isto significa que ele conhece teu coração?
Então te afasta deste malfeito, para que em teu último dia não te afogues no mar de tua própria vergonha.

Hakim Sanai – Ele É o Teu Pastor

ELE É O TEU PASTOR:
Ele é o teu pastor e preferes o lobo.
Ele te convida a si, no entanto permaneces sem alimento.
Ele te dá a sua proteção, no entanto estás profundamente adormecido.
Bem feito para ti, tolo, insensato e presunçoso!
Ele cura nossa natureza desde dentro.
Ele é mais bondoso conosco do que nós mesmos o somos.
Uma mãe não ama seu filho com metade do amor que Ele dedica.
Sua bondade torna o indigno digno; e em troca Ele se contenta com a gratidão e paciência do seu servo.
Quebraste tua palavra, ainda assim Ele mantém sua palavra contigo: Ele é mais leal do que o és contigo mesmo.

Rumi – A Casa dos Hóspedes

O ser humano é uma casa de hóspedes.
Toda manhã uma nova chegada.
A alegria, a depressão, a falta de sentido, como visitantes inesperados.
Receba e entretenha a todos
Mesmo que seja uma multidão de dores
Que violentamente varrem sua casa e tira seus móveis.
Ainda assim trate seus hóspedes honradamente.
Eles podem estar te limpando
para um novo prazer.
O pensamento escuro, a vergonha, a malícia,
encontre-os à porta rindo.
Agradeça a quem vem,
porque cada um foi enviado
como um guardião do além.

Rumi – Samâ

Vem, vem, tu que és a alma
da alma da alma do giro!
Vem, cipreste mais alto
do jardim florido do giro.
Vem, não houve nem haverá
jamais alguém como tu.
Vem e faz de teus olhos
o olho desejante do giro.
Vem, a fonte do sol se esconde
sob o manto da tua sombra.
És dono de mil Vênus
nos céus desse remoinho.
O giro canta tuas glórias
em mil línguas eloquentes.
Tento traduzir em palavras
o que se sente no giro.
Quando entras nessa dança,
abandonas os dois mundos;
é fora deles que se encontra
o universo infinito do giro.
Muito alto, distante se vê
o teto da sétima esfera,
mas muito além é que encontras
a escada que leva ao giro.
O que quer que exista, só existe no giro;
quando danças, ele sustenta teus pés.
Vem, que este giro te pertence
e tu pertences ao giro.
O que faço quando vem o amor
e se agarra ao meu pescoço?
Seguro-o, aperto-o contra o peito
e arrasto-o para o giro!
E quando as asas das mariposas
abrem-se ao brilho do sol
todos caem na dança, na dança
e jamais se cansam do giro!

Nossa Canção Vitoriosa

Nesse dia final,
quando me ponham a mortalha,
não penseis que minha alma
permanecerá neste mundo.
Não chores por mim, gritando:
“Que tragédia, que tragédia!”
Cairias assim nas armadilhas
de um enganoso espelhismo.
Essa seria a verdadeira tragédia!
Quando vires meu corpo inanimado passar,
não griteis: “Se foi!, se foi!”,
pois será meu momento de união,
de aceitar o abraço eterno do Amado.
Quando me introduzirem na cova,
não me digais: “Adeus, adeus!”
A tumba é apenas um véu
que oculta o esplendor do Paraíso.
Pensa na aurora se houveres visto o ocaso.
Que dano fez pôr-se à Lua ou ao Sol?
O que é crepúsculo a vossos olhos
É alvorada para mim.
O que é para vocês uma prisão
É para minha alma um infinito jardim.
Crescerá toda semente no solo enterrada.
Haveria de ser diferente à semente humana?
Sai cheio cada balde que desce ao poço.
Deveria queixar-se me em vez de água
Retiro o próprio José (a beleza)?
Não busqueis aqui as palavras,
Busca-as em outro lugar.
Canta para mim no silêncio do coração
E me erguerei da terra para ouvir
Vossa vitoriosa canção.

Rumi – Quem Está em Minha Porta?

“Quem está em minha porta?”, perguntou Ele.
“Teu humilde servo”, respondi eu.
“Que é o que te traz aqui?”
“Saudar-te, meu Senhor.”
“Quanto tempo mais viajarás?”
“Até que TU me detenhas.”
“Quanto tempo mais ferverás no fogo?”
“Até que esteja purificado. Este é meu juramento:
No altar do amor entrego riqueza e posição.”
“Tens defendido teu caso, mas não tens testemunhos.”
“Minhas lágrimas são minhas testemunhas,
a palidez de meu rosto são minhas provas.”
“Teu testemunho não tem validade:
Teus olhos estão demasiado úmidos para ver.”
“Pelo esplendor de Tua justiça
meus olhos tornaram-se limpos e sem imperfeição.”
“Que buscas?”
“Ter-te como Amigo permanente.”
“Que queres de Mim?”
“Tua abundante Graça.”
“Quem foi teu companheiro na viagem?”
“O pensamento de Ti, meu Rei.”
“Que é o que te trouxe aqui?”
“A fragrância de Teu vinho.”
“Que é o que mais te agrada?
“A companhia do Soberano.”
“Que é o que n’Ele encontras?”
“Centenas de milagres.”
“Por que está o palácio deserto?”
“Porque todos temem o ladrão.”
“Quem é o ladrão?”
“Quem me mantenha apartado de Ti.”
“Onde encontras segurança?”
“No serviço e na renúncia.”
“Que te oferece a renúncia?”
“A esperança de salivação.”
“Onde se acha a graça?”
“Na presença de Teu amor.”
“Como te aproveitas desta vida?”
“Mantendo-me fiel a mim mesmo.”
Chegado está o momento do silêncio.
Se lhes falo de Sua verdadeira essência,
sairás de vosso Ser voando,
E nem porta nem telhado os poderiam reter!

Nos Braços do Amado

Como línguas de fogo na dança de amor,
ó Bem Amado, se para mim.
Como calor ardente,
ó Bem Amado, se assim para mim.
Com anelo se consome minha vela,
com lágrimas de cera vermelha.
Como mecha de una vela fundida,
ó Bem Amado, se assim para mim.
Agora que empreendemos o caminho do amor
já não podemos dormir na noite.
Como o que toca o tambor na taberna da embriaguez,
ó Bem Amado, se assim para min.
Despertos estão os amantes na noite escura;
não os molesteis sugerindo-lhes que durmam,
tão só querem estar em Amor juntos,
ó Bem Amado, se assim para mim.
A união é um rio que brama rumo ao mar, e hoje a lua beija as estrelas,
quando Majnum se converte em Layla, ó Bem Amado, se assim para mim.
Deus se transfigurou em todas as coisas
e honrou a seu poeta com bondade.
Tudo quanto toco e vejo se transforma em fogo de amor,
ó Bem Amado, se assim para mim.

