Sobre os Rituais e Elementos de Trabalhos na Umbanda
A Umbanda é uma religião que como qualquer outra,
possui rituais e elementos que constroem sua liturgia e demonstram sua cultura
religiosa. Para os que vão pela primeira vez, em um centro ou terreiro
umbandista, esses ritos e fundamentos podem parecer estranhos, mas se
verificarmos e entendermos um pouco seus significados percebemos fazerem parte
do contexto religioso no qual os umbandistas estão inseridos.
Em tópicos de postagens anteriores dissemos que na Umbanda não existe um
código doutrinário ou livro sagrado que regulamente as ações uniformemente, ou
seja, não tem nenhum modelo fixo a ser seguido ou poder central que regulamente
essas questões determinando quais rituais ou elementos devem ser usados nos
trabalhos espirituais. Essas orientações na maioria das vezes são oriundas dos
próprios Guias Espirituais que fazem o trabalho de Dirigentes Espirituais ou
Doutrinadores dos métodos empregados em cada grupamento mediúnico, portanto,
cada centro, terreiro ou tenda de Umbanda pratica e utiliza os elementos
conforme sua cultura, fazendo com que a Umbanda seja democrática e
universalista.
As comparações que muitas vezes fazemos, entre os métodos utilizados entre
os terreiros de Umbanda quando não são depreciativas servem-nos apenas como
matéria de estudo da diversidade ritualística, pensamos que as diferenças e
particularidades têm que ser respeitadas, quando não gostamos de algo, temos á
total livre escolha de não compartilharmos, mas não temos o direito de
julgarmos, compararmos ou difamarmos este ou aquele terreiro.
O uso de elementos para o auxílio na cura de doenças do corpo físico ou
outros campos de atuação que os guias de Umbanda podem utilizar para auxiliarem
seus consulentes, não substitui o tratamento realizado pelos médicos e
medicamentos, apenas são uma forma auxiliar espiritualista de tratamento.
Abordaremos os rituais e elementos utilizados dentro da gira de Umbanda,
segundo nossos aprendizados e vivências das perspectivas práticas, com intuito
de esclarecer seus conceitos e fundamentos de forma simples e objetiva.
A questão Rito-Litúrgica:
Trataremos das questões rotineiras e práticas das giras de Umbanda, os
Rituais máximos como Batizados, Amaci, Iniciações para aspirantados,
Casamentos e ritos fúnebres, reservaremos para futura postagem.
·
Orações: Através das preces e orações que fazemos ao iniciarmos os
trabalhos, conduzimos mesmo que imperceptivelmente os nossos pensamentos para
Deus, ou para coisas boas, esse componente é importantíssimo para a
concentração da corrente mediúnica que realizarão os trabalhos, dão a
sustentação energética necessária para o grupo. As orações e preces realizadas
ao término dos trabalhos servem para que possamos pedir a proteção ao voltarmos
á nossas casas e agradecermos a presença dos espíritos amigos que se fizeram
presentes.
·
Defumação: Serve para limpeza ou purificação dos nossos corpos físicos e
espirituais, realizado através da queima de ervas e essências em carvão em
brasa, no instrumento chamado Turíbulo ou Defumador. A defumação também
contribui para limpeza energética da casa fortalecendo as boas energias e
fluidos, geralmente é realizada antes do início dos trabalhos acompanhado de
pontos cantados.
·
Pontos Cantados: Chamamos de pontos cantados, todas as músicas que falam
dos Orixás e Guias Espirituais, são geralmente cantados e tocados por atabaques
e por médiuns que camboneiam durante os atendimentos, sua principal função
assim como as orações é a sustentação energética do ambiente durante os
trabalhos além de facilitar a conexão entre médiuns e espíritos, harmonizando
os fenômenos de incorporação. A música é utilizada em todas as religiões, pois
remetem a alegria e a energia que transmitimos de nossa fé.
·
Pontos Riscados: Os pontos riscados são feitos pelas entidades, que
“riscam” com pembas símbolos cabalísticos onde representam sua linha de
atuação, é a representação gráfica de uma hierarquia de trabalho. Podem ser
riscados também pontos de forças energéticos que os utilizam como um radar de
energias para limpeza e renovação das forças do ambiente e pessoas. Utilizam
também em oferendas, assentamentos e firmações. As interpretações, assim como
as utilizações variam bastante de terreiro em terreiro, fato que deve ser
respeitado, mas acreditamos que esse recurso pode ser um canalizador de energia
utilizado como método de trabalho de nossos amigos espíritos, não somente como
recurso visual e gráfico.
·
Banhos de Ervas: São os mais recomendados pelos Guias Espirituais para
todas as pessoas, pois as essências de ervas frescas, minerais ou outros
elementos exercem uma função terapêutica em nossos espíritos nos limpando de
cascas e larvais astrais e sutilizando nossas vibrações com a natureza e os
Orixás. Como todo tratamento é realizado conforme nosso merecimento não
esperemos milagres dos banhos, lembremos sempre que eles são agentes que
contribuem para nossa melhoria sobretudo de limpeza espiritual e devem ser
feitos sempre que receitados e tomados periodicamente.
·
Oferendas: A oferenda é um fundamento de rito bastante utilizado. As
oferendas tem a função de ligação espiritual ou energética, de nós humanos
encarnados com os Guias e Orixás, é o ato de oferecermos flores, frutas, bebidas,
fumos, alguns tipos de alimentos preparados, velas entre tantos que são
elementos de origem mineral, vegetal e animal, em agradecimentos, pedidos,
quebras de demandas, aberturas de caminhos, rituais de firmezas e
assentamentos. Esses elementos são absorvidos e decantados pelas entidades
estreitando os laços existentes. É importante que saibamos que o conceito que o
Orixá ou Guia Espiritual, “come e bebe” sua oferenda é preconceituoso e
ultrapassado, pois entendemos que eles possuem métodos de manipulação das
energias que emanam dos elementos e com essas energias realizam as curas e
tratamentos espirituais no qual estamos autorizados á receber, dentro das leis
de justiça, ação e reação para nosso auxilio.