Rumi e a Morte

Morri como mineral e tornei-me planta,
Morri como planta e tornei-me animal,
Morri como animal e tornei-me homem,
Por que temer? Quando fui diminuído pela morte?
Rumi, Masnavi

Rumi – Não Encontrarás

Segura o manto de seus favores,
Pois ele logo desaparecerá.
Se o retesa como a um arco,
Ele escapará como flecha.
Vê quantas formas ele assume,
Quantos truques ele inventa.
Se está presente em forma,
Então há de sumir pela alma.
Se o procuras no alto céu,
ele brilha como a lua no lago;
entras na água para capturá-lo
e de novo ele foge para o céu.
Se o procuras no espaço vazio
lá está, no lugar de sempre;
caminhas para este lugar
e de novo ele foge para o vazio.
Como a flecha que sai do arco,
Como o pássaro que voa da tua imaginação,
O absoluto há de fugir sempre
Do que é incerto.
“Escapo daqui e ali,
Para que minha beleza
Não se prenda a isso ou aquilo.
Como o vento, sei voar,
E por amor à rosa, sou como a brisa;
Também a rosa há de escapar do outono.”
Vê como se eclipsa este ser:
Até seu nome se desfaz
Ao sentir tua ânsia de pronunciá-lo.
Ele te escapará à menor tentativa
De fixar sua forma numa imagem:
A pintura sumirá da tela,
Os signos fugirão de teu coração.
Rumi, Jalal ud-Din. Poemas Místicos, Divan de Shams de Tabriz

O Encontro de Dois Oceanos – Rumi e Shams de Tabriz

As Três Versões de “O encontro de dois oceanos”.
Vindo de madrassa (escola religiosa muçulmana) acompanhado de seus discípulos, Rumi cavalgava um burrico. Ao passar perto de um caravançarai, um homem que estava à margem do caminho pôs-se à sua frente e dirigiu-lhe a seguinte pergunta: “Tu, que és o grande conhecedor de teologia e das escrituras, respondeu-me: quem é maior, o Profeta Mohammed ou Mayazid Bistami?” – Rumi respondeu sem hesitar: “Mohammed foi sem dúvida o maior de todos os santos e profetas”. – “Se é assim”, replicou Shams,”como explicas que Mohammed disse: ‘Não te conhecemos, Senhor, como deves ser conhecido’, enquanto Bayazid exclamava: ’Glória a mim! Imensa é minha glória.’?” Ao ouvir isso, Rumi desmaiou. Quando despertou, levou Shams para sua casa e lá ficaram a sós, em santa comunhão por 40 dias.
Segundo outra versão desse encontro, Rumi ensinava seus discípulos em sua casa e tinha diante de si uma pilha de livros. Durante a aula um homem entrou e, após cumprimentar os presentes, sentou-se num canto da sala. Apontando para os livros, o visitante perguntou: “O que é isso?” Rumi, incomodado pela interrupção, respondeu secamente: “Tu não sabes o que é isso”. Imediatamente os livros incendiaram-se. Perplexo e assustado, Rumi dirigiu-se ao estranho: “O que é isso?” O estranho apenas repetiu: “Tu não sabes o que é isso”, e retirou-se tranquilamente da sala. Rumi abandonou a classe e saiu desesperado em busca do estranho, mas não pôde encontrá-lo.
Uma terceira versão da mesma história foi contada por Jami, grande poeta persa do séc. 15:
Enquanto falava a seus discípulos, Rumi empilhara seus livros à borda de um tanque. Shams apareceu e perguntou o que continham aqueles livros. Rumi respondeu: “Aqui só há palavras, em que te podem interessar?” Shams ud-Din apanhou os livros e jogou-os dentro da água. Rumi esbravejou, furioso: “O que fizeste, dervixe? Alguns desses livros continham manuscritos importantes de meu pai, que não se encontram em nenhum outro lugar”. Então, para o espanto de Rumi e dos discípulos, Shams enfiou a mão no fundo do tanque e retirou intactos, um a um, todos os livros. Maulana (Rumi) lhe perguntou: “Qual o segredo?” Shams ud-Din respondeu: “Isso é que se chama prazer ou desejo de Deus (dhawq), e êxtase ou estado espiritual (Hal); tu não sabes nada o que é isso”.
Rumi, Poemas Místicos, Divan de Shams de Tabriz

Sufismo: A paixão de Al Hallaj

O unicósmico e santíssimo Al Hallaj nasceu no Irã em 857, tendo sido neto de um devoto do grande Mestre Zoroastro. Al Hallaj foi iniciado nos grandes mistérios do Sufismo.
Contam as tradições árabes que quando ele cumpriu 40 anos de idade, entrou em franco desacordo com os juristas e tradicionalistas ortodoxos e saiu à rua para pregar diretamente às multidões os sublimes princípios da vida espiritual. Está escrito que Al Hallaj, o grande Mestre sufi, ensinou com a sua palavra e com o seu exemplo, viajando incansavelmente pelo Irã, pela Índia, pelo Turquestão etc. Chegou até às próprias fronteiras da velha China.
O grande Mestre Al Hallaj foi sem dúvida alguma um tremendo revolucionário. Os políticos com ciúmes e invejosos acusaram-no de perigoso agitador. Os doutores da lei acusaram-no de confundir o humano com o divino.
Os próprios integrantes do sufismo não viram incoveniente em acusá-lo de romper a disciplina do Arcano, divulgando os mistérios esotéricos entre as pessoas. Como é apenas normal nestes casos, não faltaram juÍzes dispostos a condená-lo por muitos supostos delitos, tais como o de farsante, impostor, mago negro, feiticeiro, bruxo, profanador de misté-rios, amotinador do povo, pregador ignorante, inimigo do governo etc.
Al Hallaj, o grande místico sufi, ficou preso numa infame prisão durante nove anos, depois foi vilmente mutilado e executado em 27 de março de 922, no ano 309 da Héjira.
Contam as sagradas tradições do Islã que, quando veio a terrível noite em que deveria ser tirado do calabouço para ser justiçado na aurora, pôs-se de pé e disse a oração ritual, prosternando-se duas vezes.
Os que testemunharam dizem que, concluída a oração, repetiu sem cessar: “Engano, engano…” até o final da negra noite. Depois, após um longo e profundo silêncio, exclamou: Verdade, verdade… Voltou a erguer-se, cingiu sua cabeça com o véu, envolveu-se em seu bendito manto, estendeu suas sagradas mãos cristificadas, virou seu divino rosto na direção da Caaba, entrou em êxtase e falou com seu Deus Interno.
Já de dia, quando saiu da prisão, as multidões viram-no em pleno êxtase, jubiloso e dançando feliz sob o peso de suas cadeias… Os verdugos o conduziram sem misericórdia alguma na praça pública, onde, depois de o terem flagelado com 500 açoites, cortaram-lhe as mãos e os pés.
Dizem as velhas tradições do mundo árabe que Al Hallaj foi crucificado depois da flagelação e da mutilação, e que muitas pessoas ouviram-no falar em êxtase com o Pai que está em segredo de lá do seu próprio Gólgota: “Ó Deus meu, vou entrar na morada de meus desejos e ali contemplarei as tuas maravilhas! Ó Deus meu, manifestas o teu amor ainda àquele que te prejudica, como então não o darias àquele que é prejudicado em ti?”
Depois dessa oração, saída do coração do santíssimo Al Hallaj, as pessoas que presenciaram o suplício viram Abu Bakr Al-Shibli avançando para o patíbulo e gritar bem forte o versículo: “Não te havíamos proibido de receber nenhum hóspede, fosse ele homem ou anjo?”
Depois, acrescentou: “O que é a mística?” Al Hallaj respondeu: “O seu menor grau aqui o vês”. “E seu grau supremo?” “Tu não podes ter acesso a ele e, não obstante, amanhã verás o que acontecerá. Eu o testemunho no mistério divino em que existe, e para ti permanece oculto.”
À hora vespertina, quando chegou o momento da oração, veio a ordem do cruel e sanguinário califa autorizando a degolar a santa vítima, mas os verdugos disseram: é muito tarde, deixemo-lo para de manhã.
A ordem do califa foi cumprida bem cedo, Al Hallaj ainda com vida foi baixado da cruz e levado para que lhe cortassem o pescoço. Certa testemunha o ouviu dizer em voz alta: “O que quer o extático, o místico, senão consigo mesmo”. Depois, cheio de êxtase, recitou o seguinte versículo sagrado: “Os que não creem na Última Hora são arrastados a ela com pressa, mas os que creem esperam-na com um temor reverente, pois sabem que ela é a Verdade”.
Com estas solenes palavras concluiu-se a vida do onicósmico e santíssimo Al Hallaj. A sua venerável e bendita cabeça caiu sangrando sob o fio da espada, como um holocausto san-grento na ara do supremo sacrifício pela humanidade.
O venenoso ódio dos verdugos foi tão grande que sequer foi autorizado se amortalhar o cadáver ou dar-lhe “sepultura cristã”.
Contam as velhas tradições do Islã que as sagradas cinzas do velho súfi Al Hallaj foram dispersadas pelo vento do alto da Almanara. Dizem as antigas lendas árabes que ao invés de um branco lençol, o cadáver do santo foi enrolado numa imunda esteira umedecida com petróleo. Quando o santo corpo ardeu, consumido pelo fogo do holocausto, a natureza inteira estremeceu cheia de infinito terror.
O grande hierofante súfi Al Hallaj à base de cinzel e martelo transformou a pedra bruta, deu-lhe forma cúbica perfeita. O grande imolado Al Hallaj, antes de morrer, já estava completamente morto em si mesmo e dentro de si mesmo.
A resplandecente Alma de Diamante do imã Al Hallaj, caminhando pela senda celestial, dirige-se para o Absoluto.
O grande Iniciado súfi Al Hallaj nasceu, morreu e sacrificou-se totalmente pela humanidade.
Vale a pena concluir este último capítulo com esta inefável oração que o Cristo maometano, o imã Al Hallaj, nos deixou com infinito amor, e que se intitula:

Ó Todo do Meu Todo

Eis-me aqui, eis-me aqui, ó meu segredo, ó minha confidência!
Eis-me aqui, eis-me aqui, ó meu fim, ó meu sentido! Chamo-te! Não… És Tu quem me chamas para Ti!
Como haveria falado a Ti se Tu não houvesses falado a mim?
Ó essência da essência da minha existência, ó termo do meu desígnio!
Tu que me fazes falar, ó Tu, minhas enunciações, Tu meus pestanejares!
Ó Todo de meu Todo, ó meu ouvido, ó minha visão,
Ó minha totalidade, minha composição e minhas Partes!
Ó Todo de meu Todo, Todo de toda coisa, enigma equívoco; obscureço o todo do Teu todo ao querer Te expressar!
Ó Tu, de quem meu espírito estava suspenso, já ao morrer de êxtase. Ah! Continua sendo sua prenda a minha desdita…
O supremo objeto que eu solicito e espero, ó meu hóspede.
Ó alento de meu espírito, ó minha vida neste mundo e no outro!
Seja meu coração Teu resgate! Ó meu ouvido, ó minha visão.
Por que tanta demora, em meu retiro tão distante?
Ah! Ainda que para meus olhos Te escondes no invisível, meu coração já Te contempla, desde meu afastamento, sim, desde o meu exílio.
(Samael Aun Weor, A Noite dos Séculos)
Fonte:http://www.gnosisonline.org/mestres-da-senda/sufism-a-paixao-de-al-hallaj/

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Sufismo: O Mistério dos Dervixes

Enciclopédias e muitos autores definem o sufismo como uma seita mística muçulmana. Esse é o primeiro equívoco controverso que alimenta o mistério em torno dessa Irmandade tão enigmática. Fontes da Tradição afirmam que o sufismo é muitíssimo mais antigo que o Islã. Também afirmam que suas doutrinas e práticas estão infiltradas em muitas religiões, outras Irmandades, diferentes culturas e sua origem está situada milhares de anos no passado. Reivindicam um passado de 70 mil anos! Antes do Dilúvio sumério, do Noé-Gilgamesh.
Os membros da Irmandade Sufi foram ou são conhecidos
por nomes outros: Amigos da Verdade, os Construtores, os Mestres, [como os maçons], Povo do Caminho [como os Essênios pré-Cristãos] e muitas outras denominações que circularam como sinônimas ─ muito antes da religião muçulmana ser inventada pelas elites árabes de meados do primeiro milênio, necessitadas de uma força de coesão política que fizesse frente aos avanços territoriais e culturais da civilização cristã-ocidental. 

A Irmandade já existia em Medina quando Muhammad, precursor do Islã, apareceu com seu discurso muito inflamado e mal articulado [no século VII d.C. anos 600]. Todavia, foi na época do alvorecer do Islã que os Irmãos Mes res Construtores adotaram a denominação Sufi, depois de um juramento de fidelidade à causa muçulmana em circunstâncias semelhantes àquelas  que constrangeram o mestre Galileu no Vaticano e se retratar e admitir que o globo é plano! Ou seja: Diga o que Eles querem e salve sua vida.
O significado de Sufi ─ [árabe: تصوف, tasawwuf; persa: صوفی‌گری Sufi gari] É uma questão tem sido discutida pelos lingüistas. A origem do termo é incerta, entre o persa e aramaico, o árabe e o grego.  São vários os significados atribuídos à palavra: uma túnica semelhante à de Jesus; puros; pela corruptela de shopia para significar sábios; contração de Ain-Soph, da Cabala judaica - a Incognoscível Sabedoria que é compartilhada por todas as religiões. O problema dos filólogos ocidentais é compreender a face oculta escrita dos povos do Oriente Médio e Ásia Menor. Os árabes, assim como os judeus, associam seus fonemas a números permitindo uma complexa riqueza de significados em torno de uma só palavra.  Em O Sobrenatural Através dos Tempos, Keep esclarece:
A linguagem secreta dos antigos se baseava numa interessante correlação entre letras e números... No idioma árabe havia mil equivalentes números para diversos conjuntos de letras ou fonemas enquanto no idioma hebraico havia 400 números equivalentes. Sendo assim, os árabes e os hebreus transformavam letras em números e vice-versa, ocultando no texto determinada mensagens... [Em Os Sufis, Idries Shah Apud Keep ─ 1924-1996 indiano, descendente de afegãos, mestre da tradição Sufi, explica]:

[Analisemos] a misteriosa palavra Sufi... Decodificada [segundo a relação letras-números, obtemos]: S=90; W=6 F=80; Y=10, [swfy]. Estas são as consoantes usadas na grafia da palavra. [Os números somados totalizam 186. Decodificando temos centenas, dezenas e unidades: 100, 80, 6. Estes números, são, por sua vez, associados aos seus equivalentes: 100=Q, 80=F, 6=V]. Estas letras podem ser re-arrumadas de modos diversos para formar raízes de três letras [fonemas e monossílabos] em árabe, todas [os] indicativas [os] de algum aspecto do SufismoA principal interpretação é FUQ, que significa: Acima transcendente. Em conseqüência disso, chama-se ao sufismo filosofia transcendente. Os sufis também são chamados dervixes.
Tradição Árabe de Origem Desconhecida ─ Porém, os Sufis conseguem ser mais misteriosos que a metafísica Fraternidade Branca, com a qual, dizem, os sufis também mantém ligações. Como mencionado acima, os Sufis são quase sempre associados ao Islã mas isso decorre do fato de que o encontro da mística árabe mais antiga com a nova religião do pseudo-profeta Maomé ou Muhammad  [570-632 d.C] exigiu dos Adeptos o supra-sumo da sabedoria diplomática para manter suas tradições debaixo dos olhos repressivos do fanatismo muçulmano.
Embora a maioria das fontes insistam em datar o Sufismo como contemporâneo ao Islã, a tradição registrada pelos estudiosos sempre negou esta relação. O Sufismo jamais foi uma corrente mística do Islã e tanto é assim que os adeptos do sufismo foram, inúmeras vezes e em diferentes países perseguidos [e não raro, presos, castigados ou mortos] pelas autoridades islâmicas. Sobre a sabedoria dos Sufis, Keep escreve:
A coletânea de contos árabes chamada As Mil e Uma Noites escondem por trás de sua aparência ingênua uma sabedoria milenar. Esta sabedoria é conhecida pelo nome de sufismo, tradição de origem árabe desconhecida, mas que reconhece em Hermes Trimegisto e Zoroastro alguns de seus primeiros mestres. O sufismo não é uma religião, mas é o conhecimento existente em todas as religiões. Por isso, seus praticantes, os Sufis, aceitam ler os textos sagrados de qualquer religião do passado que considerem verdadeira. Os Sufis constituem um grupo de estudiosos, que não têm ritual ou dogma, cuja tradição remonta a uma época bem anterior à de Cristo. [KEEP]
Voltando ao mestre Idres Shah, ainda em Os Sufis, chama a atenção para a influência do pensamento e das técnicas sufistas, pouco notadas, no desenvolvimento da civilização Ocidental ao longo dos séculos através de pensadores como Roger Bacon [1204-1294 ─ inglês, frade franciscano] e ocultistas, como Raimundo Lullo [Raymond Lully ─ 1232-1315 ─ espanhol da ilha de Maiorca], São João da Cruz [1542-1591 ─ frade carmelita, místico espanhol].