·
Cruzamentos e/ou Benzimentos de elementos: O ato de “Cruzar” elementos é
o momento em que estamos diante dos Guias Espirituais ou Orixás e confiamos á
eles objetos de utilização pessoal, que podem ser camisas, guias, colares,
pulseiras, colônias e essências para serem consagrados e receberem seu axé
(energia) de proteção ou cura. A expressão “Cruzar” é utilizada nos terreiros
com bastante frequência e vem de CRUZ, que simboliza o Cristo. Um bom exemplo
do que é “Cruzar”, é o sinal da cruz que fazemos em nós mesmos ao passarmos em
frente uma Igreja, por exemplo, estamos reconhecendo uma das casas de Deus
nesse momento, mesmo não sendo católicos além de ser um cruzamento é um costume
cultural.
·
Fluidificação de água: Acontece em várias das vertentes de Umbanda,
Mentores e guias incorporados em seus médiuns. A água é magnetizada alterando
sua constituição e somando os sentidos de cura e tratamento. A prática é muito
conhecida nos centros espíritas, sendo objeto de estudos que já comprovaram
cientificamente que a água magnetizada ou benzida em centros e terreiros tem
suas propriedades alteradas ou melhoradas com fim terapêutico.
Elementos de Trabalho:
·
Altares ou Congás: No livro “Umbanda Pé no Chão” de Norberto Peixoto
ditado pelo espírito de Ramatís, a definição utilizada para Congá ou Altar é de
Atratator, Condensador, Escoador, Expansor, Transformador e Alimentador,
entendemos que esta definição resume que os altares são os pontos de forças
físicos dentro dos terreiros feitos para os Guias e Orixás, onde suas funções
vão além de enfeitar, são a segurança e alicerce vibratório para que as
energias do ambiente sejam absorvidas depois transformadas e escoadas para
outras dimensões. Sua constituição é feita de imagens de Santos, Orixás, Guias,
velas, pedras, cristais e outros apetrechos e objetos dependendo da casa.
·
Imagens: As imagens que compõem os Congás são cruzadas e imantadas, ou
seja, receberam o devido preparo de ser o ponto de força energético dos Guias e
Orixás, que na linguagem popular conhecemos como o firmamento. Essas imagens
são em sua maioria de gesso, porém podemos ver algumas em resina ou madeira.
·
Velas: Podemos realizar através delas o ato de iluminarmos, é ponto para
que as pessoas firmem seus pensamentos e possam fazer orações. As velas possuem
os elementos fogo, ar e terra que são princípios de nossa natureza e onde os
Orixás se fazem presentes. O uso de velas não é particularidade da Umbanda,
pois sua utilização acompanha a história dos Homens e das Religiões.
·
Guias e Colares: As guias e colares são feitas de contas de cristal,
miçangas, pedras ou outros elementos conforme orientação do Guia e tem a função
ritualística de representar a energia e força (axé) dos Orixás, fazendo a
segurança energética dos Chakras dos Médiuns. Podem ser recomendadas para uso
fora do ambiente religioso, porém sua utilização implica em muito respeito e
zelo por parte de quem usa.
·
Roupas: A roupa para o trabalho mediúnico de Umbanda são camisas e
calças brancas, outras cores em tonalidades claras também são comuns. Para a
assistência não há nenhuma imposição para uso desta ou daquela roupa, deve-se
respeitar o livre arbítrio e as possibilidades materiais das pessoas, porém o
uso de roupas brancas ou em tons coloridos claros é recomendado para todos. A
orientação para que os médiuns umbandistas utilizassem roupas brancas é oriunda
do “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, desde 1.908, mais essa orientação não é
espontânea e aleatória possui fundamentos, que vão ao encontro com a história
da humanidade entre filosofias religiosas, políticas e científicas que
correlacionam à cor branca com o sagrado ou a pureza dos seres. Provado
inclusive no campo científico por “Isaac Newton” que a cor branca que reflete
do Sol contém elementos de outras cores que formam o arco íris, se fizermos um
comparativo com os Orixás teremos Oxalá com o simbolismo de cor branca, que
irradia todas as outras cores que seriam os outros Orixás.
·
Charutos, Cachimbos, Cigarros e fumos em geral: São elementos de base
vegetal que quando são queimados e exalados pelas entidades, serve de apoio
para seus trabalhos, à combustão dos vegetais que eles contêm fazem uma espécie
de defumação com elementos etéreos, ou seja, como elementos energéticos e
magnetizadores ajudando na limpeza e reordenação dos Chakras dos consulentes. O
uso desses elementos é alvo de muito preconceito e má interpretação, temos que
ter o discernimento para entendermos seu fundamento e para verificarmos se o
Guia utiliza para fins terapêuticos ou se ele usa o tempo que esta em
incorporado apenas para fumar, esquecendo-se de seu trabalho e
responsabilidade.
·
Bebidas: As bebidas obedecem à mesma condição dos cigarros e charutos,
são agentes condensadores, que auxiliam os Guias á realizarem limpeza de corpos
e espíritos e desintegram trabalhos de magias e feitiçarias de finalidade
geralmente maldosa. Seu uso também deve receber atenção e promover estudos em
sua volta, para que a Umbanda e seus falangeiros não sejam confundidos com
pessoas de religião que são viciados em álcool.
Fonte:http://umbandauthis.blogspot.com.br/2015/10/sobre-os-rituais-e-elementos-de.html
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