As Ordens Sufistas

Târiqas ─ Na prática o Sufismo abriga um diferentes Irmandades ou Ordens, chamadas Târiqas. São inúmeras essas Tariqas, consta que são 97 ordens ─ e estão espalhadas em diferentes países do norte e do leste da África, como Somália, Etiópia, Mauritânia e, ainda, na Indonésia e Malásia, Afeganistão, Paquistão, Bangladesh, Índia, Curdistão, Rússia, Turquemenistão e nos Bálcãs. São algumas destas ordens mais destacadas:
Ordem Chishti ─ [do mestre Khaja Mu´in al-Din Chisti, afegão radicado na Índia]

Ordem Mevlevi ─ atua na Turquia e Bálcãs [região sudeste da Europa que inclui Albânia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Bulgária, Grécia, República da Macedônia, Montenegro, Sérvia]. Em seus exercícios de dhikr [meditação] utilizam intensamente a música e a dança. São os conhecidos Dervixes Rodopiantes.

Ordem Rifa'i [Rifaiyyah] ─ presente no Egito, na Síria, em Kosovo e Albânia mas, também, em países do Ocidente: EUA, Austrália, Venezuela, Itália além de Marrocos, África do Sul, Algéria, Paquistão.

Ordem Naqshbandi  ─ muito atuante nos EUA, Europa ocidental, Ásia Central, Índia e Sudoeste Asiático.
 
Mas as Târiqas não foram sempre uma regra na história do Sufismo. Inspiradores de muitas Sociedades Secretas, durante milênios, os sufistas foram indiferentes à instituição de Confrarias, templos ou qualquer outra referência de identidade social, religiosa, civil. Eram simplesmente sábios, místicos envoltos na aura mística dos personagens das lendas árabes. Respeitados por uma sabedoria publicamente reconhecida.
Alguns, vivendo o dia-a-dia da sociedade, emprenhados em profissões das mais variadas porém sem jamais deixarem de ser buscadores da Verdade, do conhecimento de si-mesmos, do mundo, do Cosmos, de Deus. Outros, completamente desapegados das vertigens mundanas, optam pela solidão, reclusão, afastamento das confusões dos tempos.
A organização dos Sufistas em  Ordens ou Târiqas foi uma necessidade e um concessão aos avanços da civilização. As primeiras Târiqas conhecidas surgiram entre os séculos XII e XIII [anos 1200 e 1300]. entre elas, destacam-se a Shadhiliya, de origem marroquina, especialmente dedicada à meditação. Mevlevi, que desenvolveu o ritual da dança girante.  A Isawiya, também do Marrocos, tem fama de dotar seus adeptos de total insensibilidade ao fogo e às brancas.
Sufi é aquele que está morto para o Si-mesmo e vive da Verdade.
Tendo transcendido as limitações humanas, sufi é aquele que alcançou Deus
[A. Hujwiri, 1936]

Doutrina e Práticas

É muito possível que o denso mistério da origem dos Sufis seja o resultado dessa tradição ser, de fato, antiga demais para que um ponto de partida possa ser rastreado. A sabedoria desses Iniciados é um patrimônio de milênios; um acervo de saberes de culturas que floresceram em um tempo muito remoto; tão remoto que os nomes e fontes originais se perderam porém, a essência do Conhecimento, cuidadosamente preservada por discípulos zelosos, resistiu e resiste ainda instruindo a Humanidade até hoje. Tanto é assim que os Sufis incorporam ensinamentos clássicos de Ioga, teologia de Zoroastro e ciência hermética entre outras fontes de aperfeiçoamento do homem integral.
O primeiro passo da Iniciação do sufista é a submissão à disciplina imposta pelos mestres. Seja qual for a classe social ou poder econômico do candidato, começara provando sua humildade e fortalecendo sua capacidade para a disciplina, cuidando de tarefas domésticas, fazendo trabalhos pesados, peregrinando nas ruas com sua  kashkul [utensílio para conter os donativos] louvando a Deus e recebendo donativos, que jamais pede, somente aceita e entrega à Irmandade. Esse homem e circula nas ruas colhendo moedas de transeuntes não é um mendigo; poderá ser, até mesmo, um rico comerciante. Esse homem é um Sufi, um Dervixe exercitando sua humildade.
O Sufi, assim como aconselham os mestres da magia ocidental, começa seu treinamento submetendo as vontade/desejos do corpo e das emoções [astral] à Vontade e poder da Mente Inteligente. O Ego Superior, que transcende o tempo e o e espaço deve se converter no verdadeiro Senhor do Ser Humano; o Ego ou Eu Superior deve comandar inteiramente o Ego inferior, que é mera personalidade condicionada e que serve de referência identitária para uma só e mera vida, um piscar de olhos na Eternidade.
O Sufi é um bêbado sem vinho; saciado sem comida;
tresloucado; sem alimento e sem sono; um rei sob um manto humilde;
um tesouro dentro de uma ruína; não é feito de ar, terra ou fogo; um mar sem limites.
Yalal al-Din Rumi [1207-1273]
As Práticas voluntárias, [chamadas nawa'fil] gerais e pessoais [dos sufis], que fazem parte da disciplina pessoal do discípulo ou Adepto, incluem: orações durante a noite [Layla al-qiyam], como em uma vigília; a lembrança de Deus em todas as suas manifestações e em todos os momentos, o jejum, a busca do conhecimento e assim por diante.
Ao mesmo tempo, é importante que esses atos sejam realizados com absoluta sinceridade [ijlas]; um trabalho interior constante de meditação, de recitação dos nomes de Deus e de permanente vigilância sobre si mesmo e toda a realidade à sua volta. Este estado de vigília, alerta, é a prática da muraqaba, forma de devoção a Deus [tawakkul]. Consiste em se lembrar de estar contente [Rida], porque consciente da presença de Deus [Hadur], avançando no trabalho progressivo de purificação da alma [safs] e da consciência da realidade divina [Haqiqa].
Práticas Específicas ou Coletivas ─ Dhikr ou Maylis. É a lembrança de Deus. Uma ação devocional que consiste em se manter desperto, consciente da Onipresença do Criador. As cerimônias Dhikr têm uma liturgia que, conforme a regra da Ordem Sufista consiste em: meditação, recitação [de textos sagrados, audição de parábolas, aforismo de todos os tempos e culturas], canto, execução música instrumental, o ritual do incenso, a dança, o êxtase e o transe.
Eu morri como um mineral, uma pedra, e me tornei uma planta
Eu morri como planta e renasci animal
Eu morri como um animal e depois eu era um Homem
E muitas vezes eu morri e vivi como homem
Por quê eu deveria temer me perder na morte?
Todas as vidas passam, até mesmo a vida dos Anjos
Somente Deus é imperecível
Quando deixei de ser uma alma angelical
Eu passei a Ser algo que a mente nem pode conceber
Oh, deixe-me Não-existir; deixe Estar na Não-existência
Deixe-me voltar para Ele
rumi.gif

Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī

A Iniciação

derviches06.jpgA Iniciação de um Sufista demanda humildade e trabalho, muito trabalho. Mas não se trata de trabalho intelectual; de estudos ou meditações profundas. Em um mosteiro ou Centro Sufista, o noviço começa mesmo é com o balde a vassoura na mão. Não importa a que classe social pertença, se tem tradição familiar ou uma gorda conta bancária.
A Iniciação, igual para todos e que pode parecer sem sentido para as mentes mais rasteiras é, na verdade, um método praticamente infalível de ─ 1. tomar posse do Si-mesmo, da personalidade ou Eu inferior; 2. Fortalecer a Vontade Inteligente para que o Homem Inteligente possa prevalecer sobre o Homem-pedra [o mineral], o Homem-planta, vegetal e, finalmente o Homem-bicho, o instintivo, a apaixonado, o animal.
A metodologia dessa Iniciação é simples: são os mil e um dias de provas [ou três anos em calendário lunar]: O jovem noviço deverá se conformar às ordens de seus superiores e realizar um grande número de tarefas [em geral, consideradas] desagradáveis: lavar roupa, limpar as latrinas, manter a casa etc.. [SIGNIER/THOMAZO, 2008]
Analisando esse método de Iniciação, o estudioso do ocultismo reconhece imediatamente as orientações prescritas pelos mestres da Magia Ocidental, que vieram muito depois das Ordens Sufistas. Também identifica-se facilmente a influência dos 1. iogues orientais da Índia e da Ásia central; 2. do sistema de disciplina adotado no dia-a-dia dos mosteiros budistas onde uma das regras é: Quem não trabalha não come. Essas referências parecem confirmar a antiguidade dos Sufistas na teoria e na prática das ciências ocultas. Não é necessário revirar bibliotecas centenárias para achar esses indícios. Eliphas Levi escreve em seu Dogma e Ritual:
Sois pedinte e quereis fazer ouro: ponde-vos à obra e não cesseis mais... O que é preciso fazer primeiramente? Agir como? Levantar-vos todos os dias à mesma hora e cedo; lavar-vos em qualquer estação... nunca trazer roupas sujas e, para isso, lavá-las vós mesmos, se for preciso; submeter--se a privações voluntárias para melhor suportar as involuntárias; impor silêncio a todo desejo. ...Um preguiçoso nunca será mago. A magia é o exercício de todas as horas e de todos os instantes. É preciso que o operador das grandes obras seja senhor absoluto de si mesmo; que saiba vencer as atrações do prazer, do apetite e do sono; que seja insensível tanto ao sucesso quanto à afronta... Toda sujeira atesta uma negligência e, em magia, a negligência é mortal.[LEVI, 1993 ─ p 42]
Depois dos três anos de noviciado o discípulo é participa de uma cerimônia de iniciação. Depois, ficará recluso em sua cela por 18 dias ao fim dos quais recebe o chapéu cônico vermelho, o sikke, significando que o o Iniciado alcançou a estágio de Dervixe e poderá participar dos ritos de danças sagradas.

Sufis & A Lenda dos Nove Desconhecidos

Em 1999 Lynn Picknett e Clive Prince publicaram The Stargate Conspiracy. O livro [assim como muitos outros] afirma a existência de um culto espantosamente poderoso e que se mantém oculto em plena era das revelações da cultura New Age, há mais de 50 anos. Rumores sobre esse culto começaram a aparecer na década de 1950. ...Segundo diferentes escolas de pensamento estes seres, provenientes [de algum lugar não terreno] preparam-se para retornar ao planeta depois de um longo período de ausência.
Nem todos os defensores dessa idéia acreditam que esses seres sejam extraterrestres que se locomovem em naves espaciais; antes, seriam criaturas de natureza divina cuja lembrança a Tradição conservou  na Lenda dos Nove Desconhecidos ou, simplesmente, Os Nove.
Os postulantes dessa hipótese acrescentam que estes Nove, em uma época muito remota, foram os governantes da mítica civilização Atlante. A uma certa altura da evolução humana, recolheram-se em uma existência transcendental, habitando outro plano ontológico [um plano espiritual de ser e estar]. Atualmente, estudiosos acreditam que é chegado o momento do retorno dos Nove a este plano, material, a fim de tomar medidas efetivas capazes de minimizar o sofrimento da Humanidade.
Os Nove teriam estado sempre ativos em seu interesse pelo destino da Humanidade. Mantendo-se deliberadamente escondidos, esses Mestres estariam, há anos, orquestrando a disseminação de uma religiosidade mais elevada, práticas de devoção e outros ensinamentos que são transmitidos por agentes, muitos deles, hoje, conhecidos como poderosos gurus da literatura alternativa [e de auto-ajuda] ocidental.
Enéade ─ Apesar de conseguirem se manter desconhecidos; ainda que alguns considerem Os Nove como uma metáfora para os nove princípios do Ser, algumas especulações pretendem identificar os Mestres: seriam a Enéade [palavra grega] ou, entre os egípcios, a Psedjet, as nove Divindades primordiais que simbolizam os nove aspectos da manifestação do Um [Deus-enquanto-Um].
A Enéade atua em dois planos: espiritual e material; cósmico e mundano. Significa que aos Nove mestres divinos e metafísicos, correspondem nove mestres terrenos, ou que habitam entre os homens. Na mitologia egípcia, esses nove deuses ou, metafisicamente, aspectos de Deus são assim nomeados: Atum, o Criador, deus dos deuses, o Um; Shu [Ar], Tefnet [ou Tefnut, personificação da água], Geb [a terra], Nut [o céu, como abóbada celeste e o céu, como destino dos justos], Osíris [os campos e o post-mortem], Isis [o amor e as ciências ocultas], Seth [representa violência, desordem, paixões] e Neftis [representante da aridez do deserto e da morte].
No mundo dos homens, o deus Hórus lidera a Enéade Inferior, sendo uma conexão entre as duas Irmandades. Assim como Atum governa o plano espiritual, Horus governa o reino material; e tem governado durante Eras através da renovação da linhagem real dos reis-Horus.
Colégio de Iniciados Heru Shemsu  ─ [Egito] Assim como cuidava das coisas da matéria, o Príncipe Falcão também era um guardião supremo de Conhecimento científico e sabedoria existencial. Junto com seus discípulos e seguidores, organizou um Colégio de Iniciados Heru Shemsu, mais uma ancestral mitológica das Sociedades Secretas de Iniciação Mística. Diz a tradição que esses semi-deuses pertenciam a uma raça estelar; eram muito altos e tinham os crânios mais largos, o que os diferenciava do povo que habitava as margens do Nilo. Seu status de semi-deuses devia-se ao fato de que eram possuidores de conhecimentos secretos e grandes poderes mágicos. Os Heru Shemsu consideravam-se reflexos inferiores da Grande Enéade, os nove Deuses em Um, os verdadeiros governantes da Terra.
Ashoka ─ O diplomata francês Louis Jacolliot [1837-1890] foi o primeiro a divulgar no Ocidente a Lenda dos Nove Desconhecidos. Segundo Jacolliot, o imperador Ashoka [304-232 a.C - Asok Bindusara Maurya], imperador indiano da dinastia Maurya que dominou todo subcontinente indiano III e II antes de Cristo. Diz a lenda que este imperador, implacável guerreiro, tendo se convertido ao budismo [e ao pacifismo] em 250 a.C., formou um Conselho secreto reunindo nove homens sábios aos quais encarregou de cumprir importante missão: compilar todo o conhecimento acumulado pela Humanidade e ocultá-lo, preservá-lo e somente usar tais conhecimentos seguindo critérios de justiça e compaixão.
Jacolliot afirmou que os Nove ainda viviam e atuavam nas sombras auxiliando a evolução humana e socorrendo povos e nações em momentos de aflição. Outro francês, o místico Saint-Ives d'Alvedre [1824-1909] afirma que a lenda é muito anterior ao tempo do imperador Ashoka. Os Nove Desconhecidos seriam viajantes cósmicos provenientes da estrela Sirius que chegaram na Terra e se estabeleceram na Ásia Central 34 mil anos antes de Cristo.
Nove Livros ─ Seja como for, ainda segundo a lenda, cada um dos Nove escreveu um livro sobre nove diferentes áreas do conhecimento. Nestes livros estariam, registradas as mais preciosas ciências, para o bem e para o mal. São os temas desses livros:
1. Psicologia, propaganda, Guerra psicológica
2. Fisiologia, tratando especialmente na maneira de matar um homem ao tocar-lhe, provocando a morte pela inversão do influxo nervoso. Diz-se que o judô deriva de certos trechos dessa obra.
3. Microbiologia
4. Transmutação dos metais
5. Os meios de comunicação terrenos e extraterrenos
6. Os segredos da gravitação
7. Cosmogênese
8. Um tratado sobre a Luz
9. o último, dedicado à Sociologia
Para os Sufis, os Nove Desconhecidos são um assunto sério, uma tradição expressa no No-Koonja, o Eneagrama, também conhecido como Naqsh - Selo.
O misterioso místico, o armênio-grego-russo Georges Ivanovitch Gurdjieff refere-se a esses mestres como sendo sete indivíduos; e não nove. Todavia, em ocultismo sabe-se que de todos os princípios do homem, sete já foram revelados pelos esotéricos porém, dois, permanecem secretos. Os sete [ou nove] Desconhecidos segundo Gurdjieff foram e são remanescentes da civilização Atlante que fundaram o Egito, chegando ao território em uma barca solar depois da submersão de algumas das terras da Atlântida.
Citando como fonte de informação hieróglifos gravados na paredes das ruínas de Gizé, Tebas e Edfu [ou Behedet, atualmente Tell Edfu] além das canções tradicionais dos bardos de sua terra natal e de toda a Asia Central, Gurdjieff conta que 70 mil anos antes do Dilúvio de Noé, uma grande civilização floresceu em uma ilha chamada Hannin, que hoje seria identificada como a ilha de Creta, a maior das ilhas localizadas nas vizinhanças da Grécia. Hannin teria abrigado uma sociedade secreta arcana: a Imastun Brotherhood, elite de sábios que se ocupavam de ciências transcendentais como a astrologia e a telepatia. Os Sufis, seriam os herdeiros dessa irmandade.

Sufismo: Anotações de Pesquisa

Os sufis acreditam que para obter um estado de contemplação mística é necessário fechar os portões dos sentidos físicos de modo que o sentido espiritual ou o sentido oculto possa operar. A contemplação ou o êxtase é a Noite Mítica, quando o adepto se ausenta de todas as impressões oriundas dos mundo exterior, transcendendo a esperança, o medo, a consciência de si mesmo e de toda emoção humana, para que a luz interior possa ser nitidamente percebida.
SPENCE, Lewis. An Encyclopaedia of Occultism. Courier Dover Publications, 2003 - p 127. In Google Books.
George Gurdjieff [1860/1877?-1949], místico armênio-grego-russo, é considerado o único estranho a quem foi permitido penetrar no círculo externo dos centros Sufistas onde teria sido pupilo do mestre Bahaudin Nakshband. Entre os afegãos, os Sufis são chamados Povo da Tradição. Entre as lendas que envolvem sua mística, existem rumores de que os Sufis têm contato com inteligências não-terrenas e que são guardiões de segredos arcanos que são o fundamento de todas as religiões e de todo o desenvolvimento humano.
Todas as escolas Sufistas acreditam na existência de uma Hierarquia espiritual que se mantém a centenas de anos em nebuloso mistério. Seus monastérios, santuários e retiros estão situados na Ásia Central. Sobre esta hierarquia, John Bennet escreveu:
[Os místicos da região e pesquisadores/exploradores estrangeiros] afirmam que a hierarquia perpétua é liderada por [uma personagem chamada] Kuth-i-Zaman, o Eixo das Erasque recebe revelações do Divino Propósito e as transmite à Humanidade por meio de seus seguidores.
Segundo Gurdjieff, esta Hierarquia atua produzindo um tipo de energia de vibração elevada destinada manter o fluxo harmônico do desenvolvimento e história humanas: Existe um agente invisível de alta energia que torna o trabalho da evolução possível. este é um tema presente na maior parte da literatura sufista.

Para os Sufis, nada na História acontece por acaso; novas verdades [conhecimentos] são semeadas, novas energias [forças], introduzidas nas sociedades em ações planejadas nos mais elevados níveis de existência espiritual. Ernest Scott comenta: Nada acontece, simplesmente. O roteiro da longa História humana foi escrito por inteligências superiores.
Os avanços e conquistas da Humanidade não são caprichos do acaso; são metas alcançadas dentro do contexto de um determinado ciclo, o Tempo da Terra. Esses avanços transcendem a esfera de interesse da Humanidade; antes, são essenciais para o equilíbrio e desenvolvimento [evolução, dinâmica] deste sistema Solar do qual a Terra faz parte.; e o próprio sistema Solar não é uma engrenagem isolada, ao contrário, interage com as forças mantenedoras da Galáxia à qual pertence [Via Láctea].
Mestre Imortal: Uma lenda Sufi diz que a Irmandade Sufista tem um guia invisível, o imortal El-Khidr, que usa uma capa verde flamejante e que muitos muçulmanos identificam como o profeta Elias, o profeta judeu que nunca morreu, mas subiu aos céus sem deixar cadáver. LE PAGE, Vitoria. Shamballa

Glossário do Sufismo

Fara'id ─ Atos de adoração, práticas obrigatórias.
Hirka  ─ peça de vestuário dos dançarinos da Sema; é um manto amplo e negro, símbolo da sepultura.
Kashkul ─ São tigelas, cumbucas, cuias, enfim, recipientes para recolher as moedas que os dervixes mendigam nesta atividade que desenvolvem unicamente para superar avaidade pessoal e a arrogância. Aliás, essas cumbucas sufis não são objetos vagabundos, de mendigo, ao contrário, são belas obras artesanais algumas feitas de metais preciosos.
Kemal ─ perfeição.
Nawa'fil ─ Práticas voluntárias relacionadas à disciplina pessoal.
Murid ─ noviço
Sema  ─ Ou Samá, dos termos árabes, سَمْع = sam‘un e اِسْتِمَاع = ’istimā‘un significando ouvir a tradição.É a dança girante dos Sufis-dervixes. O balé celeste [SIGNIER/TOMAZO, 2008]. A maioria das fontes refere-se à Samá com termo que designa a famosa Dança dos Dervixes; porém, há controvérsias. Alguns autores definem o Samá como a recitação de textos espiritualistas ou trechos de Escrituras sagradas de diferentes religiões. Ainda que, em algumas Tariqas a Samá seja acompanhada por um ritmo percussivo, a fator mais importante dessas sessões é o recitar utilizando todas as virtudes da voz humana que, nessa cerimônia, funcionada como um elemento de sutilezas acústicas que promovem a revelação dos diferentes sentidos/significados de um mesmo texto. Para estes autores, a Dança Sagrada é chamada Hadras ou Imara
Quanto à Dança, eles realmente giram, em torno de si mesmos, apoiados no pé direito e em torno do eixo que é o mestre, em uma coreografia que evoca os movimentos dos astros no céu, com seus duplos giros: rotação e translação. O objetivo é alcançar um estado alterado de consciência, transe, que permitiria ao Adepto o conhecimento subjetivo da Divindade. Todavia, nem todos os Dervixes são girantes ou seja, nem todas as formas de Sema incluem os movimentos giratórios. Essa é uma característica destacana das Ordens Mevlevi e Chishti.
Rumi & Ordem Mevlevi ─ A Ordem Mevlevi ou Mawlawiyya fundada em Konya, cidade da região central da Anatólia, hoje, território da Turquia, em 1273, dando continuação à confraria criada pelo mestre Jalal ad-Din Muhammad Balkhi-Rumi [1207-1273] ou, simplesmente Rumi, jurista islâmico [ou seja, era um Sheik], teólogo, místico e poeta]. Em 1244 Rumi, que já era um mestre sufista de tradição familiar, encontrou em dervixe Sham-e Tabrizi [?-1248 iraniano, místico sufista], em Damasco [Síria]. No convívio com Sham, Rumi experimentou a comunhão com Deus através da música, da dança, da poesia. Os sufistas Mevlevi tornaram-se grandes mestres da girante Dança Sagrada dos dervixes.
Semahane ─ salão ritual para a prática da Semá.
Sikke ou Kûlah  ─ Chapéu típico dos sufis-dervixes, símbolo da pedra tumular.
Târiqas  ─ Denominação das Ordens Sufistas. A palavra significa caminho.
Tekke ou Zawiya ─ monastério de Dervixes-sufistas

Fontes:
Encyclopaedia of Occultism. Courier Dover Publications, 2003 - p 127. In Google Books.
GODLAS, Alan. Sufism, Sufis and Sufi Orders. ─ [www.uga.edu/islam/Sufism.html]
HUJWIRI, A.. The Kashful al-Makhjub, p 30. Londres: Gibb Memorial Trust, 1936
MOSSO, Gelder Manhes. Caminhos do Desconhecido. Mauad Editor, 1899 In Google Books.
KEEP, Marc Andre R.. O Sobrenatural Através dos Tempos. São Paulo: IBRASA-Proton Editora, sem data ─In Google Books
LePAGE, Victoria. Sufis and The Nine Unknowns, 2007. In [www.victoria-lepage.org/sufis_nine_unknowns.htm]
...........................  Shamballa.
SIGNIER, Jean-François e THOMAZO, Renaud. Sociedades Secretas, vol I ─ Sociedades Secretas Religiosas. [Trad. Ciro Mioranza]. São Paulo: Larousse, 2008
WIKIPEDIA Espanhol. Sufismo. [http://es.wikipedia.org/wiki/Sufismo]
.................  Português. Sufismopt.wikipedia.org/wiki/Sufismo
.................  English. Rumi.
............................... Sema.
pesquisa, traduções e texto: Ligia Cabus

Fonte:http://www.mortesubitainc.org/sociedades-secretas-e-conspiracoes/textos-conspiracionais/sufismo-o-misterio-dos-dervixes

Sufismo

Informação Geral
O sufismo palavra, que é provavelmente derivado do árabe suf ("lã", daí sufi, "uma pessoa vestindo uma roupa de lã asceta"), denota misticismo islâmico. Embora os movimentos de fora ter tido alguma influência sobre a terminologia Sufi, Sufismo é definitivamente enraizada no próprio Islã. Seu desenvolvimento começou no final do século 7 e 8, quando mundanismo e falta de valores morais nos círculos do poder dos Omíadas evocados uma forte reação entre certas pessoas piedosas. Indivíduos como Hasan de Basra (m. 728) instou a comunidade muçulmana para atender ao chamado do Corão a temer a Deus, os seus avisos para o Dia do Julgamento, e suas lembranças da transitoriedade da vida neste mundo. Uma nova ênfase sobre o amor de Deus trouxe a transição do ascetismo ao misticismo. A mulher santa Rabia de Basra (m. 801) chamado para o amor de Deus "para seu próprio bem", não por medo do inferno ou esperança para o céu.
Sufismo foi cedo criticado por aqueles que temiam que os sufis "preocupação com o conhecimento experiencial pessoal de Deus poderia levar à negligência de práticas religiosas estabelecidas e que os sufis" ideal de unidade com Deus era uma negação do princípio islâmico da "alteridade" de A execução de Deus (922) de al - Hallaj, que alegou comunhão mística com Deus, está relacionado com esta segunda questão, e em séculos posteriores alguns Sufis, de fato, mudar para um monismo Teosófica (por exemplo, Ibn Arabi, d 1240..; e Jili, dc 1428). Ao combinar uma posição teológica tradicional com uma forma moderada de Sufismo, al - Ghazali feita misticismo amplamente aceitável no mundo muçulmano.

Willem Um BijlefeldSufismo exerceu uma enorme influência, em parte através da poesia mística, por exemplo, que de Jalal al - Din al - Rumi, e em parte pela formação de irmandades religiosas. O último cresceu a partir da prática de discípulos "estudando com um guia místico (pir, ou" santo ") para alcançar a comunhão direta com Deus. Algumas das irmandades (turuq; singular, tariqa, "caminho") teve um impacto significativo missionário.
Bibliografia: 
AJ Arberry, Sufismo: Uma conta dos místicos do Islã (1950); M Lings, um santo sufi do século XX: uma SA - 'Alawi, sua herança espiritual e Legacy (1971); RA Nicholson, os místicos do Islã ( 1914); Um Schimmel, Dimensões Místicas do Islam (1975); Shah I, os sufis (1971); J Subhan, Sufismo:. seus santos e Santuários (1938); JS Trimingham, as ordens sufis do Islã (1971)

Sufismo

Informação Geral
Uma tradição asceta chamado Sufismo enfatizou piedade pessoal e misticismo e contribuíram para a diversidade cultural islâmica, e enriquecido a herança muçulmana. Em contraste com a abordagem jurídica de espírito ao Islã, Sufis enfatizou a espiritualidade como uma forma de conhecer a Deus. Durante o século 9 Sufismo desenvolvido em uma doutrina mística, com comunhão direta ou união ainda em êxtase com Deus como seu ideal. Um dos veículos para esta experiência é a dança extática dos dervixes rodopiantes Sufi. Eventualmente Sufismo mais tarde evoluiu para um movimento complexo populares e foi institucionalizado na forma de coletivos, hierárquicos ordens Sufi.
A ênfase Sufi em conhecimento intuitivo e do amor de Deus aumentou o apelo do Islã para as massas e tornou possível em grande parte de sua extensão além do Oriente Médio até a África e Ásia Oriental. Irmandades sufis multiplicado rapidamente da costa atlântica à Indonésia; alguns durou todo o mundo islâmico, outros foram regional ou local. O enorme sucesso destas fraternidades foi devido principalmente as habilidades e humanitarismo de seus fundadores e dirigentes, que não só serviam às necessidades espirituais de seus seguidores, mas também ajudou os pobres de todos os credos e freqüentemente servido como intermediários entre o povo eo governo .
Ahmad S. Dallal

Ensaio Geral sobre o Sufismo

Informações Avançadas
O termo "sufi" deriva da palavra árabe "bastar" (que significa "lã") e foi aplicado aos muçulmanos ascetas e místicos, porque eles usavam roupas feitas de lã. Sufismo representa uma dimensão da vida religiosa islâmica que tem sido freqüentemente vistas pelos teólogos e juristas muçulmanos com suspeita. O estado de êxtase do místico vezes pode produzir comportamentos extremos ou afirmações que de vez em quando aparecem à fronteira com a blasfêmia. A causa disso é que os sufis podem às vezes me sinto tão perto de Deus que eles perdem o sentido de sua própria identidade e auto sentem-se completamente absorvido em Deus. Aliás, este é o objetivo do Sufi. Através após uma série de práticas devocionais, que levam a níveis mais elevados de estado de êxtase, sufis aspirar a realizar uma condição em que eles estão em comunhão direta com Deus. Em última análise, a personalidade humana individual passa longe e do sufismo sente sua alma absorvida em Deus.
As origens do misticismo islâmico pode ser rastreada até o século 8. Uma consequência da rápida expansão do islamismo, sob a dinastia Omíada foi a exposição dos muçulmanos para um grande número de diferentes grupos étnicos e da aquisição de grande riqueza que é o fruto da conquista militar. A opulência crescente do islamismo foi simbolizada pela mudança da capital do império de Medina para a mais cosmopolita cidade de Damasco. Em reação à perspectiva mais mundano dos Ummayads vários grupos e os valores que surgiram encorajados a regressar a valores puros do Profeta eo Alcorão. Uma dessas figuras, Hasan al-Basri (642-728), pregou uma rejeição do mundo e criticou corajosamente que estão no poder, quando ele sentiu que não estavam conduzindo-se de acordo com os padrões éticos do Islã. Uma segunda figura, Rabi'ah al-Adawiyah (d.801), cultivado realização da união mística com Deus através do amor de Deus. Um terceiro, e controverso, místico, al-Hallaj (857-922), vivia como um pregador errante, que reuniu em torno dele um grande número de discípulos. Tal foi sentido al-Hallaj do íntimo da presença de Deus que ele às vezes parecia ser identificando-se com Deus. Ele relatou ter feito uma declaração - "Eu sou a Verdade" - O que causou indignação tal que ele foi preso por oito anos e em 922 executado por crucificação. Morte de Al-Hallaj ilustra de uma forma extrema, as tensões que caracterizam a relação entre o misticismo Sufi e as autoridades islâmicas legais.
O tipo de característica relacionamento solto mestre-discípulo do século 9 Islã místico gradualmente evoluiu em estabelecimentos organizados. Por volta do século 11, havia grupos distintos associados a um determinado mestre. Estes grupos, no entanto, não eram muitas vezes coeso o suficiente para sobreviver à morte do mestre. Foi somente nos séculos 12 e 13 que surgiram ordens que eram suficientemente estáveis ​​para continuar após a morte do fundador. Essa continuidade foi alcançado através da actual comandante deverá nomear um sucessor que possa conduzir ao fim após a morte do mestre atual. Assim, estas encomendas foram capazes de rastrear suas origens através de uma cadeia de mestres. Tais ordens eram chamados tariqahs.
As três regiões são principalmente associados com Sufismo Mesopotâmia (Irã e Iraque), Ásia Central e norte da África. Os pedidos mais importantes a surgir fora da Mesopotâmia são Rifa'iyyah, Suhrawardiyyah, Kubrawiyyah e Qadiriyyah. Estes são entre os mais antigo das ordens sufis. Rifa'iyyah foi fundada em Basra, no Iraque, no século 12, espalhando rapidamente do Iraque para a Síria e Egito. Suhrawardiyyah, também fundada no século 12 ª propagação oeste do Iraque para a Índia. Qadiriyyah e Kubrawiyyah são ambos ordens iranianas. Qadiriyyah, a primeira das duas ordens, surgiu no século 12, e espalhar tanto para leste e para o oeste para a Índia e África do Norte. Kubrawiyyah está historicamente ligado à Suhrawardiyyah em que seu fundador, Nayim al-din Kubra (1145-1221), foi um discípulo do fundador do Suhrawardiyyah, Abu Najib como - Suhrawardi (1.097-1168).
Sufismo foi transplantado no Norte da África, como resultado da expansão da ordem Rifa'i na Síria e no Egito, em seguida. A presença de Rifa'iyyah inspirou a fundação de outras ordens. No século 13 Badawiyyah foi fundada no Egito por Ahmad al-Badawi (1199-1276), que adquiriu uma reputação de misticismo e ao desempenho dos milagres. Esta ordem continua hoje e milhares de visitantes assistem a sua festa anual em Tanta, no Egito.
Por volta do mesmo tempo que estava a desenvolver Sufismo no Egito, foi ganhando força no Noroeste da África através do apoio do governante da dinastia almóada (1130-1269), que governou durante Marrocos, Argélia, Tunísia e Espanha muçulmana. No 13 º século Tunísia um certo al-Shadhili adquiriu um grupo de discípulos que formaram e formam a base de uma ordem que veio a ser conhecido como Shadhiliyyah. Esta ordem continua a florescer na Argélia, Tunísia e Marrocos.
No século 18 o mundo islâmico caiu sob a influência de um movimento de reforma chamado Wahabiyyah. Esse movimento tentou livrar o Islã do que ela considerada ilegítima inovações, como o culto dos santos e para incentivar a adesão estrita à Sharia. O espírito da reforma espalhou para o norte da África, levando à criação de novas encomendas que rejeitou as formas mais extremas de comportamento característico de algumas ordens Sufi. Uma importante para que saíram deste contexto é Tidjaniyyah, que foi fundada em 1780 por Ahmad al-Tidjani (d.1815), e que rejeitou muitos populares Sufi práticas, tais como a adoração dos santos. Esta ordem continua a existir hoje e se espalhou por todo o norte da África Subsaariana e da África ocidental.
Outra forma desse tipo é Sanusiyyah, que foi fundada em Cirenaica (leste da Líbia) em 1840 por Muhammad b. Ali Sanusi (1787-1859). Esta ordem foi caracterizada pela rejeição de todas as formas de luxo e um forte sentimento de veneração para o Profeta. Após a saída dos colonialistas europeus do norte da África em 1940 e 1950 o Sanusis estabeleceu o estado da Líbia. O Sanusis foram derrubados em 1969 pelo coronel Muammar al-Qadafi. Desde então, os Sanusis ter prestado uma importante fonte de oposição ao regime Qadafi e sobreviver aos dias de hoje, apesar da tentativa de regimes Qadafi a reduzir suas atividades.
Na Ásia Central e Anatólia (equivalente ao dia Turquia moderna) uma série de grandes encomendas Sufi surgiu entre os séculos 12 e 17. O mais antigo destes, Yasawiyyah, foi fundada na região hoje conhecida como Turquestão e desempenhou um papel importante na propagação Islão entre as tribos turcas da Ásia Central. Possivelmente decorrente Yasawiyyah é a ordem Bektashiyyah. Segundo a tradição, Bektash Hajj, o fundador do putativo Bektashiyyah, originalmente pertencia à ordem Yasawiyyah. Bektashiyyah continua a sobreviver na região dos Balcãs até os dias atuais.
Outra ordem da Ásia Central é Chishtiyyah. As origens desta ordem são incertas, embora o fundador é geralmente considerado como sendo Mu'in al-Din Chishti (c.1142-1236), um nativo de Sijistan. A ordem espalhou gradualmente para a Índia, onde permanece até hoje como o maior e mais importante Sufi.
Mawalwiyyah traça suas origens ao turco famoso poeta e místico al-Rumi (1207-1273). O nome da ordem deriva da palavra árabe Mawlana (nosso mestre), um título dado a al-Rumi até o fim. Mawlawiyyah é baseada na cidade turca de Konya. Como muitas ordens turco que foi efetivamente suprimida quando a Turquia se tornou um Estado laico, em 1925. Em outras partes do mundo islâmico a fim importante uma vez foi seriamente diminuiu ou desapareceu completamente.
O Naqshbandis, no entanto, têm desfrutado de mais sucesso. Fundada por Baha al-Din Naqshband (d.1389), em um vilarejo perto de Bukhara na Ásia Central, a fim gradualmente espalhou para leste para a Índia e para o oeste na Turquia. Apoiado pelos otomanos, Naqshbandiyyah floresceu até o fim do Império Otomano e do estabelecimento de um Estado laico sob Kemal Ataturk, na Turquia. Ataturk considerava as ordens Sufi como reacionário, decadente e um obstáculo para a modernização da Turquia. A fim de reformar o Estado, em 1925, ele ordenou a abolição de todas as ordens místicas, na Turquia.
A ordem Khalwatiyyah foi fundada na Pérsia, mas se espalhou rapidamente em Anatólia. Fora de Khalwatiyyah duas outras importantes encomendas surgiram: Bayramiyyah e Jalwatiyyah. Bayramiyyah foi fundada em Ancara, no século 14 e continuou até sua dissolução em 1925. Jalwatiyyah foi fundada no século 17 por Aziz Mahmud Huda'i (d.1628), que anteriormente era um membro da ordem Khalwati. Como as outras ordens turco foi proibida em 1925 pelo governo de Ataturk, o último comandante do fim morreu em 1946.
A abolição dessas ordens, na Turquia demonstra o tipo de pressões eles se depararam, como resultado da crescente força do secularismo no mundo durante o período moderno. Em muitas partes do mundo árabe as ordens praticamente desapareceram. Em outras partes do mundo islâmico, no entanto, continuaram. No norte da África e Índia Sufismo tenha perdido a influência que tiveram uma vez, mas, no entanto, continuam a ser uma parte da identidade religiosa da região. A existência de tais ordens sugere a inseparabilidade da religião e da sua dimensão mística.
Bülent Thenay 
Visão geral do Projeto Mundo religiões
Bibliografia:
Arberry, AJ Sufismo: uma conta dos místicos do Islã Londres:. Allen and Unwin, 1950.
-----. Muçulmanos santos e místicos Londres: Routledge. E Kegan Paul, 1966.
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Fonte:http://mb-soft.com/believe/ttom/sufism.htm


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